Os cultos de hoje têm por objetivo sentimentalizar as pessoas para que elas se sintam atraídas por aquele lugar. O culto racional / espiritual foi trocado por um culto sentimental. O culto onde as pessoas são confrontadas pelas Escrituras e obrigadas a pensarem e refletirem no estilo de vida pecaminoso que elas vivem está se extinguindo.
Um dos grandes problemas com as igrejas atuais é o forte anseio de se tornar atraente e “gostosa” aos olhos do mundo. Como exemplo dessa obsessão para atrair o mundo para dentro da igreja:
- Os líderes focam em mensagens egocêntricas – a maioria das pregações é sobre bênçãos na vida dos crentes.
- A pregação expositiva da palavra é trocada por curtas palestras sobre temas atuais (filmes, livros,…).
- O louvor é priorizado. As músicas não são focadas em Cristo, mas sim no homem.
- As luzes do palco devem ser como de um auditório de TV ou de uma boate.
- Muita atenção é dada ao teatro e dança.
“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores” (Jo 4:23).
“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês” (Rm 12:1-2).
As pessoas não pensam, não criticam e não julgam mais nada – pois a Palavra não tem raiz nenhuma nessas vidas – o que elas mais querem é ir para a igreja para ouvir músicas ‘gostosas’, ouvir uma mensagem que promete benção e conforto, e assistir ao ‘show da fé’ – meninas e meninos dançando, bandeiras, peças de teatro e mímica no lugar da Pregação da Palavra de Deus.
Jesus disse que o Pai busca adoradores que o adoram “em Espírito e em Verdade” (Jo 4:23-24), mas hoje as pessoas baseiam toda a adoração em coisas visíveis / físicas (danças, bandeiras, teatros, luzes, músicas para pular e correr) e sem a Verdade da Palavra exposta aos cristãos.
Nesse estudo procuramos estimular os cristãos a pensarem em uma dessas características atuais que as igrejas (os líderes) usam para atrair os incrédulos para dentro delas: a dança! Queremos mostrar de forma bíblica e curta porque a dança durante os cultos não é algo saudável para uma igreja.
Queremos responder 3 perguntas muito importantes que precisamos levar em consideração:
I – A DANÇA DURANTE O CULTO É ALGO BÍBLICO?
A grande maioria das pessoas alega que já que Davi dançou diante de Deus (II Sam 6:14, 16) e que Deus ordenou que Israel dançasse (Sl 150:4) então é totalmente liberado a dança durante o culto cristão. Antes de aplicarmos os textos do Antigo Testamento, da antiga aliança, na era do Novo Testamento precisamos passar pelo processo de contextualização.
“A cultura judaica tinha danças durante as festas de casamentos, celebrações e Festa dos Tabernáculos, e claro que há referências a Davi dançando no Antigo Testamento, mas essas danças eram espontâneas e de celebrações, e não litúrgicas! Como resultado, a igreja primitiva, provavelmente, não praticava tais danças durante os cultos”. Veja:
Did early Christians dance in church?
Cremos que em alguns contextos históricos da nação de Israel a dança era uma válida expressão de alegria, mas que jamais foi instituída por Jesus e pelos apóstolos como uma prática a ser carregada pela igreja atual. Um estudo bem interessante sobre o uso das diferentes palavras para dança no Antigo Testamento e seus usos em contextos religiosos pode ser encontrado em:
O Antigo Testamento é repleto de festas, rituais e objetos físicos que apontavam para algo muito maior e espiritual. Todo cuidado é necessário quando aplicamos uma passagem do Antigo Testamento na Nova Aliança. A cultura hebraica do Antigo Testamento tem várias coisas que nunca foram implantadas nas igrejas do Novo Testamento – a dança é uma delas.
No Novo Testamento a palavra dança aparece cinco vezes, mas nenhuma delas em contexto de adoração e igreja. Sobre a pergunta se a dança é biblicamente correta para os cultos das igrejas – seguem algumas observações:
- Houveram danças no Antigo Testamento em certos contextos, mas a Bíblia não menciona nada dos levitas estarem sempre dançando diante de Deus. Não vemos relatos de que os levitas deveriam dançar e nem que eles dançavam no Tabernáculo e nem no Templo.
- As realidades físicas do Antigo Testamento apontavam para algo espiritual.
- O Novo Testamento NUNCA menciona dança como sendo parte dos cultos dos cristãos: vemos que eles se reuniam, tinham comunhão, cantavam e ouviam a pregação da Palavra, mas não há relato de danças e teatros (At 2:42; Ef 5:18-21; I Cor 12-14; I Tim 4:13). Veja que em Efésios 5:19. Paulo entendeu que adoração verdadeira não era exterior, mas que deveria ocorrer no coração!
- Não há NENHUMA menção de dança litúrgica sob a Nova Aliança em nenhum dos 27 livros do Novo Testamento. Nem mesmo Apocalipse fala de pessoas dançando no Céu!
- Não há relatos históricos da igreja primitiva adotando danças durante os cultos.
II – POR QUE NÃO PROMOVO A DANÇA DURANTE OS CULTOS?
Além de não ser uma prática bíblica a dança durante o culto causa outros sérios problemas:
- A maioria das pessoas fica olhando para as meninas dançando.
- O foco da adoração deve ser exaltar o nome do Senhor da Igreja, Jesus. E não para exibições de danças.
- O foco sai do Salvador para meninas e meninos dançando em frente de todos.
- Os incrédulos que visitam a igreja acham uma ‘maravilha’ ver meninas dançando. Vira um atrativo pecaminoso! Ouvi da boca de um menino que visitou uma igreja que tinha dança ele dizer, “Poxa, que beleza, tem meninas para a gente ver dançando!”.
Muitos outros aspectos negativos poderiam ser escritos!
III – QUAL A SOLUÇÃO?
Que as igrejas lembrem da importância da Palavra de Deus! Jesus não veio dançando, cantando e nem fazendo mímicas, mas ensinando com autoridade a Palavra. Paulo ordenou Timóteo que pregasse a Palavra, e não que promovesse danças e teatros. Tudo isso, pois eles sabiam que é a Palavra de Deus pregada e exposta que:
- Santifica (Jo 17:17);
- Regenera (I Pe 1:23-25);
- Amadurece (Hb 5:12);
- Liberta (Jo 8;32);
- Traz fé (Rm 10:14-15).
“Danças podem honrar a Deus (II Sm 6:14, 16), uma pintura pode glorificar o Criador, e músicas podem agradar ao Senhor, mas nenhuma outra forma de arte pode proclamar a verdade com tanta inteligibilidade como as palavras. Mesmo as palavras, que normalmente são citadas como encorajamento para o uso de histórias e drama, são um tanto ambíguas. É por isso que Jesus contava parábolas: para não ser óbvio. “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus”, disse Jesus aos discípulos. “Mas aos que estão fora tudo é dito por parábolas, a fim de que, ‘ainda que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não entendam; de outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados!‘” (Mc 4.11-12).
Que os nossos cultos sejam menos carnais e emocionais e mais racionais / espirituais! Que a pregação expositiva da Palavra seja o centro e alicerce de nossas igrejas.
Um culto agradável a Deus deve ser baseado em Seus mandamentos e vontades – isso Ele revelou através das Escrituras. Precisamos ser mais bíblicos em nossas igrejas! Que nós possamos ser atraentes não por causa da semelhança com o mundo na área da dança, música e espetáculos, mas por causa da santidade e amor radical que refletimos.
Gustavo Barros