Todo crente foi levado a uma associação íntima e eterna com o Filho Eterno de Deus, o Senhor Cristo, o Rei dos reis. Que honra é essa! Que dignidade nos é conferida! Que bênçãos e privilégios resultam dessa associação! Que responsabilidades são nossas ao reconhecer as reivindicações dessa Pessoa gloriosa em nossa vida! A contemplação de quem Ele é, o que Ele fez por nós e as bênçãos que são nossas Nele devem desafiar todo o nosso coração. Ele é o Filho de Deus, o Criador do universo e seu supremo Soberano. Ele não merece nossa total confiança e constante obediência? Ele deixou a glória do Céu, rebaixando-se para compartilhar as tristezas da Terra e para morrer de vergonha em uma cruz. Não deveríamos viver para Ele, que assim morreu por nós (2Cor 5:15), e considerar qualquer sacrifício como nada comparado ao Seu? Ele nos deu bênçãos incontáveis e inestimáveis para o tempo e para a eternidade, totalmente imerecidas — vida eterna (Jo 10:28), alegria (Jo 15:11), paz (Jo 14:27) e satisfação aqui (Jo 6:35, 51 e segs.), e a perspectiva e a certeza de um lar celestial e glória eterna no futuro (Jo 14:1-3; 17:24). Podemos negar a Ele, em troca, nosso coração, nossa vida, nosso tudo? Vamos então considerar Suas reivindicações sobre nós e nossas responsabilidades para com Ele sob quatro aspectos.
Ele é nosso Criador Divino
As Escrituras enfatizam repetidamente que nosso Senhor Jesus Cristo é Deus e que Ele criou os mundos. João 1:1-3, Colossenses 1:15-17 e Hebreus 1:1-4 devem ser especialmente estudados. Em João 1, observe as declarações claras de Sua existência eterna, personalidade distinta, pessoa divina e poder criativo. A palavra “primogênito” em Colossenses 1:15 não significa, é claro, que Ele teve um início — pois Ele estava “no princípio” (Jo 1:1) — mas que Ele tem prioridade sobre toda a criação — como indica o explicativo “porque” no versículo 16. Essa prioridade é evidente pelos fatos declarados nos versículos 16 e 17 — no passado, todas as coisas foram criadas por Ele; no presente, todas as coisas consistem ou se mantêm unidas por Ele; e no futuro, todas as coisas são “para Ele”. Hebreus 1 declara Sua superioridade sobre homens e anjos em virtude de Sua pessoa, poder, propiciação e posição; e Sua Deidade e poder criativo são novamente afirmados de forma inequívoca nesse capítulo.
Sendo assim, não deveríamos dar a Ele a honra e a adoração que são Suas por direito (Jo 5:23), viver em total dependência Dele, em quem tudo — inclusive nós mesmos — consiste, e procurar cumprir o propósito para o qual Ele nos criou — glorificar a Deus em nossa vida?
Ele é nosso Salvador
“O grande Criador tornou-se meu Salvador.” Esse foi o maravilhoso propósito pelo qual Ele veio, enviado pelo Pai ao mundo (1Tm 1:15; Lc 19:10; Jo 3:17; 1Jo 4:14). Em cada capítulo de sua curta carta a Tito, Paulo fala do Senhor Jesus Cristo como “nosso Salvador” (1:4; 2:13; 3:6), e é instrutivo comparar as expressões que ele usa com a frase “Deus, nosso Salvador”, que também ocorre em cada capítulo (1:3; 2:10; 3:4), e assim notar uma prova incidental da divindade do Senhor Jesus. Como é bem sabido, a salvação que Ele providenciou tem três tempos: Ele não apenas nos salvou da penalidade do pecado ao morrer por nós; Ele está nos salvando de seu poder ao viver por nós; e Ele nos salvará de sua presença ao voltar para nos buscar (Hb 7:25; Fp 3:20, 21; 1Pe 1:3-5; Rm 8:24, etc.). Qual deve ser nossa resposta a Ele, que nos deu “tão grande salvação” a um custo infinito para Si mesmo? Certamente Ele reivindica nossa gratidão — não apenas dizendo e cantando nossos agradecimentos com nossos lábios, mas demonstrando nosso apreço por meio de nossas vidas rendidas a Ele e fazendo Seu serviço; nossa confiança — para a libertação do poder do pecado, bem como de sua culpa; nossa devoção — vivendo para Sua glória e contando aos outros sobre Seu poder salvador; e nossa alegre expectativa do dia vindouro em que a salvação será completa.
Ele é nosso Senhor
“Nosso Senhor ainda é rejeitado e renegado pelo mundo.” No entanto, Deus O fez Senhor (At 2:36), e está se aproximando rapidamente o dia em que toda língua confessará que “Jesus Cristo é o Senhor” (Fp 2:11). Mesmo agora, essa deveria ser a confissão de nossos lábios e o reconhecimento de nossa vida. É característico de todo crente verdadeiro o fato de que ele não apenas O reivindicou como Salvador, mas O coroou como Soberano, reverenciando Cristo como Senhor em seu coração (1Pe 3:15). Observe a ênfase em Seu senhorio em textos evangélicos tão conhecidos como Atos 16:31 e Romanos 10:9. O Senhor Jesus morreu e ressuscitou não apenas para ser nosso Salvador, mas “para que Ele seja Senhor” (Rm 14:9). Tendo-O recebido como Senhor, devemos viver constantemente em reconhecimento de Suas reivindicações (Cl 2:6). Em termos de extrema solenidade, o Senhor advertiu Seus ouvintes sobre a seriedade de uma expressão verbal de Seu senhorio sem a correspondente experiência de vida (Mt 7:21-23, Lc 13:24-30). Portanto, é de extrema importância que saibamos o que significa chamá-Lo de Senhor.
“Eu sou do Senhor, mas me ensine o que isso significa,
Tudo o que isso envolve de amor e lealdade,
Serviço santo, entrega absoluta,
E obediência sem reservas a Ti.”
(1) Obedecer às Suas ordens (Lc 6:46, Mt 7:21). “Tudo o que Ele vos disser, fazei-o” (Jo 2:5) deve ser nosso lema ao ouvirmos Sua voz nos registros de Seu ministério terreno, nas páginas de Sua Palavra e na quietude de Sua presença. A ignorância não é desculpa para a desobediência. É nossa responsabilidade ouvir, aprender e obedecer. O pedido de Samuel deve ser sempre o nosso: “Fala, Senhor, porque o Teu servo ouve” (1Sm 3:9). Pense, por exemplo, em algumas de Suas ordens dadas aos discípulos perto do fim de Sua estada aqui — amar uns aos outros (Jo 13:34), ir e declarar Sua mensagem (Mc 16:15), ser batizado (Mc 16:16) e lembrar-se Dele (Lc 22:19). Somos obedientes?
(2) Servir a Seu encargo, onde quer que Ele nos envie e em qualquer serviço que Ele nos confie. Sem questionar as implicações de Seu encargo, devemos apresentar sem hesitação nossa vida para ser usada conforme Sua orientação, respondendo, como fez Isaías ao Senhor no trono: “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6:8), e como Saulo de Tarso ao Senhor na glória: “Senhor, que queres que eu faça? (At 9:6).
(3) Render-se ao Seu controle. “Somos do Senhor” (Rm 14:8) — Sua propriedade pessoal, Seu direito soberano. Ele tem direito a cada parte de nosso ser e devemos permitir que Ele controle todos os dias (não apenas o dia do Senhor), todos os departamentos (na igreja — 1Cor 1:8, 12:3; no trabalho — Ef 6:7, Cl 3:24; em casa — por exemplo, Ef 5:22, 6:1, 4; e em todos os lugares — Cl 3:17) e todas as decisões de nossa vida (Rm 14:6; Cl 3:17).
(4) Conformidade com Seu caráter. Como Seus súditos, é nossa responsabilidade representá-Lo, e Ele nos deu um exemplo perfeito para reproduzirmos (Jo 13:13-17).
(5) Aguardar Sua vinda, “como os homens que esperam o seu Senhor” (Mt 24:42, 45, 46; Lc 12:35-38; e observe a frequente reiteração do título “o Senhor” em 1 Tessalonicenses 4:15-18).
“Em plena e alegre rendição, eu me entrego a Ti,
Teu, total e único e para sempre;
Reina sobre mim, Senhor Jesus, Oh, faz de meu coração Teu trono;
Será Teu, querido Salvador, será somente Teu”.
Ele será nosso juiz
Em João 5:22, lemos que “o Pai… confiou todo o julgamento ao Filho”. Dois versículos depois, os crentes Nele têm a garantia de que não serão julgados. No entanto, “todos devemos comparecer perante o tribunal de Cristo” (2Cor 5:10, Rm 14:10), não para sermos condenados e sentenciados por nossos pecados, mas para sermos recompensados por nosso serviço. O Juiz é Ele próprio nosso Salvador, tendo assumido integralmente nossa sentença, e “agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1). No entanto, quando Ele voltar e comparecermos diante Dele, nossa vida e nosso serviço serão avaliados e receberemos recompensas proporcionais à nossa fidelidade a Ele. As passagens relevantes devem ser cuidadosamente estudadas, em particular (Rm 14:10-13, 1Cor 3:9-15, 2Cor 5:9-10). Observe as implicações práticas para todos nós: em relação a Ele, devemos ter a ambição de sermos aceitáveis e agradáveis a Ele (2Cor 5:9); em relação aos outros, não devemos julgar seus motivos e serviços (1Cor 4:3-5) ou ações (Rm 14:10-13), nem devemos fazer qualquer coisa que possa fazê-los tropeçar (Rm 14:13); e, em relação a nós mesmos, devemos examinar nossos motivos e a qualidade de nosso serviço, lembrando que a qualidade, e não a quantidade, será testada no dia em que nosso trabalho “será revelado pelo fogo” (1Cor 3:10-15) — sob o olhar escrutinador e perspicaz dAquele cujos olhos são “como chama de fogo” (Ap 1:14).
Dr. James Naismith — “Estudos Básicos Sobre a Vida Cristã Para Jovens Crentes”
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