Nas Escrituras há um episódio extraordinário ocorrido na noite que precedeu o Êxodo. Foi uma noite “para ser recordada”; uma noite estranha em que Deus aplicou o “Juízo de Morte” sobre a terra do Egito. Há algo neste incidente que o distingue de todos os demais incidentes históricos. Essa noite foi uma noite de intervenção divina direta, inequívoca e por meio da qual os israelitas, que eram somente uma nação de escravos, foram repentinamente libertados, enriquecidos e exaltados. Ao mesmo tempo a poderosa nação egípcia foi açoitada, humilhada e quebrantada pela poderosa mão do Onipotente Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
Deus instruiu a Moisés nos seguintes termos:
“Então tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver na bacia, e lançai na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até à manhã. Porque o Senhor passará para ferir aos egípcios, porém quando vir o sangue na verga da porta, e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta, e não deixará ao destruidor entrar em vossas casas para vos ferir” (Ex 12:22-23).
Há, pelo menos, quatro verdades evidenciadas nesta história, as quais somos conduzidos a considerá-las como prioritárias para nós.
1. Todos Temos “Pecado”
A primeira grande verdade é “a universalidade do pecado”. Deus irá salvar os israelitas, sim, mas antes de salvá-los lhes mostrará sua culpa de pecado, e irá requerer deles o sacrifício para a expiação desse pecado. Deus vai açoitar aos egípcios, mas antes de fazê-lo, deixará bem claro a todo ser racional que Ele “não faz acepção de pessoas” (At 10) e que à sua vista “todos têm pecado” (Rm 3). Portanto, todos somos merecedores do castigo de morte.
Por meio de Seu servo Moisés, Deus revela sua sentença de Morte para todos os primogênitos, tanto egípcios como hebreus. À meia-noite que se aproximava, todo primogênito, filho de cada família, morrerá. Mas Deus, em sua misericórdia para com seu povo Israel, e lembrando do seu concerto com Abraão, Isaque e Jacó, revela também a única maneira de escapar desse “Juízo de Morte”, como veremos.
2. A Única Provisão de Escape
A segunda grande verdade é que “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9). Cada chefe da família israelita terá que tomar “um cordeiro por família”. Esse cordeiro irá representar o primogênito dessa família. Portanto, o cordeiro terá que morrer degolado e o seu sangue será recolhido em uma bacia para logo ser aplicado em ambas as ombreiras e nas vergas das portas. Esta é a única provisão para escapar do “Juízo de Morte” que estava por vir.
3. A Lei do Substituto
A terceira grande verdade que vemos nesta história é a “Lei do Substituto”. A família tomou um cordeiro puro, sem mancha, indefeso e inocente, segundo as instruções de Deus. Este cordeiro é o substituto do primogênito, portanto, tem que receber o Juízo destinado ao primogênito, que neste caso é a morte, pois “o salário do pecado é a morte” (Rm 6). O pecado não poderá ficar impune, alguém tem que pagá-lo. Se não houver um substituto, o primogênito terá que pagá-lo, ele mesmo!
A meia-noite está próxima e o ritual do sacrifício, conforme a instrução do Senhor, terá que ser observado completamente, senão a vida do primogênito, confiscada pelo pecado, corre perigo! Em um dado momento a vítima é degolada e jaz agonizando sobre um altar. Está já fora de perigo o primogênito?! Não! As instruções dadas a Moisés foram claras e específicas. Faltava tomar o sangue do cordeiro em uma bacia e, depois, com um molho de hissopo, aplicá-lo sobre as ombreiras e na verga da porta de entrada da casa.
Uma vez que este simples passo de aplicar o sangue com hissopo fosse levado a cabo, poderíamos considerar o primogênito asalvo, fora de perigo, pois Jeová havia dito:
“Quando eu ver o sangue, passarei por vós, e não haverá entre vós “Praga Destruidora” quando eu ferir a terra do Egito” (Ex 12:13).
4. Hissopo – Instrumento Único
A quarta grande verdade que notamos nesta história é que só poderia ser usado o hissopo para aplicar o sangue. O hissopo é uma planta muito comum no Egito, a qual cresce até nas paredes das casas. Mas era o instrumento imprescindível neste ritual. Deus não especificou nem a quantidade, nem a qualidade do hissopo, somente disse: …um molho”. Tinha que ser de hissopo!
Aplicação dos Fatos
Como o primogênito, todos nós temos pecado e “estamos destituídos da Glória de Deus” (Rm 3). A meia-noite se aproxima. O sacrifício do Cordeiro de Deus (Cristo) foi consumado há quase dois mil anos. Somente falta você aplicar “…o sangue precioso de Cristo, como um Cordeiro sem mancha e sem contaminação…” (I Pe 1) na porta do teu coração.
Somente há um instrumento que você e eu podemos usar para aplicar o Sangue do Cordeiro de Deus na porta dos nossos corações. Esse instrumento é a fé! (Hb 11) A fé é um atributo comum a todo ser humano. Naturalmente acreditamos em algo, nem que seja em nós mesmos (Ateísmo), em detrimento de Deus (II Ts 3). A quantidade de fé não importa, pois o Senhor Jesus Cristo disse: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda…”. Não disse um grão de areia, pois a areia não tem vida, mas a semente de mostarda, ainda que pequena, pode germinar e crescer até ser uma grande hortaliça.
Isso quer dizer que a tua fé inicial em Cristo pode ser pequena, porém é uma fé viva, e tem a capacidade de germinar e crescer por meio do conhecimento do Filho de Deus, que é adquirido pela leitura da Palavra de Deus.
A fé no Sangue derramado do Senhor Jesus Cristo, aplicado em teu coração, é tudo o que Deus necessita ver para perdoar os teus pecados e salvar-te do “Juízo Final” e, consequentemente, da “segunda morte” (Ap 20). Cristo, nosso Substituto, pagou totalmente nossa dívida de pecado; a tua e a minha! O preço pago foi mais que suficiente para satisfazer todas as demandas da perfeita Justiça de Deus. Nada lhe podemos acrescentar, e nada podemos tirar.
Que Deus te abençoe e te salve, se ainda não estás! Amém!
W. Hay Aitken