Independentemente das concepções religiosas de cada um, não há ninguém que fique indiferente ao Natal. Há algo que envolve os nossos corações, que ilumina o nosso ser e resplandece a nossa vivência. Mas há muitos falsos mitos sobre o natal. Vamos decifrá-los: Qual a verdadeira data do Natal? Quem eram os magos? Eram reis? Qual a origem do “Pai Natal”? E dos presentes? E da árvore de natal? Qual o significado do Natal?
1. Introdução
Na tradição da nossa sociedade, o natal correspondia à celebração do nascimento de Jesus Cristo. Hoje, esse facto deixou de ser o ponto central do natal, passando o consumismo – prendas, pai natal e pinheiros – a tomar esse lugar. Mas será qual a verdadeira data do nascimento de Jesus Cristo? Será que os primeiros apóstolos que conheciam e foram ensinados por Jesus, pessoalmente, celebraram o aniversário do nascimento do seu Mestre?
Já agora… qual a razão por que você celebra o natal? A maioria das pessoas pressupõe muitas coisas sobre o Natal que são verdadeiros mitos. Vamos abordá-los já de seguida. Antes, porém, considere este estudo não do ponto de vista religioso, antes uma procura de análise objetiva e histórica do natal.
Significado etimológico de «natal». A palavra “Natal” tem a ver com nascimento, ou aniversário natalício, especialmente com o dia em que geralmente se comemora o nascimento de Jesus Cristo. Esta festa teve origem na Igreja Católica Romana e a partir daí expandiu-se ao protestantismo e ao resto do mundo.
2. Origem da Celebração do Natal
Segundo a Enciclopédia Católica, “o Natal não era considerado entre as primeiras festas da Igreja… Os primeiros indícios da festa provêm do Egito (…) os costumes pagãos ocorridos durante as calendas de Janeiro lentamente modificaram-se na festa do Natal”. Não há qualquer registo na Bíblia Sagrada que algum apóstolo ou grupo de cristãos tenha comemorado uma festa, ou realizado um grande banquete no dia do seu aniversário e muito menos comemorado o nascimento de Jesus Cristo. Há contudo duas referências a Faraó (Egito) e Herodes (autoridade administrativa romana na Judeia) que se rejubilaram grandemente com o dia em que nasceram neste mundo.
Por outro lado, o natal não foi celebrado nos primeiros séculos da Igreja Cristã, precisamente porque o costume cristão, em geral, era celebrar a morte de pessoas importantes em vez do nascimento.
Foi no século V que a Religião Católica determinou que o nascimento de Jesus Cristo fosse celebrado no dia da antiga festividade romana em honra ao nascimento do Sol, porque não se conhecia ao certo o dia do nascimento de Cristo. Não se pode determinar com precisão até que ponto a data da festividade dependia da brunária pagã (25 de dezembro), que seguia a Saturnália (17-24 de dezembro) celebrando o dia mais curto do ano e o “Novo Sol”… As festividades pagãs, Saturnália e Brumária estavam a demais profundamente arraigadas nos costumes populares para serem abandonadas pela influência cristã… A festividade pagã acompanhada de bebedices e orgias, agradavam tanto que os cristãos viram com o agrado uma desculpa para continuar a celebrá-la em grandes alterações no espírito e na forma. Pregadores cristãos do Ocidente e do Oriente próximo, protestaram contra a frivolidade indecorosa com que se celebrava o nascimento de Cristo, enquanto os cristãos da Mesopotâmia acusavam os irmãos ocidentais de idolatria e de culto ao Sol, por aceitarem como Cristã a festividade pagã.
Convém, finalmente, considerar que o mundo romano era pagão. Os cristãos até ao século IV, além de serem em pouco número, eram perseguidos. Apenas no século IV o imperador Constantino aceitou o cristianismo. Contudo, porque tinham sido criados em costumes pagãos, dentre as quais 25 de dezembro era a maior das festividades idólatras, não renunciaram a essa mesma festividade, ainda que dando-lhe outra filosofia de comemoração.
A sua raíz é precisamente na Babilónia de Ninrode, numa época que a Bíblia narra ter sido imediatamente posterior ao dilúvio! Segundo a Bíblia, Ninrode, neto de Cam, este, filho de Noé, foi o verdadeiro fundador do sistema babilônico, tendo iniciado a construção da famosa Torre de Babel, a Babilônia primitiva, a antiga Nínive e muitas outras cidades. Ninrode encontra-se registado como tendo estatuído o primeiro reino deste mundo. O seu nome, em Hebraico, deriva de “Marad” que significa “ele se rebelou, rebelde”. De acordo com documentos antigos, conta-se que o dia de aniversário de Ninrode era 25 de Dezembro, contando-se ainda que nesse dia, Nimrode visitava uma árvore viva e nela deixava presentes. Com o passar do tempo, Ninrode passou a ser considerado, filho de Baal: o deus-Sol. Nesse sistema babilônico, “a mãe e a criança” ou a “Virgem e o menino”(isto é, Semíramis e Ninrode), transformaram-se nos principais de seres a quem se prestava culto.
Esta veneração da “virgem e o menino” espalhou-se pelo mundo, No Egito chamava-se Isis e Osíris, na Ásia Cibele e Deois, na Roma pagã Fortuna e Júpiter, até mesmo na Grécia, China, Japão e Tibete encontra-se o equivalente da Madona (minha dona ou minha senhora), muito antes do nascimento de Jesus Cristo. Em consequência, quando nos séculos IV e V centenas de milhares de pagãos do mundo romano adoptaram a religião cristã como a sua religião, mantiveram consigo as antigas crenças e costumes pagãos, cobrindo-os sobre nomes cristãos. Entre essas crenças, popularizou-se a ideia da “virgem e o menino” , tendo a festa permanecido, ainda que sob esta nova roupagem exterior.
3. Qual a Verdadeira Data do Natal?
Jesus Cristo nasceu quando César Augusto decretou o primeiro recenseamento, sendo Cirénio presidente da Síria (Lc 2:1-2) – e segundo os elementos históricos existentes, tal terá ocorrido cerca do ano 4 a.C..
Lemos no Evangelho segundo Lucas 2:4, que Maria e o seu marido José, subiram a Belém para se recensearem e foi nessa cidade que Ele nasceu, cumprindo assim a profecia de Miquéias 5:2.
Não se sabe o dia em que Jesus nasceu, mas certamente não ocorreu em 25 de Dezembro, uma vez que em Israel, e sobretudo de noite, a temperatura é muito baixa, sendo pois impossível que existissem pastores nos campos depois das chuvas de Outubro (Ed 10:9-13; Ct 2:11), sabendo ainda que os pastores recolhiam os rebanhos das montanhas e dos campos e colocavam-nos no curral no mais tardar até o dia 15 de outubro, para protegê-los do frio e da estação chuvosa que se seguia.
Ora, quando Jesus nasceu, os anjos anunciaram aos pastores a boa-nova (Lc 2:8-12). Pela mesma razão, certamente que os recenseamentos não se realizavam no Inverno, uma vez que os caminhos eram longos e difíceis. Devemos notar ainda que os judeus eram um povo muito sensível. Se os romanos lhes impusessem uma obrigação, como o recenseamento durante o Inverno, certamente que toda a nação se revoltaria perante tal imposição.
Aliás, se analisarmos a Bíblia diligentemente, concluiremos que a concepção operada, segundo a Bíblia, pelo Espírito Santo em Maria deve ter-se dado no fim de Dezembro ou início de Janeiro, já que Zacarias, o sacerdote, era membro da ordem de Abias (Lc 1:5). A ordem de sacerdotes de Abias era a oitava a servir no templo (1Cr 24:10), servindo oito semanas depois da conclusão da páscoa. A concepção de João ocorreu nesta altura e só no sexto mês (Lc 1:26) o anjo apareceu a Maria – ou seja, talvez no fim Dezembro ou Janeiro. Logo, Jesus terá nascido em Setembro ou, no máximo, em Outubro do ano 04 a.C..
4. Quem Eram os Magos?
Este é outro facto que cumpre desmistificar. Na tradição da religião Católica, os magos que visitaram Jesus eram três reis. Mas essa tradição parece não corresponder à realidade. A passagem bíblica de Mateus 2:1-12 só nos diz que eram magos do Oriente. Podiam ser reis, governadores, magistrados ou conselheiros.
Além disso, a Bíblia também não nos diz o seu número. Eram certamente pelo menos dois, mas cremos que a passagem deixa transparecer que eram muitos mais e a sua comitiva enorme, já que “toda a Jerusalém se perturbou” com a sua chegada. Ora, é impossível uma cidade inteira se perturbar com a chegada de duas ou três pessoas somente.
Além disso, é igualmente mítico que os magos tivessem encontrado Jesus numa manjedoura. Os pastores, sim, encontraram-No, mas os magos do Oriente não vieram a Belém nos dias imediatos ao seu nascimento. A sua ida a Belém deve ter demorado alguns bons meses ou inclusive passando um ano, visto serem do Oriente e as viagens, na época, e sobretudo com a comitiva com que se faziam acompanhar, tornavam difícil a sua deslocação rápida.
Aliás, é significativo que o rei Herodes mandou matar todos os meninos de Belém e seus arredores «de dois anos para baixo, segundo o tempo que diligentemente inquirira dos magos» (Mt 2:16). Se ordenou a morte das crianças de dois anos para baixo, tal significa que Jesus teria na altura aproximadamente essa idade, não seria?
5. Qual a Orígem da Árvore de Natal?
Por que razão é um pinheiro cortado e levado para o interior de uma casa e decorado na época designada de “Natal”? Já alguma vez pensou nisso?
Pois bem, a história é a seguinte: Bonifácio foi de Inglaterra à Alemanha, no século VIII, para ensinar a fé cristã. Em Dezembro, encontrou um grupo de pessoas junto a um cepo de árvore para sacrificar uma criança ao seu deus. Bonifácio imediatamente salvou a criança e após, cortou uma pequena árvore e ofereceu ao grupo como símbolo de vida. Mais tarde, em 1540, Martinho Lutero levou para sua casa um pequeno pinheiro verde que se conservou durante todo o inverno. A partir daí começou a tradição da árvore de natal, enquanto significado da continuação da vida, sabendo que o Cristianismo diz que Jesus é a própria Vida (Jo 14:6).
Lemos contudo em Jeremias 10:2-4 – “Assim diz o Senhor: Não aprendais o caminho das nações, nem vos espanteis com os sinais do céu; porque deles se espantam as nações, pois os costumes dos povos são vaidade; corta-se do bosque um madeiro e se lavra com machado pelas mãos do artífice. Com prata e com ouro o enfeitam, com pregos e com martelos o firmam, para que não se mova”.
6. Qual a Orígem do Pai Natal?
O “Pai Natal” existiu. É verdade ! Foi Nicolau, bispo de Myra, Ásia, no século IV, o qual sendo muito generoso, um dia subiu ao telhado de uma casa e deixou cair pela chaminé uma bolsa com moedas, a qual caiu nos chinelos que as crianças tinham deixado a secar à lareira. Há ainda uma outra história que relata o mesmo ter oferecido, às escondidas, dotes a três filhas de um cidadão pobre. Em sua memória, passou-se a dar presentes na véspera (dia 06 de Janeiro), tendo tal tradição sido transferida para 24 de Dezembro.
7. A Troca de Presentes
A tradição cristã invoca a troca de presentes com base nas ofertas que os magos deram quando Cristo nasceu. É no Evangelho de Mateus que lemos o referido texto: “Tendo, pois, nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a Jerusalém uns magos que perguntavam: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? pois do oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo. O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e com ele toda a Jerusalém; e, reunindo todos os principais sacerdotes e os escribas do povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o Cristo. Responderam-lhe eles: Em Belém da Judéia; pois assim está escrito pelo profeta: E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel. Então Herodes chamou secretamente os magos, e deles inquiriu com precisão acerca do tempo em que a estrela aparecera; e enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino; e, quando o achardes, participai-me, para que também eu vá e o adore. Tendo eles, pois, ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto quando no oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem eles a estrela, regozijaram-se com grande alegria. E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra”.
Convém contudo considerar que os magos não ofereceram prendas por ser o aniversário de Jesus Cristo pois, como já consideramos, a sua visita terá ocorrido cerca de dois anos após o seu nascimento, antes, dizia-se, as oferendas tiveram como base o significado da Sua Pessoa para o povo judeu (Rei) e para todas as pessoas do mundo.
A propósito, convém lembrar que os povos do Oriente nunca chegavam na presença de reis ou de grandes personagens sem um presente nas mãos. Assim o fez a Raínha de Sabá perante Salomão. O mesmo fizeram os Portugueses aquando da sua expansão dos descobrimentos no século XVI. O mesmo sucede hoje quando alguém estrangeiro visita um Chefe de Estado.
8. O Verdadeiro Sentido do Natal
O verdadeiro sentido do Natal resume-se num versículo do Evangelho segundo João, que passamos a transcrever: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigénito, o Senhor Jesus Cristo, para que todo aquele que n’Ele crê, não se perca, mas tenha a vida eterna” (cap. III, versículo 16).
Que possamos compreender este verdadeiro sentido do Natal. Mais do que as festas, as prendas ou o ambiente, importa encontrar o Senhor Jesus Cristo, do Natal e da Cruz, em Pessoa. E isso obtém-se mediante a confissão dos seus pecados e arrepender-se junto a Ele em oração, crendo que Ele é o Único Mediador entre Deus e você e que é Suficiente para o perdoar de toda a injustiça, tornando-o assim filho de Deus.
Fonte: Luz Para a Vida