No Novo Testamento a palavra “Igreja” é traduzida da palavra grega “ekklesia”, que significa um grupo de indivíduos chamados para formar uma reunião ou assembleia. Em Atos 7:38 Estêvão usou a mesma palavra para descrever Israel no deserto. E também usada em Atos 19:32, 39 e 41 para descrever o tumulto gentílico em Éfeso. Mas no Novo Testamento a palavra é mais vulgarmente usada para descrever um grupo de crentes no Senhor Jesus Cristo.
Assim, Paulo fala da Igreja de Deus, que o Senhor resgatou com o Seu próprio Sangue” (At 20:28). Na sua primeira Epístola, o grande apóstolo divide o mundo em três grupos: Judeus, Gentios e a Igreja de Deus (I Cor 10:32). Em I Coríntios 15:9 Paulo faz referência aos grupos de crentes que ele perseguiu antes da sua conversão.
No Novo Testamento há muitos títulos descritivos da Igreja: estes títulos devem ser estudados separadamente, se quisermos obter uma melhor compreensão da Igreja. Os títulos que mais se destacam, são os seguintes:
UM REBANHO (Jo 10:16) – A nação Judaica era designada por “um aprisco”. A Igreja por “um rebanho”. Em João 10:16 o Senhor Jesus diz: “Tenho outras ovelhas que não são deste aprisco (Israel); também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor”. Na palavra “rebanho” encontramos o símbolo dum grupo de crentes, vivendo em comunhão uns com os outros, sob o carinho e proteção do Bom Pastor, dando ouvidos â Sua voz e seguindo-O.
LAVOURA DE DEUS (I Cor 3:9) _ A Igreja de Deus é o Seu campo, no qual tenciona produzir fruto para Sua glória. Envolve o pensamento da frutificação.
EDIFÍCIO DE DEUS (I Cor 3:9) – Esta expressão revela-nos Deus como edificador. Ele acrescenta pedras vivas à Igreja. E pois de suma importância que as nossas vidas se consagrem à realização deste projeto divino.
O TEMPLO DE DEUS (I Cor 3:16) – A palavra “Templo” traz imediatamente à nossa mente a ideia de adoração, e faz-nos lembrar do facto, que neste mundo, Deus só é adorado pelos membros da Sua Igreja.
CORPO DE CRISTO (Ef 1:22-23) – O Corpo é o meio pelo qual o indivíduo se revela. Semelhantemente, o Corpo de Cristo é o meio pelo qual Ele se revela ao mundo. Desde que o crente aprenda esta verdade, nunca mais considerará de somenos importância a Igreja de Cristo. Consagrar-se-á incondicionalmente tendo em vista os altos interesses do Corpo de Cristo.
UM NOVO HOMEM (Ef 2:15) – Salienta-se aqui a ideia duma nova criação. A maior barreira que dividia os homens era a que existia entre Judeus e Gentios, a qual foi abolida dentro da Igreja; assim Deus fez dos dois um novo homem.
MORADA DE DEUS (Ef 2:22) – Esta expressão revela-nos uma grande verdade: Deus agora habita na Igreja espiritual, em vez de habitar num tabernáculo ou templo material, como acontecia nos tempos do Velho Testamento.
A NOIVA DE CRISTO (Ef 5:25-27; II Cor 11:2) – Sob este aspecto realça-se a ideia do afeto: “Maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a Si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar, a Si mesmo, igreja gloriosa, sem mácula nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível”. Se Cristo amou a igreja e se entregou a Si mesmo por ela, é evidente que a igreja deve dedicar todo o seu amor a Cristo.
CASA DE DEUS (I Tm 3:15) – A casa ou família fala-nos de dois princípios: ordem e disciplina. A ordem é sugerida nesta passagem: “Para que saibas como convém andar na Casa de Deus”; e a disciplina nesta outra: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela Casa de Deus” (I Pe 4:17).
A COLUNA E FIRMEZA DA VERDADE (I Tm 3:5) – Em tempos idos as colunas eram usadas, não só para suportar a parte superior do edifício, mas também para se afixarem anúncios. Era um meio de propaganda. A palavra “firmeza” significa baluarte ou reduto de defesa. Assim verifica-se que a igreja foi estabelecida por Deus para proclamar, sustentar e defender a verdade. Portanto, podemos afirmar com toda a segurança que, se os crentes desejam conformar-se com o propósito e a vontade de Deus revelados na Sua Palavra, devem dedicar os seus esforços tanto à expansão do Evangelho como ao progresso espiritual da Igreja.
Há quem diga que a sua vocação é pregar o Evangelho, e negligenciam tudo o que diz respeito à Igreja. Quem assim procede, é porque ainda não notou que o apóstolo Paulo tinha um duplo ministério:
- Anunciar entre os gentios, por meio do Evangelho, as inesgotáveis riquezas de Cristo;
- Demonstrar a todos qual seja a dispensação do ministério, isto é, estabelecê-los nas verdades acerca da Igreja (Ef 3:8-9).
A Igreja não é uma organização, mas um organismo. Não é uma mera instituição mas uma unidade viva. E a comunhão de todos os que nasceram de novo e participam da vida de Cristo e, consequentemente, estão unidos uns aos outros pelo Espírito Santo. E uma simples comunhão de pessoas sem carácter de instituição humana.
William McDonald – “Cristo Amou a Igreja”.