Formas Equivocadas de Meditar na Paixão de Cristo
Algumas pessoas meditam na paixão de Cristo e se iram com os judeus. Cantam e falam muito sobre Judas. Só fazem o de sempre. Gostam de se queixar dos demais. Passam todo seu tempo condenando seus inimigos. Suponho que esse é um tipo de meditação, mas não é uma meditação sobre o sofrimento de Cristo, antes, somente uma meditação sobre a maldade dos judeus e de Judas.
Outras pessoas gostam de falar do beneficio de meditar na paixão de Cristo mas não entendem do que isso se trata. Algo que Alberto [1] disse pode ser muito enganoso: Pensar na Paixão é melhor do que jejuar o ano todo e rezar os salmos todos os dias. Alguns cegamente o seguem, e tomam seu comentário no sentido literal, e logo atuam contrariamente à Paixão de Cristo. Só buscam seus próprios interesses, tratando de evitar fazer outras coisas. De forma supersticiosa, se adornam com imagens e livretos, cartas e crucifixos. Outros até imaginam que fazendo essas coisas estão protegendo-se contra afogamentos, queimaduras, contra a espada e toda classe de perigos. Tratam de usar os sofrimentos de Cristo para evitar que algum sofrimento venha sobre suas vidas, o qual, óbvio, é totalmente contrário a como a vida é na realidade.
Além disso, existem pessoas que se agradam por simpatizar emocionalmente com Cristo. Choram e derramam lágrimas sobre Ele porque foi tão inocente. São como as mulheres que seguiram a Cristo no caminho de Jerusalém. Ele as repreendeu! Disse-lhes que deveriam chorar por elas mesmas e por seus filhos. Entram na estação [2] da paixão pensando que recebem um grande beneficio pensando profundamente em como que Jesus saiu de Betânia, ou nas dores e penas que a virgem Maria sofreu. Meditam nessas coisas durantes horas e horas, mas nunca avançam. De alguma forma, não chegam realmente a meditar no verdadeiro sofrimento e morte de Cristo. Só Deus sabe se fazem isso mais para dormirem do que vigiar e esperar com Cristo.
Essa classe de gente inclui os fanáticos que tratam de ensinar ao povo que esse recebe uma grande benção ao somente assistir à celebração da Santa Ceia, ficando lá e vendo a celebração. Tratam de convencer ao povo que só apresentar-se e ver uma missa automaticamente traz a benção pelo ato mesmo de fazê-lo. Intentam levar o povo a crer que a Ceia do Senhor não tem nada que ver com a fé na promessa da Santa Ceia, nem de ser digno para receber a Ceia. A ceia não foi instituída para seu próprio beneficio, como se o propósito dela fosse somente celebrá-la. Foi dada com o fim de meditar na paixão de Cristo. Se não o fazemos, convertemos a Santa ceia em uma obra humana. Fazemos dela algo inútil, não importa que tão boa seja em si mesma. De que lhe serve que Deus seja Deus se não o é para você? Que utilidade têm comer e beber se não beneficia a você? Devemos temer pensar seremos feitos faremos melhores só porque celebramos muito a Santa Ceia, enquanto que ao mesmo tempo não recebemos seu verdadeiro beneficio.
A Maneira Correta de Pensar na Paixão de Cristo
Quando meditamos corretamente na paixão de Cristo, vemos a Cristo e nos aterrorizamos pelo espetáculo. Nossa consciência afunda no desespero. Esse sentimento de terror precisa ocorrer para que comecemos a reconhecer plenamente qual grande é a ira de Deus contra o pecado e os pecadores. Entendemos isso quando vemos que Deus livra aos pecadores só porque seu muito querido Filho – Seu Único Filho – pagou um resgate tão custoso por nós, como é dito em Isaías 53.8: “pela transgressão do meu povo ele foi atingido”.
O que acontece quando vemos o querido Filho de Deus fulminado nesta forma? Reconhecemos como indizível, até insuportável, o total compromisso do Filho com a salvação dos pecadores. De que outra forma podemos nos sentir quando reconhecemos que uma pessoa tão grandiosa como Cristo saiu para enfrentar esse destino, sofrendo e morrendo pelos pecadores? Se você refletir verdadeira e profundamente no fato de que o Filho de Deus, a Sabedoria eterna de Deus sofre, você se encherá de terror. Quanto mais reflitam nisso, maios terror sentirão.
Você deve crer profundamente, e jamais duvidar, que verdadeiramente você mesmo é quem matou a Cristo. Seus pecados lhe fizeram isso a Ele. Pedro aterrorizou os corações dos judeus quando disse em Atos 2.36-37: “Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Três mil pessoas se encheram de tanto terror que tremendo de medo, clamaram aos apóstolos: “Que faremos, homens irmãos?” Assim, quando olhe os cravos penetrando Suas mãos, creia firmemente que é obra sua. Vê Sua coroa de espinhos? Esses seus espinhos são seus maus pensamentos. Olha! Quando um espinho transpassa a Cristo, deves saber que mais de mil deveriam transpassar você! Deveriam transpassar-lhe por toda a eternidade em uma forma ainda mais dolorosa que transpassaram a Cristo.
Quando vê os cravos transpassarem as mãos e os pés de Cristo, se dê conta que você deveria estar sofrendo isso por toda a eternidade, com cravos ainda mais dolorosos. Todo aquele que olha os sofrimentos de Cristo e os esquece, pensando que nada valem, sofrerá tal destino por toda a eternidade. A paixão de Cristo é um espelho daquilo que veem. Esse espelho não é nenhuma mentira nem gozação. Tudo o que Cristo diz que acontecerá, com efeito, sucederá.
Bernardo [3] ficou tão aterrorizado pelos sofrimentos de Cristo que disse: “Por certo tempo, pensava que estava seguro. Eu não sabia nada sobre o juízo que havia sido pronunciado sobre mim no céu, até que vi que o Filho eterno de Deus teve misericórdia de mim. Vi que Ele se adiantou e se ofereceu em meu benefício, recebendo meu juízo e tomando meu lugar. Já não posso sentir-me tão despreocupado quando reconheço como são sérios os sofrimentos de Cristo”. Por isso, Cristo mandou as mulheres “Não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos” (Lucas 23.28).
É como se Jesus dissesse: “Aprenda de minha morte o que tens ganhado e o que mereces receber”. É como matar a um cão pequeno para assustar ao cachorro grande. Por isso o profeta disse: “e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito” (Zacarias 12.10) Não diz que lamentam dele. Lamentam seu próprio destino. Isso explica por que o povo se encheu de terror em Atos 2.37, como já mencionei, e disseram aos apóstolos: “Que faremos, homens irmãos?”. A igreja canta:
“Nisso pensarei com diligência,E minha alma se murchará”.
Deve-se considerar esse ponto com cuidado. O benefício dos sofrimentos de Cristo depende totalmente de que se venha a conhecer bem a si mesmo e se encher de terror até o ponto de morrer. Se não se chega a esse ponto, os sofrimentos de Cristo realmente não o beneficiarão. Os sofrimentos de Cristo realmente fazem de todas as pessoas iguais. Assim como Cristo morre em forma horrível em Seu corpo e alma por nossos pecados, nós, como Ele, temos que morrer em nossa consciência por causa de nossos pecados. Isso não sucede com muitas palavras, mais sim meditando e reconhecendo profundamente nossos pecados.
Permita que ilustre esse ponto. Digamos que uma pessoa má mata o filho de um príncipe ou rei, e isso não o incomoda. Você segue cantando e atuando como totalmente inocente. Logo o arrastam e se convencem que por sua causa o menino foi assassinato. Daria-lhe horror! Tua consciência se afligiria profundamente. Assim deve estar ainda mais aflito quando considere o sofrimento de Cristo. Os judeus que mataram a Cristo, e que agora foram julgados e exilados por Deus, só foram os servos de seus pecados. Verdadeiramente você é quem estrangulou e crucificou ao Filho de Deus por meio de seus pecados.
Se alguém é tão frio e insensível que não se aterroriza quando vê os sofrimentos de Cristo, deve tremer de terror. Deve chegar a ser como as imagens do sofrimento de Cristo. Não pode ser de outra forma. Ou aqui no tempo ou no inferno por toda a eternidade. Ao momento de sua morte, se não antes, terá que encher-se de terror, temer e agitar-se com tremor, e experimentar tudo o que Cristo sofreu na cruz. É terrível esperar até o momento da morte para fazer isso. Pede a Deus e roga que Ele suavize seu coração agora para que possa meditar nos sofrimentos de Cristo de uma forma que dê fruto.
É impossível meditar nos sofrimentos de Cristo por nossa própria habilidade e poder. Deus tem que implantar esses sofrimentos em nosso coração. Essa meditação no sofrimento de Cristo, como sucede com todas as doutrinas divinas, não lhe é entregue para que possa sair e fazer com ela o que bem queiras. Não, sempre, primeiro, deve buscar a graça de Deus e a desejar. Por ti mesmo, não podes fazer nada. Tudo depende da graça de Deus. Os que nunca enxergam corretamente os sofrimentos de Cristo são os que nunca invocam a Deus para pedir que os ajude – em vez disso, tratam de considerar os sofrimentos de Cristo por si mesmos, e terminam considerando os sofrimentos de Cristo em uma forma somente humana e sem fruto.
Permitam-me que diga isso de forma clara e aberta, para que todos o ouçam. Todo aquele que medita nos sofrimentos de Cristo na forma correta por um dia, uma hora, ainda que por quinze minutos, está fazendo algo muito melhor que jejuar por todo um ano, rezar os salmos todos os dias, ou escutar cem missas. A meditação correta no sofrimento da Paixão transforma o caráter da pessoa. Como no batismo, a pessoa nasce de novo com essa meditação [4]. Então, os sofrimentos de Cristo logram sua verdadeira obra, natural e nobre. Matam o velho Adão. Elimina de nós toda lascívia, prazer e segurança que talvez pensemos que uma criatura de Deus nos poderia dar, assim como Cristo foi abandonado por todos, inclusive por Deus.
Necessitamos reconhecer que sentir que nascemos de novo não é algo que depende de nós. Pode ser que às vezes oremos por isso, porem, não o recebemos no momento. Não devemos nos desesperar, mas antes seguir orando. Às vezes vêm quando não o estamos pedindo. Deus sabe o que necessitamos. Fará o que mais nos convêm. É livre e sem limites. Pode ser que quando nossa consciência nos cause angustia e estamos profundamente insatisfeitos com nossa vida e o que temos feito, não o reconhecemos, porem a paixão de Cristo está fazendo isso em nós. Por outro lado, alguns podem pensar que estão meditando na paixão de Cristo, porem se enredam tanto em pensar neles mesmos que não podem encontrar a saída. O primeiro grupo realmente medita na paixão de Cristo, os outros só apresentam um espetáculo que resulta ser falso.
O Consolo do Sofrimento de Cristo
Até esse ponto em nossa discussão, é como se estivéssemos na Semana da Paixão e na sexta-feira santa. Agora chegamos à Páscoa e à ressurreição de Cristo. Quando alguém, com a consciência repleta de terror, entende dessa forma seus pecados, precisa se cuidar para que seus pecados não fiquem em sua consciência, porque então não daria em nada a não ser somente dúvidas. Assim como nossos pecados fluíram de Cristo e nos fizemos conscientes deles, devemos voltar a derramá-los sobre ele e livrar nossa consciência. Cuidem-se para que não se mordam e devorarem-se uns aos outros com os pecados no coração, correndo daqui para lá com suas próprias boas obras, tratando de fazer satisfação por elas, tentando trabalhar a libertação de seu pecado mediante indulgências. É impossível! Desgraçadamente, ainda muitos, em muitas partes, pensam que encontram refúgio nessas satisfações e peregrinações.
Toma seus pecados e deixe-os sobre Cristo. Crê com um espírito gozoso que seus pecados são suas feridas e sofrimentos. Ele os leva e faz satisfação por eles, como é dito em Isaías 53:6 “mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos”. e em 1 Pedro 2.24: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados”. Em Coríntios 5.21 Paulo diz: “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”. Você deve confiar em versículos como esses na Bíblia com toda sua força, ainda mais quando sua consciência trate de lhe matar. Nunca acharás a paz se perdes essa oportunidade para tranquilizar seu coração. Terás tantas dúvidas que se desesperarias. Se pensarmos demasiadamente em nossos pecados, repassando-lhes uma e outra vez em nossa consciência, mantendo-os em nosso coração, logo serão muitíssimos para que os possamos manejar e viverão para sempre.
Porém, quando enxergamos nossos pecados em Cristo, e Lhe vemos triunfar sobre eles com Sua ressurreição, e sem temor cremos, nossos pecados estão mortos e desaparecem. Não sobram sobre Cristo, mas sim são tragados pela Sua ressurreição. Agora não se vê nenhuma ferida, nenhuma dor, nenhum pecado em absoluto Nele. Por isso Paulo diz em Romanos 4:25 que Jesus “por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação”. Em Seu sofrimento, Cristo deu a conhecer nossos pecados e foi crucificado por eles. Por Sua ressurreição, faz-nos justos e livra-nos de todo pecado. Se você não pode crer, pede a Deus fé para tal. Isso depende totalmente de Deus. Às vezes Ele dá fé de uma forma muito dramática e aberta, em outras ocasiões, de forma secreta e tranquila.
Portanto, é isso o que deves fazer. Primeiro, deixe já de olhar os sofrimentos de Cristo. Fizeram sua obra e te aterrorizaram. Segue adiante através de todas as dificuldades e olha Seu coração amistoso. Veja como está o coração de Deus cheio de amor para contigo. Esse amor O motivou a sobrecarregar a pesada carga de sua consciência e seu pecado. Se você faz isso, seu coração se encherá de doce amor para com Ele. A segurança de sua fé se fortalecerá. Suba mais alto através do coração de Cristo até o coração de Deus, e verás que Cristo não poderia ter-lhe amado se Deus não tivesse desejado isso com Seu amor eterno. Cristo é obediente a esse amor, e assim lhe ama. No coração de Deus tu acharás um coração divino, bondoso, paternal. Como Cristo diz, você será atraído ao Pai por meio de Cristo. Então, entenderá o que Cristo queria dizer quando disse João 3.16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Assim conhecemos a Deus como ele quer que O conheçamos. Não O conhecemos por Seu poder e sabedoria, que nos atemorizam, mas sim pela Sua bondade e amor. Lá nossa fé e confiança então inamovíveis. Assim a pessoa realmente nasce de novo em Deus.
Quando seu coração está posto em Cristo, você é um inimigo do pecado, por causa do amor e não por temer ao castigo. Os sofrimentos de Cristo devem ser um exemplo para toda sua vida. Você deve meditar nesses sofrimentos de outra forma. Até agora temos considerado a paixão de Cristo como um sacramento que trabalha em nós. Agora, queremos considerá-la de outra maneira, como algo que trabalha em nós quando sofremos. Quando chegue o dia em que a enfermidade e a dor pesem sobre ti, penses qual pouca coisa é em comparação com os espinhos e os cravos de Cristo. Se tiveres que fazer algo que não queres, ou não possas fazer algo que querias, pense em como Cristo foi levado por outros, atado como prisioneiros. O orgulho te fere? Pensa como o Senhor foi burlado e envergonhado em companhia de assassinos. Acometem-lhe pensamentos impuros e lascivos, impondo-se sobre ti? Pensas em como foi amargo para Cristo que se lhe rompesses a carne, fosses dilacerado e açoitado, uma e outra vez. Existem ódios e invejas lutando em ti, ou buscas vingar-te? Lembres como Cristo orou por ti, e por todos os Seus inimigos, com muitas lágrimas e gritos. Ele teve mais razão que você para buscar a vingança! Se algum problema ou adversidade te molesta no corpo ou na alma, tenhas ânimo! Digas: “Por que não devo eu sofrer também um pouco, já que meu Senhor suou gotas de sangue no jardim devido Sua angústia e dor? Serias eu um servo frouxo e vergonhoso só querendo descansar em minha cama, enquanto meu Senhor tem que batalhar com uma dolorosa morte?”.
Dessa forma encontras força em Cristo e consola-te quando luta contra toda classe de vício e maus costumes. Assim se deve meditar na paixão de Cristo. Esse é o fruto de Seu sofrimento. Por isso, aquele que medita na paixão de Cristo dessa forma, realmente faz algo melhor do que ouvir a leitura de toda a história da paixão e ler toda classe de missas. As pessoas que fazem da vida e do nome de Cristo parte de suas próprias vidas, com toda razão recebem o nome de cristãos, como Paulo fala em Gálatas 5.24: “E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”. Temos necessidade de meditar na paixão de Cristo, não com muitas palavras ou com uma exibição impressionante, mas sim usando dela devidamente em nossa vida. Paulo nos admoesta em Hebreus 12.3: “Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos”. Pedro diz em 1 Pedro 4.1: “Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado”. Porém, essa classe de meditação na paixão de Cristo não se usa muito. É muito excepcional, ainda que as epístolas de Paulo e Pedro estejam repletas delas. Temos convertido a essência da meditação na paixão de Cristo em um espetáculo, e simplesmente temos pintado a meditação da paixão de Cristo em letras e nas paredes.
Martinho Lutero – Sermão pregado em 1519, e traduzido do original espanhol: “Cómo Meditar En La Pasión de Cristo”, Projeto Castelo Forte – Divulgando o Evangelho do SENHOR.
Martin Luther – Eisleben, 10 de novembro de 1483 – Eisleben, 18 de fevereiro de 1546. era filho de Hans Luther e Margarethe Lindemann. Foi um monge agostiniano e professor de teologia germânico que tornou-se uma das figuras centrais da Reforma Protestante. Levantou-se veementemente contra diversos dogmas do catolicismo romano, contestando sobretudo a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências. Essa discordância inicial resultou na publicação de suas famosas 95 Teses em 1517, em um contexto de conflito aberto contra o vendedor de indulgências Johann Tetzel. Sua recusa em retratar-se de seus escritos, a pedido do Papa Leão X em 1520 e do imperador Carlos V na Dieta de Worms em 1521, resultou em sua excomunhão da Igreja Romana e em sua condenação como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico |
[1] Provável referência a Santo Alberto Magno, também conhecido como Alberto de Colônia, Bispo de Regensburgo e Doutor da Igreja. Foi um frade dominicano que tornou-se famoso por seu vasto conhecimento e por sua defesa da coexistência pacífica da ciência e da religião. Ele é considerado o maior filósofo e teólogo alemão da Idade Média (Wikipédia).
[2] Referência a prática da Via Crúcis, Tal exercício, muito usual no tempo da Quaresma, teve origem na época das Cruzadas. Muito comum ainda hoje, e na época de Lutero, tida como pratica de indulgência. As estações são “passos” nos quais o fiel mentalmente visualiza cenas da via Dolorosa (N. T. e Wikipédia).
[3] São Bernardo de Claraval, ou de Fontaine, foi um abade de Claraval, santo e Doutor da Igreja. Nascido em 1090 em Dijon, falecido em 1153 na abadia de Claraval. Foi um monge cisterciense e grande propagador da Ordem e defensor da Igreja. Uma das personalidades mais influentes do século XII.
[4] Lutero considera o Batismo aqui o meio sacramental pelo qual o Senhor fazia nascer espiritualmente a pessoa em Cristo. Lutero diferenciará isso do catolicismo romano, tirando a ideia de lavagem do pecado original, mas considerando que a Palavra de Cristo no batismo é uma promessa pela qual o crente deve se firmar.