Desde os meus primeiros anos de crente, sempre ouvi da parte dos irmãos que contribuíram para o meu desenvolvimento espiritual (e alguns já estão na presença do Senhor), que as igrejas precisavam, não só de evangelizar, mas também de ministrar o ensino da Palavra aos novos crentes. Hoje sente-se ainda mais essa necessidade, visto que em muitas das nossas igrejas deixaram de ter ensino. De um modo geral parece não haver esta preocupação da parte de alguns.
É imperativo ensinar e preparar os novos crentes; para que se tornem fortes na fé e cresçam em Cristo e na sua graça, para assim poderem resistir e vencer as tentações da carne, do mundo e de Satanás.
Nas igrejas do Novo Testamento os apóstolos tinham essa preocupação. Para eles não bastava evangelizar, mas passar ao ensino daqueles que o Senhor ia acrescentando à Igreja.
Por exemplo, na igreja em Jerusalém, quando o número de crentes aumentava e, por consequência, os problemas começavam a aparecer, os apóstolos convocaram os crentes e disseram: “Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei dentre vós sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio, mas nós perseveraremos na oração e no ministério da Palavra” (At 6:2-4).
Quando os apóstolos souberam que em Antioquia “grande número creu e se converteu ao Senhor” enviaram Barnabé e este foi chamar Paulo que, durante um ano se reuniram naquele igreja e ensinaram muita gente (At 11:21-26).
Paulo, o apóstolo, separado pelo Senhor para levar o Evangelho aos gentios, e entre eles estabelecer igrejas (Gal.2:8;Ef.3:8), ele mesmo, se preocupava em indicar anciãos em cada igreja local (At 14:28).
Estes anciãos eram novos na fé, mas certamente revelavam crescimento espiritual, amor, capacidade e dedicação. E mais ainda, de algumas destas igrejas por ele estabelecidas, foram separados irmãos idóneos, ainda que novos na fé, para seus colaboradores na obra missionária, entre eles, Timóteo, Tito, Sopater de Bereia, Aristarco e Segundo de Tessalónica, Gaio de Derbe e Tíquico e Trófimo da Ásia (At 20:4). Temos ainda a exortação de Paulo a Tito, para que na ilha de Creta, de cidade em cidade estabelecesse presbíteros; e a Timóteo, aconselhando-o a confiar a homens fiéis, que fossem idóneos, para também ensinaram a outros o que Paulo lhe ensinou (Tt 1:5; II Tm 2:2).
Em muito pouco tempo passou a haver, na igreja de Antioquia, profetas e mestres, tais como, Barnabé, Simeão, Lúcio, Manaém e Saulo (At13:1). O autor da carta aos hebreus critica os irmãos a quem escreve, “porque devendo já serem mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus, e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento” (Hb 5:12). Para o aperfeiçoamento dos santos, para a edificação do corpo de Cristo, o Senhor ainda quer dar a cada igreja, uns para evangelistas e outros para pastores e mestres (Ef 4:11-12).
Há muitos irmos nas igrejas que nunca lhes é concedida a oportunidade de desenvolverem os seus dons.
No passado não era assim. Os nossos pioneiros, á medida que o Senhor lhes abria as portas para a pregação do Evangelho, e na medida em que almas se convertiam, logo se dedicavam ao ensino desses novos crentes, encorajando-os a desenvolverem os seus dons.
Igrejas foram-se plantando e, devido a esta preciosa e útil visão dos pioneiros, sempre havia, destes novos convertidos, evangelistas e mestres, para levarem a palavra a outros lugares, criando-se assim novas igrejas. Bom princípio este, em que havia uma permuta de púlpitos, ou seja, cada igreja convidava pregadores das outras igrejas. Embora esteja a perder-se este bom costume, há igrejas que mantêm este bom hábito original. Há ainda muitos fiéis irmãos desse tempo que, embora de condição humilde, continuam a ser uma bênção para as igrejas.
Conta-se que certo servo do Senhor, bem conhecido do nosso meio, foi convidado a dirigir uma série de conferência numa igreja denominacional. Os assistentes ficaram maravilhados pelas mensagens tão profundas e poderosas deste nosso amado irmão. Perguntaram-lhe: “Em que seminário estudou?” Estudei e ainda estudo no seminário de Maria, respondeu. “Onde fica esse seminário?”, perguntaram de novo. Fica aos pés de Jesus! – foi a sua resposta.
O conselho que damos a cada leitor é o conselho que Paulo deu a Timóteo: “Persiste em ler” , ou como diz noutra versão: “Aplica-te à leitura” (1 Tm 4:13).
Lê e medita diariamente na Bíblia. Procura compreender o que lês e obedece aos seus ensinos. Existem Bíblias com concordância, dicionário e outras ajudas. Há ainda bons comentários aos livros do Novo Testamento, versículo a versículo, que nós podemos recomendar. Ora e pergunta: “Senhor, que queres que eu faça?
Carlos Alves – Revista “Refrigério“.