O Sacrifício dos Nossos Corpos

Depois de descrever as bênçãos que temos em Cristo, nos primeiros capítulos da Epístola aos Romanos, o Espírito Santo faz um apelo àqueles que estão realmente desfrutando tais bênçãos:

«Rogo-vos pela compaixão de Deus que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus que é o vosso culto racional» (Rm 12.1).

O apelo é para apresentarmos os nossos corpos; a salvação de Deus não é como a religião dos homens apenas uma teoria mental, uma filosofia qualquer que em nada afeta a sua vida prática; essas religiões, uma pessoa pode segui-las sem modificar em nada a vida do corpo. Não é assim quando o Espírito Santo torna verdadeira em nós a salvação de Deus; o novo nascimento, em espírito, pelo Espírito Santo logo traz uma transformação à vida do corpo; é impossível o Espírito SANTO ter posse do nosso espírito sem o corpo se tornar santo também.

A palavra «sacrifício» é a palavra «holocausto do Velho Testamento; era um sacrifício inteiro para Deus. Em alguns o oferente tinha a sua parte, o sacerdote a sua e, apenas parte era sacrificada sobre o altar – a parte que subia em cheiro suave para Deus; os sacrifícios de manjares, de paz, pelos pecados eram sacrifícios assim divididos. Mas no caso de holocausto TUDO era colocado sobre o altar e queimado; quer dizer que era inteiramente para Deus.

E o apelo do Espírito Santo, é que os nossos corpos sejam entregues assim ao Senhor.

Temos receio de assim fazer? Temos medo de que Deus vá tirar-nos alguma coisa de que muito gostamos? Quantos pensamentos o diabo não traz ao coração ou à mente quando um crente se dispõe a fazer este holocausto diante do Senhor!

Quão depressa ele nos segreda a mostrar-nos o que Deus, quer roubar-nos!

Vem com as mesmas ideias que incutiu na mente de Eva no jardim – que Ele, Deus está a prejudicar a nossa vida com aquilo que Ele não permite e que se fizermos o holocausto ainda mais perderemos. Eva creu nessa mentira.

Será assim conosco?

Então, porque é que não temos ainda oferecido este holocausto, este sacrifício vivo, santo e agradável a Ele?

Estaremos a pensar mais naquilo que nos é agradável a nós em vez de naquilo que agrada Aquele que tudo sacrificou por nós?

Nunca faremos este holocausto se não tivermos inteira confiança no amor do Senhor para conosco. Creio que não há na Bíblia mais belo exemplo dessa confiança do que o de Isaac e Abraão. Abraão mostrou urna maravilhosa confiança em Deus, mas também Isaac mostrou uma não menos maravilhosa confiança em Abraão, seu pai.

Isaac devia ter uns 20 anos mais ou menos quando o Senhor disse a Abraão para sacrificar o rapaz sobre o monte Moriá; não era portanto uma criança incapaz de resistir à vontade do seu pai mas um jovem na plena força da sua mocidade. Isaac bem podia ter dito que não e, nesse caso, o pai não teria sido capaz de o oferecer sobre o altar; tinha que haver cooperação entre os dois.

Porque foi que Isaac podia obedecer tão pronta e cegamente a seu pai?

Creio que foi primeiramente porque eram pai e filho; Isaac conhecia bem o pai, amava-o como Abraão o amava a ele e foi essa a razão que levou o rapaz a sair com ele naquele dia de manhã sem saber para onde ia.

É uma coisa conhecer Deus como Deus, mas outra conhecê-Lo como Pai.

Isaac devia desconfiar que o seu pai ia fazer um sacrifício especial pois ele não tinha escolhido cuidadosamente o animal como era costume fazer e até não levava animal nenhum consigo; daí a pergunta do rapaz. Mas apesar disso, lemos duas vezes estas palavras maravilhosas:

“Assim caminharam ambos juntos».

Entendiam-se!

Chegam por fim ao sítio do sacrifício e Isaac vê o seu pai preparar o altar, pondo a lenha em ordem, etc., e, depois virar-se para ele e amarrá-lo como holocausto sobre o altar. Que devia Isaac pensar nesse momento, ou por outra, que teria o diabo trazido à sua mente nesses momentos?

Tenho a certeza que devia ser uma avalanche de pensamentos e tentações para impedir esse holocausto. E bem provável que Isaac ouvisse essa voz satânica que tantos outros têm ouvido quando querem fazer este holocausto dos seus corpos. Tenho a certeza de que, mesmo neste momento, o diabo está a dizer a mesma coisa a cada leitor que tenha vontade de seguir o caminho de Moriá, de colocar o seu corpo sobre o altar.

E o futuro, são os gozos, são os prazeres, ou o emprego, ou o casamento, ou a família e muitas outras coisas e a única que não aparece entre todas elas é a vontade do Senhor!

Parecer-vos-á talvez que o holocausto do vosso corpo vai roubar-vos muita coisa que mal podeis largar; digo-vos que não é apenas muita coisa: é TUDO – como no caso de Isaac.

Ele não perdia alguma coisa, separava-se de tudo. Duro? Eu queria lembrar-vos que a Mão que tem o cutelo é a que traz os sinais dos cravos da Cruz, a mesma que vos levantou da perdição do inferno e da lama deste mundo.

Poderá essa Mão fazer-vos mal?

Poderá essa Mão roubar-vos alguma coisa?

Porque é que Deus pede tal sacrifício? A explicação vem depois do sacrifício feito, depois de passar a crise, foi assim com Isaac e Abraão Deus entrega o que é d’Ele àqueles que realmente Lhe pertencem; Isaac provou que era dele – inteiramente e por isso recebeu as grandíssimas bênçãos do Senhor Que o Senhor vos abençoe pelo Seu Espírito Santo.

Frank Smith