E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Diz-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; Por que muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo e enganarão a muitos (Mt 24:3-5).
Estamos vivendo uma época de grandes transformações e não pouca confusão no cenário ético, político, moral e social. Nosso tempo está caracterizado pelos grandes conflitos ideológicos na quebra de conceitos e princípios fundamentais da dignidade humana. As transformações chegam com a velocidade da luz, invadindo a nossa imaginação; as inovações tecnológicas são cada vez mais surpreendentes. Quando estamos começando a nos acostumar com o MP3, eis que chega o MP4 (e já estamos no MP9!). O aparelho de celular que mal falava na década passada, agora se transformou em câmera digital, Palmtop e outras parafernálias a mais. É possível visualizar o mundo na tela do computador, e a comunicação em tempo real com quem está do outro lado do planeta já não é mais coisa de ficção científica.
Nossa civilização nunca experimentou tamanho progresso como agora. Os conhecimentos se acumulam e as experiências vão se tornando degraus que sobem cada vez mais alto, rumo ao futuro. Quanta euforia! Viva o desenvolvimento e a capacitação intelectual do ser humano! Mas nem tudo são flores.
Apesar do otimismo, do desenvolvimento tecnológico e da euforia provocada pelo avanço, alguns aspectos fundamentais da humanidade sofreram regressão. O homem moderno pode chegar à Lua, deixar lá suas pegadas, mas não consegue resolver seus conflitos pessoais. É um impotente diante dos desafios que assolam a alma. Muitos vultos históricos da humanidade têm sido verdadeiros gigantes na política, nos negócios, mas têm sido anões morais na intimidade. Para comprovar isso, basta lembrar daquele ex-presidente americano que ficou famoso pelo envolvimento sexual com a secretária, lembra? Um caso extraconjugal que abalou os pilares da Casa Branca. Um dos homens mais poderosos e admirados no cenário mundial, estampado como adúltero!
Alguns políticos tupiniquins também não ficam atrás. Grande parte daqueles que são pagos com dinheiro público para advogar pela dignidade do povo, não possuem a dignidade própria. Ostentam a máscara da piedade, escondendo a face embrutecida da corrupção. A sigla que mais se ouve no cenário político nacional é CPI. A maioria delas com nomes engraçados, do tipo: “CPI do Mensalão” ou coisa do gênero. Tudo parece uma grande piada, se não fosse trágico.
No campo da ética, nosso povo regrediu a um nível que beira ao zero. Ser honesto transformou-se em motivo de zombaria. Uns poucos corajosos que possuem o caráter brilhante de encontrar uma carteira com dólares (muitos dólares) e a devolvem ao legítimo dono, são tachados de idiotas. Acabam sendo discriminados por serem honestos. Que ironia! Dizer a verdade, passou a ser sinônimo de fraqueza e o “levar vantagem em tudo”, a chamada “lei do Gérson”, não é mais só a lei do Gérson, mas é do João, da Maria, do Fulano e da Fulana.
Os valores estão sendo mudados, os conceitos abandonados enquanto o homem se torna cada vez mais rude, brutal e frio.
E o que dizer do campo espiritual? É justamente aí que as coisas estão complicadas de verdade. O ser humano tem vencido a batalha do saber, do produzir, do edificar, mas por outro lado tem perdido a guerra na alma. Tem decolado no conhecimento científico e tecnológico, mas continua atolado na lama da ignorância espiritual. Satanás inverteu os conceitos para que o homem de hoje esteja cada vez mais confuso e sem rumo.
Embora o homem moderno saiba que precisa de algo que preencha seu vazio e satisfaça seus anseios, Satanás insinua que o que ele precisa, na verdade, são as altas posições, o status, a fortuna e a fama. Ledo engano! A procura do homem segue por caminhos sinuosos e decepcionantes, cheios de frustrações em cada esquina. A angústia invade a alma de muitos, levando-os ao submundo das drogas, do alcoolismo e até ao suicídio. Talvez tenhamos aqui a resposta ao fato de termos tantos jovens instruídos, nascidos de famílias ricas, mas que encabeçam a lista dos crimes mais cruéis e brutais que volta e meia aparecem na mídia.
A Palavra de Deus tem respostas para todas as indagações e aponta a solução para a maior necessidade do homem. Quer sejam ricos ou pobres, cultos ou indoutos, novos ou velhos, a Bíblia apresenta a solução para todos, sem distinção. O tema das Escrituras é uma pessoa, a pessoa de Jesus, o Filho de Deus que veio ao mundo e tornou-se homem (I Tm 3:16; Jo 1:14). Sendo Ele o único capaz de mudar a história de alguém, não é de admirar que Satanás tenha procurado cegar a humanidade com suas mentiras, levando o homem a duvidar da veracidade da Bíblia. Não se sabe quantos “Evangelhos” ainda serão encontrados e dados ao público. Já somam à grande coleção “o Evangelho de Tomé” e “o Evangelho de Judas” (quem diria!). Cada um mais fantasioso que o outro. Estórias mirabolantes estão sendo recontadas acerca do Nosso Senhor. Estamos em plena era do descrédito da autêntica e genuína Palavra de Deus.
No início, contra a Igreja Primitiva, o inimigo investiu abertamente contra os discípulos de Jesus. Muitos foram torturados, mortos numa perseguição implacável desencadeada pelo Império Romano, o instrumento eficiente de Satanás. Com o passar dos anos as perseguições ficaram ainda mais acirradas. É impossível calcular o número dos fiéis que foram queimados vivos, nas fogueiras que iluminavam as praças sombrias do paganismo, outros jogados às feras no imponente coliseu romano (que permanece em pé até hoje).
Hoje, não se têm notícias, pelo menos diretamente, de crentes que foram queimados vivos ou jogados aos leões, embora seja evidente a triste realidade que ainda há países onde a igreja é perseguida. A tática destruidora de Satanás hoje é mais sutil, cruelmente disfarçada. Fazendo valer aquela velha frase: “se não posso vencer o inimigo; alio-me a ele”. A arma mais eficiente do diabo nos últimos tempos chama-se engano, que já ultrapassou até mesmo as fronteiras da Igreja de Cristo.
Em Mateus 24:4-8, nosso Senhor advertiu a seus discípulos quanto aos acontecimentos catastróficos do tempo do fim. Jesus enumera muitos perigos assustadores. Mas um perigo em especial, chama-nos à atenção: “Vede que ninguém vos engane…”. diz o Senhor. O engano é perigoso, pois ele sempre será sutil. O grande perigo que ronda à Igreja de Cristo não é o Islamismo, Hinduísmo, Budismo ou qualquer outro “ismo” que tenha por aí. Esses nós já sabemos que são advindos de Satanás, e como crentes, imediatamente, rechaçamos suas doutrinas maléficas.
O grande perigo ameaçador está dentro da própria igreja. Não se assuste, ele está lá! O Evangelho adulterado, que não é o Evangelho de Cristo (Rm 1:16; Gl 1:8-9), este é o maior perigo do nosso tempo. Ele convive paralelo ao Evangelho restaurador, mas seu objetivo é manter multidões tão ocupadas e satisfeitas consigo mesmas, que não valorizam o sacrifício expiador de Cristo.
Nesse Evangelho falsificado, mascarado pela mentira, não se ouve falar sobre pecado, salvação, perdão, arrependimento. As palavras preferidas nesse Evangelho de meia tigela são “fogueira santa”, “corredor das bênçãos”, “cantinho dos milagres”, “culto da prosperidade” e até mesmo o “sal grosso”.
A chamada “indústria da fé” com as suas multinacionais estão avançando assustadoramente. As igrejas do “sucesso absoluto” estão por toda parte usando o sagrado nome de Deus, assim como fez a Igreja Católica Apostólica Romana na Idade Média, que ludibriou milhões de miseráveis, roubando-lhes o pouco que tinham em troca de indulgências (perdão dos pecados). Hoje, o comércio inescrupuloso da fé é mais sofisticado. Vai da “rosa vermelha”, passando pelo “óleo ungido” até chegar na “água do Rio Jordão”. Quanta imaginação! O engano doutrinário é como uma erva daninha que cresce no trigal de Deus. Hoje, estamos no tempo do “parece mas não é” (Mt 13:24-29).
Se somos cristãos autênticos, então é hora para vivermos e assumirmos o que somos. Não há tempo para brincadeiras de “igrejinha”. Estamos em meio à uma guerra travada. É hora de cessarmos com as “picuinhas domésticas” que muitas vezes criamos por falta do que fazer, e partirmos decisivamente para a luta.
Há muito por fazer enquanto o Senhor não vem. Sendo assim, não se deixe enganar!
Adonias Gonçalves