“Considerai a Jesus Cristo”
“Por isso, irmãos santos, participantes da vocação celestial, considerai a Jesus Cristo, apóstolo e sumo sacerdote da nossa confissão, Sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa. Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. Porque toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim […] Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (Hb 3:1-6; 12:1-3).
A superioridade humana sobre outras criaturas encontra-se na mente e no coração. Os anjos se sobressaem em força, e nunca é mencionado que eles sejam feitos à imagem de Deus. O coração do homem é muito amplo e há apenas Um que pode preenchê-lo. Quando o Senhor encontra-Se diante de nós, temos Aquele que pode preencher, e preenche, o coração e a mente.
As passagens citadas acima colocam o Senhor diante de nós de duas, ou talvez três, maneiras diferentes. Ele nos é apresentado de diversas maneiras nas Escrituras. Às vezes O vemos em Sua glória eterna; então, em sua Humanidade, e logo a seguir em Sua glória novamente. Sua glória é magnífica, e muitas são as Suas glórias. O pai de José o amava, e lhe fez uma túnica de muitas cores. Aplique isto em tipo ao Senhor Jesus. Ele tem glórias pessoais e glórias que Lhe foram dadas.
“Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial”. Quanta coisa há nestas poucas palavras! “Considerai a Jesus Cristo, Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão”. Seu apostolado foi na Terra; Seu sumo sacerdócio é no céu. Consideremos estas duas coisas: primeiro, qual é a nossa confissão? É esta – Deus é conhecido, é revelado, não está mais oculto, não está mais envolto numa escuridão. “Deus é luz, e não há n’Ele trevas nenhumas”. Em 1 João 4 temos “Deus é amor” duas vezes, mas no primeiro capítulo está que “Deus é luz”.
A próxima coisa a considerar é onde Deus está, ou seja, “na luz”. Há muitas coisas que Ele disse aos profetas da antiguidade acerca de Si mesmo, mas quando Ele Se revela, o faz somente na pessoa de Seu Filho (Jo 1:18).
O Apóstolo da nossa confissão
Hebreus 1, onde temos o Senhor como o Apóstolo de nossa confissão, começa: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho”. E, depois de haver chamado a nossa atenção para aquela Pessoa, diz, “O qual, sendo o resplendor da Sua glória, e a expressa imagem da Sua pessoa, e sustentando todas as coisas, pela palavra do Seu poder, havendo feito por Si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-Se à destra da majestade nas alturas”. Tal é a nossa confissão, da qual o Senhor é o Apóstolo. Que assunto para considerarmos!
Sumo Sacerdote
Como Sumo Sacerdote nós O vemos no céu, como Aquele que é qualificado para nos sustentar nas circunstâncias da fé. Também O vemos como Aquele que vive dentro do véu, e é tocado com os sentimentos de nossas fraquezas. Sua advocacia (1 Jo 2:1) é outra coisa; é a graça que restaura nossas almas se extraviamos e pecamos. “Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”. Ali está o Senhor como restaurador de nossas almas. Ele leva a alma de volta à comunhão do parentesco ao qual fomos introduzidos.
Como sumo sacerdote Ele nos sustenta em meio às dificuldades, e somos exortados a considerá-Lo em Sua capacidade. Em Hebreus 5 o sacerdócio é a posição à qual Ele foi chamado, e ali Ele nos sustenta. Quão precioso isto torna o Senhor para nós; Ele que sentiu o que sentimos, passou por tudo o que passamos. Acaso sabemos o que é considerar o Senhor sob este aspecto? Trata-se de uma verdade das mais sustentadoras, quando em meio à dor, conhecê-Lo assim; Àquele que vive em simpatizante amor por nós.
Filho sobre a casa de Deus
Outro assunto é a posição que Ele ocupa na casa de Deus. Deus tem uma casa neste mundo. “Para que saibais como convém andar na casa de Deus” (1 Tm 3:15). O lugar da habitação de Deus sobre a Terra encontra-se em meio ao Seu povo. O lugar que o Senhor Jesus ocupa na casa não é o lugar de um servo na casa, mas Ele é Filho sobre ela. Moisés era um servo na casa, e foi fiel Àquele que o chamou. O Senhor Jesus é um Filho sobre a casa, e “fiel ao que O constituiu”. Nós O temos em Apocalipse, capítulos 1 ao 3, como Filho sobre a casa nas mensagens às igrejas. “Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus…”. (Ap 3:2). É o Senhor tomando conta daquilo que está acontecendo à casa de Deus.
Autor e Consumador da fé
Em Hebreus 12 encontramos o Senhor, não como Apóstolo e nem como Sumo Sacerdote, mas como o Autor e Consumador da fé. Ele começou e completou aquele caminho em toda a perfeição.
Nestes três aspectos somos chamados a considerá-Lo: como Apóstolo, Sumo Sacerdote, e como Autor e Consumador da fé, “o Qual pelo gozo que Lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a afronta e assentou-Se à destra do trono de Deus” (Hb 12:2).
Ele foi mantido naquele caminho de fé. O que O mantinha? Aquilo que estava no fim – “pelo gozo…”. O que pode nos manter no caminho da fé, tão assolados por dificuldades do começo ao fim? Uma maneira de sermos derrotados é ficarmos ocupados com as dificuldades. Precisamos olhar para Ele. Portanto, “Considerai pois Aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra Si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos” (3). Se ficarmos ocupados com as circunstâncias, desfaleceremos em nossos ânimos; precisamos ter um alvo diante de nós.
Paulo disse, “para ver se de alguma maneira posso chegar” (Fp 3:11). O alvo estava diante dele. Se alguém, ao subir uma ladeira íngreme, tiver sua mente ocupada com algo mais além, logo alcançará o topo. Mantenha os olhos em Cristo, e o coração estará sustentado.
Se voltarmos ao primeiro capítulo, nós O encontraremos à destra da majestade nas alturas. Trata-se de outro aspecto.
Com estes poucos pensamentos diante de nós, consideremos a Ele, o Apóstolo, Sumo Sacerdote, e Aquele que permaneceu firme, para não nos amedrontarmos e desfalecermos em nossos ânimos. Seja longo ou curto, o caminho é difícil. O que nos capacita a suportá-lo é considerarmos Aquele que foi antes de nós e atingiu o alvo.
W. Potter