A Bíblia nos apresenta quatro tipos de perdão que, por conveniência, serão aqui denominados ‘perdão eterno, perdão delegado, perdão de comunhão e perdão governamental‘. Precisamos aprender do que se trata o perdão governamental de forma a caminharmos de maneira honrosa. Vamos, no entanto, diferenciar os quatro tipos de perdão antes de tocarmos nesse assunto em especial.
Perdão Eterno
O perdão que recebemos ao sermos salvos é chamado de perdão eterno. Esse é o perdão do qual o Senhor Jesus fala: ‘E que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados, a todas as nações, começando de Jerusalém’ (Lc 24:47). Romanos 4:7 também refere-se a ele: ‘Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas e cujos pecados são cobertos’.
Chamamos esse perdão de eterno porque tendo Deus perdoado nossos pecados, os perdoa para sempre. Ele lança nossos pecados no mar, nas profundezas do oceano, de modo tal que Ele não os vê e nem mesmo deles se lembra. Esse é o perdão que recebemos no momento da nossa salvação. Para nós que cremos no Senhor Jesus, Ele perdoa todos os nossos pecados e remove toda nossa iniquidade de forma tal que, diante de Deus, nenhum deles permanece. Esse é o perdão eterno.
Perdão Delegado
O próprio Deus diversas vezes diz: ‘Eu lhe perdôo!’ Não obstante, Ele declara o Seu perdão algumas vezes por meio da igreja: ‘Deus perdoou seus pecados!’ Chamamos esse tipo de perdão delegado . ‘E, havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse-Ihes: Recebei o Espírito Santo. Se de alguns perdoardes os pecados, são-Ihes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos’ (10 20:22-23). A Senhor dá aqui o Seu Espírito Santo à Igreja para que ela possa representá-Lo na terra e ser Seu vaso para o perdão dos pecados das pessoas. Apesar de chamarmos este perdão de emprestado, devemos ser cuidadosos de não cairmos no mesmo erro dos Católicos Romanos. Preste atenção ao que o Senhor disse. a perdão aqui é baseado no sopro do Senhor sobre a Igreja dizendo: ‘Recebei o Espírito Santo’. A consequência de se receber o Espírito Santo é que a Igreja sabe de quem são retidos os pecados e de quem são perdoados. A igreja, portanto, pode declarar de quem os pecados são perdoados ou retidos. Lembre-se: a Igreja possui tal autoridade somente porque ela própria está sob a autoridade do Espírito Santo. ‘Se de alguns perdoardes os pecados, são-Ihes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos’ – tais palavras vêm após:
‘Recebei o Espírito Santo’. O perdão delegado é Deus perdoando os pecados das pessoas usando a igreja como canal. Encontramos algumas vezes um pecador que se sente culpado após ouvir o Evangelho. Ele confessa que é pecador quando o conduzimos a Deus. Ele pede a Deus que lhe perdoe os pecados. Ele chora e se arrepende e de forma sincera recebe o Senhor Jesus. Sendo, porém, um gentio é ignorante quanto à verdade da salvação.
Seria ótimo que houvesse alguém nesse momento representando a igreja e declarasse: ‘Deus perdoou seus pecados!’. Isso poderia poupar o recém convertido de muitas dúvidas e tristezas. Você pode dizer a uma pessoa que realmente creu: ‘Agora que recebeu o Senhor, você pode agradecer a Deus, pois Ele já lhe perdoou os pecados’. Se a igreja não pode perdoar ou reter pecados, como poderia ela decidir quem pode ou não ser batizado? Por que algumas pessoas podem ser batizadas, mas outras, no entanto recusadas? Por que recebemos algumas pessoas no partir do pão, mas recusamos outras? Exemplos como esses mostram como a igreja exerce a autoridade que o Senhor a concedeu para decidir quem é salvo ou quem não é, aqueles que tiveram seus pecados retidos ou não. Palavras como essas não devem ser ditas com displicência, mas somente sob a autoridade do Espírito Santo. Uma vez que a Igreja recebeu o Espírito Santo, ela está sob Sua autoridade. É como se fosse o Senhor tomando emprestado a mão da igreja para declarar quem são aqueles que têm e aqueles que não têm seus pecados perdoados. Esse é, portanto, o segundo tipo de perdão na Bíblia. Ao invés de perdoar os pecados diretamente, Deus usa a Igreja para fazê-lo. No perdão eterno, Deus perdoa os pecados de forma direta, mas no perdão delegado Ele veicula Seu perdão por meio da mão do homem.
Perdão de Comunhão
O que é perdão de comunhão? ‘Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça’ (l Jo 1 :7-9). ‘Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro’ (1 Jo 2: 1-2). O perdão aqui mencionado não é aquele recebido quando da nossa salvação nem aquele estendido a nós pela igreja. Após cremos no Senhor e nos tornamos filhos de Deus, ainda precisaremos do perdão de Deus. Mencionamos isso anteriormente como o perdão da novilha vermelha (Lições Básicas Volume 5: Não Eu mas Cristo, Lição 22. Edições Tesouro Aberto) . Apesar de termos recebido perdão eterno, podemos fraquejar e pecar novamente perante o Senhor, interrompendo assim nossa comunhão com Deus. Precisamos, assim, mais uma vez de perdão. A vida tem uma característica especial – ela se deleita na comunhão. Ou seja, tal como biólogos sabem, podemos dizer que a vida tem duas características básicas: autopreservação – manter-se vivo e longe da morte, uma vez que a vida teme a morte; e comunhão ou companheirismo – o medo de ficar isolado. Se deixarmos uma galinha sozinha em um lugar, ela vai se mostrar entediada; se, porém, colocarmos várias delas juntas, elas vão demonstrar grande animação. Um homem em confinamento solitário sofre principalmente por não poder se comunicar com outras pessoas. A raça humana, tal como outras criaturas viventes, deseja preservar sua própria vida bem como ter comunhão com seus semelhantes.
Para aqueles que confiaram no sangue do Senhor Jesus, o problema da preservação da vida já foi resolvido. Ele não mais existe porque estamos eternamente salvos e nossos pecados perdoados para a eternidade.
Há, porém, a possibilidade de problemas em outro ponto. Se pecamos contra Deus depois de salvos, nossa comunhão com Deus bem como com Seus filhos pode ser afetada. O que quero dizer com isso? Fazendo uso de um exemplo: uma menina entra sorrateiramente na cozinha, e, sem permissão, come algumas guloseimas. Depois de comê-las, a menina limpa a sua boca, a mesa da cozinha, e vai embora fechando a porta atrás de si como se nada tivesse acontecido. Ela, porém, já cometeu o pecado! Ela e sua mãe têm normalmente um momento de comunhão no final do dia. Hoje, no entanto, não é a mesma coisa. Quando a mãe a chama, o coração da menina começa a bater mais rápido. Ela acha que a mãe vai dar-lhe uma surra. Ela não consegue nem mesmo sentir o gosto da comida servida pela mãe. Ela teme que a mãe descubra o que ela fez. Tenta evitar a mãe o máximo possível. Como podemos ver, sua comunhão com sua mãe foi perturbada. É óbvio que ela não deixou de ser filha somente por que roubou alguma comida. Não, de forma alguma. Ela ainda é filha, mas a comunhão com sua mãe foi quebrada. Do mesmo modo, simplesmente por termos pecado não deixamos de ser filhos de Deus; ainda somos Seus filhos, apesar do pecado ter causado a interrupção imediata da nossa comunhão com Ele. Nossa consciência está maculada e, portanto, para voltamos a usufruir de comunhão ininterrupta com Deus devemos ter uma consciência limpa. Quando uma consciência acusa pecado, a comunhão com Deus é impossível.
Os filhos de Deus não perdem sua posição como filhos por causa do pecado, mas certamente perdem sua comunhão com Ele. Deus, portanto, providenciou um tipo de perdão o qual chamamos de perdão de comunhão. Por que chamá-lo assim, perdão de comunhão? Porque ao nos achegarmos a Deus confessando o nosso pecado, podemos ter nossa comunhão com Deus restaurada. Se não fosse assim, não haveria como termos nossa comunhão restabelecida. Não podemos orar, nem mesmo dizer ‘Amém’ para a oração de um outro irmão. O que podemos fazer então? O que a menina da nossa parábola deve fazer? Ela deve confessar à sua mãe que comeu a comida que não deveria. Ela precisa aprender a ver do ponto de vista da mãe e confessar que pecou. Deve chamar o pecado apropriadamente de ‘pecado’ e dizer, ‘Por favor, perdoe meu pecado’. Do mesmo modo, devemos nos apresentar a Deus e confessar o nosso pecado contra Ele e pedir o Seu perdão. ‘Se confessarmos os nossos pecados; ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça’. Tal perdão não está atrelado à salvação eterna, mas relacionado à comunhão com Deus. Esse é, portanto, o perdão que chamamos de perdão de comunhão.
Perdão Governamental
Um outro tipo de perdão é o que chamamos de perdão governamental. Esse tipo de perdão é visto nas seguintes passagens bíblicas: Mateus 9:2, 5-6; Tiago 5:15 e Mateus 6:14-15,18,21-35.
O que é o perdão governamental de Deus? Estou convencido que se tivesse sabido exatamente do que se tratava o perdão governamental de Deus logo depois da minha salvação, teria sido poupado de muitos problemas.
Podemos dar continuidade à parábola da jovem aqui: a mãe costumava deixar as portas da casa destrancadas, inclusive as dos armários e a da cozinha. Ela nunca trancava o armário em que colocava a comida. Essa vez, no entanto, ao voltar para casa, descobriu que alguma comida havia sido retirada. A mãe sabe agora o que aconteceu, e a garota é forçada a confessar seu pecado e pedir perdão. A mãe a perdoa e até mesmo a beija. O incidente fica no passado e a comunhão é restaurada. Não obstante, a próxima vez em que a mãe sai de casa, ela tranca todas as portas. O modo de agir agora mudou. Comunhão é uma coisa, governo, porém, é outra.
O que é governo? Governo é uma direção. O governo de Deus é a direção de Deus, a administração de Deus. A mãe pode perdoar o pecado da filha e restaurar assim a comunhão entre elas. Na próxima vez, porém, que sair, ela trancará as portas dos armários e da cozinha. Em outras palavras, ela mudou sua direção. Restaurar a comunhão é fácil, restaurar a direção, porém, já não é tanto. A mãe teme que a filha incorra no mesmo erro. Ela não pode dar à filha liberdade plena, mas deve colocar algumas restrições. A sua direção mudou. Lembre-se que Deus nos trata de modo semelhante. Perdão de comunhão é relativamente fácil de se conseguir. Assim que confessamos nosso pecado, Deus restaura Sua comunhão conosco. Todavia, Deus pode mudar Sua direção em relação a nós. Pode ser que Deus use de disciplina imediatamente; Ele já não ousa dar tanta liberdade a nós como desfrutávamos antes.
Pode ser assim que depois de algum tempo Deus remova Sua mão de disciplina – esse então é o que chamamos de perdão governamental. No exemplo da mãe, isso quer dizer que um dia ela sente que a filha é novamente confiável, e ela deixa então as portas destrancadas. Esse é o perdão governamental.Perdão de comunhão é uma coisa, perdão governamental é bem outra. Outro exemplo que ilustraria tal diferença seria um pai que tem vários filhos. Ele permite que seus filhos brinquem das quatro até as seis, que é o horário do jantar. Um dia, no entanto, eles saem para brincar e acabam arrumando briga com outras crianças. O pai os perdoa, e a despeito do ocorrido, continua permitindo que eles saiam para brincar. O que aconteceria então se as crianças têm desentendimentos com outras todos dias que saírem para brincar? O que o pai vai fazer? Ainda que essas crianças confessem seu pecado diariamente e diariamente sejam perdoadas, o pai vai sentir que sua maneira de conduzir a situação não está correta e que seu governo sobre seus filhos não deve estar certo. Assim sendo, ele diz aos seus filhos, ‘Vocês têm brigado com outras crianças todos os dias que vocês saem. A partir de amanhã, portanto, vocês ficarão em casa’. Essa é a mão de disciplina do pai.
Podemos também pecar contra o Senhor, e a cada confissão, Deus nos perdoa. Isso não impede, no entanto, que Deus nos dê uma nova correção. Uma vez já perdoados, a nossa comunhão com Deus pode ser restaurada. Deus, porém, vai mudar a Sua direção para conosco. É importante saber que a mão de disciplina de Deus não se move facilmente, e uma vez estendida, também não é removida facilmente. Voltando à nossa segunda parábola: ao ver os filhos envolvidos em brigas todos os dias, o pai os tranca em casa por uma semana, duas, um mês, ou até mesmo dois, até que ele fique satisfeito que seus filhos não sejam desobedientes e brigões. Talvez revele aos seus filhos que pelo o fato de terem se comportado bem por esses dois meses, ele os permitirá sair para brincar por dez minutos. O pai começa a remover sua mão governamental. A esses dez minutos brincando lá fora podemos chamar de perdão governamental. O governo pode começar a mudar, mas o pai ainda observa a conduta de filhos em relação às outras crianças. Se eles não se envolverem em brigas nesses dez minutos, ele deixa que eles brinquem por meia hora no segundo dia. Depois de algum tempo, ele permite que os filhos brinquem por uma hora. Depois de um ou dois meses, o pai deixa que seus filhos brinquem das quatro as seis como ele costumava fazer. Quando esse dia chega, seu perdão governamental é concedido de forma completa a seus filhos.
O que é, portanto, perdão governamental? É algo diferente de perdão eterno, perdão delegado, e até mesmo de perdão de comunhão. É algo que fala de Deus cuidando de nós, lidando conosco, e nos disciplinando.
1. O significado da mão governamental de Deus Existem na Bíblia muitas passagens relacionadas a esse assunto.
‘Aquilo que o homem semear, isso também ceifará’ (GI6:7). Essa é a mão governamental de Deus. Suponhamos que um pai seja sempre indulgente com seus filhos. Seus filhos serão naturalmente indisciplinados e sem limites. Como pode uma casa estar em ordem se o pai não comanda o lar? Se uma pessoa sempre discute com outras, a consequência natural será que ela não terá amigos. É fácil ver que aquilo que o homem semeia, ele também colhe. Esse é o governo de Deus, sua mão de comando que não pode ser mudada. Sejamos cuidadosos, irmãos, para não provocarmos a mão governamental de Deus; que, se uma vez incitada, é difícil de ser removida.
A HISTÓRIA DO PARALÍTICO
Algumas pessoas trouxeram um homem que sofria de paralisia ao Senhor. Os escribas estavam presentes. ‘Filho, (…) os teus pecados estão perdoados!’ Disse Jesus ao paralítico. Tais palavras são um problema para aqueles que não conhecem o que é perdão governamental. Esse homem paralítico foi trazido perante o Senhor pelos seus amigos; ele mesmo nunca expressou sua fé no Senhor. Ainda assim, o Senhor lhe disse: ‘Filho, os teus pecados estão perdoados os seus pecados’. Quer dizer que assim que o paralítico foi trazido ao Senhor sua alma foi salva? Se fosse esse o caso, a salvação seria muito fácil de ser adquirida, pois só de sermos trazidos à presença do Senhor os pecados seriam imediatamente perdoados. De modo nenhum, o perdão aqui definitivamente não é perdão eterno; nem mesmo se relaciona com perdão delegado nem com perdão de comunhão. É um outro tipo de perdão, uma vez que o Senhor mostra duas coisas aqui: por um lado, ‘Seus pecados estão perdoados’; por outro lado, ‘Levanta-te e anda’. É necessário lembrar que muitas das nossas doenças são devidas à mão governamental de Deus. Para curar o paralítico e fazê-Io andar, o Senhor tem primeiro que conceder perdão governamental. O perdão visto aqui relaciona-se ao governo de Deus. Ele tinha uma conexão especial com enfermidade. Portanto, quando o paralítico foi trazido ao Senhor Jesus para cura, o Senhor nada mais disse além de ‘… teus pecados estão perdoados’. Em outras palavras, com o perdão de pecados, a enfermidade seria curada. Sua doença estava conectada a seus pecados. O Senhor Jesus falou de tal maneira porque Ele sabia que a causa da paralisia era os pecados daquele homem perante Deus. Quando os seus pecados foram perdoados, sua doença findou-se. A isso chamamos perdão governamental. Quando o perdão governamental é concedido, a enfermidade é curada. É evidente que este homem pecou contra o governo de Deus e adquirindo, portanto, a paralisia. Tendo sido perdoado de seus pecados pelo Senhor, ele pôde levantar, tomar a sua cama, e voltar para casa. O perdão aqui é diferente dos outros tipos de perdão. Esse é o perdão governamental.
OS PRESBÍTEROS ORAM E UNGEM
‘Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-Ihe-ão perdoados’ (Tg 5: 14-15). O perdão aqui parece ser muito especial. Já vimos antes que há muitas causas para a enfermidade (Watchman Nee, O Homem Espiritual. Editora Betânia. Ver o capítulo intitulado ‘Enfermidades’) Nem toda enfermidade é causada pelo pecado, mas alguma é. Os pecados aqui são perdoados, não através da confissão do doente, mas pela oração dos presbíteros da igreja. O que é isso? Esse perdão não é certamente perdão eterno, nem perdão delegado, nem mesmo perdão de comunhão. Esse perdão, provavelmente, também está relacionado ao perdão governamental. Vamos, através de um exemplo, assumir que um irmão está doente porque está sob a mão governamental de Deus. Ele é castigado por Deus porque pecou e caiu. Quando ele confessa o seu pecado diante de Deus, recebe perdão e sua comunhão com Deus é restaurada. A mão disciplinar de Deus, porém, ainda não o deixa. Chega o dia em que os presbíteros da igreja vêm e oram por ele, dizendo-lhe que os irmãos também o perdoaram e estão desejosos para que ele seja revitalizado. A igreja também está ansiosa para vê-Io restaurado ao fluir da vida. Quando esse dia chega, os presbíteros o ungem com óleo para que o óleo de unção do Cabeça possa fluir sobre ele. Quando a igreja hora por ele, o irmão é restaurado. Quando a mão governamental de Deus é dele assim removida, sua enfermidade pode ser curada. Isto é o que significa, ‘se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados’. Os pecados aqui referidos não são pecados comuns, mas aqueles que trazem consigo a mão governamental de Deus. Ao lermos a.Bíblia é preciso que entendamos que Tiago 5 fala da mão governamental de Deus. Caindo na mão governamental de Deus, Ela não vai te deixar até que você obtenha o perdão.
A HISTÓRIA DE DAVI
Para que possamos entender o significado do perdão governamental, vamos usar Davi como ilustração. Em nenhum outro ponto da Bíblia o perdão governamental de Deus foi tão claramente demonstrado como no caso de Davi e a esposa de Urias. Davi cometeu dois pecados: adultério e assassinato. Ao adulterar, pecou contra a esposa de Urias; ao assassinar, pecou contra Urias. Depois de cometer esses dois pecados, ele os confessou a Deus. Isso é mostrado no Salmo 51 e alguns outros salmos. Profundamente contrito em seu coração, ele os confessou sinceramente diante de Deus. Reconheceu que o que fizera foi indigno, vergonhoso e ofensivo. Está claro que depois de haver confessado seus pecados no Salmo 51, sua comunhão com Deus foi restaurada. É como mostra 1 João capítulo 1.
Mesmo assim, o que Deus diz a Davi quando Ele envia Natã para falar-lhe? Vejamos as palavras de Natã: ‘Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. Disse Natã a Davi: Também o Senhor te perdoou o teu pecado; não morrerás’ (2Sm 12: 13). Davi disse: ‘Pequei contra o Senhor’. Ele confessou seus pecados e reconheceu sua impureza. Deus então lhe enviou Natã para dizer-lhe que o Senhor lhe havia perdoado e que ele, portanto, não morreria. Isso indica claramente que o pecado de Davi fora perdoado. Deus, porém, tinha mais a dizer a Davi. Primeiro : ‘Mas, posto que com isto deste motivo a que blasfemassem os inimigos do Senhor, também o filho que te nasceu morrerá’ (v.14). Segundo : ‘Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste, e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher’ (10). Terceiro : ‘Assim diz o Senhor: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com elas, em plena luz deste sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o Israel e perante o sol’ (11-12). Apesar de haver Deus perdoado o pecado de Davi, mesmo assim Ele fez com que o filho que teve com a esposa de Urias morresse. Ainda havendo perdoado o pecado de Davi, Ele não permitiu que a espada se afastasse da casa de Davi. Mais ainda, apesar de Deus ter certamente perdoado o pecado de Davi, Ele permitiu que Absalão se rebelasse contra Davi e coabitasse com as concubinas de seu pai. Em outras palavras, apesar dos pecados de Davi haverem sido perdoados, o castigo não se apartou imediatamente dele.
Falando francamente, seja qual for o pecado cometido, se viermos a Deus pedindo perdão, seremos perdoados. A restauração de comunhão pode ser bem rápida. Davi pode restaurar sua comunhão com Deus rapidamente. No entanto, a disciplina de Deus sobre ele permaneceu até mesmo depois de sua morte. Com a disciplina de Deus sobre ele, o governo de Deus não se apartou. Por conseguinte, seu filho ficou doente. Jejuar e prostrar-se em terra foi em vão. A mão disciplinadora de Deus caiu sobre Davi. O filho finalmente morreu. Mais tarde outras coisas aconteceram. O primogénito de Davi, Amom, foi assassinado, e depois disso, outro filho, Absalão, rebelou-se. A espada nunca se apartou da casa de Davi. Não obstante, Deus disse a Davi que havia perdoado os seus pecados. Irmãos, Deus está desejoso de perdoar os pecados cometidos, o que não significa que isso irá impedi-Ia de nos disciplinar ou deixar de usar Sua mão governamental.
2. Humilhai-vos perante a poderosa mão de Deus.
Nosso Deus é um Deus de governo. Algumas vezes quando Ele é ofendido, Ele não move Sua mão governamental- simplesmente permite que continuemos. Quando Ele, porém, move Sua mão governamental, não há nada que possamos fazer exceto humilhar-nos. Não há escapatória – Ele não é como o homem que facilmente permite que fujamos. Ter o pecado perdoado e a comunhão restaurada é relativamente fácil. Não é possível remover do nosso ambiente de convivência – nossa casa, trabalho, ou mesmo nosso físico – a disciplina aplicada por Deus. A única coisa possível de ser feita é aprender a submeter-nos à poderosa mão de Deus. Quanto mais humilde formos sob Sua poderosa mão e menos resistirmos, mais fácil será ter a mão governamental de Deus removida. Se não formos submissos e pacientes, se murmurarmos e debatermos por dentro, a mão de Deus será removida mais dificilmente. Esse problema é muito sério. Há vinte anos você fez algo de acordo com sua própria vontade. Hoje você está, novamente, diante da mesmo problema e terá de comer do fruto resultante da atitude que teve naquela época. Tal problema retoma e nos encontra ainda que procuremos esconder. O que fazer quando isso acontece? Devemos inclinar nossas cabeças dizendo: ‘Senhor, é culpa minha!’ Devemos nos humilhar sob a mão de Deus e não resistir. Quanto mais resistimos, mais pesada a mão de Deus se torna. Sempre digo que devemos nos sujeitar à poderosa mão de Deus. Quanto mais resistirmos à mão governamental de Deus, mais coisas nos ocorrerão. Logo que a mão governamental de Deus cair sobre nós, devemos nos humilhar e alegremente reconhecer que a merecemos, uma vez que o Senhor não pode estar errado. Devemos estar em sujeição. Não devemos pensar em rebelar-nos, nem mesmo murmurar ou debater.
É possível sermos insubordinados e achar que vamos escapar da mão de Deus? Lembre-se que isso não é tarefa fácil. Quem poderá escapar da mão de Deus? Você consegue perceber que foi o que fez antes que o conduziu para a presente situação? Por exemplo: um irmão gostava muito de comer doces quando criança. Ele comeu tantas balas que seus dentes se tornaram muito cariados. Ele então se tornou consciente da sua indulgência e do seu efeito maléfico. Ele pediu a Deus para perdoá-lo desse pecado de indulgir-se com tantas balas e doces. Ele obteve o perdão imediatamente, não obstante, as cáries não desapareceram instantaneamente. O governo de Deus ainda estava sobre ele. Doces e balas em excesso causam a deterioração dos dentes. Se confessarmos o nosso pecado, nossa comunhão pode ser restaurada, mas isso não quer dizer que automaticamente teremos dentes saudáveis. É o governo de Deus e devemos aprender a submetermos a ele. (Dentes cariados não são naturalmente restaurados, entretanto, há certas coisas que depois da mão governamental de Deus ter sido removida podem ser restauradas).
Usando uma outra ilustração da Bíblia: Depois de ferir a rocha de Meribá (Nm 20: 10-12), Moisés e Arão caíram sob a mão governamental de Deus. Apesar de Arão ter falhado, Deus permitiu que fosse sacerdote e ter sua comunhão restaurada. Mais tarde, todavia, Deus disse a ele que deveria deixar esse mundo e não entrar na terra de Canaã. Moisés, também, não santificou Jeová diante da rocha. Ao invés de falar à rocha como Deus o instruíra, Moisés a feriu com a vara. Por isso a mão de Deus caiu sobre ele e, como os demais, também não pode entrar em Canaã. Você consegue ver o princípio básico? É o governo de Deus. Não é mais possível que Deus aja conosco como agia anteriormente. Teremos, então, que mudar nossa maneira de agir. Até mesmo aquilo que pensamos ser a melhor maneira de agir pode não ser a escolha de Deus.
A Bíblia está repleta de exemplos como esse. Quando o povo de Israel veio a Cades, no deserto de Parã, eles enviaram homens para espiar a terra (ver Números 13 e 14). Os espiões cortaram um ramo de vide com um cacho de uvas para carregá-lo eram necessários dois homens. Sem dúvida eles sabiam que a terra manava leite e mel. Eles, porém, estavam amedrontados e se recusaram a entrar na terra porque viram que o povo daquele lugar era de tal estatura que os israelitas eram aos seus próprios olhos como que gafanhotos. Como resultado – exceto por Josué e Calebe, que mais tarde entraram na terra – todos os demais tiveram que morrer no deserto. Quando ouviram Deus pronunciar esse julgamento, confessaram o seu pecado e expressaram prontidão em possuir Canaã. Deus continuou, sem dúvida, a tratá-los com graça e reconhecê-los como Seu povo, mas não permitiu que tivessem qualquer parte em Canaã. Não lhes foi permitido entrar, porque o governo de Deus foi mudado. Portanto, irmãos, desde o início de nossa vida cristã, devemos desejar caminhar até o último dia no caminho que Deus nos tem provido. Não pequemos ou vivamos desleixadamente! Lembremo-nos: ainda que recebamos misericórdia, podemos vir a descobrir que Deus teve que mudar Seu modo de agir para conosco. Sua mão governamental nunca afrouxa.
Verdadeiramente a mão governamental de Deus é algo sério e devemos temê-la, pois não sabemos quando ela pode recair sobre nós. Deus pode permitir que alguma situação prossiga indefinidamente. Ele pode até mesmo deixar passar uma rebeldia por dez vezes, mas na décima primeira fazer uso de Sua mão. Sua mão pode ser usada na primeira ocorrência. Não há como saber quando Sua mão disciplinar vai ser usada. O governo de Deus é algo que não podemos controlar. Ele age conforme bem lhe apraz.Assim sendo, irmãos, devemos fazer o melhor para sermos obedientes ao Senhor. Seja Deus gracioso e misericordioso para conosco para que não caiamos sob Sua mão governamental. Não obstante, caso caiamos, não sejamos resistentes ou mesmo precipitados. Não fujamos, todavia fiquemos firmes no princípio básico da sujeição a todo custo. Naturalmente não somos submissos, porém podemos pedir ao Senhor para fazer-nos assim. Somente pela misericórdia do Senhor podemos passar por essa experiência. ‘Ah! Senhor, tenha misericórdia de mim para que eu possa passar por essa experiência’. Caso a mão governamental de Deus não tenha recaído sobre você, busque a misericórdia d’Ele incessantemente. Caso ela já tenha recaído, e Ele permitiu que você ficasse doente ou com dificuldades, lembre-se que não devemos nunca tentar resistir na carne ao governo de Deus. Assim que o governo de Deus cair sobre você, humilhe-se imediatamente sob Sua poderosa mão. Diga: ‘Senhor, isso é algo Teu, providenciado por Ti; eu me submeto alegremente, desejoso de aceitá-lo’. Quando a mão governamental de Deus recaiu sobre Jó (ela poderia ter sido evitada), quanto mais submisso foi Jó, melhor também foi sua condição; quanto mais se orgulhava de sua justiça própria, pior ficava sua situação.
Graças a Deus porque frequentemente Sua mão governamental não permanece eternamente sobre uma pessoa. Creio, particularmente, que quando a mão governamental de Deus recai sobre uma pessoa, algumas vezes a oração da igreja pode facilmente removê-la. Essa é a preciosidade de Tiago 5. Tiago ali nos revela que os presbíteros da igreja podem remover a mão governamental de Deus. Ele diz: ‘E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados’. Portanto, quando um irmão descobrir que se encontra em tal situação, a igreja pode orar por ele e ajudar a remover a mão governamental de Deus.
Lembro-me de certa vez ter ouvido a irmã Margaret E. Barber dizer algo maravilhoso. Um irmão que fizera algo errado arrependera-se e mais tarde veio vê-la. Isso foi o que ela lhe disse: ‘Você, então, se arrependeu e agora volta? Você deveria apresentar-se a Deus dizendo: ‘Inicialmente eu era um vaso nas mãos do oleiro, agora, porém, esse vaso está quebrado’. Você não deve forçar o Senhor dizendo: ‘Senhor, faça de mim o mesmo vaso’. Não! Você deve orar humildemente: ‘Senhor, tem misericórdia de mim e faça de mim novamente um vaso. Não ouso forçar Tua mão. Está tudo bem comigo, Senhor, se Tu quiseres fazer de mim um vaso nobre ou um vaso para vergonha!”. Alguns acham que serão sempre o mesmo vaso, desejando que o Senhor os faça cada vez mais nobres e gloriosos. Alguns até mesmo pedem que o Senhor os faça um vaso melhor. Algumas vezes conseguimos até mesmo recebermos bênção em meio à maldição. Há algo, porém, que gostaria que você soubesse: aqueles que se envolvem profundamente com o Senhor sabem que frequentemente caímos sob a mão de Deus – Sua mão governamental. Podemos reconhecer que através de Sua mão governamental, Deus nos ensina qual é a Sua vontade. Temos apenas que nos submeter a ela. Não há como escapar; apenas submeter-se. Não devemos ser negligentes com esse assunto. Uma irmã veio me consultar quanto ao se casar. Eu lhe disse que no que me dizia respeito eu não a aconselharia a se casar com aquele rapaz porque não me parecia ser um cristão confiável. No entanto ela insistiu que confiava nele. Eles, então, se casaram. Depois de oito meses, ela me escreveu uma longa carta na qual dizia, ‘Sei que eu estava errada. Não escutei o seu conselho, e agora sei que cometi um grande erro. O que faço agora?’ Minha resposta foi: ‘Daqui a diante você tem uma única opção, a qual é, humilhar-se sob a poderosa mão de Deus. Caso você me escreva uma segunda vez, não poderei mais ajudá-la. Ninguém pode lhe ajudar, você está sob a mão governamental de Deus. Quando você está sob a mão governamental de Deus, não tente se debater para se livrar dela. Caso o faça, você será um vaso quebrado e então não haverá futuro’. Naquela carta também enfatizei que ela não deveria mais me escrever. Relembrando: nada pode ser mais sério do que o governo de Deus.
Penso muitas vezes a respeito da condição atual da igreja. É como ir à casa do oleiro e achar ali um monte de bacias, vasos e jarras quebrados – todas peças quebradas. Essa tem sido a condição de muitos cristãos hoje. É algo muito sério. Repito que devemos aprender a submetermos sob a poderosa mão de Deus.
3. Ser uma pessoa temente a Deus
Há outras duas passagens na Bíblia que falam da mão governamental de Deus: Mateus 6: 15 e 18:23-25. Não julgar os outros é de vital importância. Isso é muito sério, pois em qualquer questão que descuidadamente julgarmos outrem, facilmente poderemos nos encontrar na mesma situação. Qualquer coisa que não perdoarmos em outros, a mesma coisa pode nos sobrevir. Isso mostra a mão governamental de Deus. Se não perdoarmos os nossos devedores, Deus não nos perdoará os pecados. Esse é o perdão governamental, algo totalmente diferente do perdão eterno. Sim, Deus é nosso pai celeste; a questão da eternidade já está resolvida. Se um irmão, porém, pecar contra nós e nós não perdoarmos, Deus não nos perdoará. Sua mão governamental recairá sobre nós. Quero, portanto, lembrar-lhe: devemos aprender a perdoar e ser generosos; sermos misericordiosos e estar prontos a perdoar os outros. Se estamos sempre reclamando e criticando os outros e apontando suas falhas de conduta, podemos cair sob o governo de Deus. Não será fácil desvencilhar-se, pois certamente Deus irá operar profundamente em você. Se formos duros com os outros, Deus será duro conosco. Lembre-se do servo em Mateus 18 que se retirou da casa do seu senhor e encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários. Segurando-o pela garganta, o sufocava, exigindo pagamento. Quando o senhor ouviu o ocorrido ficou tremendamente insatisfeito. Ele ordenou que o servo fosse entregue aos verdugos até que pagasse tudo que devia. Deus começou a castigá-lo, e com a mão governamental de Deus sobre de, não pode escapar com facilidade. Consequentemente, devemos ser abundantes no perdoar, cuidadosos no falar e não criticar outros. Muitas vezes aquilo que falamos ou criticamos nos outros pode ser logo visto em nós. Frequentemente observamos quão rápido a disciplina cai sobre aquele que é por demasiado severo com outros. Se julgarmos o cabeça de uma família que tem tido problemas com seus filhos dizendo: ‘Eis que a mão de Deus está pesando sobre ele’, pode ser que o mesmo problema não tarde a cair sobre nós. Aprendamos, irmãos, a temer o governo de Deus. Aprendamos a temê-lo.Permita-me dizer-lhe: é necessário uma vida inteira para aprendermos sobre o governo de Deus. Todos nossos anos sobre a terra como cristãos são gastos aprendendo a conhecer como Deus governa as nossas vidas. Devemos nos lembrar de que não devemos julgar ou criticar descuidadamente. Desenvolvamos o hábito de não sermos intrometidos ou faladores. Aprendamos a ser tementes a Deus. Não é apenas prejudicial, mas também algo por demais sério o provocar a mão governamental de Deus. Evite que o apuro de outrem caia sobre você; não o atraia sobre si ao censurar os outros descuidadamente. Aquilo que semearmos, isso também ceifaremos. Esse princípio é verdadeiro para os filhos de Deus. Aprendamos a ser misericordiosos. Quanto mais misericordiosos formos, melhor, pois sendo misericordiosos para com outrem, receberemos misericórdia de Deus. Se formos mesquinhos e severos com nossos irmãos, Deus será severo e exigente conosco. Aprendamos a ser gentis, misericordiosos e bondosos para com nossos irmãos. Procuremos relevar a faltas dos irmãos; falarmos menos palavras inúteis, refrearmos de pronunciar julgamento. Quando as pessoas estiverem passando por problemas, ajudemo-las, mas não as julguemos.
Nos últimos dias os judeus irão sofrer em demasia. Serão presos, despidos e passarão fome. Aqueles que são ovelhas (ver Mateus 25:31-46) os visitarão nas prisões, os vestirão e os alimentarão. Não podemos dizer por ter Deus decidido deixar que os judeus venham a passar por perseguição e opressão, que iremos, então, aumentar seus sofrimentos. Sim, Deus permite que eles passem por problemas sérios, mas devemos aprender a ser piedosos. Disciplina governamental é esfera de trabalho de Deus; o objetivo dos filhos de Deus desta geração é aprender a serem piedosos e misericordiosos com os outros não importando as circunstâncias. Desta forma Deus nos livra de muita aflição.
Há muitos cristãos que pecaram terrivelmente por julgarem outros de forma severa no passado. Sua dificuldade presente advêm de críticas feitas no passado. Deus não afrouxa Sua rédea. Sejamos piedosos para com os outros para que não caiamos sob mão governamental de Deus. Aprenda a amar as pessoas e tratá-las com generosidade. Tenha o Senhor misericórdia de nós por nossas tolices cometidas em nossa conduta e ações para não cairmos sob Sua mão governamental. Quanto a isso, estamos a Sua mercê. Como necessitamos viver segundo a sabedoria de Deus! Confessemos a Deus o quão tolo somos e quão tolamente agimos muitas vezes, e que se cairmos sob Sua mão governamental seremos facilmente quebrados. Imploremos Sua misericórdia. Meu conselho é: o quanto mais humilde e ensinável você for, mais rapidamente passará pela disciplina governamental de Deus. Quanto mais orgulhoso e quanto mais reivindicar sua própria justiça, mais difícil será para você passar pela disciplina governamental de Deus. Portanto, aprenda a ser humilde. Não devemos nos rebelar se cairmos sob a mão governamental de Deus, mesmo que o motivo seja algo pequeno ou grande. Indubitavelmente rebelião é tolice. O único princípio que podemos seguir é nos humilharmos sob a poderosa mão de Deus. Se realmente formos humildes, veremos que ‘no devido tempo’ Deus permitirá que sejamos liberados. Ele vai, então, considerar o caso encerrado. Espero que você observe as palavras ‘no devido tempo’: ‘Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus para que Ele no devido tempo vos exalte’ (I Pe 5:6). A ênfase, aqui, é ‘no devido tempo’. No devido tempo, Deus abrirá um caminho para você; no devido tempo Ele endireitará as suas veredas; no devido tempo Ele o libertará e no devido tempo Ele o exaltará.’Sob a poderosa mão de Deus’ refere-se exclusivamente a Sua disciplina; daí devemos nos humilharmos sob Sua mão. Na frase não há o significado de proteção, pois se fosse esse o significado, o texto mencionaria o Seu braço eterno. Humilharmos a nós mesmos sob Sua poderosa mão significa simplesmente nos submetermos. Esta é a poderosa mão, a qual você sequer pode mover, muito menos resistir. Diga ao Senhor: ‘Senhor, estou disposto a ouvir. Seja onde for que quiseres me colocar, aceitarei com alegria. Não resistirei. Não tenho objeções quanto ao modo com que tens me tratado. Ouço Tua palavra com alegria. Estou pronto a permanecer nesta condição o tempo que quiseres’. Veremos, então, que ‘no devido tempo’ Ele nos liberará. Ninguém sabe quanto tempo isso leva. Quando chegar a hora em que o Senhor vir que você tenha aprendido a lição, Ele moverá a igreja a orar pela sua liberação.Meu desejo é que irmãos e irmãs aprendam o que é o governo de Deus desde o início de sua vida cristã. Muitas das nossas dificuldades são causadas pela nossa falta de conhecimento desse assunto. Tenho tido esperança de que, desde o primeiro dia, do primeiro ano, os filhos de Deus conheçam o governo de Deus. Isso os ajudará a prosseguir continuamente e sem desvios.
Watchman Nee – Extraído do Livro “Amai-vos uns aos Outros”, Págs 10 à 27 (lição 39 – Lições Básicas Volume 6).