Guiados Pelo Espírito

A direção do Espírito é uma marca que distingue entre aquele que é filho de Deus e aquele que não é, pois “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não podem entendê-las” (I Cor 2:14), mas “todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus”.

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Rm 8:14).

Ser guiado pelo Espírito Santo não é algo estranho na vida daquele que é salvo. Ou melhor, não deve ser. Muito pelo contrário, o versículo acima transcrito indica que esta direção divina é uma característica daqueles que são filhos de Deus. Deve, portanto, ser a experiência de todos os cristãos.

À luz deste fato, a realidade que vivemos hoje é preocupante! Aqueles que professam ser cristãos, em grande maioria, não conhecem a direção do Espírito Santo em suas vidas. Aceitam isso como doutrina, ou teoria, mas nada sabem desta experiência no seu dia-a-dia. Acham impossível conhecer a verdadeira direção do Espírito nas questões que afetam a vida familiar e secular, e, consequentemente, nunca a procuram.

Ao mesmo tempo, há outros que falam muito do Espírito Santo e afirmam ter a experiência constante da Sua direção na vida deles, mas em cujas vidas os fatos desmentem aquela afirmação, pois esta suposta direção do Espírito Santo leva-os por caminhos que o Espírito Santo condena nas Sagradas Escrituras. Isto é alarmante!

Quero sugerir que antes de prosseguir na leitura deste artigo, você faça um autoexame. Será que a sua vida está sendo dirigida pelo Espírito Santo? Ou é você mesmo quem planeja tudo?

Não tenha dúvidas; se a direção do Espírito não é uma realidade em sua vida, se esta direção não é uma característica em seu dia-a-dia, então a sua vida não é uma vida cristã normal; algo está errado.

O Outro Consolador

Para entendermos a direção do Espírito Santo em nossas vidas, precisamos rememorar aquela noite inesquecível da traição. O Senhor predissera aos discípulos que um deles O trairia (Jo 13:21); dissera, também, que Pedro O negaria três vezes (Jo 13:38). Além disto, contou-lhes que iria embora e eles não poderiam mais segui-Lo (Jo 13:33, 36-37). Os discípulos estavam preocupados. Inquietava-os o intervalo entre a Sua ida e a Sua volta. Teriam de ficar sozinhos num mundo hostil. Estavam com medo.

Foi então que o Senhor deu-lhes outra promessa: disse-lhes que Ele rogaria ao Pai e Este lhes daria “outro Consolador”, o Qual ficaria com eles para sempre.

A palavra traduzida “Consolador” é usada apenas cinco vezes em o Novo Testamento, e somente nos escritos de João. Uma vez refere-se ao Senhor Jesus mesmo (I Jo 2:1, onde a tradução é “Advogado”). As outras quatro ocorrências estão entre as palavras que o Senhor Jesus falou naquela última noite antes da Sua morte (Jo 14:16, 26 / 15:26 / 16:7), e referem-se ao Espírito Santo.

A inferência é clara. O Espírito Santo viria para tomar o lugar que o Senhor Jesus ocupava no meio daqueles discípulos. Ele seria para aqueles servos de Deus tudo o que o Senhor Jesus fora durante aqueles três anos e meio de ministério público.

A palavra traduzida “outro” confirma isto. É a palavra grega “allos”, que significa outro do mesmo gênero. Enquanto estava entre eles o Senhor dirigia tudo. Ele planejava, Ele mandava, cabendo-lhes apenas seguir e obedecer.

Agora viria o Espírito Santo para assumir esta responsabilidade.

O Cumprimento da Promessa

Uma leitura de Atos dos Apóstolos revela que o Espírito Santo cumpriu de fato aquela promessa. Se o Senhor guiava os discípulos durante aqueles três anos e meio (Mt 14:22 e Mc 1:38), o Espírito Santo guiava-os depois (At 8:29 e 10:19). Quando o Senhor estava aqui, Ele nomeou doze entre os Seus discípulos para serem apóstolos (Mc 3:13-14). Quando o Espírito Santo veio, Ele escolheu alguns entre os discípulos e os constituiu bispos (At 20:28). O Senhor enviou pregadores de dois em dois (Lc 10:1) e o Espírito Santo também enviou dois irmãos para pregar (At 13:1-4).

Houve até momentos quando alguns discípulos discordaram do Senhor, rejeitando temporariamente a direção d’Ele (Mt 16:21-22; Jo 11:8, 16). Vemos mais tarde a mesma incompreensão quando Pedro e outros estranharam a direção do Espírito Santo (At 10:14 e 11:2-3).

Apesar destas vacilações, é claro que a direção do Senhor era natural na vida dos discípulos durante aqueles três anos e meio. É igualmente claro que a direção do Espírito Santo era normal nas suas vidas nos primeiros anos da história da Igreja. E não há dúvida alguma que a Sua direção deve ser normal para cada cristão até o dia de hoje.

Portanto, se você não conhece a direção do Espírito Santo em sua vida, torno a dizer que algo está errado; a sua vida não é uma vida cristã normal.

“Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5:16).

Ronaldo E. Watterson