Últimos Dias

Expressão que reflete tempos finais, para algo previamente anunciado, que há de acontecer e está indicado com diversos sinais, para permitir o discernimento dos limites dos tempos. O mundo implacavelmente avança na senda do pecado, cumprindo a profecia do Senhor Jesus sobre o aumento da iniquidade; a questão ética; os valores morais; as consciências cauterizadas e que estão a provocar um forte desgaste que afeta a espiritualidade, a ponto de não haver capacidade para discernir entre o que é bom e o que não presta (mau).

Jacob, prestes a deixar este mundo, toma pela primeira vez a voz profética, doente junta os seus filhos perto do seu leito (Gn 48.1-2), e disse: Ajuntai-vos e anunciar-vos-ei o que há de acontecer nos últimos dias (Gn 49.1-2), abençoando-os falou sobre o Cetro eterno, que não se arredaria de Judá (Cristo), e sobre a morte do Messias, ele lavará o seu vestido no vinho e a sua capa em sangue de uvas… (Gn 49.8-12), parte já aconteceu, parte falta acontecer.

O profeta Isaías (cerca do ano 700 a.C.), profetizou dizendo: Acontecerá nos últimos dias que firmará o monte da casa do Senhor…e concorrerão a ele todas as nações (2.2).

Certamente todos sabemos que se trata do estabelecimento do Reino glorioso e milenar de nosso Senhor Jesus, Cristo, o que ainda não aconteceu.

Daniel, quando interpretava o sonho de Nabucodonozor sobre a grande estátua, disse: Há um Deus nos céus, o qual revela os segredos, Ele pois fez saber ao rei Nabucodonozor o que há de ser no fim dos teus dias… (2.28).

Quando Daniel entendeu, que as assolações determinadas sobre Jerusalém, que o profeta Jeremias profetizara era de setenta anos buscou ao Senhor com jejum saco e cinza, confessando o seu pecado, do povo, dos seus pais, dos príncipes e dos reis, porque haviam procedido impiamente não guardando a sua palavra nem deram ouvidos aos profetas, então o varão Gabriel subiu a falar a Daniel, para fazer entender a visão das setenta semanas, sobre o futuro de Israel, a morte do Messias e o aparecimento do príncipe que há de vir (Dn 9.1-27), entre o Messias não ser mais (a 69ª semana) e o aparecimento do príncipe que há de vir (70ª semana), decorre um hiato de tempo, o chamado período da graça divina, o tempo da Igreja no qual estamos, os sinais sucedem-se na passagem inexorável do tempo em que as horas, dias, meses e anos se sucedem vertiginosamente, para o fim que se aproxima.

Estes, são alguns exemplos no Antigo Testamento sobre “últimos dias, para nos ajudar a entender os limites de tempos, de como o Senhor nosso Deus está soberanamente no controlo dos tempos, como diz o salmista: Mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem, que passou como a vigília da noite (Sl 90.4), pelo que não devemos ignorar, que para Deus mil anos é como um dia e um dia como mil anos, pelo que o Senhor não retarda a sua promessa ainda que alguns a tem por tardia… (II Pe 3.8-9).

De Jacób ao Senhor Jesus, passaram aproximadamente mil e novecentos anos, durante este espaço de tempo muitas foram as vozes proféticas que se fizeram ouvir da parte do Senhor, dando continuidade ao assunto, sobre o que havia para se cumprir, cumpriu-se, o que ainda não se cumpriu há de se cumprir.Passaram cerca de mil novecentos e oitenta anos, desde que Jesus falou sobre a sua vinda e os sinais que sobreviriam: Dois exemplos do Antigo Testamento, para a sua vinda.

Noé, como foi nos dias de Noé, assim será também na vinda do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, veio o dilúvio e consumiu a todos.

Lot, como também aconteceu nos dias de Lót, comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam, mas no dia em que Lót saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre e os consumiu a todos. Duas sociedades semelhantes, recheadas de egoísmo, egocêntricas, viviam a vida procurando tirar dela os melhores prazeres alienando-se por completo de Deus, substituíram-no por sistemas religiosos, em que pudessem ter absoluto controlo, para expandirem as suas crendices, medos e superstições.Os avisos tanto sobre os tempos de Noé e de Lót, chamam-nos a atenção, que foi a sua despreocupação e leviandade que os cegou não se apercebendo do que estava a acontecer à sua volta, por isso foram apanhados pelos acontecimentos previamente anunciados.

A nossa sociedade vive intensamente os tempos de Noé e de Lót, come, bebe, compra, vende, planta, edifica, casa e dá-se em casamento tal como o Senhor Jesus profetizou para os últimos dias. Até que ponto as igrejas locais tem sido influenciadas por esta forma de “modus vivendo” que provoca uma forte erosão espiritual, que faz ruir até as mais sólidas edificações de fé e amor.

Jesus, quando falava sobre a parábola do juiz iníquo, procurou ensinar a persistência (pela atitude da viúva) de suplicar (orar) sem desistir, perante a resposta do juiz em fazer justiça à viúva (por ela o molestar), Jesus disse: Se o juiz fez justiça, não fará Deus justiça aos seus escolhidos que clamam a Ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles? Depois disse: Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra? (Lc 18.1-[8]).

Jesus, em resposta a uma pergunta dos discípulos (Mt 24.3), indicou alguns sinais, para que os que o seguem, possam discernir o fim dos tempos a fim de estarem preparados para esses dias, avisou-os de que deveriam ter cautela para não serem enganados, porque surgirão muitos dizendo que são o Cristo, haverá muitas guerras, fomes, pestes, terramotos, aparecerão falsos profetas que enganarão a muitos, a iniquidade se multiplicará por isso o amor de muitos esfriará (Mt 24.4.14). Usou a parábola da figueira, para ajudar a entenderem os tempos, dizendo: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam as folhas, sabeis que está próximo o verão, assim quando virdes estas coisas acontecerem, sabei que ele está próximo.

O grande perigo para os últimos dias: O esfriamento da fé por falta de espírito de persistente de oração por não obterem de imediato as respostas às suas petições e do amor devido ao aumento desmesurado da iniquidade.

A esperança do crente (filho de Deus) nas promessas:

A promessa de Jesus; preparando os discípulos para a sua ausência, procurou reforçar a fé deles na sua pessoa e obra. Disse Jesus: Se credes em Deus, crede também em mim, na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim não vo-lo teria dito, vou preparar-vos lugar, se eu for para vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que aonde eu estiver estejais vós também (Jo 14.1-3), uma promessa, que anima a ser paciente até ao seu cumprimento, a qual não está definida em termos de tempos.

A promessa dos anjos, quando da ascensão aos céus. Varões galileus, porque estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir (At 1.11).Estas promessas corroboraram a mente, o coração, a fé e o amor dos primeiros crentes, a sua vida diária a qual estava fundamentada na partida rumo aos céus e às moradas prometidas, é possível que vivessem o espírito da história dos seus pais quando da partida do Egito para a terra prometida e como Deus os acompanhou nas suas jornadas, só que a viagem agora não é terrena (de uma terra para a outra), mas da terra para os céus. Pois, que a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos, o salvador, o Senhor Jesus, Cristo, que transformará o nosso corpo abatido para ser conforme o seu corpo glorioso… (Fp 3.20-21).

Os últimos dias, sinais e acontecimentos.

Sobre os últimos dias existe uma ideia generalizada de eventos catastróficos, que assinalam esse tempo, através dos anos muito se tem escrito sobre o assunto conforme a interpretação de cada um, das posições doutrinárias assumidas. Frequentemente se lê (livros e artigos), ouvem-se mensagens sobre os tempos do fim, em que a segunda vinda de Jesus (oculta nas nuvens, I Ts 4.15-17), para o arrebatamento da Igreja seu Corpo, é mesclada com o evento da segunda vinda visível do Senhor Jesus (em que todo o olho o verá, quando vier sobre a nuvens com poder e glória, (Ap 1.7 / Mt 24.30), para destronar o anticristo e estabelecer o reino de David e governar durante mil anos (o milénio), que tem sinais específicos para esse evento como se lê no sermão profético do Senhor e também no Antigo testamento.Os apóstolos e discípulos do Senhor, divinamente inspirados, escreveram sobre os últimos tempos para a Igreja. Paulo falou sobre os últimos tempos e os últimos dias, Pedro, também falou sobre os últimos dias.É importante, refletir sobre as diferenças abismais entre a segunda vinda visível a todo olho, em que o Filho do homem virá sobre as nuvens com grande poder e glória, e a segunda vinda oculta (nas nuvens) a todo olho, para o arrebatamento em que só os que subirem (os arrebatados) ao encontro de Jesus nos ares (já transformados) o verão.

A primeira, é precedida por eventos catastróficos como antes nunca vistos, que certamente culminara com o final do reino do anticristo. Está escrito: Logo depois da aflição daqueles dias, o sol se escurecerá, a lua não dará a sua luz, as estrelas cairão do céu e as potências dos céus serão abaladas (então se completará a profecia de Joel 2.30-31), os homens desmaiarão de terror na expectação de todos estes acontecimentos (Mt 24.29 / Lc 21.25-26), não são terramotos, nem pestes, nem as guerras, porque isto acontece de forma “natural”, mas que também servem de sinais para os tempos.

A segunda, tem como a primeira os sinais dos terramotos, das guerras, das pestes, mas não passará pelas catástrofes terríveis da primeira porque a Igreja será arrebatada antes do reino do anticristo.Todavia ambas terão em comum o aparecimento de falsos Cristos, de falsos profetas, a implacável multiplicação da iniquidade com o consequente esfriamento do amor e da fé em muitos, situação que criará tempos conturbados e trabalhosos.

Tempos trabalhosos, terão como causa o egoísmo, segundo Paulo, haverá homens que se introduzirão nos meios (igrejas locais e casas particulares), para tirarem benefícios pessoais, são pessoas cunhadas pela pura maldade, ingratidão, violência (verbal), ódio, narcisismo, intriga, incontinência religiosidade sem Deus no coração. Estes são caracterizados por um autodomínio capaz de camuflar toda a falsidade e engano sobre um uma capa de aparência de piedade, que seduz atraindo às suas redes devastadoras os mais fracos, arrastando-os para o esfriamento da fé e do amor (II Tm 3.1-9).

O seu propósito é transtornar a mensagem do puro Evangelho. Paulo teve a ousadia de dizer: Se alguém vos anunciar outro Evangelho além do que já recebestes, ainda seja de nós mesmos ou um anjo do céu, seja anátema, porque se procuro agradar aos homens não seria servo de Cristo (Gl 1.6-10).

Os últimos tempos: O Espírito expressamente diz: muitos abjurarão da fé, dando ouvidos e espíritos enganadores e pseudo doutrinas, seguindo homens que falam mentiras porque conscientemente já não são capazes de ver, reconhecer ou falar a verdade, recorrendo para isso a legalismos, que dominam os corações criando medos e superstições (I Tm 4.1-3).

Estes, são aqueles que procuram dominar a seu belo prazer, com pretexto de humildade e cultos de anjos, os quais têm alguma aparência de sabedoria, em devoção de humildade voluntária e disciplina do corpo, mas que não tem valor algum, servindo unicamente para satisfação da carne (Cl 2.18-23).

São tempos difíceis, tal como a erosão dos tempos, que através dos anos afeta as forças da natureza, rochas, montes, florestas, construções sólidas, nos dias que decorrem devido à poluição, a erosão tem provocado maiores desgastes, que nos permite ver com muita tristeza montanhas e construções a ruírem.Paulo, escrevendo a Timóteo disse: Conjuro-te diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, que instes a tempo e fora de tempo, que redarguas, repreendas, exortes com toda a longanimidade e doutrina, porque virá tempo em que não sofrerão a sã doutrina, mas tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores (instruidores), conforme as suas concupiscências e desviarão os ouvidos da verdade (II Tm 4.1-5). O que importa são ensinos de satisfação pessoal e não espiritual, dizem eles. O Senhor Jesus apontou os últimos dias de esfriamento de fé e do amor, não são estes fatores preponderantes, para esta verdade?

Últimos dias: segundo a palavra dos santos profetas e do mandamento do Senhor e Salvador, mediante os vossos apóstolos, surgirão muitos escarnecedores, que zombarão pondo em dúvida a eficácia da vinda do Senhor, ignorando que para Deus o tempo não tem calendário, nem relógio, não é limitado por anos, meses, dias, horas, minutos e segundos, porque para Deus um dia é como mil anos e mil anos como um dia, o salmista diz: Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou e como a vigília da noite, tu os levas como corrente de água: São como um sono… (Sl 90.4-5).

Por isso, o Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a tem por tardia, mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se, porque o dia do Senhor virá como um ladrão de noite, portanto, convém que vivam em santo trato e piedade, aguardando a vinda do dia de Deus, imaculados, irrepreensíveis e em paz, fortalecidos nesta esperança tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor e confiança nas suas promessas, que nunca falham. (II Pe 3.1-15).

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