Nós vivemos em um mundo que caminha progressivamente numa degradação espiritual e moral. No âmbito espiritual vemos o mundo se degenerando quando observamos o homem virar as costas, fugir e tentar encontrar a paz fora da presença de Deus.
“A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (Sl 85:10).
Na corrida em busca da paz muitos vão atrás de grandes somas de dinheiro julgando que assim alcançarão paz, e nessa corrida; sonegam impostos, apresentam documentos fraudulentos a Receita Federal e ao INSS. Tudo no intuito de ter um bom rendimento mensal garantido e o aumento do patrimônio, a fim de ter paz.
Os adolescentes na busca pela paz e segurança, seduzidos pelo status de uma posição de destaque, se preparam intelectualmente para uma corrida em busca dos melhores cargos e salários no mercado de trabalho. Mas sempre se esquecendo que a verdadeira paz não se encontra nas glorias deste mundo”.Falou o rei, e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para a gloria da minha magnificência? Ainda estava a palavra na boca do rei quando caiu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino. E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo: far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens, e os da a quem quer”. [Dn 4:30-32].
No âmbito moral a degradação tem atingido de forma devastadora todas as faixas etárias da sociedade. Os valores morais que tinham tanto peso e virtude, hoje caíram na banalização e desprezo. Assim como era virtuoso uma jovem ser submissa aos pais, educada com todos e manter-se casta e pura, hoje é considerado antiquado dar satisfações dos atos aos pais. Também é marca registrada da juventude de hoje adotar um vocabulário vulgar e agressivo, bem como buscar experiências sexuais o mais precocemente possível. Os pais, as escolas, os programas de TV sentam com os adolescentes e falam da permissividade de se praticar sexo desde que seja de “maneira segura”.
Cabelos brancos era símbolo de respeito e pudor, havia autoridade nas palavras e atitudes das pessoas mais velhas. Hoje tem pedófilos de cabelos brancos. A terceira idade em nome da saúde promove bailes onde senhores e senhoras de idade avançada vão em busca de aventuras amorosas como se fossem adolescentes. Os valores morais mudaram.
Lembro-me que na minha infância e adolescência como premio pelas boas notas e bom comportamento, eu reclinava minha cabeça no colo de minha mãe e era recompensado com palavras de elogios e estimulo e o afago de suas mãos. Hoje qualquer criança que não faça nada mais que sua mera obrigação, quer barganhar com os pais o seu bom desempenho escolar por carrinhos de controle, tênis caros e aparelho celular. Que mundo é esse onde um celular vale mais que um abraço de mãe? É um mundo que está numa busca incessante pela paz, porém vagueia por caminhos errados.
No trecho bíblico usado para nossa introdução a paz é o último elemento que aparece no versículo, não por ser o menos importante, mas por ser o resultado de acontecimentos que a antecedem. Na verdade ela está sustentada sobre o tripé: Misericórdia – Verdade – Justiça.
Vejamos o primeiro acontecimento que antecede a paz:
“A misericórdia e a verdade se encontraram …”.
Recentemente um brasileiro foi preso na Indonésia e apreenderam com ele certa quantia de cocaína. Ele foi levado a julgamento por trafico de drogas, e de acordo com as leis daquele país, foi condenado à pena de morte. A sentença tirou a paz do acusado assim como dos seus familiares. Nem mesmo a intervenção do presidente do Brasil pedindo clemência para o réu revogou a decisão da justiça da Indonésia. “A misericórdia e a verdade não se encontraram”, quebrando assim as pernas do tripé que sustenta a paz.
Quando o homem se apresenta na presença de Deus em busca de paz, é diferente. A forma de Deus tratar o homem é bem diferente da maneira que o homem trata o homem.
No Evangelho de Lucas o Senhor Jesus disse a uma mulher que estava sendo julgada sem misericórdia: “… os teus pecados te são perdoados”. E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecado? “E disse á mulher: A tua fé te salvou: Vai-te em paz” (Lc 7:48-50). Para que houvesse paz a verdade dos atos daquela mulher teve que ser contemplada pela misericórdia de Jesus. “A misericórdia e a verdade se encontraram”.
A palavra de Deus é cheia de exemplos semelhantes, e sem exceções. Todas as vezes que a verdade a respeito de um homem pecador é colocada diante de Jesus, ela tem um encontro certo com a misericórdia do Senhor. O povo de Israel, embora sendo um povo insubmisso, obstinado, desobediente, estava constantemente se reconciliando com Deus, e isso ocorria quando eles analisavam os fatos e sua condição espiritual. Quando a verdade sobre eles vinha à tona, a conclusão era a seguinte: “Mas pela tua misericórdia os não destruíste nem desamparaste; por que és um Deus clemente e misericordioso” (Ne 9:31). “Ao Senhor nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão; pois nós rebelamos contra ele” (Dn 9:9).
Observamos na palavra de Deus que para misericórdia agir é necessário que a verdade apareça. “O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv 28:1). Quando lemos este versículo imaginamos logo em não ocultar a nossa verdade para os outros, porém muitas vezes o homem esconde as suas transgressões dele mesmo.
Em Lucas lemos a respeito da oração de dois homens. “O fariseu estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes por semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo”. Tudo isso era verdade, mas a grande mentira era o fato de suas obras o colocar num patamar mais privilegiado que os demais homens. Já o publicano dizia: “… Ó Deus tem misericórdia de mim pecador”. Nesta segunda oração a misericórdia de Deus pode agir porque ela se encontrou com a verdade. “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa” (Lc 18:10-13).
“A justiça e a paz se beijaram”
Auto justificação era o problema do fariseu e tem sido o problema de muitas pessoas hoje também. È muito comum haver dissensões, discussões, contendas e algum tipo de arestas entre irmãos em suas igrejas locais, e tem sido cada dia mais difícil resolver esses problemas em virtude da auto justificação, pois ambas as partes envolvidas se acham justas no processo e querem responsabilizar o próximo pela culpa. Poucos, muito poucos, são como o publicano, que disse: “Ó Deus tem misericórdia de mim pecador”. Lembremos que todos aqueles que chegaram à presença do Senhor com um discurso de auto justificação, não encontraram a paz.
Deus nos ensina a sermos realistas conosco mesmo para alcançarmos a misericórdia Dele. “… Lavai-vos, purificai-vos… ainda que seus pecados sejam como escarlata, eles se tornarão brancos como a neve…”. (Is 1:12-18). O homem precisa entender que sua própria justiça não satisfaz a justiça de Deus. “… porque não lançamos as nossas suplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas nas tuas muitas misericórdias” (Dn 9:18b). “Mas todos nós somos como imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia…”. (Is 64:6).
Todo aquele que quer de fato encontrar a verdadeira paz, deve buscá-la na cruz de Cristo. Na cruz de Cristo houve misericórdia quando o próprio Jesus toma o nosso lugar assumindo a nossa culpa e dizendo aos pecadores: “Pai perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. A verdade sobre o pecado ficou evidenciada de tal forma que Deus desviou o olhar de seu filho não podendo suportar a presença do nosso pecado, então se ouviu de Cristo: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?”.
A justiça requerida por Deus foi plenamente satisfeita com o derramamento do sangue imaculado de Cristo, a ponto de Cristo exclamar em alta voz: “está consumado!”. Por isso na cruz de Cristo é onde consequentemente encontramos a paz. “Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”. (Rm 5:1).
Por isso a sociedade, as famílias, as nações e até mesmo muitos crentes, buscam a paz e não encontram, porque não a buscam na cruz de Cristo.
“O Senhor te abençoe e te guarde: O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti. O Senhor sobre ti levante o seu rosto, e te de a paz”. (Nm 6:24-26).
Paulo Silas