Metáforas Significantes
Aqui temos a vida cristã em três metáforas – uma luta, uma corrida, uma mordomia. É uma luta, porque existe um inimigo a vencer. É uma corrida, porque há um alvo para atingir. É uma mordomia, porque há uma verdade para guardar. É uma luta: devemos ser corajosos. É uma corrida: devemos estar entusiasmados. É uma mordomia: devemos ser verdadeiros. É uma luta: devemos ser “fortes no Senhor”. É uma corrida: temos que “correr com paciência”. É uma mordomia: devemos ser “fiéis até a morte”. É uma luta: e existe uma palma de vitória para o vencedor. É uma corrida: e a coroa de justiça está guardada para os que amarem a Sua vinda (8). É uma mordomia: e existe o “Bem feito!” do Senhor para o servo fiel.
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé” (II Tm 4:7)
Cada uma dessas três metáforas é real. Cada uma descreve um aspecto da vida cristã. Cada uma é, num sentido, independente; mesmo assim, todas as três vão juntas e são necessárias entre si. Elas são uma trindade em unidade, e devemos conservar todas as três bem em mente. Predominantemente, elas nos ensinam que a vida cristã exige coragem, perseverança, fidelidade. Elas “varrem para fora” todas as ideias frouxas e preguiçosas. Não há nada aqui para “ser carregado aos Céus nos leitos floreados de tranquilidade”! Todas essas três figuras significam esforço piedoso e tenacidade intensa. Se deixamos a vida do apóstolo ser o nosso comentário nas suas palavras, há “sangue, suor e fadiga” nessas três metáforas: uma luta, uma corrida, uma mordomia.
É possível que isso cause perplexidade, especialmente em discípulos mais jovens. Muitas vezes nós, ao nos converter a Cristo, pensávamos que a vida cristã seria totalmente de paz e descanso de coração. O Senhor Jesus não disse “Dar-te-ei descanso”? O Evangelho não oferece “gozo e paz em crer”? Mas aqui Paulo indica que a vida cristã é uma luta a ser travada, uma corrida a ser desenvolvida, e uma fé para guardar; algo exigindo um empenho incansável. Como podemos reconciliar a aparente contradição?
A resposta é que há dois tipos de descanso. Existe o descanso que vem depois; e há o descanso que vem durante . Existe o descanso que vem depois da luta terminada; depois da corrida ganha e depois do término da marcha; depois de galgar o morro; depois do alvo alcançado; depois da fadiga terminada. E existe aquele outro tipo de descanso: aquela tranquilidade íntima e repouso calmo que podem ser nossos em Cristo, enquanto a luta, a corrida, a marcha, a escalada, o esforço e a fadiga continuam. Isto é descanso em e durante o tempo todo, aqui e agora. É o descanso que é nosso quando estamos inteiramente consagrados a Cristo.
Mesmo se parecer estranho a alguns, na vida cristã é possível estar descansando, enquanto guerreando! – estar descontraído, enquanto se esforçando na corrida! – ter sossego de coração durante toda a vigília custosa. Em efeito, mesmo dando a aparência de ser um paradoxo, é parte da luta, e corrida, e mordomia cristã atingir aquele lugar de descanso interior, e depois ficar ali. É por isso que lemos: “… procuremos, pois, entrar naquele repouso”! (Hb 4:11).
Oh, é maravilhoso esse repouso em e durante a luta, a corrida, e a vigília: mas nossa ênfase no momento é o fato de que a vida cristã é realmente uma “luta”. A nossa conversão foi o nosso alistamento. Cada nova bênção deve ser munição nova. Querido Capitão celestial, ajuda-nos a continuar batalhando contra o pecado onde quer que o encontremos – especialmente em nós!
James Sidlow Baxter