Outros Fatos da Verdade

Primeira Carta de Pedro, Capítulo Dois. As cinco expressões encontradas no versículo nove sugerem outra divisão da primeira epístola de Pedro. Os santos do Novo Testamento são “uma geração eleita”, de acordo com o capítulo um; “um sacerdócio real”, de acordo com o capítulo dois; “uma nação santa”, no capítulo três; “um povo peculiar”, no capítulo quatro; e um povo treinado para mostrar as excelências de Cristo, no capítulo cinco. Os estrangeiros dispersos pela perseguição, os cristãos judeus da dispersão, herdaram o que a nação de Israel havia perdido pela incredulidade. Moisés havia descrito essa nação nos primeiros cinco livros da Bíblia exatamente dessa mesma forma. Em Gênesis 12:1-3, ela foi vista como “uma geração escolhida”; em Êxodo 19:6, como “um sacerdócio real”; em Levítico 10:10, como “uma nação santa”; em Números 3:13, como o “povo peculiar” de Deus; e em Deuteronômio 4:6; 28:10, como um povo treinado para mostrar as excelências de seu Deus.

Além disso, esses judeus convertidos ao cristianismo foram ensinados que, como “uma geração escolhida”, eles compartilhavam a vida de Cristo, seu Redentor. Como “sacerdócio real”, eles compartilhavam Seu ministério. Como “nação santa”, compartilhavam de Sua natureza. Como “um povo peculiar”, compartilhavam Sua obediência à vontade de Deus. Como um povo treinado para mostrar Suas excelências, eles compartilhavam Sua vitória.

O segundo capítulo vê o povo de Deus de quatro maneiras diferentes: como crianças que crescem à semelhança de Deus (1-3); como sacerdotes que ministram no santuário de Deus (4-10); como peregrinos que progridem na vontade de Deus (11-17); e como servos que trabalham na obra de Deus (18-25).

O Crescimento das Crianças

Elas devem deixar de lado a mente insincera para receber o leite sincero da Palavra. Esse é o princípio do crescimento espiritual que é ensinado em todas as Escrituras. O salmista podia dizer que amava a Palavra porque odiava o mal (Sl 119:113). Tiago diz que devemos nos despojar de toda imundície para receber com mansidão a Palavra enxertada. Paulo ensina que o mistério da fé só pode ser levado no caixão de uma consciência pura (1Tm 3:9). O crescimento na piedade implica um crescimento na sensibilidade ao pecado. Outra tradução do versículo dois diz: “Para que cresçais para a salvação”.

Os cinco pecados mencionados no versículo um são pecados contra o amor dos irmãos, o amor que é o fruto da nova natureza (1:22). A malícia é um desejo íntimo de prejudicar outra pessoa. A inveja é uma repulsa interior pelo bem alheio. A astúcia é o engano, e a hipocrisia é uma máscara. A astúcia coloca a duplicidade no coração, enquanto a hipocrisia a coloca na língua. O falar mal geralmente assume a forma de construir a própria reputação sobre as ruínas do bom nome dos outros.

Há certas coisas que são necessárias para o crescimento espiritual saudável: o ar fresco do santo santuário de Deus, que respiramos em oração; o sol de Seu amor, no qual devemos permanecer (Judas 21); o bom alimento de Sua Palavra, que devemos assimilar e pelo qual devemos ser purificados diariamente (Sl 119:9); e um exercício piedoso para as coisas que agradam ao nosso Senhor (1Tm 4:7-8).

O Ministério dos Sacerdotes

Nosso Senhor é declarado precioso três vezes nesses poucos versículos. De acordo com o versículo quatro, essa preciosidade de Cristo atrai nossa adoração; no versículo seis, ela afeta nossa caminhada; e nos versículos sete a nove, ela produz um nobre testemunho de Cristo.

Lemos sobre nosso bendito Senhor: “O quem vem…” Experimentalmente, estamos sempre indo até Ele. Diariamente, buscamos a vida, o sustento, o amor, a comunhão, a verdade e a instrução. Não podemos ficar sem Ele nem mesmo por um momento.

Deus declara: “Eis que ponho em Sião uma pedra angular”. Davi tomou a fortaleza de Sião e, no lugar dessa vitória, Salomão construiu o templo “para que o Senhor Deus habite no meio deles”. Ali a arca repousou e todo o Israel se regozijou. Esse é o contexto histórico dos Salmos 24, 68 e 132. A partir desse mesmo pano de fundo, Paulo desenha o quadro da vitória de nosso Senhor na cruz (Efésios 4). Em Sua poderosa inclinação para fazer a expiação pelo pecado, Ele desceu dos mais altos céus até as partes mais baixas da Terra. Ou seja, Ele mergulhou nas profundezas da humilhação na cruz e na sepultura. Ele enfrentou todas as forças do mal e triunfou sobre elas, exibindo-as abertamente. A verdadeira Arca da Aliança, Cristo, começou então Sua ascensão ao lugar de Seu descanso à direita de Deus. De lá, Ele deu presentes para o enriquecimento da Casa que Ele está construindo sobre a Pedra Fundamental que foi colocada em Sião.

Com esse pensamento, Hebreus 12:18-24 concorda perfeitamente: “Mas vós chegastes ao monte Sião”. Juntamente com o monte da maldição, com suas sete figuras da inacessibilidade de Deus, surge o monte da graça, com suas sete figuras da acessibilidade de Deus. Nesse último, vemos o sangue da aspersão como a base de todas as nossas bênçãos. Ali contemplamos nosso direito de entrar na cidade de Deus, nossa comunhão com Ele e com todos os habitantes do céu. As mesmas duas montanhas na Epístola aos Gálatas (4:21-31) são consideradas uma alegoria dos dois convênios. Uma que leva à escravidão e a outra que fala de liberdade, alegria e frutos. É em Sião, a esfera da graça, que oferecemos nossos sacrifícios sacerdotais e adornamos o templo de Deus com nossos louvores. Somos tanto sacerdotes quanto templo. Para o exercício de nossas devoções sacerdotais, são necessários: aptidão sacerdotal, pureza, alimento e estabilidade. A estabilidade sacerdotal é o resultado de sempre virmos a Cristo para sermos edificados Nele. O crente do Novo Testamento desfruta de um status sacerdotal que não é deste mundo (9-11). Além disso, seu comportamento deve ser sacerdotal (12, 20), e ele deve manter os olhos em Cristo, nosso exemplo perfeito (21-25).

R. McClurkin — “Escritos dos Irmãos de Plymouth”, 1960