Cristo, Nossa Vida
“Cristo deseja ser a própria Vida de nossa vida“.
Cristo deseja ser não apenas nosso Salvador e nosso Senhor, mas ser a própria Vida de nossa vida. Deus fez, para isto, ampla provisão através da ressurreição e ascensão de Cristo.
Criação do novo homem – Co-ressurreição com Cristo
A morte é a porta para a vida. Co-crucificação abre a porta para co-ressurreição. Identificação com Cristo em Sua morte e sepultamento é apenas o começo da união do crente com Ele numa vida interminável.
“Porque se fomos unidos com Ele na semelhança da Sua morte , certamente os seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6.5).
“Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos” (Rm 6.8).
Identificação com Cristo em Sua vivificação, ressurreição e ascensão leva o crente para dentro de uma nova esfera e inicia a vida do novo homem.
“Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, (pela graça sois salvos), e juntamente com Ele nos ressuscitou e nos assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2.4-6).
“E vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24).
“Juntamente com Cristo” na cruz, no túmulo, nos lugares celestiais! Assim o Senhor exaltado é capaz de compartilhar com todo cristão a vitória de Sua morte, o poder de Sua ressurreição, e a plenitude de Sua vida glorificada.
A nova esfera – o crente em Cristo
No momento em que um pecador arrependido coloca sua fé em Cristo como Salvador, ele sai da vida “em Adão” e entra para dentro da vida “em Cristo”. Através das eras vindouras ele estará “em Cristo”. Nunca entenderemos as epístolas de Paulo se não entendermos essa expressão “em Cristo”. Esta é a chave para todo o Novo Testamento. Esta expressão ou sua equivalência é utilizada cento e trinta vezes. Estas são as duas palavras mais importantes já escritas para descrever o relacionamento mútuo entre o cristão e Cristo.
Estar “em Cristo” determina a posição, os privilégios e as possessões do cristão. Pois estar “em Cristo” é estar onde Ele está, ser o que Ele é e compartilhar daquilo que Ele tem.
Estar “em Cristo” é estar onde Ele está. Mas Cristo está nos lugares celestiais, então, é aí o verdadeiro lar do cristão. Ele é um peregrino na terra, pois sua verdadeira cidadania é celestial.
“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”. (Fl 3.20)
“Na verdade, não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir”. (Hb 13.14)
Seu endereço atual é apenas um local de parada na jornada, embora alguns de vocês planejem seus lares terrenos como se fossem viver aqui para sempre. Seus corações estão colocados nas coisas terrenas ao invés de nas celestiais.
“Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.1-2).
Eu escuto alguns de vocês dizerem, “Este é um padrão muito alto para mim; não é apenas impossível mas também sem atrativos. Eu estou nesta terra e neste mundo, e assim sendo, porque não deveria viver como se estivesse e me alegrar, deixando o regozijo do céu para quando lá chegar?” Tal é o raciocínio de um vasto número de cristãos, e suas vidas estão em plena harmonia com seu raciocínio.
Não nos é necessário começar a nos adaptar ao nosso lar eterno no céu? Se a atmosfera celestial é asfixiante para mim aqui, o que me será lá? Se os prazeres e as ocupações celestiais não são atraentes para mim agora, o que eles serão para mim lá? Há música no céu, mas não é jazz; há prazeres lá, mas não aqueles de um salão de baile, da mesa de jogos ou do cinema; há ocupações lá, mas não aquelas que geram dinheiro ou um nome na sociedade. Se o meu coração não pode suportar as atitudes mais elevadas da vida nos lugares celestiais agora, como poderá suportá-lo lá? É a intenção de Deus que você e eu comecemos agora a viver no céu.
Estar “em Cristo” é ser o que Cristo é. Cristo, o Cabeça do corpo, e o cristão, que é um membro desse corpo, têm uma só vida. O sangue do corpo humano é a sua vida. O sangue que está agora em minha cabeça logo estará em meu braço. É o mesmo sangue. Assim a vida que está em Cristo nos lugares celestiais é a mesma vida que está no cristão na terra.
“Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que no dia do juízo mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós o somos neste mundo” (I Jo 4.17).
Estamos tão envolvidos pelo Senhor Jesus que hoje Deus não pode ver Cristo sem nos ver. Neste momento, quando Deus olha para Seu Filho, Ele vê você e eu. E o que é Seu Filho, assim Ele vê a mim e a você.
Estar “em Cristo” é compartilhar daquilo que Cristo tem. Tudo que Cristo possui nós possuímos. Toda benção espiritual n’Ele – gozo, paz, vitória, poder, santidade – é nossa aqui e agora. Se somos filhos de Deus, então somos Seus herdeiros e co-herdeiros com Cristo, de tal maneira que tudo o que o Pai deu ao Filho, o Filho compartilha conosco.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda a sorte de benção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1.3).
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com Ele todas as cousas?” (Rm 8.32).
Você acredita que é um multi-milionário espiritual? Você está vivendo como um? Talvez você conheça alguns milionários. Tudo neles revela o fato de que são ricos. Você vive como um milionário espiritual de tal forma que outros ambicionam ter a sua riqueza espiritual? A maioria de nós vive como mendigos espirituais.
A nova criação – Cristo no crente
Quando o Espírito Santo gerou no crente uma nova natureza, Ele abriu a porta para uma união viva, orgânica entre o cristão e Cristo. Cristo e o cristão são eternamente um. Então, o que é ser um cristão? É ter Cristo glorificado em nós, agora, em presença e poder.
“Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2.19,20)
Cristo vive em mim
Você pode dizer isso? Paulo podia. Mas note a ordem de suas palavras. Primeiro, “Estou crucificado com Cristo”; então “Cristo vive em mim”. O destronamento do eu precede e abre caminho para a entronização de Cristo.
Ser um cristão é ter Cristo como a Vida de nossa vida de tal maneira e a tal ponto que podemos dizer com Paulo. “para mim o viver é Cristo”. Isto quer dizer que Cristo vive agora em você aqui, tão verdadeiramente como Ele um dia viveu em Cafarnaum ou em Caná. Isto acontece?
Ser um cristão significa ter a divina semente, a qual foi plantada no mais íntimo de nosso espírito no novo nascimento, desenvolvendo numa crescente conformidade com a Sua vida perfeita. Isto é diariamente “transformados de glória em glória, na sua própria imagem”. Você tem sido transformado assim?
Ser um cristão é ter Cristo como a Vida de nossas mentes, corações e vontade de tal maneira que é Ele quem pensa através de nossas mentes, ama através de nossos corações e deseja através de nossas vontades. É ter Cristo preenchendo nossa vida em medida sempre crescente até não termos vida alguma fora Dele. Ele o preenche assim?
Mas eu posso escutar alguns Nicodemos de hoje dizerem, “Como podem ser essas coisas? Como posso viver tal vida em minha casa onde não recebo qualquer ajuda ou solidariedade, mas ao invés disso, ridicularização, e onde tenho vivido por tanto tempo uma vida derrotada? Como posso viver uma vida consistente em meu círculo social que é permeado de mundanismo e corrupção, onde Cristo nunca é mencionado ou mesmo lembrado? Como posso viver uma vida espiritual em um local de trabalho onde todos ao meu redor estão vivendo totalmente na carne? Como posso até mesmo viver no plano mais alto entre os cristãos, quando eles são mundanos e modernistas, e onde eu não sou alimentado nem ensinado?”.
Bem, você não pode viver esta vida, mas Cristo pode! CRISTO EM NÓS pode viver esta vida em todo e qualquer lugar. Ele a viveu na terra em um lar onde Ele era mal compreendido e difamado, no meio de um povo que O ridicularizava, escarnecia d’Ele, opunha-se a Ele e que, finalmente, O crucificou. O centro dessa mensagem é mostrar que nós não temos que viver esta vida, mas que Cristo está desejoso e é capas de vivê-la em nós.
Esta é a verdade que Cristo ensinou em principio, em Sua última conversa com Seus discípulos. Ele lhes disse que os deixaria, e eles ficaram imaginando como poderiam viver sem Ele. Mas Cristo os assegurou que estaria com eles em presença espiritual e muito mais vital e real do que o relacionamento que eles haviam tido com Ele anteriormente. A vida da Videira estava para se tornar a vida dos ramos.
“Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5).
Após lhes ensinar isso, Ele orou. Este era o encargo da Sua oração de Sumo Sacerdote.
“Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja” (Jo 17.26).
Você já refletiu nas últimas três palavras desta oração? “Eu neles esteja”. Estas palavras simples mas significativas proferiram o desejo mais profundo do coração de Cristo em relação aos Seus. É Seu desejo ardente viver Sua vida no cristão.
Paulo se apoderou desta verdade gloriosa e ela dele se apoderou. Ela é tecida na urdidura e trama de sua experiência, pregação e serviço missionário.
“Cristo vive em mim” e “para mim o viver é Cristo” foi o clímax de sua experiência pessoal. Para Paulo não havia nada além disso. Para ele, esta era a vida no plano mais alto.
“Cristo em vós” era o coração da sua mensagem às igrejas. Ela soou alto e claro em todas as pregações e ensinamento de Paulo.
“Aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1.27).
“Cristo em vós” era a paixão de todo o serviço missionário de Paulo. Paulo tinha um só alvo e objetivo em toda forma de serviço que fazia – que Cristo pudesse ser formado em todo convertido.
“Meus filhos, por quem de novo sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19).
Cristo é o centro do cristão, Cristo é a circunferência do cristão, Cristo é tudo que está no meio. Como Paulo o coloca, “Cristo é tudo em todos”. Cristo é a Vida de nossa vida.
“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então vós também sereis manifestados com ele, em glória” (Cl 3.4).
Ele é isto para você?
Uma unidade perfeita
A história espiritual de todo cristão poderia se escrita em duas frases: “Vós em mim” e “Eu em vós”. No reconhecimento de Deus, Cristo e o cristão se tornam um de tal maneira que Cristo está tanto nos lugares celestiais quanto sobre a terra, e o cristão está tanto na terra quanto nos lugares celestiais. Cristo nos lugares celestiais é a parte invisível do cristão. O cristão na terra é a parte visível de Cristo. Este é um pensamento impressionante. Sua evidente implicação é que você e Eu devemos trazer a Cristo do céu para a terra para que os homens possam ver que Ele é e o que Ele pode fazer na vida humana. É ter a vida de Cristo vivida em nós com tal plenitude que, ao vê-Lo em nós, os homens sejam atraídos a Ele em fé e em amor.
Mas eu posso ouvir um Tomes duvidoso dizer: “Exceto eu vir alguém vivendo esta vida de Cristo eu não acreditarei”. Bem, eu creio porque vi.
Vivi por muitas semanas numa pensão administrada por uma pequena senhora que pesava apenas trinta e nove quilos. Por dois anos ela viveu no terceiro andar sem qualquer vista a não ser o céu azul acima e uma porção de grama verde a alguns metros quadrados abaixo. Mas seus olhos brilhavam como estrelas, sobre sua face havia um sorriso que a aflição e a adversidade que ela sofria não conseguiam remover, e espelhada em seu semblante havia uma radiância que ninguém vê na terra ou no mar, exceto onde a Luz do mundo habita em brilho não ofuscado. Cristo era a Vida de sua vida.
Um empresário cristão estava morrendo de câncer. Amigos foram chamados para o confortar, mas o deixaram sentindo que haviam tocado a própria porta do céu e visto o Rei em Sua beleza. Cristo era a Vida de sua vida na doença, como havia sido na saúde.
Um jovem chinês que havia se convertido de uma vida muito pervertida e depravada e que era um cristão a menos de dois anos, um dia veio me visitar. Após partir, um senhor que o viu apenas por um breve momento, disse: “Quem era aquele jovem? Eu nunca me encontrei alguém que tão intensamente me compelisse a pensar em Cristo como ele o fez”. Cristo havia se tornado a Vida de sua vida.
Ele é a Vida de sua vida? Pode você verdadeiramente dizer, “Cristo vive em mim”, “para mim o viver é Cristo”?
Há um Homem na GlóriaCuja Vida é para mim,Ele é puro e santo,Triunfante e livre.Ele é sábio e amoroso,Terno Ele é;E Sua Vida na GlóriaMinha vida deve ser.Há um Homem na Glória,Cuja Vida é para mim,Ele venceu Satanás;Do cativeiro livre Ele está.Em vida Ele está reinando,Majestoso Ele é;E Sua Vida na GlóriaMinha vida deve ser.
Há um Homem na GlóriaCuja Vida é para mim,Nele não há doenças:Fraqueza Nele não há,Ele é forte e em vigor,Exuberante Ele é,E Sua Vida na GlóriaMinha vida pode ser.
Há um Homem na GlóriaCuja Vida é para mim,Sua paz é permanente;Paciente Ele é.Ele é rejubilante e radiante,Esperando verSua Vida na GlóriaVivida em mim.
Ruth Paxson – Extraído do livro “Rivers of Living Water”, de Ruth Paxson.
Fonte: Revista Maturidade, Primavera de 1995.