Em um mundo de miséria e necessidade, quão bom é conhecermos Alguém cujo coração sofreu isso tudo, tomando sobre Si as nossas dores, e cujas emoções de profundo amor são tão expressivas que podemos vê-las e conhecê-las nestas palavras: “E teve compaixão deles” (Marcos 6:34).
Aquela bendita face expressava claramente o palpitar de uma misericórdia divina a revolver o Seu interior. O coração se expressava antes mesmo que a mão se movesse para aliviar aquilo que Seus olhos contemplavam. Não se tratava de um sentimento passageiro, uma emoção de momento.
A dor da miséria humana encontrou morada permanente no coração de Jesus. Ele, que é “o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”, embora esteja agora no trono de Deus em glória, ainda tem “compaixão deles”, enquanto olha para nós e assimila toda a miséria e necessidade que sobem em incessante súplica, e com uma intensidade cada vez mais profunda, ao trono de misericórdia.
Se o Pastor de Israel se moveu de compaixão, enquanto olhava para os filhos de Abraão e os via “como ovelhas que não têm pastor”, quão profunda deve ser a emoção com que agora o Senhor Jesus contempla os filhos de Deus mais uma vez espalhados! Que terrível estrago os “lobos cruéis” fizeram no “rebanho”! (At 20.29).
Como os pregadores de coisas perversas atraíram “os discípulos após si”! (At 20.30). Quanta divisão, e ofensa generalizada, trouxeram aqueles que “não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre”! (Rm 16.18). Certamente tudo isso aparece com força perante Ele que “amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela” (Ef 5.25).
Mas será que tudo se resumia no fato de ser, o povo de Jeová, “como ovelhas que não têm pastor”? Acaso não foram eles próprios que pecaram? Terá o coração deles sido “reto para com Ele”? Teriam eles sido “fiéis ao Seu concerto”? Ele sabia muito bem que tinham sido exatamente o contrário; a longa e triste história daquele povo perverso e obstinado estava toda diante d’Ele, “mas Ele, que é misericordioso, perdoou a sua iniquidade” (Sl 78.37-38).
E será que a Igreja do Deus vivo tem sofrido apenas em razão de falsos mestres e guias maus? Acaso terão os filhos de Deus uma história melhor que a dos filhos de Israel? Terão sido menos perversos e obstinados? Terão todos, juntamente, guardado a Sua Palavra? E será que os seus corações têm sido retos para com Ele, que os redimiu com Seu próprio sangue?
Quão bem Ele sabe que os privilégios mais elevados e as melhores promessas apenas revelaram um pecado mais profundo, e, na mesma proporção, menos ainda foi correspondido o Seu amor! Certamente todo coração conhece isto. Quão doce, então, em nossos dias, nos voltarmos para Aquele cuja compaixão não termina e que “como havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim”! (Jo 13.1).
Quão bom era estarem ali e poderem contar com aquele coração profundamente comovido de intenso amor e perdão, que “começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6.34). Embora Ele hoje fale a nós lá do céu, trata-se do mesmo céu que está aberto para nós, não existindo distância para a fé. A ruína e a ignorância encontram-se ao nosso redor. Podemos tão somente perceber a primeira e ministrar à segunda, enquanto permanecemos com Ele que, acima de todo mal, vê tudo e apenas aguarda o momento para o ministério do amor.
Quão bom era estarem ali e poderem contar com aquele coração profundamente comovido de intenso amor e perdão, que “começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6.34). Embora Ele hoje fale a nós lá do céu, trata-se do mesmo céu que está aberto para nós, não existindo distância para a fé. A ruína e a ignorância encontram-se ao nosso redor. Podemos tão somente perceber a primeira e ministrar à segunda, enquanto permanecemos com Ele que, acima de todo mal, vê tudo e apenas aguarda o momento para o ministério do amor.
Aqueles que, em qualquer medida, servem às ovelhas de Cristo nestes últimos e derradeiros dias, precisam ponderar muito estas palavras, dirigidas a alguém no passado, “executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um a seu irmão” (Zc 7.9), enquanto, acima de tudo, permaneçam bem no espírito daqu’Ele que é “misericordioso e fiel Sumo Sacerdote” (Hb 2.17), que, rodeado de fraqueza, e tocado com os mesmos sentimentos que temos, pode “compadecer-Se ternamente dos ignorantes e errados” (Hb 5.2).
Christopher Wolston