Sou Eu!
A grande multidão de mais de quinhentos homens, além de mulheres e crianças, estava fascinada! Naquele dia, tinham ouvido as lindas palavras do Senhor Jesus Cristo e visto Seus maravilhosos milagres. Mas o mais surpreendente ainda estava por vir – quando eles se assentaram nas encostas do Mar da Galiléia e foram alimentados, até estarem totalmente satisfeitos, com cinco pães e dois peixinhos que um menino trouxera (Mt 14.14-21; Mc 6.34-44; Lc 9.11-17; Jo 6.5-14). Depois, o senhor “ordenou que Seus discípulos entrassem no barco e fossem adiante para a outra banda, enquanto despedia a multidão” e Ele “subiu ao monte para orar à parte”.
Enquanto Ele estava no monte, longe, os discípulos estavam sozinhos no lago, enfrentando uma terrível tempestade, e seu barco era açoitado pelo vento tempestuoso. Parecia que Ele era o responsável por aquela dificuldade deles; Ele os mandara, e os deixara! Você já culpou a Deus pelos seus problemas? Ele é onisciente; Ele sabia, com antecedência, tudo sobre a tempestade. Por que Ele os mandara, então? Por que Ele permite os problemas em nossas vidas?
João 6.15 inicia seu relato indicando que o Senhor tinha conhecimento de que a multidão, por causa do maravilhoso milagre, queria proclamá-Lo rei. Portanto, de propósito, o Senhor mandou os Seus discípulos embora, para evitar que eles caíssem na tentação de se unir à multidão. Mas Ele tinha também lições, tiradas da tempestade, a ensinar aos Seus discípulos. Como no nosso caso, Ele permite que passemos por tempestades na vida, para podermos provar o Seu livramento. “Se não tivéssemos problemas, não saberíamos que Ele pode resolve-los!”. Eles haviam previamente provado o Seu livramento da tempestade, quando Ele acalmou o mar com a Sua palavra – “Aquieta-te”. Naquela ocasião Ele estava com eles. Agora, eles estavam sozinhos no barco; e Ele estava sozinho no monte.
Hoje, enquanto enfrentamos as tempestades da vida, Ele está no Céu. O que Ele está fazendo? Exatamente o que estava fazendo por Eles, naquela ocasião! Orando – nosso grande Sumo Sacerdote está intercedendo por nós! Embora eles não o viam, Ele os viu – de longe. Eles estavam “no meio do mar”, a uns cinco, ou seis quilômetros da praia.
Ele vê todas as tempestades que nos afligem, às vezes de repente, assim como a tempestade no Mar da Galiléia. Ele não somente os viu, mas Ele veio até onde eles estavam. Na escuridão, eles O viram se aproximando e pensaram que era um fantasma, e gritando de medo, disseram: “É um fantasma!”. Ele os tinha visto lá do topo do monte. Ele veio atravessando o lago até onde eles estavam. Só então Ele falou. Que palavras preciosas foram aquelas! E como são preciosas a nós, também! “Tende bom ânimo, sou eu, não temais!” (Mt 14.27). “Sou eu”: somente duas palavras, cinco letras, no português; sete letras no grego (ego eimi). Significa, literalmente, “Eu sou”; como em Jo 8.58, quando, falando ao judeus incrédulos, Jesus disse: “Antes que Abraão existisse, Eu sou”. Isto era claramente uma reivindicação de divindade. O Jesus do Novo Testamento é o Jeová do Velho Testamento. Por causa da Sua reivindicação, os judeus “pegaram em pedras para lhe atirarem”.
Foi a mesma palavra que Ele usou com os oficiais enviados pelos principais dos sacerdotes para prendê-Lo: “Sou eu”, fazendo-os recuar e cair por terra. Ele é o mesmo “Eu Sou” que falou com Moisés da sarça ardente: “Eu Sou o Que Sou” (Ex 3.14) – o sempre presente Deus que sempre foi, ainda é e o será para sempre.
Ele é o mesmo hoje; Ele ainda ora por nós lá do mais elevado pináculo do universo. Ele nos vê em cada dificuldade que enfrentamos. Ele vem até onde nós estamos. De fato, Ele nunca está longe do nós! Como Ele caminhou sobre o mesmo lago conturbado e na mesma tempestade violenta que os discípulos, assim Ele está pessoalmente ciente de todas as nossas circunstâncias e está pronto a nos ajudar. Ele fala a nós as mesmas palavras confortadoras que os discípulos ouviram no Mar da Galiléia: “Tende bom ânimo!”. Ele ainda fala aquelas palavras encorajadoras que, em várias ocasiões, Ele falou quando estava aqui na Terra: “Sou eu!”. Ninguém jamais se preocupou comigo como Ele. Não há outro amigo tão bondoso como Ele. “Não temais!”. Somente Ele pode dissipar os temores e cuidados da vida e nos encher com a sua paz. Assim como o vento cessou quando o Senhor Jesus e Pedro entraram no barco, assim Ele acalma as tempestades que nos afligem, remove os nossos temores, e nos dá a Sua paz… paz perfeita!
J. Naismith