O Cristão e as Diversões
O mundo hodierno corre loucamente atrás de qualquer espécie de diversão, “a tempo e fora de tempo”, e muitos crentes são tentados a esquecer-se do solene aviso apostólico, que os homens dos últimos dias serão “mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus” (2 Timóteo 3:4). Reconhecemos que é legítimo o divertir-se de vez em quando, e que para o cristão há diversões puras e proveitosas.
Porém, às vezes o jovem crente, querendo tomar a sério a sua vida cristã, encontra dificuldade neste assunto. Quais são os divertimentos legítimos e não nocivos e quanto tempo deve dar para tais divertimentos? Vamos considerar alguns ensinos bíblicos que podem indicar o nosso procedimento nestas coisas:
1 – Romanos 12:1-2… “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Neste trecho vemos o que deve ser o motivo da vida do cristão: apresentar o seu corpo como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Tal é o seu “culto racional” (lógico), visto que já foi justificado, salvo e santificado “pelas misericórdias de Deus”. Grande parte do mundo vive somente para divertir-se; é a sua única paixão, porém o cristão é pessoa “transformada”; vive para conhecer e cumprir a vontade de Deus.
2 – 1 João 2:15-17… “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procedem do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente”.Os desejos pecaminosos, os espetáculos imundos e as cenas impróprias à moralidade, como também tudo que nos incita ao orgulho e à ambição desordenada – eis o que a Bíblia chama “o mundo”. As diversões que produzem esses resultados devem ser evitadas pelo cristão, para que não se ache entre os “inimigos de Deus” e se torne semelhante a eles.
3 – Filipenses 4:8… “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento”. O cristão deve procurar e ter prazer nestas coisas: as que são honestas, puras e de boa fama. Quais são as diversões que têm essas qualidades, e que não transgridam os ensinos dos outros dois trechos? Consideremos alguns exemplos:
O exercício físico? Sim, em moderação (1 Timóteo 4:8). O futebol, o voleibol, a natação, as corridas e os outros esportes praticados nos colégios são geralmente bons e sadios, e por isso legítimos para cristãos. Porém o futebol profissional não é “exercício físico” para os assistentes, e não pode ser considerado “de boa fama”.
Diversões mais tranquilas são vários estudos – astronomia, zoologia, botânica – que nos revelam as maravilhosas obras do nosso Pai.
Quadros, “slides” e filmes históricos, instrutivos, bíblicos? Existem, sim, para serem obtidos particularmente e mostrados em casa. O cinema não é lugar para o cristão, pois os filmes que se veem ali são principalmente imundos e pornográficos – impróprios não somente para menores como também para todos os que querem evitar a impureza. Os “filmes bíblicos” do cinema sempre contêm incidentes e motivos estranhos à Bíblia, salientando os pecados dos personagens santos e introduzindo “amores” mundanos para agradar o apetite degenerado dos fregueses. Histórias bíblicas comercializadas não devem alegrar cristãos.
Que diremos dos bailes? “A Bíblia não fala em dançar?” – Pergunta alguém. Sem dúvida, mas as danças de Miriã, Davi e os israelitas em geral tinha significação religiosa; e a dança da filha de Herodias de certo não é dada como exemplo para nós! Os bailes de hoje são do mundo para o mundo; absolutamente não servem como diversão própria para o povo de Deus.
Não gastemos tempo e dinheiro, não arrisquemos inimizades e aborrecimentos, nem nos ponhamos em perigo de cairmos em pecado vergonhoso, só por amor de divertimentos inúteis, impuros e infantis. “Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova; mas aquele que tem dúvidas é condenado… pois tudo o que não provém da fé é pecado” (Romanos 14:22-23).
Richard Dawson Jones – Matéria publicada em A Senda do Cristão n° 6, de abril a junho de 1962 | Transcrito por Richard David Jones