Temos estudado as belezas de ser conhecido por Deus através do Seu Filho Jesus Cristo. As bênçãos de tal relacionamento gracioso são maiores do que a condenação que qualquer ação pecaminosa pode trazer na vida. Mas estas verdades só confortam os Cristãos verdadeiros. De maneira nenhuma devem desculpar o domínio do pecado na vida de qualquer um. Para a pessoa que quer andar com o nome de Deus na boca, mas quer amar o pecado no coração, estas verdades estudadas não têm nenhuma colocação.
O Que Acontece Quando o Crente Peca?
Se tal pessoa pode amar o pecado, sem ter a mão pesada de Deus castigando-a, a verdade plena é que tal pessoa não conhece Deus verdadeiramente. Essa pessoa não deve se iludir. Se uma pessoa não tem uma nova natureza (II Cor 5:17), que é testemunhada através do Espírito Santo morando e transformando a sua vida à imagem de Cristo (Rm 8:11-14, 29), então essa pessoa não é nada de Deus. É a necessidade de ser nascido de novo, do Espírito (Jo 3:5-8).
O Cristão está seguro eternamente em Cristo, mas essa segurança não deve ocultar a verdade de que o pecado tem efeito na sua vida terrena. O estudo que segue considerará essas verdades.
A Comunhão com Deus está Quebrada
A natureza de Deus é santidade (I Sm 2:2; I Pe 1:13-16; I Jo 1:5) e dos Seus filhos também (I Pe 1:14-16). O propósito da salvação é tornar o que era filho da desobediência em filho de Deus (Ef 2:2; I Jo 3:1-2); o que era perdido, achado e salvo (Lc 19:10) e o que era longe, perto (Ef 2:13). Por Cristo, a natureza do pecador que se inclinava para a morte, pela carne, é feita nova para a vida em paz pelo Espírito por causa de Jesus Cristo (Rm 8:3-10; II Cor 5:17). Pelo pecado, o homem natural é separado de Deus (Is 55:1-2), mas por Cristo a parede de separação que estava no meio é derrubada e uma união de paz é feita onde a ira antes reinava (Ef 2:13-16). Nessa vida nova, a comunhão é incentivada pelo Espírito Santo (Rm 8:15) pois, na conversão, temos a mente de Cristo (I Cor 2:16) e vida nova com Deus.
Quando o Cristão peca, a correção é imediatamente aplicada (Pv 3:12; Hb 12:5-9) e parte dessa correção é uma quebra de comunhão com Deus (Sl 39:10-11; 51:1,10-12). A quebra de comunhão como correção não deve ser uma surpresa, mas entendida como sendo uma consequência normal (Am 3:1-3). Por isso, quando os filhos de Israel praticaram o pecado, não cessaram de ser filhos, mas a vara de correção foi aplicada muitas vezes em uma comunhão quebrada, e eles clamaram ao Senhor para ter de novo essa comunhão. Essa comunhão quebrada pode existir por anos, e como podemos entender pela história de Israel, trouxe efetivamente os filhos de volta a clamar pela relação íntima que Deus desejava (Ex 3:7-8; Jz 3:9-11). Deus é o mesmo hoje (Ml 3:6).
A quebra de comunhão é eficaz, pois o Cristão, pela vida nova, não se associa bem com o mundo, pois o mundo aflige a sua consciência (II Pe 2:7). Quando, pelo pecado, a comunhão com Deus é quebrada por entristecer o Espírito Santo, o Cristão está mesmo em apuros. Ele não pode recorrer ao mundo e nem tem liberdade com o Senhor Deus. Pode ser parte da razão por que Pedro chorou amargamente (Mt 26:75). Aquele que conhece a comunhão íntima com Deus sabe como a quebra de tal é uma vara de correção eficaz.
A única solução é a confissão e o abandono do pecado (II Cr 7:14-15; Sl 51:1-4; Pv 28:13; I Jo 1:9).
O Poder para Ser um Servo Fiel é Destruído
Para se ser um servo fiel para a glória de Deus são necessários as Suas bênçãos. Ser um servo fiel não é fruto da carne. Na carne não habita bem algum (Rm 7:18). Só as bênçãos de Deus em uma vida produzem fruto que convém ser visto publicamente (Gl 5:22). Mas quando há presença de pecado na vida, como podem as bênçãos de Deus ser esperadas? Não podemos servir a dois senhores (Mt 6:24). Se servimos ao pecado estamos contra o Senhor (Mt 12:30; Rm 6:12,16). Se atendermos à iniquidade em nossos corações, O Senhor não nos ouvirá (Sl 66:18).
Devemos esperar o poder do Senhor em nossas vidas quando o Senhor não é agradado por nós? Devemos esperar força para obedecer quando estamos vivendo contra o Senhor? Se Deus não nos ouve, devemos estar seguros em nossas vidas espirituais? Sem tais bênçãos, sem a força de Deus e de Seu ouvido nos dando atenção, podemos realmente esperar poder ser um servo fiel?
O servo fiel tem algo para ministrar aos outros. Ele continuamente conhece a beneficência, o juízo e a justiça na terra. Ele conhece que o Senhor é O Senhor (Jr 9:23-24). Ele tem constantemente a alegria e o gozo no seu coração que a Palavra de Deus produz (Jr 15:16). Ele bebeu naquele dia da fonte da água, que salta para a vida eterna e por isso tem o poder de Deus na sua vida (Jo 4:14; Atos 1:8). Este crente tem um relacionamento vivo que emana do seu andar com Deus. Mas, se o servo está praticando pecado, se tem mãos sujas, se não tem comunhão viva com o Senhor, como é que ele vai ter algo para proclamar ou pregar? Como é que o crente vai ser um servo fiel quando o céu parece fechado (Sl 34:16), o espírito parece morto (Sl 32:3-4) e as suas experiências estão confusas? Esse servo de Deus tem problemas sérios com ele mesmo, com o seu Deus e, consequentemente, com o mundo.
A solução é confessar o pecado (Sl 32:5) e ter uma vida íntegra com o Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por se dividir a adoração de Deus com o louvor do mundo, o poder de Deus na vida é destruído, então, uma vida reta para com Deus é o que deve ser procurada para remediar a situação (Sl 15:1-5). A possibilidade de o crente ter a glória de Deus na vida e ter o poder para ser um servo fiel somente é conhecida com atenção exclusiva à Palavra de Deus (Js 1:7-8). Tendo um coração restrito a Deus e limpo de pecado, ânimo e poder de ensinar aos outros é lhe dado. (Sl 51:10-13). Apenas quando o crente busca primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, é que tem o de que necessita tanto na sua vida terrena quanto na sua vida espiritual (Pv 2:1-9; Mt 6:33).
O Seu Testemunho Cristão é Danificado
(I Tm 1:19; Tg 3:13-18)
A ciência nos diz que a luz (com uma velocidade de 299,792 km/seg.) da estrela mais perto da terra, “Próxima Centauri”, a uns 32 milhões de quilômetros, leva 3.3 anos para chegar à terra. A distância média das estrelas é uns 65 anos-luz (Enciclopédia Multimedia da Grolier, Ver. 8.01, 1996 – assunto ‘estrelas, distancia’ e ‘ano-luz’). A nossa vida espiritual é semelhante à luz de uma estrela. O brilho da nossa vida é visto e eficaz somente depois de muito tempo. Se algo entrasse entre a estrela e nós o brilho dela não mais seria visto por nós. Também, quando o pecado entra na vida do crente, esse brilho é interrompido ou, como acontece muitas vezes, é destruído completamente.
Conforme Mt 5:14, nós somos “a luz do mundo”. Isso quer dizer que nós refletimos Cristo, que é a Luz (Jo 8:12), ao mundo através das nossas vidas. Verdadeiramente o que os outros sabem de Cristo é conhecido pelas testemunhas que somos (Tt 2:5; Tg 3:13-18; I Pe 3:1,2). Por isso somos chamados “a luz do mundo”, a candeia no velador e a cidade edificada sobre um monte (Mt 5:14-16). Quando o pecado faz parte das nossas vidas cotidianas, o brilho de Cristo é diminuído, ou seja, o nosso testemunho de Cristo é danificado. O pecado é igual a algo que está entre nós e uma estrela. O brilho de Cristo não é visto mais.
Nosso corpo individualmente é o templo do Espírito Santo (I Cor 3:16-17; 6:19). O corpo somente pode manifestar, o que está por dentro dele. Se tiver pecado praticado por dentro, uma vida suja vai ser manifesta e não mais a glória de Deus. Um outro problema já é desencadeado com uma vida suja no mundo. Representamos mal o nosso Salvador ao mundo. Começamos por provocar confusão a todos ao redor de nós. Dizemos que somos Cristãos, mas vivemos em pecado.
Dizemos que Cristo é poderoso para nos salvar dos pecados, mas vivemos caídos no pecado. Assim como um instrumento musical dando um som estranho, nós provocamos confusão (I Cor 14:7-8). O mundo ouve o que dizemos, mas examina as nossas vidas diárias. O mundo pensa, por causa dos nossas vidas, que Cristo é falho.
Nós, como membros de uma igreja verdadeira, coletivamente, somos feitos o corpo de Cristo (Ef 1:23). Se os membros da igreja estão com pecado não confessado e abandonado, como é que Cristo vai ser visto pelo mundo como santo na assembleia? O mundo não precisa de uma testemunha com testemunho danificado. O mundo precisa ver a palavra de Deus representada através de uma vida santa para saber o que realmente significa a nossa pregação verbal. Por causa do dano que uma vida pecaminosa faz de Cristo, a correção de Deus pode ser exercitada com dureza (I Tm 1:19-20; I Cor 11:30), mesmo que a alma seja salva (I Cor 3:15,16).
A solução de pecado na vida é arrependimento a Deus. Isso inclui tristeza e abandono completo do pecado. Uma vez que o pecado é abandonado, o poder de Deus deve ser procurado para poder vencer o mal e para poder viver em submissão à vontade de Deus (Sl 139:23-24). Isso é o que o Apóstolo Pedro fez tornando-se um servo fiel (Mt 26:75; Jo 21:17,19).
Se o pecado for contra um irmão, um arrependimento para com aquele irmão convém para consertar o testemunho diante do mundo e ser perdoado por Deus (Jó 42:8; Mt 5:23-24).
Se o pecado for público, convém um arrependimento público. Somente assim terá um testemunho público restaurado (Lc 19:8).
Para viver um testemunho depois de o danificar, cuide bem com a sua submissão à Palavra de Deus.
“Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra”. (Sl 119:9).
A Sua Posição no Céu é Determinada
(Hb 11:32-35).
Se alguém for para o céu, será somente pela graça de Deus (Rm 5:15; 9:15-16; 11:6; Ef 2:8-9). Essa graça é motivada pelo amor de Deus por Seus eleitos (Jr 31:3; Ef 2:4-7). Quando falamos do céu, devemos enfatizar que o importante é conhecer Jesus Cristo no coração (Jo 14:6; At 4:12; I Cor 3:11; I Tm 2:5,6). Nenhum Cristão pode receber mais Cristo ou mais Espírito Santo do que qualquer outro Cristão. Os Cristãos podem ter responsabilidades diferenciadas e serem usados de forma variada durante o seu tempo na terra, mas todos os crentes em Jesus Cristo receberão o céu de igual forma.
Todavia, a Bíblia revela que existem posições no céu (Mt 19:30; I Cor 3:12; 15:41-42; Hb 11:35, “uma melhor ressurreição) tanto quanto há no inferno (Mt 10:15; Ap 20:13).
No céu, essas posições são entendidas pela diferenciação dos galardões. Os galardões podem ser ganhos ou perdidos. Os galardões são coroas. Existem coroas da justiça (II Tm 4:8), da vida (Tg 1:12), da glória (I Pe 5:4; I Cor 9:25) e são para serem lançadas aos pés de quem está no trono (Ap 4:9-11). Também entendemos que os Cristãos terão as suas obras julgadas pelo julgamento diante de Cristo (Rm 14:10; II Cor 5:10). Este julgamento não é o julgamento geral dos incrédulos, mas é o julgamento em que as obras feitas pelo Cristão em vida serão julgadas.
A posição no céu é determinada pelo serviço a Cristo durante a sua vida terrestre (Hb 11:26, 35). As obras determinam as coroas que temos e nossa posição no céu (I Cor 3:11-15). As obras feitas na força da carne findam-se em palha, feno e madeira, e serão queimadas ou perdidas. Perdendo os galardões, a posição no céu é determinada. As obras feitas na força de Deus para a Sua glória em amor nos dão ouro, prata e pedras preciosas e os galardões permanecem. Devemos ter cuidado para que ninguém tome a nossa coroa (II Jo 8; Ap 3:11), tal perda será causa de choro (Ap 21:4).
A perda das coroas, pela infidelidade do Cristão na vida terrena, confunde muitos. Pela perda das coroas, muitos entendem a perda da salvação. Mas a salvação é pela obra de Cristo e por isso é segura eternamente. As coroas são ganhas pela operação da graça de Deus em nossa vida Cristã na terra e determinam a nossa posição no céu. Podemos perder as coroas (I Cor 3:15; Ap 3:11), mas nunca podemos perder Cristo ou o céu (Jo 10:27-29). O Cristão nunca será separado de Deus (Rm 8:35-39).
A solução para não perder os galardoes é não andar pela carne na vida Cristã (Gal 2:20). Uma vida piedosa “para tudo é proveitosa” (I Tm 4:8), e é a maneira pela qual fazemos as boas obras (Ef 2:10; Tt 3:8). Vivendo no Espírito (Gl 5:16), aplicando-nos mais e mais para viver conforme a Palavra de Deus, é viver segundo o poder de Deus em Cristo, Quem nos apresentará diante de Deus irrepreensíveis (Jd 24).
A Sua Vida Terá o Castigo de Deus
(Hb 12:5-11).
Castigo, para muitos, é uma palavra feia. No contexto bíblico, em referência a uma ação de Deus para com os seus, ou dos pais para com os seus filhos, é uma ação de amor. É amor tanto para com a pessoa corrigida quanto pelos princípios de justiça e santidade mantidos em alto respeito. O castigo aplicado por Deus, para com os Seus, jamais é uma ação de rancor, malícia, ódio ou outra manifestação que emana de uma falta de amor.
A condenação dos pecados precisa ser feita (Ez 18:20, “A alma que pecar, essa morrerá”). Os que não têm os seus nomes escritos no livro da vida, os que nunca foram regenerados para serem filhos de Deus por Jesus Cristo, terão os seus pecados castigados no tempo do porvir no lago de fogo (II Ts 1:8-9; Ap 20:11-15). Os que já foram regenerados por Deus têm seus pecados já castigados em Cristo (Is 53:4-6; Rm 5:6-8; II Cor 5:21). A condenação eterna dos seus pecados foi levada em Cristo (Rm 8:1). Mas, mesmo assim, estes têm a sua desobediência corrigida em vida (Hb 12:5,6).
Este castigo (repreensão) dos filhos de Deus é para correção, e é marca de que é filho de Deus (Hb 12:7-8). Estes açoites vêm do Senhor (I Cor 11:32) e vêm para o bem (Rm 8:28, “para o bem”; Hb 12:10, “para nosso proveito, para sermos participantes da sua Santidade”.). Deus pode usar os outros para estender a Sua correção (Mt 18:15-17 – a igreja; Nm 21:6 – situações; Jz 3:3, 4 – pessoas que não conhecem a verdade) mas sempre vêm com a Sua direção. O castigo do Senhor é com o intuito de revelar o Seu amor (Pv 3:12; Ap 3:19, “Eu repreendo e castigo a todos quantos amo”), e de limpar os Seus para Ele (Ef 5:26,27; Hb 12:9,11).
Tanto Mais Sujeira Faz, Mais “Correção” Leva
A solução é andar reto conforme a Palavra de Deus. Quando pecares, confessa-o (I Jo 1:9) e volta a observar os princípios deixados de obedecer (Sl 119:9; Ap 3:19, “sê pois zeloso, e arrepende-te).
Sua Vida na Terra Pode Ser Encurtada
(Jo 15:1-3)
Brincar com Deus nunca foi saudável. Deus deve ser obedecido com temor e reverência (Ec 12:13). O homem que peca, seja filho de Deus ou não, conhecerá a mão pesada de Deus. O filho de Deus conhecerá o castigo para trazê-lo à correção (Hb 12:5-6). Quem não é filho de Deus não conhecerá a correção, mas conhecerá a punição eterna que leva à glória de Deus por Jesus Cristo (Fp 2:10-11; Lc 16:27-28). Podemos procurar esconder as nossas ações de pecado pelas desculpas, boas intenções ou pela ignorância, mas Aquele que conhece os corações agirá com justiça e Ele não depende de nossas explicações.
A correção de Deus para quem está em Cristo e insiste no pecado, pode resultar em morte ‘precoce’ (Jo 15:2, “Toda a vara em Mim, que não dá fruto, a tira”). A punição para quem não está em Cristo não é outra; “será lançado fora, como a vara, e secará; e a colhe e lança-a no fogo, e arde”. (Jo 15:6). Em vez de brincar com pecado, devemos arrepender-nos dele e correr à misericórdia de Deus, que foi revelada em Cristo.
Há casos bíblicos de morte de crentes que insistem no pecado. Em Eféso, onde Timóteo estava pastoreando (I Tm 1:3), Hemeneu e Alexandre foram dois que não conservaram a fé e a boa consciência e fizeram naufrágio na fé. Eles foram entregues a Satanás “para que aprendam a não blasfemar” (I Tm 1:19-20; II Tm 2:16-19; II Tm 4:14). A instrução do Apóstolo Paulo para os crentes em Corinto, que insistiram no pecado, era para serem entregues a Satanás, não para a destruição da alma, mas, sim, do corpo (I Cor 3:12-16; 5:1-5). Há o caso dos crentes que não procuraram o perdão para serem sérios na prática da sua confissão e foram afligidos com doenças e até alguns morreram (At 5:1-10; I Cor 11:28-31).
Deus quer que Seu povo seja santo. Aquele que está oprimido pelo seu pecado e cansado dele, está instruído a tomar o jugo de Cristo e a aprender d’Ele (Mt 11:28-30).
“Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem? Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem o engano. Aparta-te do mal, e faze o bem; procura a paz, e segue-a”. (Sl 34:12-14).
Como Ter a Vitória Sobre o Pecado
Por vivermos em um mundo onde o astuto Satanás é o príncipe das potestades do ar (Ef 2:2); por não temos que lutar contra a carne e o sangue (Ef 6:12); por termos um coração enganoso mais do que podemos conhecer (Jr 17:9) e pelos efeitos destrutivos que o pecado faz na vida do crente, (nos estudos acima) devemos ser perspicazes sempre.
Devemos ser atentos. Em toda hora temos que estar cuidadosos, pois o diabo não cessa de perturbar os retos caminhos do Senhor (At 13:10). Ele é como um leão faminto, buscando a quem possa tragar (I Pe 5:8) destruindo com mentiras e homicidas desde o começo (Jo 8:44). Quando deixamos de ser prudentes como devemos (Mt 10:16), ou quando cessamos de olhar e vigiar em oração (Mt 26:41; Mc 13:33; I Ts 5:8; I Pe 5:8), deixamos de sair pelo escape que Deus dá justamente para podermos suportar as tentações e ardis de Satanás (I Cor 10:13).
Pedro deixou de ser atento em uma só ocasião e caiu na tentação de confiar na carne (Jo 13:37; 18:17, 25-27). Esta única vez por não vigiar bem trouxe para ele um choro amargo naquela hora (Mt 26:75) e um testemunho mau que dura até hoje. Por causa da natureza sutil, enganosa e destrutiva do pecado, não temos opção nenhuma para ter a vitória senão de sermos atentos em todo o tempo.
Devemos ser experientes também. Não devemos dar-nos o luxo de pensar que o que aconteceu uma vez não pode acontecer outra vez. Cada um de nós tem “o pecado que tão de perto nos rodeia” (Hb 12:1), ou seja, uma tentação que Satanás usa repetidas vezes em nossa vida para nos fazer presa dele. Talvez, pela graça de Deus, tenhamos a vitória em vários casos de tentação neste pecado, mas, para continuarmos a ter a vitória, devemos lembrar que Satanás não dorme, e somos aconselhados a não dormir também (Lc 21:34-36).
O ato de Abraão mentir sobre a mulher várias vezes (Gn 12:10-20 / 20:1-5, 12-13) é prova que devemos ser experientes. Pedro negou não uma vez somente, mas três vezes (Jo 13:37; 18:17, 25-27). Cabe a nós reconhecer os sintomas e não sermos ingênuos. O que aconteceu a um outro, pode acontecer conosco também. As tentações são humanas (I Cor 10:13). O que aflige nossos irmãos cristãos, pode nos afligir também (I Pe 5:9). O que aflige os do mundo pode nos afligir também, pois temos corações enganosos e as mesmas paixões (Atos 14:14,15). Cristo instruiu os discípulos a lembrar-se “da mulher de Ló” (Lc 17:28-32) para que eles fossem prudentes. Paulo lembrou Timóteo de Himeneu e Alexandre (I Tm 1:19-20) para que retivesse a fé e a boa consciência, querendo que ele fosse experiente.
Nós temos a Bíblia em nossas mãos e ela foi escrita para nosso ensino (Rm 15:4). Não há razão de sermos inexperientes. Podemos e devemos aprender com os problemas e com as situações anteriores que provocaram o pecado, tanto em nossas vidas quanto na vida dos outros. O escape da última vez pode ser o mesmo que precisamos em contínuo. Resistir devemos, mas não na carne. Temos que resistir firmes na fé, (I Pe 5:6-9) sujeitando-nos melhor a Deus (Tg 4:7-8).
Se queremos mesmo ter a vitória sobre o pecado devemos ser santos. Devemos guardar os nossos corações (Pv 4:23-26) porque dele procedem as fontes da vida. Os que observam a Palavra de Deus para praticá-la em suas vidas diárias são os que podem resistir nas tempestades que certamente virão na vida de cada um de nós (Mt 7:24-27). Uma vida que tem a armadura de Deus é uma vida pronta para ter a vitória sobre as ciladas do diabo, (Ef 6:11-18). A armadura de Deus é tida somente se está convertido e é ativada pelo uso (Ef 6:18, “orando em todo o tempo”).
Somente os que manejam bem a Palavra de Deus não precisam de se envergonhar (II Tim 2:15). Apenas os que estão chegados a Deus (Tg 4:8) vão lembrar de lançar sobre Ele toda a ansiedade na hora de aperto (I Pe 5:7). Sendo espiritual na hora da tentação podemos desviar-nos do mal, tiramo-nos do meio do mal, sustentar-nos na aflição e moderar as nossas reações para não complicarmos mais a situação.
Há perigo no pecado para qualquer pessoa, mas especialmente para o crente. Para vos afastares do pecado, chegai a Deus. Tendo feito tudo para resistir, sede firmes.
“Alegrai-vos na esperança… Sede pacientes na tribulação… Perseverai na oração” (Rm 12:12)
Calvin Gardner (1953-2015) nasceu em Irving, Texas (EUA) e serviu como missionário batista no estado de São Paulo, Brasil, durante mais de 30 anos. Plantou igrejas em várias cidades, entre elas: São Paulo, Catanduva, Presidente Prudente e Bataguassu (MS). Fundou o site de estudos bíblicos Palavra Prudente aonde postava estudos e livros traduzidos. Casado com Peggy Gardner, teve cinco filhos.