Histórico – Segundo Samuel
Autor: Sacerdote Abiatar, Samuel e outros — Os dois livros hoje conhecidos como I e II Samuel eram originalmente um só livro denominado “O Livro de Samuel”. Não se sabe com exatidão quem realmente escreveu o livro. Sem dúvida, Samuel registrou boa parte da história de Israel neste período. No entanto, outros materiais haviam sido colecionados e puderam ser usado como fontes pelo autor real. Três dessas fontes são mencionadas em I Cr 29.29, a saber: as “crônicas de Samuel, o vidente”, as “crônicas do profeta Natã” e as “crônicas de Gade, o vidente”. Tanto Gade como Abiatar tinham acesso aos eventos da corte do reino de Davi, de forma que ambos são candidatos à autoria desses dois livros.
A Data
931 – 722 a.C.
Os dois livros devem receber uma data posterior à divisão do reino em duas partes, divisão que aconteceu logo depois do governo de Salomão, 931 a.C., por causa do comentário encontrado em I Sm 27.6 “pelo que Ziclague pertence aos reis de Judá, até ao dia de hoje”. Embora, com frequência, fosse traçada uma diferenciação entre Israel e Judá, e embora Davi tenha reinado em Judá por sete anos e meio antes da unificação do reino, não havia reis em Judá antes desta data.
O Conteúdo
II Samuel trata da ascendência de Davi ao trono e dos quarenta anos do seu reinado. O livro está enfocado na sua pessoa. E começa com a morte de Saul e Jônatas na batalha do monte Gilboa. Davi é, então, ungido rei sobre Judá, sua própria tribo. Há um jogo de pode pela casa de Saul entre Isbosete, filho de Saul e Abner comandante-chefe dos exércitos de Saul. Embora a rebelião tenha sido sufocada, esse relato sumário descreve os sete anos e meio anteriores à unificação do reino por Davi. “E houve uma longa guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi; porém Davi se ia fortalecendo, mas os da casa de Saul se iam enfraquecendo” (3.1). Davi unifica tanto a vida religiosa quanto política da nação ao trazer a arca do Testemunho da casa de Abinadabe, onde havia estado deste que fora recuperada dos filisteus (6.1 – 7.1). O tema do Rei vindouro, o Messias, é introduzido quando Deus estabelece uma aliança perpétua com Davi e seu reino. “Teu trono será firme para sempre” (7.16). Davi derrota com sucesso os inimigos de Israel, e inicia-se um período de estabilidade e prosperidade. Tristemente, porém, a sua vulnerabilidade e fraqueza o leva ao pecado com Bate-Seba e ao assassinato de Urias, esposo dela. Apesar do arrependimento de Davi depois de confrontado com o profeta Natã, as consequências da sua ação são declaradas com todas as letras: “Agora, pois, não se apartará a espada jamais de tua casa” (12.10). Absalão, filho de Davi, depois de uma longa separação de seu pai, instiga uma rebelião contra o rei, e Davi foge de Jerusalém. A rebelião termina quando Absalão, pendurado numa árvore pelos cabelos, é morto por Joabe. Há uma desavença entre Israel e Judá a respeito da volta do rei a Jerusalém. Um rebelde chamado Seba instiga Israel a abandonar Davi e a voltar para casa. Embora Davi tome uma série de decisões desafortunadas e pouco sábias, a rebelião é sufocada, e Davi é mais uma vez estabelecido em Jerusalém. O livro termina com dois belos poemas, uma lista dos valentes de Davi e com o pecado de Davi em fazer o censo dos homens de guerra de Israel. Davi se arrepende, compra a eira de Araúna e apresenta oferendas ao Senhor no altar que constrói.
O Cristo Revelado
Davi e seu reino esperavam a vinda do Messias. O capítulo 7, em especial, antecipa o futuro Rei. Deus interrompe os planos de Davi de construir uma casa para a arca e explica que enquanto Davi não pode construir uma casa para Deus, Deus está construindo uma casa para Davi, ou seja, uma linhagem que dure para sempre. Pela sua vitória sobre todos os inimigos de Israel, pela sua humildade e compromisso com o Senhor, pelo seu zelo a favor da casa de Deus e pela associação dos ofícios de profeta, sacerdote e rei na sua pessoa, Davi é um precursor da Raiz de Jessé, Jesus Cristo.
O Espírito Santo em Ação
Jesus explicou a obra do Espírito em João 16.8: E, quando ele vier convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo”. Nós vemos claramente a ação do Espírito Santo através desses dois modos em II Samuel. Ele atuava com mais frequência através do sacerdócio. Sua atuação como conselheiro pode ser apreciada nas muitas ocasiões em que Davi “consultou o Senhor” através do sacerdote e do éfode. A obra de convencer e de condenar do Espírito é claramente percebida quando o profeta Natã enfrenta Davi por causa do seu pecado com Bate-Seba e Urias. O pecado de Davi é desnudado, a justiça é feita, e o julgamento é anunciado. Isso, no quadro microcósmico de II Samuel, ilustra o amplo ministério do Espírito Santo no mundo através da igreja investida do poder do Espírito.
Esboço de II Samuel
1.1 – 10.19 – Os triunfos de Davi
1.1 – 5.25 – Os triunfos políticos de Davi
- 1.1 – 4.12 – O reino de Davi em Hebrom
- 5.1-25 – O reino de Davi em Jerusalém
6.1-7.29 – Os triunfos espirituais de Davi
- 6.1-23 – Mudando a arca
- 7.1-29 – Aliança de Deus com Davi
8.1 – 10.19 – Os triunfos militares de Davi
- 8.1-12 – Triunfos sobre os seus inimigos
- 8.13 – 9.13 – O governo Justo de Davi
- 10.1-19 – Triunfos sobre Amom e Síria
11.1-27 – As transgressões de Davi
11.1-5 – O pecado do adultério
11.6-27 – O pecado do Assassinato
- 11.6-13 – Lealdade de Urias a Davi
- 11.14-25 – Ordem de Davi para assassinar Urias
- 11.26-27 – Casamento de Davi com Bate-Seba
12.1 – 13.36 – Os problemas de Davi
12.1 – 13.36 – Problemas na casa de Davi
- 12.1-14 – Profecia de Natã
- 12.15-25 – Morte do filho de Davi
- 12.26-31 – Lealdade de Joabe a Davi
- 13.1-20 – Incesto na casa de Davi
- 13.21-36 – Absalão mata Amom
13.37 – 24.25 – Problemas no reino de Davi
- 13.37 – 17.29 – Rebelião de Absalão
- 18.1-33 – Joabe mata Absalão
- 19.1 – 20.26 – Restauração de Davi como rei
- 21.1 – 24.25 – Comentários sobre o reino de Davi
Fonte: Bíblia Plenitude