Simbologia dos Números
Quando estudou o livro dos Salmos, o irmão F. W. Grant (1834 – 1902) foi estimulado a comparar os 5 livros dos Salmos com os 5 livros de Moisés. Esse estímulo veio de algumas observações em certo estudo bíblico. Por exemplo lhe chamou a atenção o fato de que os judeus chamam os Salmos de “O Pentateuco de Davi”. Ao longo do tempo, ficou cada vez mais claro para ele o quanto o significado simbólico dos números 1 a 5 é característico para o pensamento principal de cada um dos respectivos livros. A mesma estrutura posta por Deus nos 5 livros de Moisés (O Pentateuco), também se encontra nos 5 livros dos Salmos.
Essa observação o levou a procurar nas Escrituras por outras estruturas numéricas, e ele publicou os resultados de seus estudos numa série de livros – em sete volumes na “Numerical Bible” (“Bíblia Numérica” – não disponível em português) e no livrete “The Numerical Structure of Scripture” (“A Estrutura Numérica das Escrituras” – não disponível em português).
Segue agora uma tradução de uma parte da “Introdução” à “Numerical Bible” dos números de 1 a 12.
O Número 1 – Tem por base principalmente o pensamento de exclusividade e singularidade. O número 1 exclui qualquer outra pessoa:
- “Ouve, Israel, o SENHOR, teu Deus, é o único SENHOR” (Dt 6:4; Mc 12:29);
- “Naquele dia, um será o SENHOR, e um será o seu nome” (Zc 14:9).
Esse número nos fala da plena suficiência que independe de outrem. Também faz referência à suprema soberania e onipotência; O número também 1 representa independência, que não tem ninguém por cima de si nem ao lado. O número nos fala de unidade, união e paz.
- O número 1 exclui diversidade externa;
- O número 1 exclui diversidade interna.
O número 1 transmite o pensamento de harmonia das partes individuais ou das características individuais de alguma coisa. Embute também o pensamento de consequência, concordância e de justiça (= concordância numa relação). Por outro lado também nos fala de individualidade: um corpo, um membro, um ramo. Na sua apresentação mais sublime faz referência à personalidade, enquanto na sua apresentação mais simples fala de vida que é a base para toda real individualidade.
- O número 1 enquanto numeral ordinal é o primeiro, o início ou princípio.
Em primeiro plano se refere a Deus, o Criador, o Doador de vida, o Pai; Deus é a fonte de tudo. Transmite o pensamento de Suprema Soberania. Isso, por sua vez, embute a primazia no pensar e a ilimitada soberania no querer e no agir. Vemos, portanto, incluídos: os conselhos, a eleição, as promessas e a graça. Como numeral ordinal também fala do nascimento como o início de uma vida. Principalmente, esse número comunica algo de Deus.
Porém, ele pode se referir, numa medida mais limitada, ao homem e, por fim, como todos os números, pode portar um significado negativo. No sentido positivo, pode falar de justiça, como afirmado acima; também de obediência, de reconhecimento prático da soberania divina e, por conseguinte, de “arrependimento a Deus”. Pode ter a conotação de integridade que é unidade. No sentido negativo, esse número comunica a ideia de independência, desobediência e rebeldia.
O Número 2 – O pensamento básico comunicado por esse número é exatamente o contrário do número!O número 2 fala de diversidade e divisão. Há mais um, um outro (ele é o primeiro número divisível). Por isso, muitas vezes, ele se constitui em um símbolo do mal ou do maligno. Quanto ao seu significado positivo, encontramos os seguintes pensamentos embutidos nele: acréscimo, crescimento, multiplicação, auxílio, confirmação e comunhão (Ec 4:9-11).
O número 2 fala de testemunho: ” (…) o testemunho de dois homens é verdadeiro” (Jo 8:17). A diferença entre duas testemunhas confirma um assunto ou negócio. Dessa forma, o Antigo e o Novo Testamento se constituem nas duas grandes testemunhas de Deus para com os homens. A segunda pessoa da divindade é intitulado de “a Testemunha Fiel e Verdadeira” (Ap 3:14) e também de “a Palavra de Deus” (Ap 19:13).
- O número 2 também fala de salvação e auxílio.
O número 2 tem consigo os pensamentos de comunhão, matrimônio, relações mútuas e ele faz referência à antiga aliança constituída pela Lei.
Encontramos também os pensamentos de dependência, humilhação e ministério. São justamente esses significados diversos que achamos em unidos na pessoa de Cristo, segunda pessoa da divindade, o segundo homem (I Cor 15:47). Pelo fato de Ele, que era verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, Se humilhar a Si mesmo até à morte para nos servir, Ele Se tornou em nosso Salvador.
O significado negativo do número 2
Nesse sentido ele nos fala de diversidade, separação, contraste, contradição, oposição, conflito e inimizade, enfim, fala da obra do inimigo. Os animais na arca estavam em pelo menos dois exemplares de cada espécie. A mãe de uma menina, após o nascimento, ficava imundo por duas semanas – o dobro do espaço de tempo que em caso de um menino (Lv 12:5).
É especialmente na figura da mulher que encontramos exemplificado esse número. Ela depende do homem, porém, ainda assim, é a sua ajudadora. Ela é a figura da multiplicação, mas por ela o pecado e a morte se introduziram no mundo. Por outro lado, por ela também veio a “semente” vitoriosa (Gn 3:15), que estabeleceu a salvação.
A morte traz separação e despedida e assim se torna no último inimigo. Por outro lado, a morte de Cristo na cruz significa para nós hoje a salvação, embora foi ali que o conflito entre o bem e o mal chegou ao auge. Não há outra aparente contradição tão grande como aquela que vemos com respeito à cruz (Sl 85:10).
O Número 3 – É o número que serve para medir o espaço; é o número da expansão cúbica, da plenitude e de uma noção viva. Se você toma apenas duas medidas e as multiplica, o resultado será apenas uma área plana. Se ajuntar a ela a terceira dimensão, o resultado é mais do que uma simples área plana; apenas a terceira dimensão nos permite ter a ideia do espaço e do volume. Esse número, portanto, nos fala de realidade, essência e plenitude.
Quando Deus se revelou plenamente, nós podíamos conhecer três pessoas da divindade. Enquanto essas três pessoas não foram conhecidas, Deus não fora plenamente revelado. É por isso que o número 3 é o número de revelação, o número de Deus e da Trindade. Muitas vezes, e número 3 caracteriza a terceira pessoa da divindade, o Espírito Santo, que nos revela até as profundezas de Deus (I Cor 2:10).
Enquanto a Terra era sem forma e vazia, e enquanto havia trevas sobre a face do abismo, o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Quando seres humanos experimentam o novo nascimento de Deus, então o Evangelho não os alcança apenas pela Palavra, mas também poder e pelo Espírito Santo (I Ts 1:5). Seria a santificação – a obra do Espírito – outra coisa a não ser a realização da salvação da alma? Sem a operação do Espírito não nada senão uma operação exterior: “O que é nascido de carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3:6). É essa a terceira dimensão que, visto dessa forma, cada crente verdadeiro possui.
O santuário, a habitação de Deus, é sempre um cubo: 10 x 10 x 10 côvados media no tabernáculo e 20 x 20 x 20 côvados media no templo. E também a nova Jerusalém iluminada pela glória de Deus é igualmente um cubo exato: “… e o seu comprimento, largura e altura eram iguais” (Ap 21:16).
No santuário o próprio Deus Se revela. Ele é igualmente revelado na ressurreição – fato que nos mostra todo o poder humano lançado no pó; por isso a ressurreição ocorreu no terceiro dia. Ligado a isso, encontramos os pensamentos de restauração, revificação e restabelecimento ou convalescença (Os 6:2).Nesse contexto, o número 3 representa:
- A glória divina e a revelação d´Ele próprio;
- Propriedade, participação e habitação: vemos o céu na sua condição de santuário e habituação de Deus. Ali no santuário é o lugar onde é trazido adoração e louvor e ministério;
- O fruto que revela a qualidade da árvore (Mt 12:33).
O Número 4 – É o primeiro número que permite uma simples operação de divisão. É o número 2 que é o seu divisor. Por isso vemos nesse número o símbolo da fraqueza – da criatura em contraste com o Criador – da matéria submissa a mão formadora de Deus. Porém, infelizmente, também se sujeita a outrem para ser formada. Nas Escrituras encontramos o número 4 ou numa composição de 3 + 1 – o número da revelação e Soberania do Criador – ou em 2 x 2, representando assim uma divisão real e apontando para algo mal.
Além disso, o número 4 também é o número dos quatro confins da terra (Is 11:12). Assim faz referência à perfeição terrena e universalidade, que, porém, sempre continuam marcadas pela fraqueza, seja o tanto quanto quiser que o homem se vanglorie.
Esse número também está ligado aos quatro ventos do céu (Jr 49:36; Dn 7:2). Assim simboliza as diversas e até mesmo contraditórias influências que operam em todo o âmbito terrestre. Isso nos leva a pensar em provação e experiência. A provação do homem revela continuamente o seu fracasso. De um modo geral, esse número nos representa o andar prático, o andar do crente pelo mundo.
Também os domínios pagãos que dominam de forma ilimitada toda a terra são representados pelas figuras de quatro animais. Os quatro seres viventes velam sobre toda a terra (Ap 4 e 5).
Acrescentamos ainda alguns exemplos da perfeição terrena expressa pelo número 4:
- Havia 4 rios no jardim de Éden (Gn 2:10); saia bênção do jardim de Éden para toda a terra.
- O altar de bronze tinha 4 chifres (Ex 27:2). Os chifres são um símbolo do poder e da força da obra expiatória de Cristo suficiente para o mundo inteiro, caso o ser humano a aceite pela fé.
- Há 4 Evangelhos, que nos relatam a totalidade da vida do Senhor Jesus nesta terra. Em Levítico 1 – 7 vemos 4 sacrifícios, que nos dão um quadro pleno da morte do Senhor na cruz. Uma exceção constitui a oferta de manjares como uma oferta não sangrenta.
O Número 5 – Por ocasião da purificação de um leproso (Lv 14:14) e também por ocasião da santificação do sacerdote (Lv 8:24), o sangue tinha que ser aplicado a três partes do corpo humano – à ponta da orelha direita, ao dedo polegar da mão direita e ao dedo polegar do pé direito. Com o ouvido devia ouvir a Palavra de Deus, com a mão fazer a tarefa recebida da parte de Deus e com o pé andar os caminhos prescritos por Deus. É essa toda a esfera de responsabilidade humana.
Cada uma dessas partes do corpo está ligada ao número 5. O ouvido tem a ver com os 5 sentidos, que permitem ao ser humano ter contato com o ambiente em que vive. Os sentidos são a “porta” para a capacidade de percepção. A mão é a parte do corpo que serve para formar e moldar o seu ambiente. Ela expressa o poder atuante. É justo o polegar que é santificado, porque ele é a parte predominante da mão; ele é a contraparte dos 5 dedos – em si são esses últimos a figura da fraqueza.
De uma forma semelhante, as duas mãos se auxiliam mutuamente. As duas mãos em seu conjunto têm 10 dedos, o número dos 10 mandamentos distribuídos nas duas tábuas da Lei. Eles nos mostram a medida da responsabilidade natural. O pé, igualmente repartido em 5 mais 5 dedos, é a expressão figurativa do andar pessoal. Os pés possuem igualmente 10 dedos. Portanto, o número 5 é o número do ser humano, provado com vistas a sua responsabilidade debaixo do governo de Deus.
A divisão comum do número 7 na Bíblia (4 + 3), nos ensina a dividir o número 5 em 4 + 1 – a criatura (4) debaixo do domínio de Deus (1). Quando o ser humano decaído faz a tentativa de aproximar-se de Deus, então há de experimentar que, nesse caminho, o trono de Deus está envolta por nuvens e trevas (Ex 19:16-19). O número 5 sempre tem a conotação de responsabilidade, mas também embute o pensamento muito similar que os caminhos de Deus sempre levam ao alvo por Ele previsto. O livro de Deuteronômio (o quinto livro de Moisés) é um exemplo único e singular disso.
O pensamento preponderante embutido nesse número é a criatura em relação ao Criador Todo-poderoso.
O Número 6 – É o segundo número que não seja um número primo. A divisão permite o produto de 2 x 3. Isso nos leva ao pensamento de vermos nesse número a revelação do mal ou ainda a obra do inimigo. Esse mal manifesta, ao mesmo tempo, a fraqueza da criatura. É isso que nos é ensinado pela divisão. Por isso, o mal deve recuar diante de Deus. Se contemplarmos o lado positivo, então esse número nos fala da vitória sobre o mal, de santificação e da glorificação de Deus.
A semana de trabalho do ser humano é composta de 6 dias (Ex 20:9). É esse o tempo determinado para o seu trabalho e mostra figuradamente o trabalho de sua vida, mostra os seus “poucos e maus” dias limitados por causa do pecado. Em seu significado pleno, esse número parece nos falar do estado de evolução emadurecida do pecado, porém limitado com respeito ao seu poder e vigilado por Deus, que Se glorifica a Si próprio por ocasião do auge desse estado. As disciplinas que Deus há de aplicar aos Seus também podem ser contempladas sob esse ângulo de vista.
No número da besta em Apocalipse 13:18 (666) nós encontramos o número 6 em conexão com potências sequenciais do sistema decimal. Ali representa o mal em sua manifestação plena. Ainda assim a impotência e debilidade são manifestas em todo o tempo, pois esse mal é controlado pela mão de Deus. A única consequência para o ser humano é que a sua responsabilidade e o consequente juízo são apenas aumentados. O número da besta é o “número de seu nome” – um número que caracteriza a besta por completo. Porém, o número é o “número de um homem” que aspira a ser igual a Deus se gabando e sem temor de Deus.
Nesse contexto é interessante observamos que o valor numérico do nome de “Jesus”, no grego, é “888”. O grego não conhece, de modo geral, sinais específicas para os números e atribui a cada letra do alfabeto um valor numérico assim permitindo que se calcule o valor numérico das palavras. O mesmo é válido para o hebraico.
No Salmo 10 nós encontramos a descrição desse “maligno” (2-11). Esse salmo, em conjunto com o salmo 9, compõe um salmo alfabético (salmos cujos versículos ou conjuntos de versículos iniciam, de forma sequencial, com as letras do alfabeto hebraico). Nessa exata passagem foram omitidas exatamente 6 letras (mem a tzade).
A estatura de Golias era de 6 côvados (I Sm 17:4); um outro gigante de sua linhagem tinha 6 dedos nas mãos e nos pés respectivamente (II Sm 21:20). A imagem idólatra de Nabucodonosor era de 60 côvados de altura e 6 côvados de largura (Dn 3:1).
E por fim lembremos ainda da crucificação do Senhor. As trevas se iniciaram na hora sexta e terminaram à hora nona. O número 9 é o produto de 3 x 3. Vemos Deus revelado em todas as Suas glórias.
O Número 7 – É o número da plenitude ou perfeição. Por vezes é usado com um significado negativo, mas de forma geral tem conotação positiva. Quando o número 7 é decomposto, isso geralmente acontece nas Escrituras em forma da soma 4 + 3 – números estes que obviamente falam da criatura manifestando o Criador. Se isso for alcançado, então significa perfeição para a criatura e descanso para Deus (veja que o sábado é o sétimo dia).
Muitas vezes esse número indica para um quadro completo de coisas ou também o cumprimento de algo. Assim as sete primeiras parábolas de Mateus 13 nos dão uma apresentação completa do Reino dos Céus. As primeiras 4 parábolas mostram esse Reino como ele é visto exteriormente da parte do mundo, e as 3 últimas, por sua vez, o mostram tal como Deus vê o Reino dos Céus. As 7 cartas às 7 igrejas em Apocalipse 2 e 3 apresentam uma história eclesiástica (uma história da Igreja) completa e inspirada.
Os 7 selos preservam o livro dos juízos (Ap 5:1). As 7 taças estão cheias da ira de Deus (Ap 16:1). Os “sete espíritos piores do que ele” que o espírito imundo leva consigo (Mt 12:45) nos dão um exemplo para o significado negativo do número 7 tal como também as 7 cabeças da besta em Apocalipse 13. O significado positivo se resume no pensamento de cumprimento divino e perfeito. É por isso que a sequência básica dos números termina com 7.
O Número 8 – O número 8 indica um cumprimento, porém dá ênfase em um novo começo. O oitavo dia é simplesmente o primeiro dia de uma nova semana. Por isso, o número 8 fala daquilo que é novo em contraste com aquilo que é velho ou antigo; nos fala da nova aliança em contraste com a antiga e também da nova criação. Por causa desse significado, a circuncisão havia de acontecer no oitavo dia (Lv 12:3). Cl 2:11 se refere a isso quando fala do “despojo do corpo da carne”. Nós somos uma nova criação, criados em Cristo Jesus para as boas obras (Ef 2:10).
A transfiguração aconteceu no oitavo dia (Lc 9:28) e com ela se inicia simbolicamente o novo século da “virtude e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (II Pe 1:16-18). O salmo 8 anuncia o domínio do Filho do Homem sobre essa terra (Hb 2:5-9). Como todos os demais números, também o número 8 pode se referir a coisas malignas. Já encontramos “os sete outros espíritos” unidos àquele primeiro “espírito imundo”, somando 8 ao total. Essa composição nos apresenta o “último”, o “último estado” em que um ser humano pode adentrar.
Em Daniel 7:8 nós vemos um animal com 10 chifres. Nasce-lhe um décimo primeiro que, por sua vez, arranca 3 e juntamente com os 7 sobrando soma 8. É dessa forma que surge o último estado desse animal – estado este que também é o estado em que, finalmente, será julgado.
Em Apocalipse 17, onde encontramos o mesmo assunto sob um outro ângulo de vista, a oitava cabeça concede à besta a sua figura blasfematória e assim “vai à perdição” (11).
O Número 10 – É caracterizado por um parentesco íntimo com o número 5, pois é composto de 5 x 2. O significado dos 10 dedos das mãos e dos pés é claro e nos mostram a capacidade do ser humano para agir e também para andar endireitado. A essas capacidades corresponde, por outro lado, uma medida de responsabilidade, e a essa, por sua vez, uma medida de juízo ou de galardão respectivamente. Foi por isso que 10 pragas sobrevieram o Egito.
Os 10 mandamentos se encontram nas duas tábuas do testemunho. Assim exemplificam a medida de responsabilidade do ser humano, porém visto da parte de Deus. No reinado das 10 tribos, Efraim foi introduzido na sua própria responsabilidade separado do domínio da casa de Davi.
Os 10 dedos da estátua no sonho de Nabucodonosor permitem que os pés permaneçam firmes. Eles correspondem aos 10 chifres da quarta besta de Daniel 7:7. As 10 virgens da parábola de Mateus 25 representam a responsabilidade. Há 5 sábias e 5 néscias. Trata-se nessa parábola do testemunho da vinda do Noivo.
Finalmente, encontramos um todo sintetizado ou resumido em 10 partes quando Deus exige o dízimo. Isso nos mostra a medida de responsabilidade, da qual Deus toma uma parte como sinal de sua soberania.
O Número 12 – Geralmente é decomposto nos fatores 4 x 3, tal como o número 7 na soma 4 + 3. Os números são idênticos. A diferença está no fato de que uma vez se trata de um produto e no outro caso de uma soma. É apenas a relação dos dois números entre si que distingue 12 de 7. O pensamento básico nos mostra o número do mundo (4) e o da revelação divina (3). Porém, os dois números não estão apenas colocados um ao lado do outro. Deus Se revela a Si mesmo na sua criação, como testemunha o 7, mas agora também intervém com ações modificando alguma coisa. Por isso, o número 12 simboliza soberania manifesta tal como fora exercida, por exemplo, em meio do povo de Israel pelo Senhor. Assim também essa soberania será exercida no século vindouro.
Os números 1 e 5 também são números do governo, porém o número 1 fala simplesmente de Soberania – da vontade soberana e de poder soberano. Enquanto isso, o número 5 expressa mais o caminhos de Deus em Seu governo. Ambos se referem tanto à previdência divina como também ao Seu domínio público e manifesto. Quanto a nova Jerusalém (Ap 21), tudo fala da soberania de Deus. Ela mede 12 mil côvados (outros: estádios) em cada uma das 3 dimensões. A sua bênção consiste no fato de que Deus tem o domínio ilimitado. Os 12 apóstolos se assentarão, conforme a promessa do Senhor, em 12 tronos para julgarem as 12 tribos de Israel (Mt 19:28).
O Número 40 – O número 40 é composto de 4 x 10 e simboliza a provação completa que corresponde a toda a responsabilidade do ser humano.
Em suma, se dermos uma olhada para trás observando a sequência dos números, então, com facilidade, podemos reconhecer uma linha de pensamentos entrelaçados ligando os números entre si e também fazendo claro a integridade de toda a sequência. Isso serve de confirmação do significado tanto do todo dos números como também de cada um individualmente. A ordem dos pensamentos nos mostra uma nova beleza; a sua plenitude se constitui em uma prova. Fica claro que a soma de toda a verdade está contida nisso e não podemos ir além.
Nos primeiros 3 números vemos Deus em Sua plenitude – o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Deus há de ter e preeminência em tudo, até mesmo referente aos números, para que os nossos pensamentos sejam guiados da forma correta. A manifestação do próprio Deus é aquilo que é cumprido e apresentado nos números que seguem.
Em seguida, vemos a criatura simbolizado pelo número 4. As Escrituras, por vezes, o decompõem na soma 3 + 1, sublinhando assim de maneira especial a manifestação de Deus. A ligação dos primeiros 3 números com o quarto da sequência nos é apresentada de forma muito clara.
Depois disso, vemos que 5 corresponde a 4 + 1. Novamente começamos com 4. A criatura é o meio dessa manifestação. É por isso que os demais números da sequência básica são compostas, por meio de adição, por 4 mais um dos primeiros 3 números. Assim 5 é 4 + 1; 6 é 4 + 2 e 7 é 4 + 3. Assim eles completam essa sequência. Não há outros números “divinos” que poderiam entrar em relação com o número da criatura. Por isso essa sequência básica necessariamente termina com 7. O 5, portanto, é 4 + 1 – a criatura em sua relação com o Criador, fraqueza em contraste com o poder todo-poderoso. É este o pensamento principal.
6 é 4 combinado com 2. É o número que fala de luta causada pelo mal e também da libertação do mal. Por isso, 6 é o número que caracteriza a criatura como caída e mostra também a vitória final de Deus sobre o mal. É nisso que Deus Se glorificará. Dessa forma, a obra de Deus é cumprida, tal como tudo fora feito em 6 dias.
O número 7 nos fala de cumprimento, perfeição e descanso. Assim a sequência é completa. Que prova magnífica e convincente da inspiração Deus embutiu já nos números! Até aqui citamos o irmão Grant. Se compararmos o significado dos números com os 5 livros de Moisés (o Pentateuco), veremos de imediato a maravilhosa harmonia da Palavra de Deus.
Os 5 livros de Moises (o Pentateuco)
Gênesis (1° livro de Moisés): Gênesis é livro dos começos. Encontramos a criação, a queda em pecado, o dilúvio, a repartição da terra depois da construção da torre de Babel, os inícios do povo de Israel e o agir de Deus com os patriarcas. O irmão Darby certa vez escreveu que esse livro contém todos os princípios elementares, que encontraram a sua evolução e manifestação na história ou nas relações de Deus com os seres humanos como descritos nos livros seguintes da Bíblia.
Todos esses princípios se encontram, em sua essência, já no livro de Gênesis. É o livro dos conselhos, cujos cumprimentos encontramos em toda a Bíblia. Esse livro contém duas das mais gloriosas figuras do Senhor em todo o Antigo Testamento: No capítulo 22 temos o sacrifício de Isaque e nos capítulo 38 a 50 vemos José, conservador do mundo. Da mesma forma, em figura, encontramos também a Trindade divina:
Abraão, nos capítulos 21 a 23, é uma figura de Deus, o Pai. Isaque é uma figura do Filho de Deus (22), e Jacó é uma figura da operação do Espírito Santo em uma pessoa verdadeiramente salva.
Êxodo (2° livro de Moisés): Esse é o livro da salvação. Primeiramente, encontramos o povo debaixo da escravidão de Satanás e do pecado, cuja figura é o Faraó. Então, Moisés nasce, o salvador. Deus traz juízo sobre esse mundo (a figura disso é o Egito), redime o Seu povo através do Mar Vermelho e revela ao povo os Seus pensamentos por meio de Moisés, principalmente o pensamento de que queria habitar no meio de Seu povo. É esse o significado pleno de salvação: Deus quer morar em meio de Seu povo (Ap 21:3-4, com vistas ao estado eterno).
Levítico (3° livro de Moisés): Agora o santuário está estabelecida e Deus não fala mais do Monte Sinai, mas de dentro da tenda da congregação (Lv 1:1). Ele revela os Seus pensamentos referente à maneira da santificação correta do povo e à maneira de como o povo poderia se aproximar d’Ele. Em primeiro plano vemos os sacrifícios (Lv 1 a 7). Neles vemos, figuradamente, como Deus Se revela plenamente por meio da obra do Senhor Jesus na cruz. Vemos também as diversas maneira de como alguém do povo podia se aproximar de Deus. Caso tivesse cometido algum pecado, havia ali o sacrifício pelo pecado e pela culpa; caso procurasse comunhão com Deus, estava a dispor o sacrifício pacífico; caso quisesse adorar a Deus, então podia oferecer um holocausto e um sacrifício pacífico.
Depois vemos a santificação dos sacerdotes e o tratamento do leproso (Lv 8 a 15). Em seguida temos o dia da expiação (Lv 16) e, por fim, as festas de Javé (Lv 23). Esse livros nos dá ordens em ligação com o fato de que Deus tem em meio de Seu povo um santuário, onde Ele quer habitar. Deus quer ser santificado por meio daqueles que queiram aproximar-se d’Ele (Lv 10:3).
Números (4° livro de Moisés): Esse livro nos mostra o caminho do povo de Deus através do deserto – figura daquilo que o mundo representa para o verdadeiro crente: prova após prova. O povo poderia ter chegado à terra prometida em apenas 11 dias (Dt 1:2), porém demorava 40 anos. A simples razão para isso é a incredulidade do povo. O estado do povo era tal que fazia-se necessária a permanência no deserto. O deserto não faz parte dos conselhos de Deus, mas sim de Seus caminhos com o povo. Deus sabia o que havia no coração do povo, mas também o povo devia se dar conta disso por meio da experiência (Dt 8:2-3). Números é livro das provas, mas também das experiências; é o livro da fidelidade e do fracasso, mas também da fidelidade e da misericórdia divinas.
Que ricos meios de ajuda para o caminho pelo deserto Deus tem depois da manifestação completa da apostasia (a congregação de Corá, Nm 16)! Arão (figura do Senhor Jesus) se levanta como mediador entre o povo e Deus. Vemos ali a graça do sumo sacerdócio de Cristo (Nm 17); temos o sacrifício da bezerra ruiva em prol das contaminações do deserto (Nm 19), e encontramos a serpente de metal (Nm 21 – compare Jo 3). Deus “não viu iniquidade em Israel, nem contemplou maldade em Jacó; o SENHOR, seu Deus, é com ele e nele, e entre eles se ouve o alarido de um rei” (Nm 23:21) – e isso está escrito num livro que manifesta o fracasso do povo a cada passo!
Deuteronômio (5° livro de Moisés): Será que o povo, baseado em suas experiências feitas e descritas em Números, corresponderá à sua responsabilidade quando estiver na terra? É essa a grande questão desse livro. Israel tem a escolha na sua própria mão: bênção ou maldição (Dt 11:26-28). Quantas e quão grandes as bênçãos se o povo corresponder à sua responsabilidade! Que horrível as consequências caso contrário! O livro de Josué O livro de Deuteronômio finaliza essa sequência. Nesse sentido, o livro de Josué não representa uma continuação, mas sim um completamente novo começo.
Isso já se torna claro pelo fato de que Josué toma o lugar de Moisés. Ambos os homens são figuras do Senhor Jesus. Moisés não podia conduzir o povo até que adentrassem nas bênçãos da terra (uma figura dos lugares celestiais da epístola aos Efésios). Moisés é a figura de Cristo que viveu e morreu nesta terra. Josué, por outro lado, representa como figura o Senhor Jesus ressurreto e glorificado como Senhor, que introduz o Seu povo, por meio do Espírito Santo, da parte do céu, nas gloriosas bênçãos de Sua obra (os frutos da terra). De fato, o livro de Josué é o início de uma nova sequência e, conforme o irmão Grant, novamente de uma sequência de 5 livros ou seja da história da aliança. Dessa forma, o irmão Grant divide toda a Bíblia em um pentateuco composto de pentateucos.
Se pensarmos no significado espiritual dos números 1 a 5, então essa simples composição e o número sequencial de um livro dentro de um dos pentateucos já nos fornece informações importantes com respeito ao caráter desse livro.
O Novo Testamento Vamos nos ocupar brevemente com a divisão do Novo Testamento (o quinto pentateuco).
1 – Os Evangelhos nos apresentam a pessoa do Senhor Jesus, que revelou perfeitamente a Deus até mesmo em sua morte sacrificial na cruz. Com isso pôs a base do cristianismo verdadeiro. Poderia ser diferente do que é? O Novo Testamento poderia iniciar com outra pessoa senão a pessoa de nosso Senhor apresentando-O em suas glórias como Messias, Profeta, Servo, Filho do Homem e Filho de Deus? Ele é o princípio da criação de Deus (Ap 3:14) e, naturalmente, também da nova criação (II Cor 5:17), que Deus revelou no cristianismo verdadeiro.
2 – O livro de Atos nos mostra a gloriosa salvação do povo de Deus. Deus o liberta da escravidão da Lei (compare At 15:10). Vemos como o Evangelho cresce mais e mais começando em Jerusalém e Judéia, indo à Samaria e finalmente se estende até os confins da terra e está sendo anunciado às nações (At 1:8).
3 – As Epístolas do apóstolo Paulo revelam todo o conselho de Deus com respeito ao mistério “Cristo e Sua Igreja” (Ef 5:32). Esse mistério profundo lhe fora feito conhecido por meio de revelação (Ef 3:2-9). Nesses conselhos, Deus revelou a sua multiforme sabedoria (Ef 3:10). Isso, ao mesmo tempo, significa que Deus não dá outras revelações novas, porque todas foram reveladas a Paulo. A Palavra de Deus é completa, terminada, foi levada a sua medida plena (Cl 1:25 – “cumprir” ali tem o significado de “levar ao cabo / completar tudo plenamente o que faltava”).
4 – As Epístolas Gerais, as quais trazem assuntos “de conteúdo geral ou universal, tratam do caminhar do crente verdadeiro. Pedro descreve os caminhos de governo de Deus, Tiago se ocupa com a manifestação prática da fé, João com a apresentação da vida eterna em nós na nossa condição de filhos de Deus, e Judas trata da apostasia da cristandade. Todas essas epístolas contêm ensinos sérios, mostrando como devemos andar o nosso caminho através desse mundo enquanto crentes.
5 – No livro de Apocalipse, Deus acerta as contas com as pessoas que professam ser d’Ele conforma a responsabilidade deles. O primeiro capítulo nos apresenta o Senhor Jesus, o Filho do Homem, como juiz. Os capítulos 2 e 3 nos fornecem uma história completa da Igreja, sempre sob o ângulo de vista da responsabilidade. Os capítulos 6 a 11 nos mostram, com certas interrupções, os juízos iniciais sobre a cristandade professa. No capítulo 13 vemos a manifestação do mal simbolizada nas duas bestas. Os versículos 1 a 10 desse capítulo nos mostram o Reino Romano e os versículos 11 a 18 o anticristo. O capítulo 16 contém a continuação dos juízos sobre o Reino Romano e a cristandade professa. Os capítulos 17 e 18 nos mostram o juízo sobre a falsa noiva de Cristo. O capítulo 19, por sua vez, descreve o juízo final sobre as duas bestas – o cabeça estatal do Reino Romano e o anticristo. No capítulo 20 encontramos o juízo sobre os mortos.
Apesar de todos os juízos, sempre vemos, nos intervalos, como Deus alcança os alvos de Sua graça e como introduz seres humanos em Suas bênçãos. O trono do Criador está rodeado pelo arco-íris, sinal da Sua aliança. Apesar dos juízos, Deus não reterá a Sua misericórdia da terra (Gn 9:14-17 e Ap 4). O Cordeiro é visto em meio do trono (Ap 5). O capítulo 7 nos mostra um remanescente do povo de Israel e uma grande multidão de vencedores de entre as nações. No capítulo 12, Deus concede graça ao remanescente e o guarda no deserto durante o tempo dos horríveis juízos. O remanescente das duas tribos do reino de Judá é visto juntamente com o Senhor no monte Sião (Ap 14).
Os vencedores da besta estão junto do mar de vidro (Ap 15). As bodas do Cordeiro acontecem no capítulo 19. Finalmente, o capítulo 21 nos concede uma perspectiva gloriosa do estado eterno (Ap 21:1-8) bem como da glória da Igreja (a nova Jerusalém, a esposa do Cordeiro) durante o tempo do reino milenar (Ap 21:9-22:5). Ela possui a glória de Deus! O livro de Apocalipse termina (Ap 22:6-21) com alertas seríssimas, mas também com uma tripla promessa:
“Certamente, cedo venho!” (Ap 21: 7, 12 e 20)
Frederick W. Grant – “A Estrutura Numérica das Escrituras”.