Um dos maiores perigos que os cristãos deste século enfrentam é que o cristianismo acadêmico tem nos furtado partes importantíssimas da Palavra de Deus. O Velho Testamento não é mais considerado nos nossos dias como uma riquíssima fonte de verdades Divinas, repletas com as prefigurações miraculosas da pessoa de Cristo; pelo contrário, tornou-se mais um documento antiquado para ser estudado com uma frieza e separação impessoal do estudioso, como se faz com toda literatura semelhante. Ao invés de ser respeitado como o registro infalível das Ações de Deus para com os homens, agora é comparado e assemelhado com as mais recentes descobertas arqueológicas, as teorias científicas ou modas entre os historiadores.
Escondida atrás desta atitude, permanece uma velha superstição que: “A Palavra de Deus é incompreensível sem a explicação de “um expert”. Em alguns círculos religiosos, é o sacerdote que possui a chave dos mistérios das Escrituras, e em outros círculos – (inclusive evangélicos), frequentemente são os com graduação universitária. É óbvio que é muito atraente acomodar-nos atrás duma autoridade humana (catecismos e credos antigos), e até mesmo o ministério de um respeitado servo de Deus! Além do mais, a vida se torna muito mais fácil se temos alguém que tem o trabalho de pensar e estudar por nós! O problema é que ao aceitarmos inquestionavelmente os ensinamentos de qualquer homem, entramos em contradição com At 17:11-12 (onde os ensinamentos e pregações apostólicas eram conferidas com as Escrituras) e 2 Cor 1:24 (onde Paulo afirma que vencemos pela fé, e não pela fé de uma outra pessoa).Portanto, prezados jovens, insisto em que vocês submetam tudo o que ouvem ao teste das Escrituras. O simples ato de frequentar as reuniões não é o suficiente. Somos responsáveis perante Deus para praticarmos 1 Ts 5:21: “Examinai tudo. Retendo o bem”. Para descobrirmos “o bem” precisamos medi-lo perante a Palavra de Deus (Is 8:20). É necessário enfatizar este fato, pois há muitos jovens que pensam que o simples fato de frequentar regularmente conferências e reuniões de estudos Bíblicos é uma evidência de espiritualidade, e de fato não é. Uma leitura de Ez 33:30-33 rapidamente desfará essa ilusão. Não me entendam mal, frequentem reuniões onde a Palavra é ensinada, mas com um desejo de aprender, fazer anotações, conferir as anotações com a sua Bíblia ao chegar em casa e obedecer “o que as Escrituras ensinam” (e não o pregador). Isto sim, resultará em bênçãos!
E quanto ao Velho Testamento? Paulo testemunha do valor eterno das Escrituras do Velho Testamento em 1 Coríntios 10:1-12. Em primeiro lugar, ele indica que é importante como toda a Escritura. “Ora, irmãos, não quero que ignoreis…”. (1). Assim ele faz uma introdução clara e objetiva, um resumo da peregrinação do povo de Israel do Egito rumo à terra prometida. É óbvio que o apóstolo julgou tal instrução útil ao cristão. Da mesma forma como o Senhor Jesus, ele espera que o leitor tenha um conhecimento básico da História e da doutrina do Velho Testamento, ao frequentemente fazer referência com o propósito de validar os seus próprios ensinamentos (Rm 4:3; Gl 4:21-22; Mt 19:4-5; Mt 22:29). Tenham sempre em mente que os maravilhosos versículos que comprovam a inspiração, tais como 2 Tm 3:16-17 e 2 Pe 1:20-21, todos foram escritos primeiramente a respeito do Velho Testamento. Tudo o que Deus diz é de vital importância! Em segundo lugar, Paulo se refere ao Velho Testamento como histórico: “Ora, tudo isto lhes sobreveio” (11). Se lemos a respeito de Adão e Eva no jardim, do povo de Israel no deserto ou de Jonas no grande peixe, somos confrontados com fatos históricos. “Tudo isto lhes sobreveio…”., não foram imaginados nem inventados. Como Pedro diz referindo-se a uma maravilhosa experiência dele mesmo, “não seguindo fábulas artificialmente compostas” (2 Pe 1:16). Deus é o Deus da história, o grande “EU SOU” que transcende tempo e espaço.
Portanto, se Ele fala a respeito do passado, presente ou futuro todos os Seus pronunciamentos são semelhantemente infalíveis. Será que alguém espera que eu deposite a minha confiança e fé para salvação em um Deus que dá ratas históricas e científicas na Sua Palavra? É claro que não! Apesar da Bíblia não ser um manual de instruções de ciência ou história, é o Livro de Deus, e tudo o que Ele diz é por definição verdadeiro. Você pode confiar no Velho Testamento. Em terceiro lugar, todo o argumento de Paulo ilustra o valor moral do Velho Testamento. As experiências de Israel servem de exemplos para nós hoje: “Estas coisas foram-nos feitas para aviso nosso” (6 e 11), pois eles notavelmente retratam os caminhos de Deus para com o Seu povo. Veja bem, incidentes aparecem na Palavra, não por acaso, mas porque o Espírito Santo os tem selecionado para um propósito maravilhoso, afim de nos ensinar a respeito de Deus; a respeito da salvação; a respeito da natureza pecaminosa do homem; a respeito dos princípios inalteráveis da piedade. O Velho Testamento foi escrito “para nosso ensino” (Rm 15:4). Aceitem a providência Divina. Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28). Mas como esta doutrina se torna verdadeiramente real quando vemos demonstrado na vida de José (Gn 50:20)! De Gênesis até Malaquias encontramos um Tesouro de ilustrações aptas a cada verdade divina.
Finalmente, Paulo nos ensina o valor pictórico do Velho Testamento. Cada Bíblia é um livro ilustrado em que a história do Velho Testamento foi planejada e registrada especificamente por Deus para descrever Cristo. Falando da rocha da qual Moisés miraculosamente tirou água para os israelitas sedentos, Paulo escreve: “…e a pedra era Cristo” (4). Como? Simboliza o Senhor Jesus, ferido no Calvário para que a bênção espiritual possa fluir a nós em abundância. Não despreze as tipologias. Um tipo é historicamente genuíno e pode ser: uma pessoa (Adão – Rm 5:14); um objeto (a serpente – Jo 3:14); um evento (a formação de Eva – Ef 5:30-32); ou uma cerimônia (a Páscoa – 1 Cor. 5:7), que tem como atributo alcançar além do seu tempo, prefigurando o que Deus tinha predominante em Sua mente – as coisas concernentes ao Seu Filho.
Se um autor humano pode planejar o seu livro de tal maneira que os eventos no princípio simbolicamente antecipem a conclusão, é difícil acreditar que o Deus do universo possa organizar a história em uma prefiguração de Cristo? E Deus está sempre pensando em primeiro lugar nas coisas concernentes ao Seu Filho, portanto o Senhor Jesus é o tema principal da Bíblia. Siga, portanto, o exemplo do Salvador no caminho de Emaús. Não tenha receio de ter os seus olhos abertos do início até o fim das Escrituras para as coisas “concernentes a Ele” (Lc 24:27). Buscai a Cristo, e você não será decepcionado. E a Palavra completa de Deus tornar-se-á mais rica, mais doce e mais eficaz do que nunca na sua experiência.
David Newell – Revista “Believer’s Magazine” – Traduzido por William Crawford.