No início desta meditação liguemos juntamente os dois fragmentos seguintes da escritura.
“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mat. 4:4)”.Eu sou o pão da vida” (João 6:35).
Ninguém imaginaria que existe uma contradição nessas declarações, pois a segunda absorve a primeira. Enquanto a primeira refere-se ao pão que é transitório, e passageiro, temporal e da terra, e não é a base única da vida do homem como a vida é segundo à mente de Deus, não o que o homem chama de vida, o Senhor Jesus é o Pão que é essa Vida, e Ele mesmo é como o Pão, e como a Vida, a Palavra, a Palavra viva pela qual o homem viverá.
Ora, este maravilhoso relato da tentação do Senhor no deserto é construído sobre esse fato básico. Você nota que Ele tinha saído do Jordão, simbolicamente Ele tinha morrido, sido sepultado, e ressuscitado dentre os mortos. Isso é estabelecido no início do Seu ministério, e sobre isso, tudo procede, e a partir disso tudo surge em vida, em palavra, e em obra. Sabemos que Ele é especificamente “declarado ser o Filho de Deus com poder pela ressurreição dentre os mortos”; que essa ressurreição no Seu batismo simbolizado, tipificado, e prefigurado, é o terreno sobre o qual os céus são abertos e a voz do Pai é ouvida anunciando “Este é o meu Filho Amado”, a filiação no terreno da Ressurreição, e o principio dessa filiação, a Ressurreição da Vida que provou ser triunfante sobre a morte; essa Vida residente Nele mesmo como o Filho para tornar-se a base de todos os futuros triunfos, e essa Vida, para ser transmitida como Pão para todos os que estão nessa união da fé com Ele, da qual Ele fala: “aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede”. Esse é o pano de fundo ou a fundação disto. É importante ser perfeitamente claro quanto ao que está por trás desta tentação no deserto. É algo notável e cheio de significado que isto tenha sido prefigurado em cada detalhe na vida de Israel no deserto. Você fragmenta o oitavo capítulo de Deuteronômio e o quarto capítulo de Mateus e, que você tem?
- No segundo versículo da primeira passagem você tem, “E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto”.
- No capítulo de Mateus, – “quarenta dias e quarenta noites no deserto”.
- No primeiro, versículo terceiro, – “e te deixou ter fome”.
- No segundo, versículo segundo, – “depois teve fome”
- No primeiro, versículo segundo, “para te provar”
- No segundo, versículo primeiro, “para ser tentado (ou provado, a mesma palavra) pelo diabo”.
- No primeiro, versículo quinto, – “Saberás, pois, no teu coração que, como um homem corrige a seu filho, assim te corrige o Senhor teu Deus”.
- No segundo, versículo terceiro, – “disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães”
- No primeiro, versículo terceiro, – “e te sustentou com o maná”
- No segundo, versículo décimo primeiro, – “e eis que vieram os anjos e o serviram”
União-Vida com o Senhor
Agora você vê o relacionamento destas duas coisas. É apenas um estudo de referências marginais na medida em que o material diz respeito, o segredo interno que o Senhor deve desdobrar. Você vê que os princípios que jazem por traz destes dois relatos, são iguais. Israel tinha saído pela mão poderosa de Deus do Egito pelo Mar Vermelho – “batizados em Moisés na nuvem e no mar” e ressuscitados como dentre os mortos – Israel agora chamado Filho. Êxodo 4:22-23; Oseias 11:1. Israel agora “Filho” na base da Ressurreição. Israel agora na União de Vida com o Senhor da Vida em vitória sobre o senhor da morte que foi derrotado pelo sangue salpicado, e roubado de sua presa. Israel, liberto do destruidor – em terreno de ressurreição, participando tipicamente e em figura (não realmente) dessa vida triunfante sobre a morte na filiação, e nessa base, Israel foi testado, examinado, provado. “Ele te deixou ter fome – Ele te examinou (provou), para que Ele pudesse fazer você saber o que estava no coração de você, se guardarias seus mandamentos” (Sua palavra). “Para que Ele pudesse fazer você saber que não só de pão vive o homem, mas de toda palavra (palavra viva) que sai da boca do Senhor, o homem (não exista), mas viva”. Esta vida, veja, vai provar a si mesma por meio de testes; esta vida vai manifestar suas propriedades maravilhosas como a coisa que é triunfante na presença de profunda provação. Israel nessa base, e daí a administração espiritual do sustento divino num deserto, Deus entrando na aridez por – será que uso a palavra? Tenho medo dela – uma Vida mística, uma Vida secreta no maná. “que é?” o mistério do sustento deles: “que é?” eles disseram, quando viram o maná, esse sustento místico, a base da sobrevivência deles na tentação.
Agora quarenta anos no deserto. Quarenta, composto do cinco e oito. Cinco – Graça. Oito – Ressurreição. Quarenta sempre na Bíblia é o número do teste e triunfo; correção, disciplina, e resultante glória. Israel lá, quarenta anos. No caso do Filho, no terreno da Ressurreição, possuindo a Vida Divina – “ainda que era Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu”. Ele sofreu sendo tentado, aqui há provação; aqui há treinamento de Filho; disciplina de Filho, teste de Filho, mas para que toda essa coisa secreta, essa Vida, essa Vida mística, a qual não é tirada da terra, mas do alto, possa ser demostrada pela fé no universo, no poder deste triunfo poderoso.
Agora tome estas três tentações, e você achará que elas têm suas ilustrações na história de Israel aqui. Em Deuteronômio 8 você tem a primeira tentação: “Ele te deixou ter fome”.
“Depois Ele teve fome. Daí, o tentador veio e disse, se tu és o Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães”. Ele respondeu, citando esta escritura, “esta escrito, Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mat. 4).
Fé, Filiação, e Sentido
Qual é a natureza desta tentação em Israel e em Cristo? “Ele te deixou ter fome” – “Ele teve fome”. Ele está no deserto; eles estavam no deserto; absolutamente desligado de todo recurso terrenal, desprovido de tudo sobre o qual colocar qualquer confiança carnal. Pense, quarenta dias e quarenta noites no deserto, indubitavelmente num estado de severa pressão espiritual, um tempo de angustia espiritual real, e numa angustia que era deste caráter, tenho muita certeza – “você é deixado sozinho. Deus te deixou, tudo mais secou. Deus não está com você; não há evidências qualquer que sejam, nenhuma prova, nenhuma manifestação, você está só, você está abandonado”. Tudo afora falava de desolação, e essa desolação estava procurando envolver Seu Espírito. Ele foi isolado; Ele foi deliberadamente conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado. Você conhece a tentação de Israel ao longo dessa linha – “você ficou preso, enredado neste deserto, você ficou enredado aqui, e agora você é deixado com nada: você estava razoavelmente seguro quando estavas no Egito, você podia ver de onde a próxima refeição estava vindo. Por mais difícil que tenha sido, havia – em qualquer caso – todo recurso aparente de sustento e mantimento, um mundo de sentido”. Mas aqui não há nada, e tudo em volta de Israel gritava desolação, e tudo em volta do Filho de Deus estava gritando desolação, abandono, o nada.
Agora, qual é a base do triunfo? O diabo chega diretamente, ele disputa a mais recôndita realidade, a filiação. Ele desafia e disputa isso – “Se tu és o Filho de Deus…”. “Isto não demonstra muito que você seja um Filho amado, não é?” Ele está tentando jogar dúvida nisso. Qual é a resposta? A resposta que traz derrota ao inimigo nessa acusação é a resposta da fé na realidade interior. Existe algo mais do que a manifestação externa, algo infinitamente superior a isso. O fato da filiação existe quando tudo por fora tem secado. A Vida permanece no interior, mesmo num deserto, isolado: toda manifestação, provas, sentimentos, ou vista, tudo que daria uma garantia à carne é cortado. E então, o diabo desce e diz na presença de toda essa morte e desolação, “você não é o filho de Deus. Deus tem desistido de você. Se você fosse o filho de Deus, você acha que Ele permitiria isso? Você acha que Ele deixaria você sofrer dessa forma?” você vê a crueldade; mas a vitória chega ao assumirmos a posição sobre um fato alicerçado que existe a despeito de nenhum sentimento e nenhum aparecimento, “Tenho sido ressuscitado juntamente com Ele, tendo sido crucificado com Cristo”. Juntamente com Ele na semelhança da Sua morte, tenho sido juntamente ressuscitado com Ele”. Eu estou no terreno da Ressurreição, um filho, um filho na base dessa Vida. É mais profunda do que sentimentos, mais profunda do que sentidos, provas e manifestações externas: é algo que existe mais profundo do que a minha própria alma. Esse é o efeito disso. “Está escrito que minha vida como um filho de Deus, não é a vida que depende deste pão temporal do sentido externo, a minha vida existe na base de uma união de vida com Deus que é obediente pela fé quando não há sinal externo para encorajar essa obediência, ou fortalecer essa fé”. Esse é o terreno do triunfo. Filiação, Vida no terreno da Ressurreição pela união da Ressurreição, mas mais profunda do que todos nossos sentidos.
Se, amados, nossa vida consiste no pão que satisfaz nossas emoções e nossa razão, nosso desejo pela atividade e empreendimento, e trabalho e serviço, o diabo ganhará mais cedo ou mais tarde, pois as obras chegarão a um final. Os calores de nossas emoções morrerão, nossas mentes chegarão a um fim em tudo, então o teste da filiação surge, e o inimigo virá sobre nós. Sobre o que você tem vivido? Você tem vivido sobre a excitabilidade religiosa e sido mantido indo pelas muitas atividades da vida e obra religiosa? Se você tem sido sustentado pelo estimulo de emoções religiosas e atmosferas, elas estão destinadas a ser levadas a um final, e o inimigo virá nesse ponto e dirá. “Deus desistiu de você”. Note bem, Deus se encarregará disso. “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito”. Deus toma a iniciativa nisto para lançar as bases de Sua grande missão eterna, e essa fundação é lançada no Seu espírito numa Filiação a qual é mais profunda do que tudo o resto.
Então, você segue isso através de Sua vida. Se Cristo, para o cumprimento de Sua obra eterna nos três anos e meio, tivesse sido dependente de aplausos populares, do sucesso externo, de sinais e manifestações, Ele teria tido uma carreira acidentada, e quando esse dia chegou em que os gritos e aplausos deram lugar a o outro que disse, “acaba com Ele, crucificá-lo”; quando os discípulos o abandonaram, não andaram mais com Ele; quando o círculo mais íntimo cochilou na hora da Sua mais profunda necessidade de companheirismo; se Ele tivesse estado vivendo sobre isso, Ele nunca teria conseguido, mas Ele tinha uma mais profunda base do que essa, a qual carregou Ele quando tudo por fora caiu. Ele triunfou nisso e conseguiu chegar até o final, diretamente pela Cruz, e embora o momento escuro da necessidade veio a Ele quando Ele clamou, “Deus meu, por que me desamparaste?” Ele superou isso e o arrematou, “Pai, nas Tuas mãos entrego meu espírito”. Há triunfo no fim, porque o Espírito da Filiação era a base de tudo, mas Ele foi testado nisso. “Para te provar, para saber se guardarias ou não os seus mandamentos”.
Fé, Filiação, e Não Intervenção Divina
A segunda tentação. “Então o diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus”. Onde está escrito? Está escrito no sexto capítulo de Deuteronômio, versículo décimo sexto, “Não tentareis o Senhor vosso Deus, como o tentastes em Massá”, e isso leva você de volta a Massá em Êxodo 17: “Então disse o Senhor a Moisés: Passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai-te. Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe; ferirás a rocha, e dela sairá água para que o povo possa beber. Assim, pois fez Moisés à vista dos anciãos de Israel. E deu ao lugar o nome de Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao Senhor, dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou não?”.
“Está escrito, não tentarás o Senhor teu Deus”, citando a partir de Deuteronômio e Êxodo, que é esta tentação? “Está o Senhor no meio de nós, ou não?” Observe a similaridade disto, do que o inimigo está indo atrás neste deserto, nesta desolação, nesta solidão aparente, neste aparente abandono de Deus. A batalha da Cruz está sendo pré-combatida, e do que o inimigo está indo atrás é de conseguir que Ele atue numa forma que ponha Deus em questão, quanto a se Deus está com Ele, para envolver o Senhor por um ato de incredulidade. Se Ele fizesse isto, seria atuar para testar se o Senhor estava com Ele, se deslocando para testar se o Senhor estava com Ele; e isso levanta uma grande pergunta, está o Senhor conosco, ou não? Aqui está o teste da Filiação básica, vida básica.
Ó, meus queridos amigos, o Senhor quer nos ter bem fundamentados nisto, a natureza de nossa união com Ele, o único tipo de relacionamento que vai ser triunfante. É Cristo em você, a esperança da glória? Está o Senhor entre nós, ou não? Tem você uma fé no fato de que se você realmente é nascido de Deus, nascido do alto, unido ao Senhor, um Espírito, o Senhor está em você, Ele não é externo a você, Ele está em você, e esse fato tem que finalmente ser demonstrado no meio da morte. Por que o Senhor nos leva para um deserto, para esterilidade, para morte, para desolação, lá onde parece que nada sobreviverá? Para demonstrar o principio da sobrevivência, só quando parece ter havido lá um engolir da morte, que Ele, que é a Vida, o Pão da Vida, é levado para a constituição mesma deste Novo Homem, e embora o homem exterior pereça o homem interior está sendo renovado dia após dia, e Deus está permitindo-nos, ou melhor, causando-nos pelo Seu Espírito, descer ao deserto, e ter cortado tudo da nossa vida natural e recurso natural a fim de levantar no meio da morte, o testemunho de Sua Ressurreição. Ora, isso tem que ser verdadeiro na experiência espiritual.
Você vê que Ele estava pré-lutando a batalha do Calvário, porque no Calvário Ele tinha que descer até Hades. Não é simplesmente a colocação do Seu Corpo num túmulo – “Ele foi e pregou aos espíritos em prisão que foram outrora desobedientes”, “Ele desceu até as partes baixas”; Ele ficou enrolado em volta pelos poderes das trevas, as hostes do mal giraram sobre Ele. Ó, mas o testemunho de Jesus é que Deus ressuscitou Ele dentre os mortos: que Ele sobreviveu ao inferno; Ele sobreviveu a toda a jerarquia satânica; Ele sobreviveu a toda a extensão, esfera e poder do pecado universal de Adão em diante. Como? Por essa Filiação com a vida Divina que não podia ser retida pela morte. Esse é o Testemunho de Jesus. Nós nunca teremos que chegar a essa profundidade, e essa extensão, mas participaremos desse tipo de sofrimento. Estes são os sofrimentos que podemos participar. É por isso que Paulo coloca a ordem espiritual assim, “para que eu possa conhecê-Lo, e o poder da Sua Ressurreição, e a participação dos Seus sofrimentos, conformando-me a Ele na sua morte”. – A participação dos Seus sofrimentos no terreno do poder da Sua Ressurreição.
O Senhor pode tirar tudo no qual nós confiamos como homens; o Senhor pode levar-nos no nosso homem natural diretamente para a esfera da morte; o Senhor pode permitir nosso espírito estar envolvido em volta pela morte e algo de inferno e das potestades das trevas, a fim de que, lá em morte, o testemunho do poder da Sua Ressurreição possa ser estabelecido. Essa batalha foi lutada no deserto no caso do Senhor Jesus. Amados, somos chamados para participar nos “quarenta” nesse teste para essa vitória. Nós nunca entramos nos quarenta até que tenhamos ido sobre terreno de Ressurreição, graças a Deus! Quarenta dias; a provação da Igreja foi depois da Sua Ressurreição: quarenta dias: quarenta dias da provação do Senhor foram depois da Sua Ressurreição simbólica do Jordão; quarenta anos de Israel foram depois da emersão deles do Mar Vermelho. Os quarenta vêm depois da Ressurreição, e a Ressurreição é demonstrada através dos quarenta, a provação e a hora do teste, sempre resultando na glória. O resultado é certo porque a coisa já tem sido feita. Quando foi que o Senhor deu Caná nas mãos de Israel? Muito antes deles colocarem o pé dentro de Caná foi feito. A conclusão é a prova do que tem sido já feito, e a demonstração da fé em algo que tem acontecido.
Bem agora, o inimigo está procurando levantar uma pergunta na presença de morte. O Senhor está procurando levantar um testemunho, como o temos colocado, que, no meio de morte nós estamos em Vida.
Fé, Filiação, e Domínio do Mundo
Terceira tentação. “o diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles; e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares”. E a resposta: “Vai-te, Satanás; porque está escrito; ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás”.
“Está escrito”. Até onde isso te leva de volta?” Deuteronômio 6:12,19. “guarda-te, que não te esqueças do Senhor, que te tirou da terra do Egito, da casa da servidão. Temerás ao Senhor teu Deus e o servirás, e pelo seu nome jurarás. Não seguirás outros deuses, os deuses dos povos que houver à roda de ti; porque o Senhor teu Deus é um Deus zeloso no meio de ti; para que a ira do Senhor teu Deus não se acenda contra ti, e ele te destrua de sobre a face da terra… para que te vá bem, e entres, e possuas a boa terra, a qual o Senhor prometeu com juramento… para que lance fora de diante de ti todos os teus inimigos”.Observe do que o inimigo estava atrás. Bem, qual é o significado disto? Domínio mundial! Sim, essa é a busca de Cristo. É para isso pelo que Ele veio. Ele veio para os reinos deste mundo, e o diabo o sabe. É do Filho. O diabo sabe bastante bem, “a Quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também os mundos”; e ele sabendo que Ele é o Herdeiro, Ele disse, “este é o Herdeiro, vinde, matemo-lo”. Como podemos fazê-lo? Consiga que Ele se comprometa e adore em outra direção, e Deus será compelido a destruí-Lo. Isso é o que Deuteronômio diz, “não adorarás outros deuses, os deuses do povo, para que a ira do Senhor teu Deus não se acenda contra ti, e ele te destrua”. O Senhor destruiu todas as nações porque eles persistiriam em suas lealdades aos falsos deuses; não a ídolos, eles eram apenas uma expressão externa do sistema espiritual por trás. O sistema por trás daqui é “outro deus” e se o Senhor Jesus pode por quaisquer meios ser desviado para dividir a Sua aliança com Deus e reconhecer só o “outro deus” e os outros deuses, Deus será compelido a destruí-Lo. Ele não obterá os reinos do mundo.Então, qual é a lição? É a dominação do mundo na base de total, absoluta lealdade a Deus demonstrada sob a provação mais feroz. “Porque não foi aos anjos que Deus sujeitou o mundo vindouro, de que falamos. Mas em certo lugar testificou alguém dizendo: Que é o homem, para que te lembres dele? ou o filho do homem, para que o visites?” Nós somos chamados a participar do domínio, da soberania. Chamados para participar do trono do Filho; “Se sofrermos, também com Ele reinaremos”. “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono”. Você vê que somos chamados para a parceria do domínio mundial. O inimigo está lançando seus ataques mais ferozes sobre nós para obter um compromisso, uma aceitação da sua isca, uma dúvida em nós acerca de Deus; e o Senhor nos permite entrar no deserto, onde somos sujeitos a isso, a fim de que possamos aprender como reinar, e quando tenhamos aprendido a reinar em Vida pelo Homem Jesus Cristo o Único, você terá atingido o estado para reinar sobre a terra habitada por vir.
Agora, a Sua tentação é nossa tentação – partilhamos disso num sentido limitado. O inimigo, amados, está aí fora para roubar-nos do reino, o domínio, e nas horas de provação o Senhor não previne o inimigo de vir com toda sua crueldade tentando pressionar o assunto além da medida de resistência, para que de alguma forma clamemos contra Deus; neguemos Deus, questionemos Deus, duvidemos Deus, retiremos nossa lealdade de Deus, retiremos nossa fidelidade, fiquemos amargos para com Deus, e qualquer uma destas coisas simplesmente nos entrega nas mãos do inimigo e dá a ele posse sobre nós. Quando ele tiver feito isso, ele terá nos roubado do domínio, de nossa herança conjunta com o Herdeiro de todas as coisas. Você vê para o que somos chamados, e vê como o inimigo faz. Este domínio está sobre a base de lealdade indivisa estabelecida na maior extremidade da provação.
Para encerrar apontemos que este teste e prova era a base da grande obra que Cristo veio fazer. Ele fez uma coisa ímpar, na qual nós não podemos e não precisamos participar, mas existe uma obra a partir disso na qual Ele nos chama. Cada pedaço da obra de Deus em união com Cristo é sobre a mesma base, e o mais profundamente provado será sempre o mais grandemente usado. Existe aquilo na Filiação do Senhor Jesus que é exclusivo na Cabeça Trina, para o qual nós não podemos atingir; mas existe aquilo no engendramento de Deus, que nos faz vitalmente um com Cristo numa vida em comum e comunhão para o eterno propósito.
“Deus lida conosco como com Filhos”.
Theodore Austin-Sparks – “The Testing of the Son and the Sons” | Primeiramente publicado na revista “Uma Testemunha e Um Testemunho” Mar-Abr 1929, Vol.7-2.