Relacionamentos Machucados Precisam Ser Curados
Muitas famílias são afligidas por profundas feridas que afetam os relacionamentos pessoais. Maridos e esposas sofrem das consequências de conflitos que não foram corretamente resolvidos. Há relacionamentos quebrados entre pais e filhos, irmãos e irmãs e parentes por afinidade. Com efeito, existem poucas famílias que, de alguma forma, não estejam perturbadas por algum problema em seus relacionamentos.
Feridas
A maioria destes ferimentos surgiram sem intenção, mediante palavras pouco amáveis, gestos impensados, atitudes pouco sábias, mal entendimentos ou até esquecimento. Não é preciso muito para ferir uma personalidade sensível. Por outro lado, as feridas por vezes também são infligidas intencionalmente – seja por má vontade, birra, vingança, raiva, inveja ou amargura. Um outro aspecto de peso, e causador de muita dor e feridas no seio da família, é a ruptura das relações, ou até mesmo já quando as partes deixam de se falar.
Infelizmente muitos destes machucados são passados por cima, nunca são tratados de modo a poderem curar. Não se devia esquecer que conflitos não resolvidos não desaparecem por si. Não, eles se ampliam e pioram com o passar do tempo! É por isso que, em contentas familiares, as antigas faltas voltam à tona com facilidade e são novamente discutidas.
Conflito
No livro de Gênesis temos a história de uma família em conflito. Trata-se dos irmãos gêmeos Jacó e Esaú. O problema deles é difícil e tem profundas raízes. A maior parte das dificuldades tem sua origem nos pais que não faziam ideia do perigo que é dar preferência para um dos filhos. O pai Isaque privilegiava Esaú, já a mãe Rebeca preferia Jacó. Uma coisa dessas já basta para destruir os laços familiares. Havia ainda uma série de outros fatores envolvidos, mas nós não vamos nos ocupar com os detalhes “sujos”. O que devíamos considerar é como Deus trouxe a cura a esta família de maneira maravilhosa.
Jacó viveu muitos anos temendo a Esaú que, em amargura, havia ameaçado matá-lo. Em várias ocasiões Jacó havia trapaceado a Esaú. Ele havia mentido, fraudado e roubado. Esaú prometia vingança! Finalmente Jacó teve um encontro com Deus que mudou a sua vida. Na sequência deste evento então houve a cura. O primeiro e mais importante passo num processo de cura sempre é o encontro pessoal com Deus.
Quando Jacó, pela intervenção de Deus, foi quebrantado interiormente e reagiu em humildade, ele então estava apto a reconciliar-se com Esaú. A história de sua reconciliação (Gn 33) mostra-nos os seguintes passos:
- O espírito quebrantado e humilhado de Jacó perante Esaú (3);
- O cordial abraço dando expressão de um novo vínculo (4);
- Arrependimento (8);
- Reparação (10-11);
- Perdão (10).
O restabelecimento, a cura que experimentaram, foi um milagre da graça de Deus. Assim também a cura em nossas famílias é impossível sem a graça de Deus.
Cura
Oito passos precisam ser dados para a cura ser encaminhada em nossas casas:
- Recorra à fonte correta para obter auxílio. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Sl 46.1). O único capaz de nos ajudar a eliminar nossas desavenças é Deus. Ele “enviou a sua palavra, e os sarou; e os livrou da sua destruição” (Sl 107.20);
- Ao tratar do problema, assuma a responsabilidade que lhe toca. Em Tiago 5.16 lemos assim: “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis”. Nossa preferência sempre é atribuir a culpa a outros e desconsiderar nossa participação no problema. O marido tem bem mais facilidade para apontar as falhas de sua esposa do que discernir e confessar as suas próprias. Se lermos a Palavra de Deus, veremos que devemos proceder de modo contrário.
- Seja sincero a qualquer custo. Segundo João 8.32 a verdade (franqueza) liberta. A tapeação apenas amplia o problema;
- Remova toda amargura. Por quê? Pois a Bíblia afirma que a amargura é pecado (Ef 4.31). A amargura deve receber o mesmo tratamento que qualquer outro pecado: há que ser confessada a Deus (I Jo 1.9). Se não o fizermos ela então destruirá o relacionamento;
- Esteja pronto a perdoar cada uma das transgressões. “Sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4.32). Se Deus lhe perdoou, então você é devedor de perdoar aqueles que lhe machucaram;
- Assegure o seu amor à outra parte, e torne a construir o relacionamento danificado. Uma relação ferida é difícil de curar. Contudo – e graças a Deus por isso! – é algo possível e necessário (Gn 33);
- Vá adiante, e espere coisas maiores. Perdoar inclui esquecer. E a partir daí, com a ajuda de Deus, concentre-se em coisas melhores e mais luminosas para o futuro! (Fp 3.10-14). Se você continuar se ocupando com a sua ferida, e coçá-la, ela não pode curar;
- Espere que a cura venha de Deus. “Espera no Senhor, anima-te, e Ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no Senhor!” (Sl 27.14). O tempo sozinho não cura; mas a cura requer tempo! Portanto, tenha paciência e espera em Deus.
Perdão
Cada membro da família precisa de perdão. E cada membro da família precisa perdoar. A família, na qual todos aprendem a dizer estas três coisas, há de usufruir uma relação mais sadia: “eu agi de maneira imprópria!”, “por favor, perdoa-me!” e “eu lhe perdoo!”. Confessar, pedir perdão e perdoar é humilhante. Mas estas três coisas são imprescindíveis para a preservação dos laços familiares. Um espírito irreconciliável acabará se tornando num muro entre você e Deus, mas também entre você e os membros de sua família (Mc 11:25).
O perdão corresponde à mente de Cristo. A vida por um lado é curta demais, mas por outro é longa demais para vivê-la com conflitos familiares que não foram resolvidos. Mas existe cura para a família, e os passos que conduzem à cura estão indicados na Palavra de Deus.
Ermst August Bremicker