Certas cidades ou países na Bíblia apresentam determinados aspectos do mundo. Em Gênesis 11, Babel foi construída, e mais tarde se chamou Babilônia. Esta cidade apresenta-nos algo da confusão religiosa do mundo. E, em Gênesis 13 lemos que Abrão subiu do Egito e pela primeira vez, diz que era muito rico. O Egito apresenta o mundo comercial ou materialista. Ainda no mesmo capítulo, lemos sobre Sodoma que descreve o mundo ímpio em seu pecado. O mundo em qualquer uma destas formas é um perigo para o crente. É um estudo interessante ver em outras passagens como cada uma destas cidades age de maneira diferente.
No livro de Daniel, por exemplo, Babilônia cativou os príncipes de Israel, tentou mudar o seu alimento, mudou o seu nome, tentou forçar a idolatria etc. No caso do Egito, em Gênesis 26:2, Isaque foi advertido por Deus a não copiar o pai dele em descer para lá, e, em Êxodo o Egito escravizou o povo de Israel. Neste artigo queremos examinar quatro maneiras que Sodoma é vista. Que sejamos alertados de não sermos atraídos pelo mundo ímpio!
1. Ló viu a sua beleza
A história de Ló nos apresenta um quadro importante. Ele seguiu Abrão na sua saída de Ur dos Caldeus, e ficou firme no seu andar enquanto eles estavam juntos. Tantos crentes são assim! Enquanto têm o conselho e ajuda dum outro mais espiritual, eles ficam firmes, mas a hora da prova vem para todos nós! O que fazemos nesta hora realmente manifesta a nossa convicção nas coisas de Deus. Abrão voltou do Egito com muitos bens. O Espírito de Deus não o condena por causa disto, mas vemos o triste resultado: uma contenda entre os servos. Tantas vezes não é a riqueza em si que cria o problema, mas os ciúmes que surgem.
Agora Ló tem que escolher entre a esquerda ou a direita. Que havia à esquerda? Havia o monte, também não muito longe havia Betel, o lugar do altar, e comunhão com Deus. Parece que este fato não pesou com ele. Ficou encantado com a beleza da campina do Jordão. De certo era bonita mesmo, que nem o Jardim do Senhor. Também este mundo tem beleza duma forma ou outra, mas atrás de tudo existe o pecado. A impiedade de Sodoma não preocupou Ló, nem o efeito que tal ambiente teria na esposa e na família. É interessante notar que só lemos sobre a esposa e família em Gênesis 19. Será que ela era de lá mesmo? É certo que o pecado de Sodoma atingiu muito à família. Os genros zombavam da mensagem de Deus, até as duas filhas que escaparam ainda cometeram pecado grosseiro com o pai. Onde é que elas aprenderam tal coisa? Este princípio se vê em tantos casos, isto é, que a família errou depois que os pais se desviaram de Deus. Aconteceu com Davi, com Elimeleque e outros.
Em Gênesis 13, Ló armou as tendas até Sodoma. Enquanto estava junto com Abrão, ele era um peregrino, em contato com o altar e morando numa tenda. Capítulo 13 contém a última referência dele morando assim. Em Gênesis 19 ele mora numa casa, e mais tarde mora numa caverna, mas nunca mais ele está ligado com um altar. Ainda hoje o mundo quer tirar a nossa comunhão com Deus, e nossa separação como peregrinos. As coisas materiais se transformam num compromisso para nos prender, e no fim, a nossa vida espiritual sofre. Tal crente pode ficar totalmente inútil para Deus.
2. Deus olhou em juízo
Em Gênesis 18 Abraão tinha uma das suas experiências especiais com Deus, e foi-lhe prometido um filho. Não há nenhuma referência a Ló, ou um desejo da parte de Deus para o abençoar. Ele já era chefe de família lá em Sodoma. Tudo parecia fácil. Não enfrentava a luta que Abraão tinha enfrentado. Não é assim? A vida dum homem de Deus parece mais difícil, mas veja quem foi mais abençoado no fim! Deus revela para Abraão o seu plano de destruir Sodoma, que o clamor do pecado tinha atingido os seus ouvidos e que Ele desceria para examinar se era como Ele ouvia. Note o caráter do juízo de Deus. Ele julga em detalhe, fato por fato, pecado por pecado, nada sendo escondido ou passado por cima. Que aviso para um pecador em nossos dias! Tudo há de ser visto à luz dum Deus tão santo.
Ele revelou a destruição de Sodoma para Abraão, para que ele pudesse sentir a necessidade de orar pelas pessoas em perigo. De certo as notícias pesaram no coração de Abraão, especialmente sabendo que os seus parentes estavam em perigo. Ele ficou em pé diante da face do Senhor, pedindo a misericórdia de Deus. A vasta maioria dos crentes tem parentes em perigo de perecer eternamente. Será que realmente entendemos a seriedade do seu perigo? Quanto tempo tiramos perante a face de Deus orando pela salvação deles?
3. A Mulher de Ló olhou para trás
Se não tivesse o relatório de II Pedro 2 sobre Ló, quase teríamos pensado que não fosse realmente salvo. Aí lemos que era um justo que afligia a sua alma justa todos os dias. Perguntamos, porque ele ficou se era tão ruim? A resposta talvez seja uma lição para nós. Não teria sido fácil afastar a esposa e a família dum ambiente tão agradável à carne. Teria sido tão diferente, se não tivesse ido lá no começo. Quando permitimos um ambiente que os filhos gostam, na nossa maneira de viver, é muito difícil mudar isto mais tarde. Como devemos cuidar da maneira que deixamos a família se vestir, com quem eles andam, onde eles vão, etc. Abrindo mão um pouco destas coisas é tão difícil retomar uma atitude mais severa.
A mulher de Ló decerto respeitava os anjos, recebendo-os bem na sua casa. Enquanto os genros zombavam, não lemos nada assim sobre ela. Ela se preparava, mesmo com demora, para sair da cidade. Se a tivéssemos visto sair guiada pelos anjos, teríamos toda a esperança que ela escaparia. Ainda temos muitos exemplos como ela em nossos dias, pessoas que gostam do Evangelho, e têm desejo de se salvarem, ou ainda outras com uma profissão falsa de salvação. Para ela gozar do lugar de esconderijo, tinha que virar as costas para a cidade e não olhar para trás. Para quantos falta isto! Se fosse possível ir para o Céu no caminho do pecado, teríamos muitos “convertidos”! Chegou o momento tão decisivo. Ela olhou para trás e mostrou que o coração dela ainda estava lá. Talvez tivesse parentes lá, tinha a sua casa, as coisas preciosas dela, etc. Num instante o juízo caiu e ela se tornou uma estátua de sal. A primeira estátua na Bíblia.
4. Abraão olhou depois do juízo
Em Gênesis 18 lemos sobre as orações de Abraão, mas não lemos que ele olhou para Sodoma. Talvez o homem santo nem queria se contaminar com a vista de Sodoma. Melhor para o crente agir assim, e não se contaminar com as modas ou o comportamento do mundo. Como o inimigo quer que o crente veja a televisão e as revistas do mundo para que seja contaminado! Abraão não olhou mas orou.
Agora, depois do julgamento, Abraão se levantou de madrugada e foi para o seu lugar de comunhão com Deus. Será que nós temos tal costume? Mas esta madrugada me faz lembrar duma outra manhã, quando a noite do pecado deste mundo tiver passado, e Deus tiver julgado o pecador. Abraão olhou para Sodoma e viu a campina como uma fornalha de fogo. O que é que ele sentiu? O que é que nós vamos sentir em ver a eterna perdição dos pecadores. É claro que não haverá tristeza no céu, mas parece que haverá algo para nos lembrar do lugar de sofrimento eterno, para onde uma vez nós íamos. Apocalipse 14:10-11: “Será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre”. Eternamente seremos gratos que Deus nos salvou de tal destino. Em Salmos 73, o salmista viu tal fim dos pecadores e isto mudou a sua maneira de viver. Que Deus nos ajude a ver o mundo como realmente é!
Fonte: “O Evangelho no Brasil”