Relíquias Sagradas

Um manuscrito é qualquer documento “escrito a mão”, tradução literal do latim “manu scriptum”, em oposição a documentos impressos ou reproduzidos de outras maneiras, como a tipografia. Um documento manuscrito pode ser também datilografado ou digitado por computador, operações em que as mãos também são empregadas.

Muitas vezes, porém, um documento é descrito como “manuscrito” se foi produzido pela escrita direta no papel com o uso de instrumentos como o lápis ou a caneta.

Outro emprego do termo “manuscrito” refere-se ao texto original de um autor (escritor, poeta, ensaísta, etc.), em oposição ao texto revisado ou editado posteriormente, constituindo versões elaboradas por outras pessoas que não o autor.

O Novo Testamento tem como característica principal uma imensa quantidade de escritos e evidências externas. Alguns Manuscritos, entretanto, merecem destaque. São eles:

Os Papiros – Produzidos quando o movimento iniciado pelos discípulos de Jesus ainda era ilegal. Datam dos séculos II e III d.C. e constituem valioso testemunho da veracidade do Novo Testamento, pois surgiram há apenas uma geração dos Autógrafos, que eram os Manuscritos originais.

Os mais conhecidos, que levam o nome de seus descobridores ou do local onde foram achados, são:

  • Fragmento de John Rylands – p52 [117 – 118 d.C.] _ Encontrado no Egito em 1930. Contém parte do Evangelho de João;
  • Papiros de Bodmer – p66, p72 e p75 [175 – 225 d.C.] _ O p66 contém parte do Evangelho de João e data do ano 200; o fragmento p72 contém cópias de Judas e de I e II Pedro; e o p75 contém a mais antiga cópia do Evangelho de Lucas;
  • Papiros Chester Beaty – p45, p46 e p47 [250 d.C.] _ Contendo quase todo o Novo Testamento. O p45 contém os Evangelhos e o livro de Atos dos Apóstolos; o p46, a maior parte das cartas de Paulo; e o p47, parte do Apocalipse;
  • Papiros de Oxirrinco [século III d.C.] _ Diversos manuscritos encontrados no Egito em 1898.

Os Unciais – Manuscritos em caracteres maiúsculos, escritos em velino e pergaminho, constituem os escritos mais importantes do Novo Testamento dos séculos III a V. Existem cerca de 297 Unciais, entre eles:

  • Códice Alexandrino _ Data do século V;
  • Códice Beza ou Cambridge _ Cerca de 500 d.C.; é o manuscrito bilíngue mais antigo do Novo Testamento. Foi escrito em Grego e Latim;
  • Códice Efraimita _ Originou-se em Alexandria, no Egito, em cerca de 345 d.C.;
  • Códice Sinaítico [Álefe] _ Data do século IV e possui poucas omissões;
  • Códice Vaticano _ É o mais antigo dos Unciais [325 – 350 d.C.] e foi desconhecido dos estudiosos bíblicos até 1475, quando foi catalogado na Biblioteca do Vaticano. Contém a maior parte do Velho Testamento [Septuaginta / LXX] com os Apócrifos e o Novo Testamento em Grego.

Os Minúsculos – Manuscritos em caracteres minúsculos que datam dos séculos IX ao XV, somando mais de 4000 documentos, entre Manuscritos e Lecionários.

Manuscritos do Mar Morto

Foram encontrados casualmente em uma gruta, nas encostas rochosas da região do Mar Morto, na região de Jericó, em março de 1947 por um pastor beduíno que buscava uma cabra perdida de seu rebanho. São jarros contendo manuscritos de inúmeros documentos dos Escritos Sagrados de uma seita judaica que existiu na época de Jesus, os Essênios.

Várias outras grutas foram encontradas após este achado, com muitos outros documentos.

Os Manuscritos, ou Documentos do Mar Morto, tiveram grande impacto na visão das Escrituras, pois fornecem espantosa confirmação da fidelidade dos Textos Massoréticos aos originais. O estudo da cerâmica dos jarros e a datação por carbono 14 estabelece que os documentos foram produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C.. Destacam-se, nestes documentos, textos do profeta Isaías, fragmentos de um texto do profeta Samuel, textos de profetas menores, parte do livro de Levítico e um Targum [Paráfrase] de Jó.

Os famosos Manuscritos foram encontrados e revelaram algo admirável: tudo o que temos escrito na Palavra de Deus é verídico! Estes Manuscritos antiquíssimos foram encontrados mais exatamente em Qumran. Neste lugar existem muitas cavernas, e como o local está num deserto, foi fácil esconder o material em jarros de barro lacrados, que foram postos nas cavernas.

Somente há cerca de 60 anos eles foram encontrados, e neste achado temos quase todo o Velho Testamento completo. Estes manuscritos só puderam resistir ao tempo porque foram colocados em potes de barro e lacrados. Um dos fatores que ajudou a sua conservação foi a baixa umidade da região e o isolamento dos manuscritos de contato com humanos. Os especialistas já examinaram grande parte dos manuscritos achados, porém nada há que possa nos surpreender ou mudar aquilo que temos como a

Palavra de Deus

Alguns esperavam que esta descoberta revelasse coisas completamente diferentes das que possuímos na Bíblia. Para eles foi uma grande decepção! Os estudos revelaram sim, que há uma grande exatidão na Palavra que temos em nossas mãos, não havendo, realmente, nada de significativo a retirar-se ou a acrescentar-se à Bíblia.

O material de confecção dos manuscritos é o papiro, que é uma planta que nasce à beira dos brejos. Esta planta é como uma pequena cana, fina, que quando seu caule é cortado ao meio, entrelaçado com outros do mesmo tipo e prensado (para retirar da planta a água), ele forma uma folha de papel que era utilizada para escrever-se livros, mensagens, relatórios, etc. Isto é o que foi achado em Qumran e está exposto no “Museu do Livro” em Jerusalém.

Manuscritos do NT

Os escritos do Novo Testamento se utilizaram do Grego Koiné [Comum – No sentido de mesmo idioma para todos], amplamente conhecido e utilizado no século I em consequência do império de Alexandre – O Grande. Esse idioma possuía muitos recursos linguísticos e precisão técnica, não encontrados no hebraico, o que permitiu uma maior e mais rápida propagação dos textos entre os povos [Assim como o inglês moderno, nos tempos atuais]. É plenamente aceitável dizer que o idioma grego foi, na plenitude dos tempos [Gl 4:4], escolhido pelo Espírito Santo para difundir a Palavra [Logos = Palavra] a todos os povos naqueles dias e nos atuais, pelas características inerentes ao idioma.

Os manuscritos originais [Autógrafos] não existem mais, e foram reconstituídos a partir de cópias produzidas pelos primeiros pais da Igreja primitiva, ainda sem denominação. Também foram utilizados nesta reconstituição os livros Apócrifos, documentos não bíblicos e comentários documentais dos mesmos pais da Igreja que produziram as cópias. Os originais desapareceram principalmente devido à fragilidade do material utilizado para escrever os livros, e pela ilegalidade do movimento, em seu início, o que implicava perseguição à Igreja. A veracidade dos escritos, no entanto, pode ser comprovada historicamente pelos motivos abaixo:

  • Existem cerca de 5.400 escritos do Novo Testamento;
  • Inscrições e gravações em paredes, pilares, moedas e outros lugares são testemunhos do Novo Testamento;
  • Lecionários, que eram livros muito utilizados nos cultos da Igreja, continham textos selecionados das Escrituras para leitura, incluindo o Novo Testamento [séculos IV e VI];
  • O estilo dos escritos confere com aqueles utilizados no século I [Grego Koiné];
  • Os Escritos de Marcos [50 a 70 d.C.];
  • Os escritos foram redigidos num momento muito próximo aos acontecimentos que os geraram;Os livros apócrifos, apesar de não canônicos, apresentam dependência literária dos textos canônicos, chegando a imitá-los no conteúdo e forma literária, e citam vários livros que compõem o Novo Testamento; Os primeiros pais da Igreja comentam e fazem citações de praticamente todo o Novo Testamento;
  • Vários papiros contendo fragmentos do Evangelho de João foram encontrados no Egito, datando do século II, apenas uma geração após os Autógrafos.

Textus Receptus

Para a boa compreensão da história do Textus Receptus é preciso partir do famoso editor francês Roberto Estéfano [1503-1559], que publicou quatro edições do texto grego. Sua terceira edição [1549] é o primeiro texto onde aparece um aparato crítico. Foi essa edição que se tornou o modelo para a King James Version de 1611 e até o século XIX foi o paradigma de todos os textos gregos publicados. A sua quarta edição [1551] não pode ser olvidada na história do texto bíblico, porque pela primeira vez aparece a divisão em versos numerados.

Recebe o nome de Textus Receptus o texto grego predominante no campo do estudo do Novo Testamento por mais de 300 anos. Esse texto é também conhecido pelos nomes de Texto Recebido. Embora a expressão Textus Receptus se refira à terceira edição de Estéfano, essa não foi usada por ele. Outro nome intimamente ligado com o Textus Receptus é o de Teodoro Beza [1519-1605], que entre 1565 e 1604 publicou nove textos bíblicos. O texto de Beza pouco difere da quarta edição de Estéfano. A importância do seu trabalho consiste no seguinte: suas edições visavam popularizar o Textus Receptus. Os tradutores da King James fizeram largo uso das edições de Beza.

Em 1624, os irmãos Elzevirs, impressores alemães, lançaram uma edição do Novo Testamento Grego, em cujo texto predominava o de Estéfano, mas havia também um pouco do texto de Beza. No prefácio da segunda edição se encontravam as seguintes palavras: “No texto que é agora recebido por todos, não apresentamos nada mudado ou alterado”. A expressão Textus Receptus nasceu desta mesma frase em latim: “Textum ergo habes, nunc ab omnibus receptum: in quo nihil immutatum aut corruptum damus”. Os autores desta simples frase jamais sonhariam que ela fosse o início de uma grande contenda na história do texto bíblico.

Os defensores deste texto não admitiam que ele fosse alterado ou melhorado. Aqueles que ousaram divergir foram tachados de irreverentes e sacrílegos. Intelectuais se levantaram como ousados defensores do texto que foi aceito por todos durante 300 anos. Dentre esses defensores destacam-se Scrivener, Edward Miller e John Burgon. O argumento principal destes estudiosos em defesa do Textus Receptus era este: “Se as palavras da Escritura tinham sido ditadas pela inspiração do Espírito Santo, Deus não teria permitido que elas fossem corrompidas no decurso de sua transmissão”.

Vulgata Latina

Chama-se Vulgata essa versão latina da Bíblia, que foi usada pela Igreja Católica Romana durante muitos séculos, e ainda hoje é fonte para diversas traduções. O nome vem da frase “Versio Vulgata”, isto é, “Versão dos Vulgares”, e foi escrita em um latim cotidiano usado na distinção consciente ao latim elegante de Cícero, do qual Jerônimo era um mestre. Sendo o Grego considerado pela Igreja como a língua do Espírito Santo, o Latim assumiu o papel de língua popular imposta pelos soldados nas conquistas romanas, motivo pelo qual a Bíblia Latina recebeu o nome de Vulgata.

A Vulgata é uma tradução para o latim da Bíblia escrita em meados do Século IV por Jerônimo, a pedido do Papa Dâmaso I, que foi usada pela Igreja Católica e ainda é muito respeitada. Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se sobretudo da língua grega. Foi nessa língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de São Paulo, bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes.

No século IV, a situação mudara e é então que o importante biblista Jerônimo traduz pelo menos o Antigo Testamento para latim e revê a Vetus Latina. A Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas predecessoras. Foi a primeira e, por séculos, a única versão da Bíblia que verteu o Velho Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como Septuaginta.

No Velho Testamento, Jerônimo selecionou e revisou textos. Ele inicialmente não considerou canônicos os sete livros, chamados por católicos e ortodoxos de deuterocanônicos. Porém, trabalhos seus posteriores mostram sua mudança de conceito, pelo menos a respeito dos livros de Judite, Sabedoria de Salomão e o Eclesiástico (ou Sabedoria de Sirac), conforme se atesta em suas últimas cartas a Rufino.

Após o Concílio Vaticano II, por determinação de Paulo VI, foi realizada uma revisão da Vulgata, sobretudo para uso litúrgico. Essa revisão, terminada em 1995, e promulgada por João Paulo II em 25 de abril de 1979, é denominada Nova Vulgata.

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