“E, estando elas muito atemorizadas, e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos como vos falou, estando ainda na Galiléia” (Lc 24:5-6).
O primeiro dia da semana comemora a ressurreição de Cristo, e, seguindo o exemplo apostólico, temos constituído o primeiro dia da semana como nosso dia de repouso. Isso não nos sugere que o repouso de nossas almas deve ser achado na ressurreição de nosso Salvador? Não é certo que uma clara compreensão da ressurreição de nosso Senhor é, através do Espírito Santo, o meio mais seguro de trazer paz as nossas mentes? Ser participante da ressurreição de Cristo é desfrutar desse dia de repouso que resta para o povo de Deus. Nós que temos crido no Senhor ressuscitado entramos no repouso, assim como Ele mesmo repousa a destra de Deus. Nele descansamos porque Sua obra foi consumada e Sua ressurreição é a garantia de que aperfeiçoou todo o necessário para a salvação de Seu povo, e nós estamos completos Nele. Eu confio que, pelo poder do Espírito Santo, sejam semeados nas mentes dos crentes alguns pensamentos condutores ao repouso, enquanto realizamos uma peregrinação ao sepulcro novo de José de Arimatéia e vemos o lugar onde o Senhor esteve sepultado.
I. Primeiro, nessa manhã irei falar-lhes sobre certas LEMBRANÇAS INSTRUTIVAS que se aglomeram em torno do lugar onde Jesus dormiu “com os ricos na morte”.
Ainda que Ele não está ai agora, com toda certeza esteve ai uma vez, pois “foi crucificado, morto e sepultado”. Esteve tão morto como os mortos estão agora, a ainda que Ele não pudesse ver a corrupção, nem podia ser retido pelos laços da morte mais além do tempo predestinado, contudo, Ele esteve sem sombra de dúvida morto. Não restou nenhuma luz em Seus olhos, nem vida alguma em Seu coração. O pensamento fugiu de Sua fronte coroada de espinhas, e Sua boca de ouro emudeceu. Ele não morreu simplesmente em aparência, mas sim em realidade; a lança resolveu essa dúvida de uma vez por todas; portanto, tendo sido morto, foi colocado em um sepulcro como um idôneo ocupante da calada tumba. No entanto, como Ele não está ali agora, mas ressuscitou, nos corresponde recolher os objetos que nos recordam que Ele esteve ali. Não contenderemos com os sectários supersticiosos pelo “Santo sepulcro”, mas sim iremos recolher em espírito as preciosas relíquias do Redentor ressuscitado.
Primeiro, Ele deixou no sepulcro as especiarias. Quando ressuscitou, não levou as custosas ervas aromáticas com as que Seu corpo tinha sido envolto, mas sim as deixou lá. José tinha trazido cerca de 100 libras de peso de mirra e aloés, cujo odor permanece ainda. Nosso Senhor Jesus encheu o sepulcro de sepulcro no mais doce sentido espiritual. Já não cheira a corrupção nem a fétida putrefação, mas sim que podemos cantar com o poeta do santuário:
“Por que teríamos de temer que depositem
Nossos corpos no sepulcro?
Ali esteve a amada carne de Jesus,
E ela deixou um perfume duradouro”.
Aquele humilde leito na terra está agora perfumado com custosas especiarias e se apresenta enfeitado com flores aromáticas, pois sobre sua almofada nosso Amigo mais verdadeiro apoiou Sua santa cabeça uma vez. Nós não retrocederemos com horror das câmaras dos mortos, pois o próprio Senhor as percorreu, e onde Ele esteve, o terror se dissipa.
O Mestre deixou também Seus lençóis ao partir. Não saiu da tumba envolto com uma mortalha; não levava as vendas da tumba como um traje da vida; mas quando Pedro entrou no sepulcro, viu os lençóis sozinhos e cuidadosamente dobrados. Atrevo-me a dizer que Jesus os deixou ali para que fossem as cortinas do aposento real onde Seus santos se entregam ao sono. Olhem como eles encobriram nosso último leito! Nosso dormitório já não é sombrio e nu, como a cela de uma prisão, mas sim está decorado com um linho fino e com lindos estofados: é um aposento digno de príncipes! Iremos ao nosso último aposento em paz, porque Cristo o mobiliou para nós. Ó, se mudamos a metáfora, poderíamos dizer que nosso Senhor deixou esses lençóis para que os consideremos como garantias de Sua comunhão conosco em nosso humilde estado, e como lembranças de que assim como Ele despojou-se das vestes da morte, assim nós também o faremos. Ele levantou-se de Seu divã e deixou ali Seus pijamas em sinal de que quando nós despertemos, haverá também outras vestes prontas para nós.
Mudarei de novo a figura, e direi que assim como temos visto velhas bandeiras esfarrapadas penduradas nas catedrais e em outros edifícios nacionais como lembranças dos inimigos derrotados e das vitórias conquistadas, assim também, na cripta onde Jesus venceu a morte estão penduradas Seus panos, como troféus de Sua vitória sobre a morte, e como nossa garantia de que todo Seu povo será mais que vencedor por meio Daquele que o amou. “Onde está, ó morte, seu aguilhão? Onde está, ó sepulcro, sua vitória?”
Logo, cuidadosamente enrolado em um lugar separado, nosso Senhor deixou o sudário que tinha coberto Sua cabeça. O sudário está agora por ali. O Senhor já não necessitava dele quando ressuscitou. Os que choram podem usá-lo como um lenço para enxugar suas lágrimas. Vocês, viúvas, e vocês órfãos – vocês irmãos que se lamentam e vocês irmãos que choram – vocês, vocês, Raquéis que não querem ser consoladas porque seus filhos pereceram, tomem aqui, tomem esse sudário com o qual envolveram o rosto de seu Salvador, e enxuguem suas lagrimas para sempre. O Senhor verdadeiramente ressuscitou e, portanto, assim disse Jeová: “reprime do pranto tua voz, e das lágrimas teus olhos… porque voltarão da terra do inimigo”; “Teus mortos viverão”. Ó, você que guarda luto, seus seres queridos ressuscitarão conjuntamente com o cadáver do Senhor; portanto, não se aflijam como fazem o que não tem esperança, pois se vocês creem que Jesus morreu e ressuscitou, o Senhor levará consigo também aos que dormem em Jesus.
O que mais o Salvador ressuscitado deixou para trás? Nossa fé tem aprendido a recolher algumas doces recordações do leito do tranquilo sono de nosso Senhor. Bem, amados, Ele deixou anjos atrás de si, convertendo assim a tumba em:
“Uma cela onde os anjos estão
Em ir e vi com novas celestiais”.
Os anjos não tinham estado antes na tumba, mas, em Sua ressurreição, desceram até lá; um deles rodou a pedra, e outros se assentaram onde o corpo de Jesus tinha sido colocado. Eles eram assistentes pessoais e a escolta do Grandioso Príncipe, e, portanto, lhe prestaram assistência em Sua ressurreição, vigiando a entrada e respondendo às perguntas de Seus amigos. Os anjos são cheios de vida e vigor, mas não duvidaram em se reunir no sepulcro para adornar a ressurreição da mesma forma que as flores enfeitam à primavera. Eu não leio que nosso Senhor tenha jamais retirado os anjos do sepulcro de Seus santos; e agora, se os crentes morrem, tão pobres como Lázaro, e tão enfermos e tão desprezados como ele, os anjos transportarão suas almas ao seio de seu Senhor, e seus corpos serão vigiados pelos espíritos guardiães tão certamente como Miguel guardou o corpo de Moisés e contendeu por ele com o inimigo. Os anjos são tão servidores dos santos viventes como são custódios de Seu povo.
O que mais deixou nosso Amado para trás? Ele deixou uma passagem aberta desde o sepulcro, pois a pedra foi rolada; essa casa da morte está sem portas. Se o Senhor não vier logo, nós também desceremos ao calabouço da tumba. O que eu disse? Eu chamei de “calabouço”; mas, como chamar de calabouço se ele não tem mais ferrolhos nem trincas. Uma prisão é uma prisão se não ela tem nem mesmo uma porta que deixe preso seus ocupantes? Nosso Sansão arrancou as colunas e espatifou as portas da tumba com todas suas barras. A chave foi retirada do cinturão da morte e hoje é levada pela mão do Príncipe da Vida. O selo quebrado e os vigilantes desfalecidos são sinais que o calabouço da morte não pode reter mais seus cativos. Assim como Pedro, quando foi visitado pelo anjo, viu que suas cadeias se romperam e que as portas de ferro se abriram sozinhas, assim também os santos encontrarão um escape disponível na manhã da ressurreição. Dormirão por um tempo, cada um em seu lugar de descanso, mas se levantarão sem problemas, já que a pedra do sepulcro foi rolada. Um poderoso anjo rodou a pedra, pois era muito grande, e quando ele o fez, se sentou sobre ela. Suas vestes eram brancas como a neve, e seu rosto era como o relâmpago, e estando sentado sobre a pedra, ele parecia dizer à morte e ao inferno: “coloquem ela de volta se puderem”:
“Quem reconstruirá a prisão do tirano?
O cetro que caiu de suas mãos ficou quebrado;
Seu domínio acabou; o Senhor ressuscitou;
Os indefesos logo serão libertos de seus laços”.
Aventuro-me a mencionar mais uma coisa que meu Senhor deixou em Sua tumba abandonada. Visitei faz alguns meses vários dos grandes edifícios com nichos para urnas crematórias que se acham fora das portas de Roma. Você entra em um grande edifício, na terra, e desce muitos degraus, e conforme desce, observa nas quatro paredes da grande câmara, inumeráveis pequenos armários onde estão depositadas as cinzas de dezenas de milhares de pessoas que faleceram. Usualmente na frente de cada compartimento preparado para recepção das cinzas existe uma lâmpada. Eu vi centenas, se não milhares, dessas lâmpadas, mas todas estão apagadas, e certamente dão a impressão de jamais terem sido iluminadas. Não projetam nenhum raio sobre as trevas da morte. Porem, nosso Senhor entrou na tumba e a iluminou com Sua presença: “a lâmpada de seu amor é nossa guia através da penumbra”. Jesus trouxe a vida e a imortalidade à luz por meio do Evangelho; e agora existe luz nos pombais onde se colocam os cristãos; sim, em cada cemitério existe uma luz que arderá através das vigílias da noite da terra até que amanheça o dia e as sombras fujam e então desponte a manhã da ressurreição.
Assim, então, a tumba vazia do Salvador nos deixa muitas doces reflexões que guardamos para nossa instrução.
II. Nosso texto fala expressamente das BUSCAS VÃS: “por que buscais entre os mortos ao que vive? Não está aqui, mas ressuscitou”.
Existem lugares onde os buscadores de Jesus não deveriam esperar encontrá-Lo, independente de quanto sejam diligentes sua busca e de que sincero seja seu desejo. Não se pode encontrar um homem onde ele não está, e existem certos lugares nos que Cristo não pode jamais ser achado. Nesse presente momento vejo muitos seres que buscam a Cristo entre os monumentos do cerimonialismo, ou no que Paulo chamou “os débeis e pobres rudimentos”, pois eles “guardam os dias, meses, tempos e anos”. Desde que nosso Senhor ressuscitou o judaísmo e toda forma de cerimônia simbólica não passam de nada mais que sepulcros, tipos foram ordenados pelo próprio Deus, mas que quando veio à substância mesma dessas coisas, se converteram em sepulcros vazios e nada mais. Desde então os homens inventaram outros símbolos que nem sequer tem a sanção da autoridade divina, e que só são tumbas de mortos. Nessa época presente o mundo foi loucamente atrás de seus ídolos, sendo enganado e iludido por aqueles que têm um zelo por Deus, mas não conforme a ciência. Certamente nunca houve um período, inclusive quando Roma era dominadora, em os homens se apegaram a cerimônias com tanta velocidade como que no presente dia; converteram o cristianismo em um julgo maior de servidão do que foi o próprio judaísmo; porem, uma alma sincera e desperta em vão esperará encontrar Jesus entre essas vãs representações. Elas podem deslizar-se de um dia santo a outro, e de um lugar santo a outro, e de palavras mágicas para outras, porem, não encontrarão ao Salvador em nada disso, pois Ele mesmo declarou assim: “Nem nesse monte nem em Jerusalém adorareis ao Pai… Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4:23). Jesus rasgou o véu e aboliu a adoração cerimonial, e, no entanto, os homens buscam revivê-las, edificando os sepulcros que o Senhor demoliu. Ele repete aos nossos ouvidos a advertência nesse dia: “Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o SENHOR, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher” (Dt 4:15-16). No entanto, certos homens entre nós estão dedicados a levantar os altares que nossos piedosos antepassados derrubaram, e a obra dos reformadores e dos protestantes tem que ser realizada de novo agora. Que Deus nos envie um Knox ou um Lutero com um maravilhoso martelo para fazer pedaços dos ídolos que dos sacerdotes de Baal que estão se levantando! Buscam o vivo entre os mortos. Jesus não está em suas missas nem em suas procissões. Ele ressuscitou muito além de tal adoração carnal. Se Ele fosse um Cristo morto, tal adoração poderia até ser, talvez, um apropriado desfile sobre Sua tumba, mas para um que vive para sempre, deve ser insultante apresentar um serviço tão materialista.
Mas, ai, existem muitas outras pessoas que estão buscando a Cristo como seu Salvador entre as tumbas da reforma moral! Nosso Senhor comparou os fariseus com sepulcros caiados; internamente estava cheios de ossos, mas exteriormente estavam formosamente adornados. Ó, de que forma os homens tratam de se branquearem quando se colocam intranquilos quanto as suas almas! Renunciam algum pecado grave, não de coração, mas somente em aparência, e cultivam certas virtudes, não de alma, mas somente por ato externo, e assim esperam ser salvos ainda que sigam sendo inimigos de Deus, amantes do pecado e avarentos buscadores da paga da injustiça. Esperam que o exterior limpo do vazo e do prato satisfaça o Altíssimo, e que Ele não seja tão severo para revisar o interior e provar seus corações.
Ó senhores, vocês buscam ao vivo entre os mortos? Muitos têm buscado paz para suas consciências por meio de suas reformas morais, mas se o Espírito Santo os convenceu verdadeiramente de pecado, logo eles descobrirão que estavam buscando um Cristo vivo entre as tumbas. Ele não está aqui, pois ressuscitou. Se Cristo estivesse morto, muito bem poderíamos dizer-lhes: “Vão e façam tudo que possam para serem seus próprios salvadores”; porem, entanto que Cristo está vivo, Ele não precisa de sua ajuda. Ele os salvará de princípio a fim, ou não o fará de forma alguma. Ele será o Alfa e o Ômega para vocês, mas se vocês colocarem suas mãos sobre Sua obra e pensarem que podem ajudar ao Senhor de alguma maneira, você já teriam desonrado Seu santo nome, e Ele não teria nada que ver com vocês. Não busquem uma salvação viva entre os sepulcros da formalidade externa.
Muitíssimas pessoas também estão esforçando-se para encontrar o Cristo vivo entre as sepulturas que se aglomeram aos pés do Sinai; elas olham para lei buscando vida, mas o ministério dela é morte. Os homens pensam que devem de ser salvos guardando os mandamentos de Deus, que devem fazer o melhor que podem, e concebem que seus esforços sinceros serão aceitos, e que assim se salvarão por eles mesmos. Essa ideia de justiça própria é diametralmente oposta ao espírito do Evangelho. O Evangelho não é para você que crê que pode se salvar a si mesmo, mas para os que estão perdidos. Se você pode salvar a si próprio, anda a faz isso, e não burle do Senhor com suas hipócritas orações. Anda e tropeça entre as tumbas do antigo Israel, e pereça como eles pereceram no deserto, pois nem Moisés nem a lei podem conduzi-los ao repouso. O Evangelho é para os pecadores que não podem guardar a lei, que a quebrantaram e que incorreram em seu castigo, e que sabem o que o fizeram e o confessam. Para tais pessoas veio um Salvador vivo que apaga suas transgressões. Não busquem a salvação pelas obras da lei, pois por elas nenhuma carne vivente será justificada. Pela lei vêm o conhecimento do pecado e nada mais; mas a justiça, paz, vida e a salvação vêm pela fé no Senhor Jesus Cristo vivo e não por outros meios. “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”; mas se o seu propósito for estabelecer sua própria justiça, com toda certeza você perecerá, porque terá rejeitado a justiça de Cristo.
Existem outros que buscam ao Jesus vivo entre as tumbas tratando de identificar algo bom na natureza humana, em seus próprios corações e em sua disposição natural. Posso vê-los agora, pois o conheci desde muito tempo, e essa tem sido sempre sua insensatez: você irá ao ossuário de sua própria natureza e perguntará: “Jesus está aqui?”. Amado, você está triste e deprimido, e isso não me surpreende. Olhe aqueles ossos secos e esses esqueletos embranquecidos. Olhe esse monte de podridão, essa massa de corrupção, esse corpo de morte; você pode tolerar o espetáculo? “Ah” você responde – “eu verdadeiramente sou um homem desventurado, mas anelo achar algo bom em minha carne”. Ó amado, suspiras em vão, pois olhar em sua própria natureza carnal para encontrar consolação equivale a vasculhar o inferno para encontrar lá o céu. E aqui, nesse dia, Deus abandonou à velha natureza e a entregou à morte. Sob a antiga lei, a circuncisão significava remover a imundícia da carne, como se depois que essa imundícia desaparecesse a carne pudesse ser melhorada, mas agora, sob o novo pacto, temos um símbolo muito mais profundo, pois “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:3-4). O homem velho está enterrado como algo morto, de quem não pode sair nada de bom. “Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado” (Rm 6:6). Deus não tenta renovar a velha mente carnal, mas faz de nós novas criaturas em Cristo Jesus. Se qualquer homem que pratica a introspecção com o alvo da consolação, bem poderia acumular blocos de gelo de Wenham com intenção de queimar uma cidade. Se vocês estão dando corda para seus corpos e sentimentos, para seus pensamentos e imaginações com o fim de descobrir consolo, é como se esperassem encontrar preciosos diamante varrendo as estradas. “Não está aqui”, diz a totalidade de nossa velha natureza. Não está aqui; ressuscitou; e para consolação, devem olhar unicamente para Ele, que está entronizado nos céus.
Ademais, muitas pessoas tentaram encontrar Cristo no meio das sombrias catacumbas da filosofia do mundo. Por exemplo, no Domingo lhes encanta receber um sermão saturado de pensamento, e o significado moderno de pensamento é algo que está mais além, se não é que oposto, ao simples ensino da Bíblia. Se um homem fala para sua congregação do que encontra nas Escrituras, é dito que ele “fala banalidades”; mas se um homem diverte sua congregação com seus próprios sonhos, sem importar quão opostos pudessem ser dos pensamentos de Deus, então é considerado “um pensador”, é um “pregador altamente intelectual”. Poderia até existir alguns que amem as divagações dos sonhadores e as durezas dos céticos acima de todas as coisas. Se eles podem ouvir o que um professo infiel diz contra a Inspiração, se podem ser entretidos com a mais recente blasfêmia, alguns destes ouvintes sentem que estão logrando avanços nessa cultura mais sofisticada, que é tão alardeada em nossos dias. Porem, creiam-me, as cavernas frequentadas pelos morcegos da falsa filosofia e da pretendida ciência foram exploradas uma e outra vez, mas a salvação não habita nelas. Nos dias de Paulo havia gnósticos que andavam por todos os serpeantes lugares de erudição vangloriosa, mas só descobriram “outro Evangelho que não era outro”. O mundo não conheceu a Deus pela sabedoria. Depois de perambular em meio das sombrias catacumbas da filosofia, regressamos a respirar ao fresco ar fresco da Palavra vida, e no tocante aos labirintos da ciência, expressamos com voz entrecortada a frase: “o Senhor não está aqui”. A razão não O encontrou em suas mais profundas minas, nem a especulação O achou em seus mais elevados voos, ainda que de verdade, Ele não está longe de nenhum de nós. Atenas tem seu Deus desconhecido, mas, no simples Evangelho, Deus é conhecido na pessoa de Jesus. Sócrates e Platão sustentam suas velas, mas Jesus é o sol. Nossos pensadores modernos criticam, disputam e, no entanto, em nosso meio, um Cristo vivo converte os pecadores, anima aos santos e glorifica a Deus. Se o Senhor fosse um tema morto para debate, a filosofia poderia nos ajudar; mas como Ele é um poder vivente, um grão de fé Nele é melhor do que montanhas de filosofia.
Ó vocês que não conhecem a vida interior, nem o Espírito vivificador, o que vocês têm haver com o Senhor ressuscitado? Que vocês se convertessem nos árbitros da verdade concernentes a Jesus nosso Senhor equivaleria que o verme da corrupção se convertesse em um juiz de querubins.
Eu ansiosamente desejo, verdadeiramente, que vocês que estiveram buscando a salvação em qualquer dessas direções renunciem a essa desesperada tarefa e entendam que Cristo está perto de vocês, e se vocês creem Nele com o coração e com a boca o confessam, serão salvos. “Olhai para mim e seus salvos, todos os términos da terra, porque eu sou Deus e não há outro”: esse é o clamor Dele para vocês. “A fé é pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Deus”. “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”, Jesus ainda vive, e pode salvar perpetuamente. Tudo o que se tem que fazer é simplesmente voltar para Ele o olhar de sua fé: por essa fé, Ele se converte seu, e você é salvo, mas, ó, não busque entre os mortos Aquele que vive, pois Ele ressuscitou.
III. Vamos mudar outra vez nosso teor e vamos considerar, em terceiro lugar, OS DOMICÍLIOS INADEQUADOS. Os anjos disseram às mulheres: “não está aqui, mas ressuscitou”.
O que equivale a dizer: posto que Ele vive, não mora aqui. O Cristo vivo poderia ter ficado na tumba e converter o sepulcro em Seu lugar de repouso, mas isso não teria sido apropriado; e isso nos ensina hoje que os cristãos devem morar em lugares apropriados para eles. Vocês ressuscitaram em Cristo, portanto, não deveriam residir no sepulcro. Irei falar-lhes agora aos que, para efeitos práticos, vivem no sepulcro, ainda que tenham ressuscitado dos mortos.
Alguns deles são excelentes indivíduos, mas seus temperamentos e talvez suas erradas convicções do dever lhes conduz a estarem perpetuamente sombrios e desanimados. Esperam ter crido em Cristo, mas não estão seguros; confiam que são salvos; mas não seriam o suficiente presunçosos para dizê-lo. Não se atrevem a ser felizes desfrutando da convicção de que são aceitos no Amado. Amam a corda lamentosa da harpa, e lamentam um Deus ausente. Esperam que as promessas divinas serão cumpridas; confiam que, talvez, em um desses dias eles poderão sair à luz e que verão um pouco da luminosidade do amor do Senhor, mas agora estão dispostos a se deter e, por hora, moram no vale da sombra da morte e sua alma está dolorosamente sobrecarregada.
Querido amigo, você pensa que essa é uma condição apropriada para um cristão? Eu não irei negar seu cristianismo nem por um momento, pois não tenho nem a metade das dúvidas sobre isso das que você mesmo têm; tenho uma melhor opinião de você do que você mesmo tem de você. O mais trêmulo crente em Jesus é salvo, e sua pouca fé o salvará; porem, realmente você crê que Cristo tinha a intenção de que você ficasse onde está, sentado na fria e silenciosa tumba, no meio do pó e das cinzas? Por quê você deveria se manter na clandestinidade? Por que não vir ao jardim do Mestre onde as flores exalam seu perfume? Por que não desfrutar da fresca luz da plena segurança e do doce alento das influências consoladoras do Espírito? O que habitava entre as tumbas era um louco; não o imite. Não diga: ‘eu fui tão pecador que isso é tudo o que mereço desfrutar’, pois ao falar de merecer, já tem deixado por completo o Evangelho. Eu sei que você crê em Jesus, e que não renunciaria sua esperança por nada nesse mundo; você sente, depois de tudo, que Ele é um Cristo precioso para ti; vem, então, regozija-se Nele, ainda que não possa se regozijar em você mesmo. Vem amado, sai dessa horrível cripta, a deixe de imediato! “Ainda que vos tenhais deitado entre redis, contudo sereis como as asas duma pomba, cobertas de prata, e as suas penas, de ouro amarelo” (Sl 68:13). Seu Senhor se aproxima de você nessa hora e lhe diz: “Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face graciosa” (Ct 2:14). Membros do corpo de um Salvador ressuscitado, vocês irão ficar ainda na tumba? Levantem-se e saiam! Não duvidem mais. Ó crente, que motivo você tem para duvidar de seu Deus? Ele mentiu alguma vez? Não questione mais o poder do sangue precioso. Porque você haveria de duvidar Dele? Esse sangue não é capaz de lhe limpar do pecado? Não pergunte mais sobre se você é salvo ou de poder sê-lo; se você crê, você está tão seguro como Cristo está; se você está apoiado Nele, você não pode perecer mais do que Cristo pode perecer; Sua palavra o garantiu, Sua honra está envolvida nisso e Ele certamente o levará ao repouso prometido; portanto, você deve ser feliz.
Vamos, eu conheço a um irmão que viveu enterrado nas catacumbas e nas criptas por tanto tempo que ele condena a seus irmãos porque eles vivem na luz do sol, e diz: “não posso entender que um homem fale tão confiadamente, não posso entendê-lo”. Meu querido irmão, que você não possa entendê-lo não quer dizer que esteja mal. Existe muito sobre as águias que as corujas não entendem. Você, que está inquietando-se e preocupando-se sempre dessa forma, está pecando contra Deus, está contristando Seu Espírito, está atuando inconscientemente com sua profissão de fé cristã, e, no entanto, ainda se atreve a julgar os outros que creem que Deus é verdadeiro e tomam Sua palavra em conta, e, portanto, obtêm gozo e consolo de Sua promessa. Jamais faça isso; seria algo malvado que você se colocasse como juiz. Em vez disso, ore pedindo ao Senhor que levante a luz de Seu rosto sobre ti, para que lhe dê gozo e paz na fé, pois Ele diz isso: “Alegrai-vos no Senhor e gozai, justos; e cantai com júbilo todos vós os retos de coração”. Saia da tumba, querido irmão, pois Jesus não está ali, e, se Ele não está lá, por que você deveria de estar? Ele ressuscitou. Ó, levante-se e seja consolado, também, no poder do Espírito Santo.
Outro tipo de gente parece morar entre as tumbas: refiro-me a cristãos – e confio que sejam verdadeiros cristãos – mas que são muito, muito mundanos. Que um homem seja diligente nos negócios não é pecado, mas é uma lastimável falha quando a diligência nos negócios destrói o fervor do espírito e quando não se serve a Deus na vida cotidiana. Um cristão deveria ser diligente para prover coisas honestas aos olhos de todos os homens, mas existem alguns que não se contentam com isso. Eles têm o suficiente, porem, cobiçam mais, e quando tem mais, ainda estendem seus braços como mares para abraçar toda a costa, seu pensamento principal não é Deus, mas sim o ouro; não é Cristo, mas sim a riqueza.
Ó irmãos, irmãos, permitam-me repreendê-los sinceramente, para que não recebam uma severa reprovação, na providência, em suas próprias almas. Cristo não está aqui! Ele não habita nos montes de prata. Vocês poderiam ser muito ricos, e, no entanto, poderiam não encontrar a Cristo em todas essas riquezas; e poderiam ser pobres, e ainda assim, se Cristo estivera com vocês, seriam felizes como os anjos. Ele não está aqui, ressuscitou! Uma tumba de mármore O reteria, nem uma tumba de ouro poderia contê-LO. Não permita que contenha você. Desenrole a mortalha encerrada em seu coração; lança todo seu cuidado sobre Deus que cuida de você. Deixe que sua conversa seja no céu. Não coloque seu afeto nas coisas da terra, e sim o coloque nas coisas de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.Direi algo mais sobre esse ponto e é um tema mais doloroso ainda: existem alguns professos que vivem no depósito de cadáveres do pecado. No entanto, dizem que são membros do povo de Deus. Não, não direi que vivem no pecado, mas fazem algo que talvez seja pior: buscam o pecado para encontrar nele seus prazeres. Eu suponho que podemos julgar a um homem mais por aquilo em que ele acha prazer do que qualquer outra coisa. Um homem poderia dizer: “eu não frequento sempre os divertimentos do mundo; nem sempre me encontro onde o pecado se mescla com o júbilo, nem onde os mundanos dançam na beira do inferno; mas vou ali de vez em quando para desfrutá-lo às vezes”.
Não posso evitar a observação de Rowland Hill, quem, quando se reuniu com um professo que ia ao teatro e que era membro de sua igreja, disse: “Entendo que você vai ao teatro”. “Não” – lhe respondeu o professo – “eu só vou de vez em quando para satisfazer-me” “Ah”- disse o Sr. Hill – “isso piora tudo. Suponha que alguém diga: ‘o Sr. Hill é um ser estranho, pois come carniça’. Então me perguntariam: ‘é verdade, Sr. Hill, que você vive de carniça?’ ‘Não, eu não como carniça habitualmente, mas como um pratinho de carniça de vez em quando para matar a vontade’. Pois bem, você pensaria que eu sou mais sujo que o que teria sido se a comesse sempre”.
Existe uma grande força nessa observação. Se tudo aquilo que beira o imundo e o lascivo é um deleite para você, então seu próprio coração é imundo, e você está buscando seu prazer e consolo entre os mortos. Existem algumas coisas das quais os homens derivam satisfação em nossos dias que só são idôneas para fazer os idiotas rirem e os anjos chorarem. Sejam seletivos, homens e mulheres cristãs, enquanto suas companhias. Vocês são irmãos de Cristo; por acaso irão se juntar com os filhos de Belial? Vocês são herdeiros da perfeição em Cristo; mesmo agora estão vestidos de linho imaculado e são formosos e belos aos olhos de Deus; vocês são um sacerdócio real, são os eleitos da humanidade; vocês arrastarão suas vestes na lama e se tornarão motivo de piadas dos filisteus? Vocês se juntarão com os necessitados filhos do mundo? Não; atuem de acordo com sua estirpe e a sua natureza nascida de novo, e não busquem jamais o vivo entre os mortos. Jesus nunca esteve ali; tampouco vocês se dirijam para lá. Ele não amou o ruído nem o barulho dos prazeres do mundo; Ele tinha alimentos de outro tipo. Que Deus lhes conceda sentir a sólida vida da ressurreição dentro de seus espíritos.
IV. Porém, sigo adiante. Em quarto lugar, quero adverti-lhes contra OS SERVIÇOS IRRACIONAIS.
Essas boas pessoas para quem os anjos disseram: “não está aqui, mas ressuscitou”, levavam uma carga, e o que era que levavam? Levavam libras de especiarias, as mais preciosas que puderam comprar. O que pretendem fazer? Ah, se um anjo pudesse rir, eu pensaria que ele deve de ter rido ao dar-se conta de que essas pessoas vinham embalsamar a Cristo. “Não está aqui; e mais; não está morto, ele não precisa ser embalsamado, Ele vive”.
Talvez vocês tenham visto por toda Inglaterra na Sexta Feira Santa, e também no Domingo de Glória, as multidões de pessoas – não tenho nenhuma dúvida que são pessoas muito sinceras – que vem embalsamar a Cristo. Tocam um sino porque Ele está morto, e jejuam e cantam tristes hinos sobre seu Salvador morto. Eu bendigo ao Senhor porque meu Redentor não está morto, nem tenho que tocar um sino fúnebre por Ele. Ele ressuscitou, Ele não está aqui! Aqui vem multidões deles com seus linhos finos, e suas preciosas especiarias para cobrir um Cristo morto. Esses homens estão loucos? Porem, eles respondem, ‘nós só estávamos fazendo outra representação’. Ó, se tratava disso? Tratava-se de farsas práticas? Encenar a gloriosa expiação do Calvário como se fosse uma obra teatral! Então eu acuso os atores de blasfêmia diante do trono do Deus eterno que ouve minhas palavras; os acuso de irreverência por se atreverem a ensaiar em mímica o que foi feito uma vez e para sempre, e que não se deve jamais repetir. Não, não posso supor que tiveram a intenção de remendar o grandioso sacrifício, e, portando, concluo que pensaram que seu Salvador estava morto, e então eles disseram: “Toquem os sinos por Ele! Ajoelhem-se e chorem diante de Sua imagem na cruz”. Se eu cresse que Jesus Cristo morreu na Sexta Santa, eu festejaria todo o dia devido que Sua morte já passou; como Ele ordenou que o excelso festival da Ceia do Senhor seja Sua comemoração, e eu sigo Seu mandato, eu não guardo nenhum jejum. Quem se sentaria e choraria por um amigo que morreu, se soubesse que ele foi restaurado à vida e que foi exaltado em poder? Por que se inclinar aos mortos por um amigo vivo? No entanto, não condeno mais à boa gente do que os anjos condenaram àquelas santas mulheres, só que podem levar suas especiarias para casa e seu linho fino também, pois Jesus vive e não necessita dessas coisas.
Muitas pessoas exigentes fazem o mesmo de outras formas. Olhem como elas dão um passo a frente em defesa do Evangelho. Descobriu-se por meio da geologia e da aritmética que Moisés está equivocado. Na mesma hora muitos saem para defender Jesus Cristo. Argumentam a favor do Evangelho, e se desculpam por ele, como se agora ele estivesse um pouco rançoso, e como se necessitássemos mudá-lo para adequá-lo aos descobrimentos modernos e às filosofias da época presente. Isso me parece exatamente com se aproximar com seu linho fino e com suas especiarias preciosas para envolver Cristo. Leve-os embora. Eu me pergunto se Butler e Paley não criaram juntos mais infiéis do que jamais os curaram, e se a maioria das defesas do Evangelho não são puras impertinências. O Evangelho não precisa ser defendido. Se Jesus Cristo não estivesse vivo, e não pudesse pelejar Suas próprias batalhas, então o cristianismo estaria em uma situação de risco. Porem, Ele vive, e só temos que pregar Seu Evangelho em toda sua desnuda simplicidade, e o poder que sai com ele será a evidência de sua divindade. Nenhuma outra evidência jamais convencerá à humanidade. As apologias e as defesas têm boas intenções, sem dúvida, como também o embalsamento tinha boas intenções por parte dessas boas mulheres, mas são de pequeno valor. Dê espaço para Cristo, dê-lhe espaço e oportunidades para Seus pregadores pregarem o Evangelho, e deixem que a verdade seja levada em uma linguagem simples, e logo se ouvirá o Mestre dizer: “levem as especiarias, levem embora o linho! Eu estou vivo, e não preciso dessas coisas”.
Vemos o mesmo tipo de coisa em outras boas pessoas que se apegam a formas passadas da moda e dos estereótipos; para elas tudo deve ser conduzido exatamente como sempre se conduziu há cem ou duzentos anos. A ordem puritana deve ser mantida, e não deve haver nenhuma divergência, e a maneira de expor o Evangelho tem que ser exatamente da mesma forma que foi exposto pelo bom ancião, o doutor Fulano de Tal, e no púlpito deve existir a mais terrível monotonia que possa ser traçada, e o pregador deve ser devotamente brando, e toda a adoração deve ser serenamente apropriada: muitas especiarias e linho fino com que cobrir a um Cristo morto. Já eu me deleito em fazer pedaços das coisas convencionais e apropriadas. É algo grandioso pisotear as meras regulações humanas, porque a vida não pode ser algemada com regulações apropriadas somente para os mortos. A morte jaz envolta como uma múmia no museu; mas a vida, a verdadeira vida, se manifestará de formas inesperadas. A vida dirá o que a morte não poderia dizer, surgirá onde não era esperada, e quebrará suas leis e regulamentos em mil pedaços. Porem, ainda vejo a boa gente levantando suas mãos em horror, e clamando: “Tragam aqui a goma arábica, a mirra e os aloés, tragam aqui o linho. Devemos cuidar de nosso amado Mestre morto”. Deixá-lo em paz, deixá-lo em paz, homem, Ele está vivo e não precisa que o cubram. Não duvido em dizer que grande parte da ordem da igreja entre os Dissidentes, os Episcopais, Presbiterianos e todo tipo de denominações, e uma boa parte do apropriado, do decoro, da regulação e do “assim como era no principio, agora e sempre será” não são nada que outras tantas especiarias e linho fino para um Cristo morto, mas Cristo está vivo, e o que ele precisa é de espaço! Não digo isso para meu próprio beneficio – por acaso não sou sempre correto? – mas digo em benefício de alguns sinceros irmãos evangelistas que, quando pregam aos pobres, usam uma linguagem extravagante e talvez, também, uma ação extravagante. Que o usem. Os críticos dizem que são teatrais. Houve alguma vez alguém que fosse a metade de teatral e dramático do que Ezequiel? Todos os profetas não fizeram coisas estranhas para ganhar a atenção do povo? Vamos, a mesma acusação foi apresentada contra Whitefield e Wesley: “essas pessoas estão completamente quebrando todas as regras” e etc. que benção quando os homens podem fazer isso!
O Sr. Hill foi para Escócia para pregar o Evangelho, e diziam que ele pisoteava sobre os lombos de toda ordem e decoro. Então ele disse: “vou chamar meu par de cavalos com esses nomes, para que seja certo”. Era certo; e sem dúvida ele cavalgou sobre os lombos da ordem e do decoro, mas ele levava às almas a Cristo com esses dois estranhos corcéis e com seu quebrantamento de todas as regras para chegar a homens e mulheres que nunca teriam sido alcançados de outra forma. Estejam preparados para deixar Cristo em liberdade, e deem a Seus servos liberdade para servir-lhe como o Espírito de Deis os guie.V. Por último, queria falar-lhes sobre AS ASSOMBROSAS NOVIDADES que essas boas mulheres receberam: “Ele não está aqui, mas sim que ressuscitou”.
Essas eram assustadoras novas para Seus inimigos. Eles diziam: “o matamos; o colocamos na tumba; tudo acabou para Ele”. Ah, escriba, fariseu, sacerdote, o que você fez? Sua obra foi revertida, pois Ele ressuscitou! Essas foram espantosas novas para Satanás. Ele, sem dúvida, sonhava que havia destruído ao Salvador, porem, Ele ressuscitou. Que estremecimento recorreu todas as regiões infernais! Que noticias foi para a tumba! Agora ela estava completamente destruída, e a morte tinha perdido seu aguilhão! Que noticia foi para os trêmulos santos: “o Senhor ressuscitou verdadeiramente”. Eles recobraram ânimo e disseram: “a boa causa é a correta, e vencerá, pois nosso Cristo vive e a encabeça”. Essa foi uma boa notícia para os pecadores. Sim, é uma boa notícia para todo pecador aqui presente. Cristo vive; se você o busca, o encontrará. Eu não lhes estou hoje os dirigindo a um Cristo morto. Ele ressuscitou; Ele pode salvar perpetuamente aos que por Ele se aproximam a Deus. Não existem melhores notícias do que essas para os homens tristes, para os homens desassossegados, desanimados e desesperados: o Salvador vive, e é ainda capaz de salvar e está disposto a lhe receber em Seu terno coração. Essas foram notícias alegres, amados, para todos os anjos e para todos os espíritos do céu; foram alegres novas, e viveremos em seu poder com a ajuda de Seu Espírito, e as contaremos a nossos irmãos para que se alegrem conosco, e jamais nos desesperaremos. Não daremos mais espaço às dúvidas e aos temores, mas diremos uns aos outros: “o Senhor ressuscitou verdadeiramente”. Que o Senhor os abençoe, e que ao aproximarem-se de Sua mesa – e confio que muitos membros de Seu povo se aproximarão – encontremos nosso Senhor ressuscitado. Amém
Porção da Escritura lida antes do sermão: Lucas 24.
Charles Haddon Spurgeon – Título original: THE LORD IS RISEN, INDEED | Sermão pregado na manhã de Domingo de 13 de Abril de 1873 no “The Metropolitan Tabernacle Pulpit”, Newington, Londres | Traduzido de The Spurgeon Center | Todo direito de tradução protegido por Lei Internacional de Domínio Público e com autorização de Allan Román.