A santificação é, em essência, um relacionamento com Deus. A única maneira de entrar nesse relacionamento é mediante a fé em Jesus Cristo, no Espírito de Deus (At 26:18; I Cor 6:11), e só se tornou possível mediante a Sua morte expiatória (Ef 5:25-26; Cl 1:22; Hb 10:10-29; 13:12). É por isso que o versículo proposto diz que, sem a santificação, “ninguém verá o Senhor”. Quem não tiver esse relacionamento com Deus não pode entrar em Sua presença santa: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).
A palavra “santificação” é a tradução do grego “hagiasmos”, usada na Bíblia sob dois aspectos:
- A separação para Deus;
- O estilo de vida adequado aos que assim se separaram.
Seguindo o argumento nos versículos precedentes, onde o escritor fala da disciplina de Deus, que “nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade”, temos a impressão que se trata de um esforço nosso. Mas, como sem essa santificação ninguém verá a Deus, ele deve estar se referindo ao primeiro aspecto.
Na verdade ambos os aspectos estão incluídos aqui. A santificação é uma só, não havendo, por assim dizer, um tipo que significa purificação e consagração, e outro tipo limitado a um esforço do crente no dia-a-dia da sua luta contra a carne, o mundo e o diabo. Ninguém pode, por si próprio, santificar-se: não pode sequer separar-se para Deus, muito menos separar-se de suas próprias vontades, do mundo e do diabo.
Tendo assim entrado nesse relacionamento, o crente é como que “adotado como filho” por Deus. Deus deseja tornar perfeita a santificação do crente (I Ts 4:3), separando-o das coisas e dos caminhos maus pois para isso lhe foi proclamado o Evangelho (I Ts 4:7), e é de Deus que ele vai aprender (I Ts 4:4), à medida que Deus o ensina pela Sua Palavra (Jo 17:17-19). Como um pai disciplina o seu filho a fim de guiá-lo com sabedoria até alcançar a maturidade, assim também Deus nos disciplina para nosso proveito a fim de sermos participantes da Sua santidade.
Ele nos ensina pela Sua Palavra, na prática da qual ganhamos experiência, e na desobediência da qual sofremos castigo. Dentro da nossa igreja local aprendemos e nos educamos uns aos outros no caminho da santidade.
A nossa fé é provada para o nosso fortalecimento: as provas são suportáveis, pois não somos provados além das nossas forças; são penosas e podem trazer sofrimentos, mas haverá regozijo com as vitórias. E temos ainda, para nosso estímulo, um galardão prometido a cada um que vencer.
Embora dotados de poder pelo Espírito Santo para alcançar vitórias, estamos sujeitos a cansar, esmorecer e mesmo a cair. Esta passagem em Hebreus nos estimula a perseverar em meio à disciplina do Senhor quando somos reprovados por Ele. Uma reprovação não significa abandono, ao contrário, é parte integrante da nossa aprendizagem e prova do empenho amoroso de Deus no Seu sublime objetivo de nos fazer participantes da Sua santidade.
Somos exortados a restabelecer as mãos descaídas e os joelhos trôpegos daqueles que estão fraquejando; fazer caminhos retos para os pés, para que não se extravie o que é manco: tenhamos em consideração os que têm dificuldades em compreender corretamente a vontade de Deus, ensinando-os claramente para que saibam como se conduzir e servindo-lhes de exemplo para seguir; segui a paz com todos (se possível, quanto depender de nós – Rm 12:18); e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, para a qual dependemos inteiramente do nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo.
Como todo o crente é santificado em Cristo Jesus (I Cor 1:2), todo o crente é chamado de santo no Novo Testamento. Logo a santidade, ou santificação, não é algo alcançado pelos méritos de uma pessoa, mas é um estado que Deus concede gratuitamente aos pecadores, e no qual eles iniciam a sua carreira cristã (Cl 3:12, Hb 3:1).
Richard D. Jones