Dispensação

A palavra grega significa literalmente “administração de uma casa“, e “economia” sendo, portanto, uma certa maneira de Deus tratar com o homem na administração variada dos Seus desígnios em diferentes épocas. Ao revermos as diferentes administrações de Deus para com o homem, podemos notar o estado de inocência no Éden, embora isto não se enquadre bem no caráter de uma dispensação. Apenas uma lei foi dada a Adão e Eva, e exigia-se obediência, tendo sido anunciada uma pena para o caso de falharem.

Isso foi seguido de um longo período de aproximadamente 1.600 anos até o dilúvio – uma época em que não houve uma maneira definida no tratamento de Deus para com o homem, e durante cujo período os homens corromperam os seus caminhos e a Terra encheu-se de violência. O mundo foi então avisado por Deus, por intermédio de Noé que foi um pregador da justiça; e Deus esperou, em longanimidade, que houvesse arrependimento enquanto era preparada a arca (1 Pe 3:20; 2 Pe 2:5). Eles não se arrependeram e o velho mundo foi destruído.

No mundo pós-diluviano Deus estabeleceu o governo do homem para com o seu próximo, ao mesmo tempo em que um conhecimento de Deus, como um Deus que julga o mal, foi disseminado pelos descendentes de Noé, fazendo com que tradições acerca do Dilúvio sejam encontradas hoje em todo o mundo. Esse foi um testemunho adicional para Deus. Seguiu-se, então, a divisão da terra em várias nações e tribos, de acordo com suas famílias e línguas. Em meio a isso prevaleceu a ignorância acerca de Deus, apesar do testemunho do Seu poder e divindade, e da admoestação da consciência, à qual se refere Romanos 1 e 2.

Cerca de 360 anos após o dilúvio, teve início a era dos patriarcas com o chamado de Abraão; uma nova e soberana maneira de Deus tratar com o homem. Porém isso ficou restrito a Abraão e seus descendentes.

A dispensação da Lei veio em seguida, sendo, estritamente falando, o primeiro sistema publicamente estabelecido de Deus tratar com o homem, havendo sido administrado por anjos. Os oráculos de Deus foram dados a uma nação, a única nação sobre a Terra que Deus reconheceu dessa forma (Am 3:2). Essa foi a dispensação do “Faça isso e viverá e será abençoado; desobedeça e será amaldiçoado”. Essa dispensação teve três fases distintas:

  1. Cerca de 400 anos sob os Juízes, quando Deus deveria ser o Rei para o povo, mas quando na realidade cada um fazia aquilo que era justo aos seus próprios olhos (Jz 21:25).
  2. 500 anos como um reino sob uma linhagem real.
  3. 600 anos do cativeiro até a vinda de Cristo. Conectado a isso havia o testemunho profético: a lei e os profetas que foram até João (Lc 16.16).

Durante a dispensação da Lei os tempos dos gentios tiveram início na supremacia política de Nabucodonosor, a cabeça de ouro e rei de reis (Dn 2:37-38). Esses “tempos do gentios” continuam a ter seu curso, e continuarão até que o Senhor Jesus dê início ao Seu reino.

A dispensação da Graça e Verdade teve início após a pregação de João Batista, pelo advento de Cristo. Durante esta dispensação o Evangelho é pregado a toda criatura debaixo do céu, e ocorre o chamado da Igreja, estendendo-se, como um parênteses, desde o dia de Pentecostes até ao arrebatamento dos santos (At 2:1-4; 1 Ts 4:13-18). Paulo tinha uma “dispensação” especial, a ele comissionada por Deus, tanto com respeito ao Evangelho como ao cumprimento da Palavra de Deus pela doutrina da igreja como sendo o corpo de Cristo (1 Cor 9:17; Ef 3:2-3; Cl 1:25-26).

A dispensação do Reino de Cristo sobre a Terra durante o milênio é também chamada de dispensação da plenitude dos tempos (Ef 1:10; Ap 20:1-6).

Sob estas variadas administrações, a bondade e fidelidade de Deus brilhou, e a ruína do homem se fez manifesta em todo lugar.

Concise Bible Dictionary