A história do Senhor Jesus Cristo no templo (Lucas 2:41-52) contém uma bela lição de obediência aos pais. Depois que Seu pai e Sua mãe O encontraram, é-nos dito que “desceu com eles e foi para Nazaré, e era-lhes submisso”. É esse espírito de submissão aos pais que estamos considerando.
Matthew Henry comentou sobre o fato de Cristo ter ido de Jerusalém para a cidade de Nazaré com Seus pais: “Embora Seus pais fossem pobres e pobres, embora Seu pai fosse apenas Seu suposto pai, ainda assim Ele era submisso a eles; embora Ele fosse forte em espírito e cheio de sabedoria, não, embora Ele fosse o Filho de Deus, ainda assim Ele era submisso a Seus pais; como então eles responderão a isso, que, embora tolos e fracos, ainda assim são desobedientes a seus pais?”
Os jovens de nossos dias muitas vezes acham que não devem obedecer a seus pais porque pensam que sabem mais do que os mais velhos. Observe o versículo 50, em que Lucas registra: “Eles não entendiam a palavra que lhes dizia.” Jesus certamente sabia mais do que Seus pais; no entanto, não permitiu que isso O tornasse insubordinado diante deles. O fato de saber muito mais do que Seus pais não O tornava arrogante de forma alguma. Na verdade, a própria ignorância deles só Lhe deu mais oportunidades de ser amoroso e paciente com eles. Nunca houve outra família em que a diferença de inteligência fosse tão grande quanto a que existia entre o Senhor Jesus e Seus pais. Portanto, a atitude do Senhor Jesus para com eles é um exemplo maravilhoso para a juventude moderna.
Às vezes é verdade que os jovens de hoje têm mais conhecimento do que seus pais, mas eles devem se lembrar humildemente de que a razão pela qual têm vantagens tão notáveis no aprendizado é que seus pais, e outros adultos daquela geração, taxaram voluntariamente sua renda. O jovem atencioso não desprezará seus pais que não tiveram privilégios educacionais semelhantes, mas manifestará um espírito de submissão e gratidão.
As Escrituras ensinam os filhos a obedecer aos pais no Senhor, afirmando: “Porque isto é justo” (Efésios 6:1). João Calvino disse ao comentar esse versículo: “A obediência é a evidência da honra que os filhos devem a seus pais e, portanto, é mais seriamente endossada. Da mesma forma, é mais difícil, pois a mente humana recua diante da ideia de sujeição e, com dificuldade, permite-se ser colocada sob o controle de outra pessoa… A obediência dos filhos é imposta pela autoridade de Deus. Portanto, segue-se que os pais devem ser obedecidos, até onde for consistente com a piedade a Deus, que vem em primeiro lugar na ordem. Se o mandamento de Deus é a regra pela qual a submissão dos filhos deve ser regulada, seria tolice supor que o cumprimento desse dever poderia afastá-los do próprio Deus. Ele prova que isso é correto porque Deus ordenou”. Nenhum jovem pode esperar sinceramente a bênção de Deus em sua vida a menos que esteja sujeito a seus pais.
Isso não quer dizer que o jovem não tenha vontade própria. Sem dúvida, o Senhor Jesus tinha uma vontade tão forte quanto a de qualquer pessoa que já viveu. No entanto, Sua forte vontade foi humildemente submetida à autoridade dos pais, e o resultado foi uma personalidade equilibrada. A própria força de Sua vontade tornou Sua submissão ainda mais maravilhosa. Ninguém quer ver jovens sem espírito. Todo mundo que deseja o bem de um jovem quer vê-lo zeloso e animado, mas com sua vontade submetida à autoridade paterna. A força de vontade confere caráter à vida, propósito às atividades e determinação às intenções. O fato de um jovem com força de vontade submeter-se aos pais é uma lição maravilhosa para os outros, e para si mesmo é uma excelente disciplina. O próprio Deus diz: “Isso é certo”.
Os pais às vezes estão errados. Tenho certeza de que Maria e José tomaram tantas decisões erradas quanto a média dos pais de hoje. As decisões errôneas se devem à falta de informações ou a preconceitos. O Senhor Jesus tinha todas as informações e conhecimento sobre todos os assuntos e sabia quando Seus pais haviam tomado decisões erradas; no entanto, as Escrituras nos dizem que Ele estava sujeito a eles. Os pais devem observar que as Escrituras dizem que Jesus estava sujeito a eles. Ambos os pais estavam de acordo quanto ao que deveria ser feito. Os pais não podem esperar que seus filhos obedeçam a menos que haja um acordo entre pai e mãe quanto aos assuntos que afetam seus filhos.
Observemos a atitude da mãe: “Ela guardava todas essas palavras em seu coração”. A obediência nunca passa despercebida. Assim como Maria guardou em seu coração a obediência amorosa de seu Filho, os pais apreciam e são gratos pela obediência de seus próprios filhos.
No versículo 52, Lucas afirma: “Jesus crescia em sabedoria”, isto é, crescimento da mente; “e em estatura”, crescimento do corpo. Cristo era o Filho de Deus quando era um bebê em Belém, e agradou ao Pai como um bebê. Ele cresceu até a infância e agradou ao Pai como uma criança. Quando chegou à idade adulta, Jesus cresceu … “na graça de Deus e dos homens”, o que indicava crescimento social. Não há dúvida de que Jesus Cristo era o jovem mais popular de Nazaré entre os adultos. Eles podiam ver Sua obediência aos pais. Reconheciam Seu amor pelos outros. Quanto mais viam Sua submissão, mais O respeitavam. Ele cresceu em favor dos homens. Sua obediência foi notada com aprovação por Deus. Por três vezes Deus disse de Cristo que Ele era Seu Filho, em quem Ele se agradava. Seu aumento em sabedoria e estatura só o tornava mais querido por Seus pais e conhecidos. Matthew Henry diz: “Os jovens, à medida que crescem em estatura, devem crescer em sabedoria; e, então, à medida que crescem em sabedoria, crescerão em favor de Deus e dos homens”.
Ao lermos e ponderarmos a história do Perfeito, que nosso coração seja convencido das grandes diferenças que às vezes existem entre essa família padrão de Nazaré e as famílias cristãs professas de hoje. Que procuremos obedecer a nossos pais como Cristo obedeceu aos Seus.
“Honra teu pai e tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa;
“Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra” (Efésios 6:2-3).
Richard Burson — “Alimento Para o Rebanho”
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