Sabedoria – Cantares
Autor: Salomão — 970 a 930 a.C. — A autoria de Salomão é contestada, mas a glória do simbolismo salomônico é essencial em Cantares. Jesus referiu-se duas vezes à glória e sabedoria de Salomão (Mt 6.29; 12.42). Como filho real de Davi, Salomão tece um lugar singular na história da aliança (II Sm 7.12-13). Seus dois nomes de nascimento, que simbolizam paz (Salomão) e amor (Jedidias), aplicam-se diretamente a Cantares (II Sm 12.24-25); 1Cr 22.9). O glorioso reino de Salomão foi como uma restauração do jardim do Éden (I Rs 4.20-34), e o templo e o palácio que construiu personificam as verdades do tabernáculo e a conquista da Terra Prometida (I Rs 6.7). Salomão encaixa-se perfeitamente como a benção personificada do amor da aliança, visto que ele aparece em Cantares com toda a sua perfeição real (1.2-4; 5.10-16). Embora Cantares não forneça informações precisas sobre o contexto, Salomão reinou em Israel de 970 a 930 a.C.. Linguagem e ideais similares também são encontrados na oração que Davi fez no templo por Salomão e pelo povo durante a entronização de Salomão (I Cr 29).
As Características e o Conteúdo
O livro de Cantares é a melhor de todas as canções, um trabalho literário de arte e uma obra-prima teológica. No século II, um dos maiores rabinos, Akida bem Joseph, disse: “No mundo inteiro, não há nada que se iguale ao dia em que o Cântico dos Cânticos foi entregue a Israel”. O livro de Cantares, em si, é como a sua fruta favorita, a romã, em cores vivas e repleto de sementes. Bastante diferente de qualquer outro livro bíblico. Ele merece consideração especial como arquétipo bíblico que apresenta, de um modo novo, as realidades básicas das relações humanas. Cantares emprega linguagem simbólica pra expressar verdades eternas, em semelhança ao Livro de Apocalipses. Cantares contém descrições da mulher sulamita juntamente com uma exibição completa dos produtos de seu jardim. Isso deve ser entendido como um paralelo poético do amor conjugal e como bênçãos ao povo da aliança, em sua terra. Claras indicações são dadas na descoberta das bênçãos da aliança: “sai-te pelas pisadas das ovelhas” (1.8). Aqui, o termo “pisadas” é, literalmente, “marcas de calcanhar”, e pode ser uma alusão a Jacó, o patriarca cujo nome conota “um calcanhar”.
A função pastoril de Jacó e a sua constante luta pela bênção de Deus e do homem são citadas como a norma bíblica para o povo de Deus (Os 12.3-4,12,14). Ele nasceu segurando o calcanhar do seu irmão, um manipulador congênito. Foi “desconjuntado” com ardil no âmago de seu ser, como ilustrado por seu mancar em Maanaim (Gn 32). Foi forçado a viver fora de sua terra sob a ameaça de uma irmão irado. Retornou pra sua terra depois de 20 anos com uma instituição familiar defeituosa. Ardil, falta de amor, ciúme, raiva e amor de aluguel (de mandrágora, um suposto afrodisíaco) entraram nessa fraca estrutura. Os próprios nomes das Doze Tribos mostram a necessidade de uma nova história familiar. A sulamita ajuda e reescreve essa história. Ela executa a dança memorial de Maanaim (Gn 32.2; Ct 6.13). Quando encontra a quem ama, ela o detém e não o deixa partir (Gn 32.26; 3.4). Mandrágoras perfumadas crescem nos campos dela (Gn 30.14; Ct 7.11-13;). Quando as filhas veem, chama-na bem-aventurada ou feliz (Gn 30.13; Ct 6.9;). Na sulamita, a corrompida árvore familiar produz “frutos excelentes”, os melhores (Dt 33.13-17; Ct 7.13;). As bênçãos da aliança que havia sido distorcidas são redimidas. Os mesmos acontecimentos também podem ser visto como retratos do amor conjugal. Dessa maneira, ela detém o seu marido e não o deixa partir (3.4). É o seu marido que elogia sua beleza (6.4-10). E a procissão de um casamento real e a alegria recíproca do noivo e da noiva aparecem retratadas em 3.6-5.1.
O Espírito Santo em Ação
De acordo com Romanos 5.5, “o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo”. Baseado em Jesus Cristo, o Espírito Santo é o poder de ligação e união do amor. A feliz unidade revelada em Cantares é inconcebível à parte do Espírito Santo. A própria forma do livro como cântico e símbolo é adaptada especialmente ao Espírito, pois ele mesmo faz uso de sonhos, linguagem figurada e o canto (At 2.17; Ef 5.18-19). Um jogo de palavras sutil, baseado no “sopro” divino do fôlego da vida (O Espírito Santo, Sl 104.29-30) de Gênesis 2.7 parece vir à tona em Cantares. Isso acontece em “antes que refresque o dia” (2.17; 4.6), no “soprar” do vento no jardim da sulamita (4.16) e, surpreendentemente, na fragrância da respiração e do fruto da macieira (7.8).
Esboço de Cantares
1.1 – 2.7 – Cenas de abertura
- 1.1-4 – Lembrando o amor do rei de bom nome
- 1.5-6 – A morena e agradável guarda de vinhas
- 1.7-8 – Procurando amor nas pisadas do rebanho
- 1.9-11 – Removendo as marcas da escravidão
- 1.12-17 – A linguagem do amor
- 2.1-6 – O espírito e a árvore
- 2.7 – A primeira súplica
2.8 – 3.5 – A busca por abertura
- 2.8-15 – Começando a busca
- 2.16-17 – A alegria do amor no frescor do dia
- 3.1-4 – A procura determinada pelo objetivo principal
- 3.5 – A segunda súplica
3.6 – 5.8 – A busca por mutualidade
- 3.6-11 – A carruagem matrimonial real do amor da aliança
- 4.1-7 – Conhecendo sulamita
- 4.8 – Uma visão sobre a terra de cima do monte Hermom
- 4.9 – 5.1 – Uma vida de união íntima num banquete no jardim
- 5.2-7 – A queda da sulamita
- 5.8 – A terceira súplica
5.9 – 8.4 – A busca por unidade
- 5.9 – 6.3 – Conhecendo Salomão
- 6.4-10 – A glória triunfante da sulamita
- 6.11-12 – O nobre povo da sulamita
- 6.13 – 7.9 – A dança memorial de Maanaim
- 7.9 – 8.3 – O início do novo amor de iguais
- 8.4 – A quarta súplica
8.5-14 – Últimas cenas com resumo de realizações
- 8.5 – alcançando o objetivo principal
- 8.6-7 – Alcançando o amor autêntico
- 8.8-10 – Alcançando ao maternidade e a paz
- 8.11-12 – Obtendo uma vinha igual a de Salomão
- 8.13-14 – Obtendo a herança
Fonte: Bíblia Plenitude