A ansiedade é uma característica negativa do comportamento humano. Significa, segundo o dicionarista Aulete, “angústia de espirito”, “aflição de quem receia alguma desgraça”, “impaciência”. O primeiro passo, na terapêutica correta a ser aplicada no tratamento da ansiedade, há de ser, sem dúvida, uma disposição firme e sincera de afastar, totalmente, os fatos negativos da vida, que a provocaram, desde que já acertamos as contas com o Senhor, colocando tudo sobre o Calvário! (Fp 4:6-7).
I. Consequências Básicas
“A ansiedade no coração do homem o ABATE” (Pv 12:25). Sobremodo trágicas são as consequências da “ansiedade” no ser humano. Atua negativamente “no coração do homem”, como afirma Salomão e o “abate” inexoravelmente. Alinhamos três consequências básicas:
- Anula o indivíduo afetando a sua ação no intelecto, na emoção e na vontade;
- Prejudica as suas realizações;
- Impede os resultados desejados.
II. Origem
1. Sentimento de culpa. A fixação nos fatos negativos da vida e a alimentação do sentimento de culpa resultam na ansiedade. Em Gênesis 42:21 o exemplo na atitude dos irmãos de José, quando dizem: “na verdade somos culpados, no tocante ao nosso irmão, … e não lhe acudimos; por isso nos vem esta ansiedade”.
Em Levítico 26:36 a incômoda experiência de ansiedade do povo de Deus, por causa do sentimento resultante da sua reconhecida desobediência a Deus.
2. O desejo obsessivo de possuir (Lc 12:15-21). Na parábola do avarento, contada pelo Senhor, é feita, por Ele, a estreita relação que existe entre a obsessão possessiva e a “ansiedade”. Depois de se referir à pecaminosa obsessão possessiva do avarento, que o levou a ser chamado de “louco”, por Deus (20), o Senhor segue, séria e reiteradamente, exortando para que não andemos ansiosos pela nossa vida, quanto ao que havemos de comer, nem pelo nosso corpo, pelo que havemos de vestir (22, 25, 26, 29). Temos aí, na autorizada palavra do Senhor, uma demonstração clara de que a obsessão possessiva cria a ansiedade.
3. O fracasso pessoal. Quando ficamos quedados a contemplar o nosso fracasso pessoal, em qualquer área de nosso comportamento, alimentamos, desastradamente, a ansiedade.
4. A insegurança em si mesmo e nos meios utilizados. A incerteza quanto à nossa capacidade na realização dos nossos projetos provoca, inexoravelmente, o processo da ansiedade. O mesmo se dá quando estamos inseguros em relação aos meios de que devemos nos valer para realizá-los.
5. A dúvida sobre os resultados. Quando alimentamos dúvidas sobre os resultados daquilo que realizamos, avivamos em nós a ansiedade e prejudicamos todo o processo de realização.
6. As circunstâncias adversas. Somos sujeitos a adversidades e contratempos que, inevitavelmente, ocorrem, durante as realizações da vida, e acabam nos introduzindo no processo da ansiedade.
7. As avaliações depreciativas e injustas e as oposições supervenientes. Quando sustentamos a Verdade, buscando a transparência e o correto comportamento, apontando os erros e exortando à correção, muitas vezes criamos opositores ferrenhos. Não estamos imunes às malévolas atuações opositoras, movidas por ciúmes, invejas e incompreensões, praticadas pelos que querem impedir o sucesso daquilo que fazemos, menos cabendo nossas realizações, fazendo injustas avaliações depreciativas, por vezes caluniosas e difamatórias. Todas essas atitudes negativas nos levam, muitas vezes, à ansiedade.
Apontamos sete motivações da ANSIEDADE humana. Cremos que são comuns e nos afetam sistematicamente. Mas a ORIGEM mais remota da “ansiedade” na experiência humana é o PECADO e a consequente alienação de Deus na vida do homem. O profeta Isaías em 59:2 afirma: “mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça”. E é a natureza pecaminosa do homem que é responsável por essa desastrosa anomalia no seu comportamento, tornando-o sobremodo infeliz.
III. Como tratar a ansiedade
Paulo responde no texto em Filipenses 4:6-7
1. Não se fixe nos fatos negativos, valorizando-os demais. Veja a expressão: “de coisa alguma”. A fixação nos fatos negativos da vida e a sua valorização é atitude que aviva o sentimento de culpa e cria as circunstâncias depressivas que dão lugar ao estado de ansiedade.
Sigamos o conselho de Paulo não admitindo o processo da ansiedade, qualquer que seja a sua motivação (“de coisa alguma”). O Senhor afirma: “dos seus pecados jamais me lembrarei” (Hb 8:12). Se Ele esquece os nossos pecados, uma vez confessados e deixados, porque apagados pela eficácia do sangue que o Senhor Jesus Cristo derramou por nós na cruz, por que dele vamos nos lembrar para viver na ansiedade? Isso é ardiloso artifício satânico. Não entremos nessa!
2. Relacione-se com Deus. Veja a expressão: “diante de Deus”
- Deus sabe tudo Salmo 139:1-6; 38:9
- Deus ouve tudo Salmo 34:15
- Deus pode mudar tudo Salmo 23
Costumamos ficar muito ansiosos porque, no fundo, cremos que a solução dos problemas está em nossas mãos; isso, porém, não é verdadeiro. Precisamos reconhecer que somos finitos e limitados. Sem a presença de Deus atuando em nós e através de nós, não alcançaremos resultado favorável quanto ao afastamento da ansiedade.
No Salmo 34:4 Davi nos ensina a respeito da imprescindibilidade de nos relacionarmos corretamente com Deus para afastar toda a ansiedade: “busquei o Senhor e ele me acolheu; livrou-me de todos os meus temores”. Verso 6: “Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações”. Nos versos 9 e 10 destacamos a gloriosa afirmação de suporte total do Senhor: “nada falta aos que o temem” e “aos que buscam o Senhor bem nenhum lhes faltará” (Mt 6:33; Is 55:7, 8; Mt 11:28).
3. Tenha atitude transparente diante de Deus Veja a expressão: “sejam conhecidas, diante de Deus”. Nada Lhe oculte!: “O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28:13).
Enquanto permanecemos ocultando os nossos pecados e ignorando a nossa responsabilidade pessoal quanto aos erros cometidos, estaremos impedindo a eliminação do problema da ansiedade. Devemos reconhecê-los sincera e honestamente, confessá-los e deixá-los, para que não impeçamos a prosperidade autêntica e alcancemos a misericórdia de Deus.
Sejamos transparentes perante Deus e alcançaremos a Sua Benção! Ensina-nos o Salmo 38:9: “Na tua presença, Senhor, estão os meus desejos todos e a minha ansiedade não te é oculta”: “confesso a minha iniquidade; suporto tristeza por causa do meu pecado” (18).
4. Tenha a perspectiva correta de Deus. Veja n’Ele todas as possibilidades favoráveis. Não tenha d’Ele a errada perspectiva de um Deus rancoroso, vingativo, opressor, que quer massacrá-lo e vê-lo infeliz. Deus é amoroso, bondoso, misericordioso, benigno, longânimo, perdoador, poderoso, salvador, provedor e “deseja que todos os homem sejam salvos e venham ao conhecimento da verdade” (I Tm 2:4).
Contemple a bela perspectiva que Paulo nos oferece de Deus, em Romanos 8:31-39: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Porventura não nos dará com Ele todas as coisas? Quem intentará acusação? Quem nos condenará? Quem nos separará do amor de Cristo? Em todas as coisas somos mais do que vencedores, por meio daquele que nos amou”.
Contemple, também, a perspectiva que Paulo tinha de Deus para a sua experiência de vida em Filipenses 4:13: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Isso afastará qualquer tipo de ansiedade.
5. Confie em Deus. “Bendito o homem que confia no Senhor e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17:7). Desenvolva uma fé ativa! Veja a experiência fracassada de Pedro em Mateus 14:31, porque lhe faltou fé, o que foi duramente censurado pelo Senhor Jesus. Se entregar o controle de tudo ao Senhor andará sobre as águas do mar da vida calma, firme e vitoriosamente!
Não ocupe com nada o espaço que pertence ao Senhor! “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará” (Sl 37:5). “Confia os teus cuidados ao Senhor e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado” (Sl 55:22). “Lançando sobre ele toda a ansiedade, porque ele tem cuidado de vós” (I Pe 5:7).Um problema difícil não é sinal de derrota. Podemos transformá-lo em vitória, através da fé: “esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (I Jo 5:4). Confiando em Deus não daremos lugar à ansiedade!
6. Seja grato a Deus. Veja no texto: “com ações de graças”. A gratidão faz parte do correto exercício espiritual. É a evidência que damos a Deus da nossa convicção de que Ele sempre faz o melhor para nós. Exprime, também, o necessário reconhecimento que Lhe devemos por tudo.
O exemplo do leproso curado em Lucas 17:15-16 ilustra essa preciosa lição quanto ao afastamento da ansiedade. Diz o texto: “um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glórias a Deus em alta voz, e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe”. Note o detalhe: “e este era samaritano”. Sabemos que os samaritanos não se davam bem com os judeus, mas ele passou por cima dessa barreira no relacionamento e voltou para agradecer ao judeu Jesus que o curara!
O que mais agrada ao Senhor, mais do que todo o ritualismo e o formalismo de que revestimos a prática de nossa vã religiosidade é a nossa sincera gratidão, que, reconhecida e sinceramente, Lhe devotamos.
Os salmistas, na sua extraordinária experiência de devoção ao Senhor, sempre ressaltam a importância da atitude de Gratidão a Deus, em todas as circunstâncias da vida, sejam elas favoráveis ou desfavoráveis. Paulo nos exorta em I Tessalonicenses 5:18: “Em tudo, dai graças; porque essa é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
Nada mais eficiente do que sermos sempre gratos a Deus, em quaisquer circunstâncias (“em tudo”), para afastar de nós toda ansiedade!
7. Viva a extraordinária experiência da paz de Deus. A experiência real da paz de Deus em nós é uma da mais deliciosas da vida cristã. Veja o texto: “e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e vossa mente em Cristo Jesus”. Está aí o extraordinário resultado da anulação e do total desaparecimento da “ansiedade”. Onde está a PAZ DE DEUS não há lugar para a ansiedade!
Deus é a nossa paz. Afirmou o Senhor Jesus em João 14:27: “Deixo-vos a paz a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo”. Estando o Senhor em nós há paz permanente. Cultive a harmonia ( e este é o verdadeiro sentido de “paz”, na Palavra de Deus) constante com Deus e com a Sua soberana vontade.”Coração” e “mente” estarão guardados por essa Paz e a vida será uma benção. Acabou a ansiedade!
IV. Conclusão
Em Lucas 10:38-42 encontramos o relato da melancólica experiência de uma mulher vivendo em ansiedade: Marta. O Senhor identificou essa condição negativa no comportamento de Marta e procurou aliviá-la da ansiedade que a atormentava.
Disse-lhe, amorosa mas repreensivamente, que Maria, sua irmã, tão tranquila e feliz (aos seus pés ouvindo-lhe os ensinos) havia escolhido a boa parte (42), que lhe não seria tirada.
Essa é a melhor, a mais segura e a definitiva terapêutica para anular a sua ansiedade! Vamos escolher a boa parte! Fiquemos mais aos pés do Senhor. Ouçamos a Sua voz. Aprendamos a Sua lição. Pratiquemos os Seus ensinos. Então, não haverá, mais, lugar para a ANSIEDADE.
Walter Gonçalves