“Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17:11).
Toda pessoa deveria poder dar a razão da esperança que existe nela; e não creio que exista homem algum que possa dar razão de sua esperança mais além da tumba e que seja estranho ao sangue de Cristo. Existem os que me dizem que eu apresento o plano de salvação demasiadamente fácil, e que é uma loucura dizer aos homens que eles podem ser salvos simplesmente confiando em Seu sangue expiatório. Não quero que ninguém creia no que eu digo, mas sim no que está em conformidade com as Escrituras; e a melhor maneira de aclarar isso é abrir a Bíblia e observar o que ela diz.
A primeira porção da Escritura sobre que irei chamar vossa atenção se encontra no principio da Bíblia, em Gênesis: no capítulo 3, versículo 21, é dito: “E fez o SENHOR Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu”.
Nesse versículo vemos o sangue pela primeira vez. Sem dúvida Deus não podia ter vestido a Adão e Eva com peles de animais, a menos que tivesse derramado sangue. Foi um caso em que o inocente morreu pelo culpado. É possível que esse fosse um tipo, já no Éden, de Cristo, Ele que haveria de vir, o sacrifício que haveria de ser imolado – e é possível que Adão falasse a sua esposa: “Bem, ainda que Deus nos lanço do Éden, nos ama e essa túnica é uma prova de Seu amor”.
Alguém disse que Deus colocou uma lâmpada de promessa na mão deles antes de lançá-los fora: “A semente da mulher esmagará a cabeça da serpente”.
Para mim é uma ideia muito doce o pecado coberto antes que Adão fosse lançado do Éden: o ato de que Deus tratou a Adão com Sua graça depois de ter-lhe aplicado o juízo. Alguém alguma vez pensou no terrível estado de coisas que haveria resultado se o homem, em seu estado de perdição e ruína, pudesse ter vivido para sempre? Foi por amor a Adão que Deus o lançou do Éden, para que não pudesse viver para sempre. Deus colocou o querubim ali com a espada flamejante. Porem, agora, veio Cristo e tomou a espada em seu próprio seio e abriu de par em par as portas do Paraíso, de modo que o homem possa entrar e comer da árvore da vida. Adão podia ter vivido no Éden dez mil anos e então ser desviado por Satanás – porem agora “nossa vida está escondida com Cristo em Deus”. Sim, o homem está mais seguro com o segundo Adão, fora do Éden, do que com o primeiro Adão no Éden.
O caminho do homem e o caminho de Deus. Vamos agora para Gênesis 4:3-4 “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR, e Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta”. Aqui temos a dois jovens do mesmo pai, criados precisamente sob circunstâncias similares, sob as mesmas influências e não há maneira de discernir diferenças entre os dois até que oferecem um sacrifício. Abel traz sangue e é aceito – Caim se apresenta à sua maneira, e é rejeitado. Sem dúvida, quando nossos primeiros pais caíram, Deus marcou o caminho pelo qual o homem devia apelar a Ele – Abel andou no caminho de Deus, porem Caim andou pelo seu mesmo. É possível que você tenha se perguntado do por quê a oferenda de Caim não foi tão aceitável como foi a de Abel – porem, um seguiu o caminho de Deus, e o outro o seu próprio. Quem dera Caim tenha considerado que não podia tolerar a visão do sangue e apresentou aquilo que Deus havia amaldiçoado e o colocou sobre o altar. Quem sabe tenha dito: “Não irei apresentar um cordeiro cheio de sangue. Não gosto dessa doutrina, absolutamente. Aqui há excelentes grãos e frutos que consegui com meu esforço, e isso, certamente, tem melhor aspecto do que sangue”.
E hoje em dia existem muitos Caimitas na Igreja. Estão tentando entrar no céu por seu caminho. Levam para Deus suas boas obras. Preferem o que é agradável à vista, como Caim com seu trigo e seu fruto – mas não lhes agrada a doutrina do sangue expiatório. Desde o momento que Adão deixou o Éden tem existido Abelistas e Caimitas. Os Abelistas passaram pelo caminho do sangue: os Caimitas pelo seu próprio. Esses querem livrar-se da doutrina do sangue, porem podem estar bem certos de que toda religião que menospreza o sangue é do diabo. Não importa que o pregador seja eloquente – se ela fala contra o sangue está fazendo a obra do diabo.
Não lhe escute. Se um anjo do céu pregasse outro Evangelho, eu não o creria. “Cristo morreu por nossos pecados”, esse é o Evangelho que Paulo pregava, que Pedro pregava, e esse é o Evangelho que Deus sempre honrou para a salvação das almas dos homens.
Sigamos a corrente do tempo uns 2000 anos, e acharemos outra ocorrência importante. Gênesis 8:20: “E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o altar”. Temos passado agora da primeira dispensação para a segunda [1] – e o primeiro que Noé fez foi colocar sangue entre ele e seus pecados. A segunda dispensação se funda no sangue. Dessa maneira, Noé andou pela via de sangue – para isso os animais foram levados através do dilúvio – e todo o povo de Deus tem andado por essa via desde então, porque é o sangue que expia o pecado.
Vamos agora a Gênesis 22:13 “Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho”. Deus amava tanto a Abraão que poupou a seu filho Isaque, porem amava tanto ao mundo que não poupou a Seu próprio Filho, mas sim o entregou por nós. É-nos dito que Abraão viu o dia de Cristo e se alegrou: Não sei quando o viu, porem tenho a ideia de que foi nesse mesmo lugar que Deus apartou a cortina do tempo para Abraão e lhe mostrou Cristo como portador do pecado.
Olhemos brevemente a cena. Há um altar, edificado por ordem de Jeová. Deus lhe diz que tome a seu filho, seu único filho, a quem amava, o amarre e o sacrifique. Ele amarrou o garoto. Tudo está disposto e agora Abraão toma o cutelo para sacrificar seu filho. Ele não sabe o que isso significa, mas Deus o ordenou, e ele obedece. Eu desejaria que houvesse homens como Abraão hoje em dia, dispostos a obedecer a Deus de olhos fechados, sem perguntar o porquê, ou a razão das ordens. Posso ver a Abraão quando abraça o seu filho e lhe apertar ao peito e chora sobre ele. Pode-se ouvir que lhe diz o segredo que lhe havia escondido por um instante. Que cena! Que luta deve ter sido a sua!
Agora está pronto a enviar o cutelo no coração do filho, porem, ALTO! Ouve-se uma voz do céu: “Abraão, Abraão, não toque no garoto”. Á, não se ouviu essa voz no Calvário, ali não houve grito algum para deter o curso dos eventos. Deus deu a seu Filho voluntária e gratuitamente por nós, o inocente pelos culpados, o justo pelos injustos.
O Sangue Aspergido
Passemos agora para Êxodo 12, um dos capítulos mais importantes do Antigo Testamento, no que Deus coloca a toda a nação de Israel por trás do sangue. No versículo 13 lemos: “E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito”.
Deus não disse: “Quando Eu veja vossas boas obras; quando veja como orais, chorais, gemeis, passarei adiante”, mas sim “quando veja o sangue”. Não foram as boas resoluções, suas lágrimas, suas orações, sua fé, o que salvou àqueles homens no Egito – foi o sangue. Que é o que tinham que fazer para serem salvos? Tinham que colocar o sangue nas vergas e nas ombreiras. Não tinham que colocá-lo no umbral. Deus não quer que o sangue seja apagado. Porem é isso que o mundo está fazendo hoje.
Alguns dizem que o que conta não é a morte de Cristo, mas sim Sua vida. Porem, Deus não disse: “Toma um cordeiro sem mancha, branco, e coloque ele lá diante da porta, e quando veja o cordeiro passarei de largo”. Se um israelita tivesse feito isso, o anjo da morte teria passado por cima do cordeiro, teria entrado naquela casa e teria posto sua mão sobre o primogênito. Um cordeiro vivo não haveria preservado da morte naquela noite – o israelita teria caído como uma vítima igual que o egípcio.
É provável que quando alguns dos senhores egípcios que cavalgavam sobre Gôsen viram aos israelitas aspergindo suas casas tenham dito que não haviam visto tolice semelhante. É provável que pensaram que estavam sujando suas casas, simplesmente. Cada casa tinha sangue. Os egípcios não o podiam entender. Porem, naquela memorável noite, quando a morte entrou em cada casa, desde o palácio à cabana, quando os gemidos subiram por toda a terra ferida, foi o sangue que guardou os lares de Gôsen. Sim, é o sangue que deve cobrir nossos pecados.
Rogo-lhe que não permita que nada nem ninguém o remova desse ponto. Deixe aos que se burlam, se mofam, riem e desprezam ao precioso sangue do Filho de Deus. Ele é nosso refúgio e nossa esperança. Não podemos cobrir o pecado com nenhuma boa obra que nós possamos fazer.
É muito comum dizer: “Se eu fosse bom como esse pregador do Evangelho, que é um veterano de cinquenta anos de trabalho, ou essa pobre mãe israelita, que visitou aos enfermos e mostrou amor para os pobres, me sentiria seguro de ir ao céu”. Porem quero afirmar essa noite que sim, estão guardados pelo sangue do Filho de Deus, estão tão salvos como o melhor dos santos que tenha andando sobre a terra. Não é uma larga vida de boas obras o que nos salva. Não é nossa utilidade como cristãos que será uma recomendação diante de Deus. Certo, temos que fazer boas obras para Cristo – sim, será melhor para nós no futuro se as fizermos – porem, isso não é a salvação. Certamente, vocês têm que seguir a Cristo; e tem que imitar Sua vida pura e santa. Irei mais longe, direi que é uma necessidade absoluta fazê-lo; porem, ainda que se pregue a vida de Cristo para sempre, se a morte Dele é deixada de lado, nenhuma alma será salva. O povo diz que é necessário fazer obras, obras e mais obras para ganhar a salvação. Digo mil vezes que não! Obtêm- se como um dom: “Todo o que queira que a tome”. Vocês podem fazer tanto como queiram uma vez que a salvação já é sua. “Obrar a salvação”. Sim, porem isso se diz para cristãos, gente que já possuía a salvação. Assim, primeiros temos que receber o dom e logo começar a trabalhar. Recebemos a salvação como um dom e logo começamos a trabalhar porque não podemos menos que isso. Toda a obra feita antes disso não vale nada. Quando o anjo da morte passou pela terra de Gôsen aquela noite, o bom e o mal foram destruídos conjuntamente. Em cada casa na que não havia o sangue aspergido entrou o anjo destruidor – todavia, onde havia sangue nas vergas e nos umbrais, mesmo que tivesse feito muitas obras como nenhuma, Deus passou de largo.
O pequeno bebê da mais humilde tenda estava tão seguro como Moisés ou Arão, como Josué ou como Calebe, tão salvos como qualquer outro israelita. Deus não disse: “Verei o palácio de mármore ou a mansão luxuosa – quando veja vossa vida de serviço ou vossa fé”, mas sim “Quando veja o sangue, isso será por sinal”. Não por amor a eles, mas sim por amor a Cristo foi que o anjo passou deles naquela noite. Alguém disse que a mosca na arca de Noé estava tão segura quanto o boi. Era a arca a que salvava os dois. Assim, Cristo salva ao discípulo débil tanto quanto ao forte.
Quando vocês viajam de trem, e vão à estação, encontram toda espécie de gente. Todos possuem seus bilhetes e se sentam em seus assentos. Quando passa o bilheteiro, ele vem a pedir os bilhetes, e ele não olha quem é quem ou o que essas pessoas fazem. É para ele o mesmo que sejam ricos ou pobres, sábios e ignorantes – ele olha os bilhetes, e se os têm, passam. O bilhete é a amostra. Se você estiver guardado detrás do sangue de Cristo, tanto faz que seja ignorante ou que seja pobre – você é tão salvo como o mais rico e o mais sábio.
Muitas pessoas se estranham por serem tão frágeis – de que caiam com tanta frequência quando a tentação vem, de que lhes tenha dado tão pouco poder espiritual. Eu creio que achamos uma lição no mesmo capitulo, no versículo 11: “Assim pois o comereis: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do SENHOR”.
Não só tinham que matar o cordeiro e aspergir seu sangue nas vigas e nos umbrais, mas também tinham que comê-lo. Esse é o modo de conseguir força espiritual. A razão pela que há tantos cristãos débeis e enfermos é porque não se alimentam do Cordeiro. Temos adiante uma viagem no deserto, como os filhos de Israel, e se não nos alimentamos de Cristo iremos morrer de fome no caminho. Não só temos que olhar o sangue para estarmos seguros, mas também temos de alimentar-nos de Cristo para nossa força. Quanto as almas necessitam ser alimentadas! O Senhor nos deu Cristo para nós. Ele chama-se a si mesmo o Pão da Vida. Alimentar-nos de Cristo é nos alimentar de Sua Palavra. Não existe livro que alimente a alma exceto a Bíblia. Se eu me alimento da palavra de Deus consigo força e poder espiritual. Alguns creem que se consigo um olhar de Cristo já me basta. Temos que viver por fé, tal como temos de ser salvos por fé. O justo viverá pela fé.
No versículo 2, lemos: “Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano”. Durante 400 anos os filhos de Jacó haviam servido ao rei do Egito, mas Deus não lhes permitiu contar esses anos. Tinham que começar de novo, por assim dizer. O mesmo, os anos que dedicamos ao serviço do diabo, não contam para nada. A vida não começa realmente até que tenhamos sido aspergidos pelo sangue de Cristo. Tudo começa a contar-se a partir do sangue e mesmo os judeus tem que admitir que a morte na cruz foi o começo da contagem dos dias [2].
Vamos agora para Êxodo 29:16 “E imolarás o carneiro, e tomarás o seu sangue, e o espalharás sobre o altar ao redor”. Eu sempre lia essas palavras do Antigo Testamento perguntando-me o que queriam dizer. Tinham de tomar o sangue e “espalhar sobre o altar ao redor”. Agora o compreendo. Isso ensina que não há outra maneira de aproximar-se de Deis do que passando pelo sangue. Foi assim durante eras. Inclusive Arão, o sumo sacerdote, tinha que tomar o sangue e aspergi-lo ao redor do altar, antes que pudesse reportar-se a Deus – e isso nos ensina a grande lição de que aproximar-se a Deus nunca foi possível, nem pode sê-lo, que não através do sangue do Cordeiro.
Temos o mesmo depois ao ler o versículo 10 do capitulo 30: “E uma vez no ano Arão fará expiação sobre as suas pontas com o sangue do sacrifício das expiações; uma vez no ano fará expiação sobre ele pelas vossas gerações; santíssimo é ao SENHOR”. O significado da expiação é voltar a juntar, ser feito outra vez um com Deus. Antes que Adão caísse, Deus lhe havia preso ao trono com uma cadeira de ouro, a qual foi rompida pela queda, porem Cristo desceu para refazer os laços rompidos e unir-nos outra vez com Deus. Falamos que os pecados são perdoados – são perdoados, porem nenhum pecado que foi cometido nesse mundo foi perdoado sem castigo. Foram todos castigados em Cristo. Ele fez expiação: “O qual levou nossos pecados em seu próprio corpo, no madeiro”. Pensemos no que custou a Cristo fazer expiação. Pensemos no que custou a Deus entregar Seu próprio Filho unigênito para que morresse!
Vamos num momento a Levítico 8:23: “E degolou-o; e Moisés tomou do seu sangue, e o pôs sobre a ponta da orelha direita de Arão, e sobre o polegar da sua mão direita, e sobre o polegar do seu pé direito”. Esse é outro versículo com que eu costumava ter dificuldades. O que queria dizer sangue na orelha, sangue na mão, sangue no pé? Agora o entendo.
Sangue na orelha: sem ele o homem não pode ouvir a voz de Deus. Nenhum ouvido incircunciso pode ouvir Sua voz. O homem ouviu a voz de Deus, e ela lhe pareceu trovões – não distinguia a diferença.
Porem, quando o sangue foi aplicado, os homens conheceram a voz de Deus: soubemos que era a voz de nosso Pai querido no céu.
Sangue nas mãos: para que o homem possa trabalhar para Deus. Os que creem que estão fazendo a obra de Deus, porem não fazem caso do sangue, estão se enganando. Um dia irão despertar para encontrar que todo o trabalho que fizeram foi em vão. A salvação “não é para o que obra, mas sim para o que crê”. Ninguém pode ganhar sua entrada no reino de Deus. Disseram a Cristo “Que faremos para que possamos fazer as obras de Deus?” Quem sabe esses homens tinham a carteira cheia e estavam dispostos a construir igrejas. “Essa é a obra de Deus” Cristo lhes contestou, “que creiais Naquele a quem Ele enviou”. Ninguém pode fazer nada que agrade a Deus até que tenha crido em seu Filho.
Sangue sobre o pé: andar com Deus. Deus nunca andou com os israelitas até que foram aspergidos no sangue em Gôsen. A partir de então nada pôde os resistir. Quando chegaram ao mar Vermelho, o mar dividiu-se. No deserto Ele abriu Sua mão e lhes deu maná para que comessem. Quando chegaram ao Jordão, andaram a seco pelo leito do rio, porque o Deus Todo-Poderoso andava com eles. Sim, foi um povo comprado com sangue o que Deus introduziu em Canaã, a Terra da Promessa. E Deus andará com todo pecador lavado no sangue, e ninguém o poderá resistir.
Por Que Deus Exige Sangue
Imagino que alguém dirá: “Não entendo por que Deus exige sangue”. Uma pessoa me disse: “Aborreço o vosso Deus, porque é um Deus que exige sangue. Não creio em um Deus assim. Meu Deus é misericordioso para com todos – não conheço a vosso Deus”.
Porem, se vamos a Levítico 17:11, encontramos a razão de Deus exigir sangue: “Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo- lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma”.
Suponhamos que o governador desse Estado não quisesse que ninguém fosse privado de sua liberdade e abrisse as portas das cadeias, e fosse tão misericordioso que não quisesse que ninguém sofresse, ainda que fosse por sua culpa, quanto tempo esse político duraria no cargo? Quanto tempo seria ainda governador? Nem 24 horas! Esses mesmos homens que querem que Deus seja misericordioso seriam os mesmos que diriam “Não queremos a esse governador”. Bem, Deus é misericordioso, porem não vai permitir que nenhum pecador não perdoado entre no céu.
Deus exige sangue porque disse a Adão: “No dia que comeres da árvore, certamente morrerá”. Porem, Satanás disse a Adão e Eva que isso era mentira, e com isso houve uma controvérsia entre o dito por Deus e o dito por Satanás, e amigos, essa controvérsia prossegue desde então, e não foi ainda dissipada. Posso sair às ruas, e achando homens que vivem no pecado e na abominação, dizer-lhes “o salário do pecado é a morte”, e eles me contestariam: “Não, isso é uma mentira”.
O pecado entrou no mundo e trouxe a morte consigo. A Palavra de Deus tem que ser mantida. Como Deus poderia conseguir isso e ao mesmo tempo eximir ao pecador? Como pode Deus ser justo e justificador ao injusto? O homem pecou e deve morrer. Porem, que passa se alguém morre no lugar dele? Perdeu o direito a sua própria vida – o salário do pecado é a morte – mas o que acontece se algum o resgata, o redime? O que passa se alguém se adiante e coloque sua vida em resgate por muitos, um que não tenha pecado próprios que o condenem à morte? Glória a Deus nas alturas! “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Glória a Deus nas alturas! “O sangue de Jesus Cristo seu Filho nos limpa de todo pecado”. Se você ler a Bíblia cuidadosamente verá que esse filo carmesim circula por todas suas páginas. O sangue começa a manar no Gênesis e segue até o Apocalipse. É por isso que o Livro de Deus foi escrito. Tire-se esse filo carmesim, então não vale de nada que levem a Bíblia para sua casa.
Há três ocasiões, nesse capítulo, em que se repete que a vida da carne está no sangue. Tire o sangue do meu corpo e a vida se vai. Quando Deus exige sangue, em outras palavras está pedindo a vida. Essa foi perdida. Pecamos e estamos destituídos da glória de Deus. Devo morrer por meus pecados, ou encontrar um substituto que morra em meu lugar. Não posso achar um homem que morra por mim, porque esse também pecou, e deve morrer por seus próprios pecados. Porem, Cristo estava sem pecado, portanto, podia ser um substituto. Cristo morreu por nossos pecados, pelos meus – e porque morreu por mim, eu o amo. Porque morreu por mim, lhe sirvo e trabalho para Ele e lhe darei a minha vida mesmo. Ele arrancou da morte o aguilhão, e da tumba a vitória. Ó, não é o menos que podemos fazer por Ele dar-lhe nossas pobres vidas?
Quando visitei Londres faz alguns anos, entrevistei-me com um grupo de ministros reunidos, que me perguntaram: “Sr. Moody, queríamos que o nos escrevesse seu credo”. Respondi-lhes: “Já está escrito e impresso”. Perguntaram-me: “Onde”. Respondi: “No capítulo 53 de Isaías: foi escrito a uns dois mil anos, mas é tão válido e exato hoje como quando o escreveram.
Meus amigos, eu não pude melhorá-lo em ponto algum. O aceito e creio tal como está: “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. (Isaías 53:5-6)” A Bíblia é toda um só livro. Vemos que os profetas creem nesta história do sangue: Vá a Daniel e o que acham? “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo” (Daniel 9:24). Aqui possuem a poderosa doutrina da substituição outra vez.
Quando a febre do ouro começou na Califórnia, um homem foi para lá, deixando sua esposa com seu filho na Nova Inglaterra. Tão logo conseguiu sucesso, lhes enviou um recado de que se mudassem ara lá e lhes mandou o dinheiro da viagem. O coração da esposa se encheu de alegria. Foi com seu filho à Nova York e embarcou em um vapor que se dirigia ao Pacífico, até São Francisco. Durante a viagem, ouviu-se de repente o grito de “Fogo, Fogo” – e deram conta que era impossível apagar o incêndio. O barco levava pólvora, e o capitão sabia que no momento que o fogo atingisse ela, o barco voaria pelos ares e todos pereceriam. Então, deu ordens de irem aos botes salva- vidas, mas não havia botes para todos. Os botes estavam cheios. O último estava a ponto de separar-se do barco, quando a mãe aproximou-se dele com o filho rogando que os levassem também.
― Não”, responderam, “já levamos todos os que cabem”. A mulher suplicou com insistência, e ao fim, lhe disseram que tomariam um dos dois. Vocês pensam que a mãe saltou no bote e deixou o filho a perecer? Não! Agarrou o menino e o entregou depois de beijá-lo! ― Filho meu”, lhe disse “se vive e vê seu pai novamente, diga-lhe que eu morri em seu lugar”.
Essa é uma fraca figura do que Cristo fez por nós. Ele entregou sua vida por nós, morreu para que pudéssemos viver. Você não vai amá-lo? O que diria esse filho se posteriormente falasse com desprezo de uma mãe? Ela morreu para salvá-lo. Pois bem, vocês podem falar com desprezo de um Salvador assim? Ó, que Deus nos faça leais a Cristo! Amigos, vocês o necessitarão um dia. Será-lhes necessário quanto tenham que cruzar o Jordão. Será-lhes necessário quando tenham que se apresentar diante do tribunal de Deus. Deus não permita que quando a morte se aproxime de vocês os encontrem menosprezando ao precioso sangue de Cristo. Amém. Dwight Lyman Moody – Sermão pregado na segunda metade do século XIX, na América. Conhecido como um dos mais influentes evangelistas do século XIX, fundador do Instituto Bíblico Moody e da Moody Press. O ‘Sapateiro’, apelido cunhado por ter trabalhado na sapataria de seu tio, dedicou sua vida à pregação apaixonada do Evangelho de Cristo e ao cuidados com as crianças em Chicago, onde chegou a ter mais de 1000 delas frequentando a escola dominical. A fama da escola dominical de Moody foi tão grande que o presidente americano Abraham Lincoln fez uma visita para ver de perto o grande trabalho feito pelo evangelista.
[1] Moody foi influenciado pelo Dispensacionalismo dos irmãos de Plymonth,, e muitos de seus colaboradores diretos eram dispensacionalistas, como Scofield e outros (N.T). [2] Pode ser que na época por não terem uma nação constituída, os judeus usassem o calendário cristão de seus países de origem, mas hoje os judeus , ao menos , contam o ano de acordo com seu calendário próprio que tem como referência Gênesis e já passa do ano 5700 (N.T).