O nome de Deus é o objeto da deferência mais elevada das criaturas santas e do próprio Deus. Devemos observar aqui, em primeiro lugar, algumas passagens das Escrituras que se referem ao nome de Deus como o objeto da sua deferência e da deferência das criaturas virtuosas, santas e inteligentes, de maneira bastante semelhante àquela que observamos a respeito da glória de Deus.
O nome de Deus é, de igual modo, referido como o fim dos seus atos de bondade para com a parte boa do mundo moral, e de suas obras de misericórdia e salvação para com o seu povo. É o que vemos em:
- 1 Samuel 12.22 – “Pois o SENHOR, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo”;
- Salmo 23.3 – “Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome”;
- Salmo 25.11 – “Por causa do teu nome, SENHOR, perdoa a minha iniquidade, que é grande”;
- Salmo 31.3 – “Por causa do teu nome, tu me conduzirás e me guiarás”;
- Salmo 79.9 – “Assiste-nos, ó Deus e Salvador nosso, pela glória do teu nome; livra-nos e perdoa-nos os pecados, por amor do teu nome”;
- Salmo 109.21 – “Age por mim, por amor do teu nome”;
- Jeremias 14.7 – “Posto que as nossas maldades testificam contra nós, ó SENHOR, age por amor do teu nome”;
- 1 João 2.12 – “Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome”.
Essas afirmações parecem mostrar que a salvação em Cristo é por amor ao nome de Deus. Conduzir e guiar pelo caminho da segurança e da felicidade, restaurar a alma, perdoar os pecados, bem como o socorro, o livramento e a salvação decorrentes dessas providências, são atos realizados por amor ao nome de Deus. E podemos observar que as duas grandes salvações temporais do povo de Deus – a libertação da escravidão no Egito e do cativeiro na Babilônia – representadas com frequência como imagens ou similitudes da redenção em Cristo, costumam ser referidas como realizações por amor ao nome de Deus.
Daí a grande obra de Deus ao livrar o seu povo do Egito e conduzi-lo a Canaã:
- 2 Samuel 7.23 – “Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome”;
- Salmo 106.8 – “Mas ele os salvou por amor do seu nome”;
- Isaías 63.12 – “Aquele cujo braço glorioso ele fez andai” à mão direita de Moisés? Que fendeu as águas diante deles, criando para si um nome eterno?”.
No capítulo 20 de Ezequiel, Deus faz uma recapitulação das várias partes dessa obra maravilhosa, acrescentando ocasionalmente:
- “O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profanado diante das nações”, como pode ser visto nos versículos 9, 14, 22.
Veja também:
- Js 7.8-9 – “E, então, que farás ao teu grande nome?”;
- Dn 9.15 – “Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e a ti mesmo adquiriste renome”.
E assim foi na redenção do cativeiro na Babilônia. Isaías 48.9, 11: “Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e por causa da minha honra me conterei para contigo… Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome?”. Ezequiel 36.21-23 apresenta o motivo para a misericórdia de Deus ao restaurar Israel: “Mas tive compaixão do meu santo nome… Assim diz o SENHOR Deus: Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome… que foi profanado entre as nações”. E em Ezequiel 39.25: “Portanto, assim diz o SENHOR Deus: Agora, tornarei a mudar a sorte de Jacó e me compadecerei de toda a casa de Israel; terei zelo pelo meu santo nome”. Daniel ora pedindo que Deus perdoe o seu povo e use de misericórdia para com ele “por amor de ti mesmo” (Dn 9.19).
Quando Deus fala, ocasionalmente, de mostrar misericórdia e usar de bondade e promover a felicidade do seu povo, por amor ao seu nome, não podemos entender que se trata de um fim meramente subordinado. Seria extremamente absurdo dizer que ele promove a felicidade do povo por amor ao nome dele de modo subordinado ao bem do povo, e para que o nome dele seja exaltado apenas para o benefício do povo, como um meio para a felicidade deles! Especialmente quando são usadas expressões como, “Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome?” e “Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome… “Não é por amor de vós que eu faço isto… mas pelo meu santo nome”.
Mais uma vez, as Escrituras mostram que o povo de Deus existia, pelo menos como tal, por amor ao nome de Deus. Isso fica implícito no fato de Deus tê-lo redimido ou comprado, para que pudesse ser o seu povo, para o seu nome. Como nas passagens mencionadas, temos 2 Samuel 7.23: “Quem há como o teu povo, como Israel, gente única na terra, a quem tu, ó Deus, foste resgatar para ser teu povo? E para fazer a ti mesmo um nome”. O fato de Deus fazer de Israel um povo para o seu nome também fica subentendido em Jeremias 13.11: “Porque, como o cinto se apega aos lombos do homem, assim eu fiz apegar-se a mim toda a casa de Israel e toda a casa de Judá, diz o SENHOR, para me serem por povo, e nome”. Atos 15.14: “Expôs Simão como Deus, primeiramente, visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome”.
Esse fato também é referido como o fim visado pela virtude, pela religião e pela conduta íntegra dos santos. Romanos 1.5: “por intermédio de quem viemos a receber graça e apostolado por amor do seu nome, para a obediência por fé, entre todos os gentios”; Mateus 19.29: “E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, … por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna”; 3 João 7:”… pois por causa do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios”; Apocalipse 2.3: “E tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer”. E vemos que as pessoas santas expressam anseio por isso e alegria nisso do mesmo modo que o fazem em relação à glória de Deus. 2 Samuel 7.26: “Seja para sempre engrandecido o teu nome”; Salmo 76.1: “Conhecido é Deus em Judá; grande, o seu nome em Israel”; Salmo 148.13: “Louvem o nome do SENHOR, porque só o seu nome é excelso; a sua majestade [glória na versão da Bíblia usada pelo autor – N.T.] é acima da terra e do céu”. Salmo 145.13: “O teu reino [nome na versão da Bíblia usada pelo autor – N.T.] é o de todos os séculos, e o teu domínio subsiste por todas as gerações”; Isaías 12.4: “Tornai manifestos os seus feitos entre os povos, relembrai que é excelso o seu nome”.
De acordo com as Escrituras, os julgamentos que Deus executa sobre os perversos são por amor ao seu nome, do mesmo modo como o são para a sua glória. Êxodo 9.16: “mas, deveras, para isso te hei mantido, a fim de mostrar-te o meu poder, e para que seja o meu nome anunciado em toda a terra”; Neemias 9.10: “Fizeste sinais e milagres contra Faraó e seus servos e contra todo o povo da sua terra, porque soubeste que os trataram com soberba; e, assim, adquiriste renome, como hoje se vê”.
E é dito que esse nome é consequência das obras da criação, como o é, também, a glória de Deus. Salmo 8.1: “O SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade” [“glória” na versão da Bíblia usada pelo autor – N.T.]. Na conclusão das observações acerca das obras da criação, o Salmo termina da seguinte maneira no versículo 9: “O SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!”. O mesmo se dá no Salmo 148.13, depois da menção específica das diversas obras da criação: “Louvem o nome do SENHOR, porque só o seu nome é excelso; a sua majestade é acima da terra e do céu”.
Jonathan Edwards