Na manhã da ressurreição, Maria Madalena chegou ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro (Jo 20.1). A sua devoção ao Senhor é bem conhecida, e é uma lição para todos nós. Como seria ideal que cada crente fosse tão devoto ao Senhor Jesus como Maria. Os vários acontecimentos em relação à descoberta do sepulcro vazio pelos discípulos são repletos de fascinação para nós, além de muitas lições práticas de fé. Hesitamos sermos críticos demais aos seus lapsos de incredulidade, já que tal incredulidade nos é dolorosamente familiar na nossa própria experiência.
Entre as muitas lições a serem aprendidas dos relatórios dos evangelistas acerca do sepulcro vazio, este é relatado por João. Ele menciona uma pergunta feita à Maria tanto pelos anjos, como pelo Senhor mesmo. Foi a mesma pergunta. Seu objetivo é mostrar a fé e lhe dar alívio. Assim ela descobriu para si a base infundada da sua tristeza e ansiedade. Tempos de confusão ou incerteza na vida são oportunidades ideais de lançar-nos ao Senhor e solicitar o Seu conselho antes de todos os outros. Tiago fala assim:
“E se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá deliberadamente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada” (Tg 1.5).
A pergunta foi assim: “Mulher, por que choras?”. A resposta de Maria foi: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde O puseram” (Jo 20:13). Quão reduzido foi seu entendimento. Que o Senhor morrera era evidente. Mas a sua tristeza foi multiplicada na sua mente pela ausência do Seu corpo. Ela pensou que pudesse achar pelo menos um pouco de conforto ao cuidar de um lugar próprio para sepultá-Lo.
Ela achou que pudesse achar conforto nisso. Mas mesmo se ela achasse um corpo, que conforto haveria nisso? Não mudaria o fato de que Ele morrera. Apesar de tudo, a sua tristeza ainda estaria presente.
Quão afável e gentil eram as palavras do Senhor: “Mulher, por que choras?”. Uma Maria exasperada poderia ter respondido assim: “Por que pensa que estou chorando? A minha esperança já foi. Aquele que pronunciou perdão dos meus pecados morreu. O que vai acontecer com uma pecadora como eu sem um Salvador? Se Ele não vive, estou perdida. Naturalmente, choro”. Mas a pergunta do Senhor levou-a a pensar: a implicação da Sua pergunta foi: “Mulher, por que choras? O seu Salvador não está morto. Ele vive. A sua fé repousa em um Salvador vivo. Eu o Sou”. Como o relato se desenrola perante nós, vemos o alívio tremendo que Maria sente. A sua tristeza desesperada tornou-se gozo descontrolado. As suas ansiedades dissiparam-se como cerração no sol. As únicas lágrimas justificadas são as lágrimas de alegria.
Mas esta pergunta poderia ser feita a nós, também: Homem, mulher, por que choras? Será que às vezes enfrentamos a vida como se não tivéssemos um Salvador ressuscitado? Será que não tentamos resolver os problemas perplexos da vida como se não existisse um Cristo ressuscitado conosco? E será que às vezes não carregamos medo e ansiedade desnecessários.
O Senhor não tem menos interesse em nós do que em Maria. O Seu poder permanece sem limites. A Sua sabedoria das nossas circunstâncias é perfeita. Os Seus recursos são acessíveis. Isto nos é confirmado pelas Epístolas, onde o Senhor é apresentado como sempre perto e cuidado do Seu povo depois da Sua ascensão. Pensemos, por exemplo, no capítulo final de Hebreus, onde o escritor cita uma variedade de versículos do Antigo Testamento, e os aplica ao crente deste presente século, com estas palavras: “Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13.5). Ou palavras como estas do Apóstolo Paulo aos Filipenses: “Não estejais inquietos por cousa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4.6-7).
Não há dúvida de que ás vezes a vida nos faz chorar. O Senhor nunca minimiza o tempo de sofrimento. Ele mesmo era o “Homem de dores”. Mas tal sofrimento não é desespero.
Sempre há esperança com Ele. Ele vive! Ele está interessado em você! Por que Choras?
Briam Gunning – Extraído de “COUNSEL”. Tradução: Jaime Crawford.