O homem é transformado de força em força, de glória em glória, de vitória em vitória, de fé em fé, de graça em graça. Não há elevadores para o céu, mas escadas! Alcança-se a glória de Deus degrau por degrau. “A vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv. 4:18).
Degrau por degrau
O importante é não parar. E não voltar atrás. Os que habitam na presença do Senhor “vão indo de força em força” (Sl 84:7). Não se desviam, não perdem o entusiasmo, não se cansam, não deixam de olhar firmemente para o Autor e Consumador da fé, não se envaidecem, não se desligam da graça. Se hesitam e regridem dois ou três degraus, levantam-se outra vez e reiniciam a caminhada. Deus mesmo os levanta e renova-lhes o ânimo. À medida que o Espírito do Senhor trabalha dentro deles, são “transformados de glória em glória na mesma imagem” (II Cor 3:18).
Não há elevadores. Não há varinha de condão. Não há mágica. Nem sempre há mudanças súbitas. E quando há, não são mudanças que dispensam outras mudanças. Não há lugar para pernadas arrogantes e sensacionalistas, do décimo ao trigésimo andar, por exemplo. A caminhada é firme, consciente, progressiva, corajosa e alegre. Embora tudo se deva à graça e ao poder de Deus, o homem não é levado nos braços lã para cima. Ele é obrigado a subir, degrau por degrau, segurando sempre a mão de Deus.
Os degraus mais altos
Naturalmente há degraus mais importantes do que outros. A escada nem sempre começa com a conversão do pecador, mas é certo que há muitos outros degraus depois do degrau da conversão. Os primeiros degraus da escada obrigatoriamente conduzem à conversão: aquela decisão de romper com o pecado e comprometer-se com Cristo. Este degrau é de importância capital. Na escalada rumo aos céus há degraus mais altos, mais difíceis, mais desafiantes e também mais compensadores. São os degraus da renúncia, da plena submissão, do enchimento do Espírito, da resolução de não mais ocultar a iniquidade, da vontade de orar mais, do senso de responsabilidade na evangelização do mundo, e outros.
O tamanho da escada
A escada é muito alta. É como a escada do sonho de Jacó, cujos pés estavam na terra e cujo topo atingia o céu (Gn 28:12). A escada começa com a predestinação e termina com a glorificação: “Aos que predestinou a esses também chamou, e aos que chamou, a esses também justificou, e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8:30). Ela nos leva a certos andares que revelam todo o propósito da salvação: justificação, santificação e glorificação. Os primeiros degraus produzem libertação da culpa do pecado, os degraus seguintes produzem libertação do poder do pecado, e quando se chega ao topo da escada fica-se livre da presença do pecado. Foi para isto que o Senhor Jesus veio e se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, “para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai” (Gl 1:4).
Arrancar com raízes
A transformação é de glória em glória porque o homem é tardio de coração para entender e para crer tudo o que as escrituras dizem (Lc 24:25). Ele tem preconceitos e reservas. Há também forças ocultas complicando, embaraçando, contestando, mentindo, encobrindo a verdade e até roubando a semente do Evangelho antes mesmo de germinar (Mt 13:19). Outro motivo que explica a teologia dos degraus é a morosidade com que o homem se liberta do erro do pecado. Ele custa a se convencer do pecado, ele custa a abrir mão do pecado, ele custa a obter vitória sobre o pecado.
Estas coisas são demoradas por causa da pecaminosidade latente, do curso deste mundo e das potestades do ar (Ef 2:1-3). A tarefa a que se propôs o Senhor Jesus Cristo de “livrar do presente século mau” não é tão simples quanto se pensa: o propósito é arrancar pela raiz ou com raízes. Veja-se um único exemplo: o tempo enorme que Deus gastou para acabar com a idolatria de Israel. Mas ninguém deve perder a certeza de que “a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4:18).
Fonte: Periódico “Verdes Pastos”.