Deus quer que seus seguidores sejam unidos. Quando Jesus se preparou para sua própria morte, uma das primeiras coisas em sua mente foi a unidade dos seus discípulos: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17:20-21). Aqueles que querem glorificar a Deus incentivarão esta unidade entre os crentes: “Assim, pois, seguimos as cousas da paz e também as da edificação de uns para com os outros” (Romanos 14:19). Como servos de Deus em comunhão com o Espírito Santo, deveremos trabalhar humildemente para manter a unidade: “…completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma cousa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vangloria, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” (Filipenses 2:2-4). Paulo deu a fórmula prática para esta paz quando escreveu à igreja dividida em Corinto: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis a todos a mesma cousa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1 Coríntios 1:10).
Crer que a unidade é importante é uma coisa. Praticá-la é outra. Neste artigo, examinaremos alguns esforços para manter a unidade de maneiras que Deus não aceita. Então consideraremos a base da unidade que agrada a Deus.
Esforços Humanos para Manter a Unidade
Algumas vezes, pessoas bem intencionadas estão tão preocupadas em manter a unidade que usarão qualquer método – incluindo os meios que Deus nunca aprovou – para preservar uma união artificial. Considere alguns exemplos de esforços humanos que Deus não aprova.
Unidade por legislação humana. Muitas igrejas impõem regras para manter a unidade na congregação. Convenções, congressos e conferências são usados frequentemente como meios de estabelecer e manter normas de doutrina e prática, tentando assim criar e manter a unidade entre as congregações. A Bíblia nunca autoriza tais métodos humanos.
Unidade por estrutura de organização humana. Muitos grupos religiosos procuram manter a unidade criando hierarquias de autoridade denominacional. Grupos de congregações que têm “sedes” ou outros laços estão seguindo o esquema humano. No Novo Testamento nunca há nem sinal de uma igreja supervisionando outra. Cada congregação era totalmente independente e responsável diante de sua cabeça, que é Cristo. Deus nunca ordenou papas, bispos, presidentes ou quem quer que seja para supervisionar múltiplas congregações. Os únicos supervisores humanos aprovados por Deus são os presbíteros (também chamados pastores e bispos) que cuidam da igreja local onde estão (Atos 14:23; Filipenses 1:1; 1 Pedro 5:1-2).
Unidade por meio de placas de igrejas. Ainda que a Bíblia não use um único nome especial para descrever igrejas, muitas pessoas tentam manter ligações entre congregações por meio de placas. Estas pessoas pensam que todas as igrejas que seguem Jesus deverão usar o mesmo “nome” para que possam ser imediatamente identificadas como fiéis. Como resultado desta mentalidade, algumas igrejas adotaram nomes que ressaltam algum ponto doutrinário especial (Batista, Pentecostal, Presbiteriana, etc.). Outros usam nomes que honram pessoas respeitadas como fundadores das respectivas denominações (Luterana, Wesleyana, etc.). Algumas vezes o nome por si pode ser bom. Pode ser uma descrição simples do fato que o grupo designado busca seguir o Senhor (igreja de Deus, igreja de Cristo, etc.). Não há problema bíblico com o uso de tais descrições, mas precisamos lembrar que elas não são marcas registradas que identifiquem os verdadeiros servos de Deus.
Unidade pelo método de Diótrefes. Um dos mais velhos métodos humanos de manter “unidade” foi praticado por um homem chamado Diótrefes. Este homem queria um lugar de primazia entre seus irmãos, e decidiu-se a expelir da igreja quem quer que não o seguisse. Ele se via como “dono da igreja” e usou várias acusações falsas e palavras maliciosas para afastar e manter fora aqueles que estavam pregando a verdade. Ele não permitiria nem mesmo que a igreja recebesse coisas escritas por fiéis servos de Deus! Seus esforços para proteger seu próprio partido eram prejudiciais à causa de Cristo. João não se intimidou com tal carnalidade. Ele escreveu a este arrogante servo de Satanás: “Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas cousas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja. Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus (3 João 10-11).
A Base da Unidade que Agrada a Deus
Conquanto os métodos humanos para manter a unidade possam parecer práticos e eficientes, os verdadeiros seguidores de Jesus procurarão manter a unidade do modo que ele nos ensina nas Escrituras. Consideremos alguns textos importantes que nos auxiliarão a entender o que Jesus quer que façamos.
João 17:17-23 A oração de Jesus mostra a base da unidade que agrada a Deus. União com Deus requer santificação do pecado do mundo (João 17:17-19). É irônico, mas importante, entender que a unidade requer divisão! Se quisermos estar unidos com Deus e seus servos, precisamos não manter comunhão com Satanás e seus servos. Santificação e harmonia vêm pela palavra de Deus (João 17:17, 20-21). Nossa unidade tem que ser modelada pelo exemplo divino. O Pai e o Filho são pessoas distintas, mas concordam em tudo o que dizem e fazem. Os cristãos, portanto, buscam desenvolver a mente de Cristo através do estudo de sua palavra para que possam aprender a pensar como Deus pensa (1 Coríntios 2:9-16). A relação amorosa entre cristãos serve como evidência para o mundo que nosso Senhor veio do Pai (João 17:21-23).
1 Coríntios 1:10 O apelo de Paulo mostra que a palavra revelada é a base de nossa unidade. Nossa união é baseada em Jesus Cristo. Quando seguimos cuidadosamente sua autoridade em tudo o que fazemos, evitamos as divisões que vêm das opiniões, doutrinas e esquemas humanos (Colossenses 3:17). Os cristãos deverão falar a mesma coisa. Isto não justifica meios artificiais para impor uniformidade no ensino das igrejas, mas antes nos desafia a buscar entender e ensinar exclusivamente a doutrina de Cristo (1 Coríntios, 4:6; 2 João 9). O discípulos deverão ter a “mesma disposição mental”. A humildade desprendida de Jesus é nosso exemplo perfeito (Filipenses 2:1-8; Romanos 12:9-10, 15-18). Os seguidores de Cristo precisam desenvolver o “mesmo parecer”. Enquanto opiniões humanas criam contenda e divisão, a vontade perfeita de Cristo incentiva completa harmonia entre os irmãos. Para conseguir este “mesmo parecer”, precisamos ser bastante humildes para abandonar as opiniões e tradições humanas, para assim ensinar e praticar somente o que é autorizado no Novo Testamento.
Tiago 3:17-18 O comentário de Tiago nos recorda as prioridades corretas que deveremos buscar. A sabedoria divina “é, primeiramente, pura; depois, pacífica…”. Cometemos um erro terrível quando invertemos esta ordem. Algumas pessoas estão tão decididas a manter a paz que se esquecem da necessidade de defender a doutrina pura. Frequentemente até ridicularizarão aqueles que insistem no estudo cuidadoso e aplicação do ensino do Novo Testamento, declarando que estão mais preocupadas com o amor e a unidade. Mas o amor real obedece aos mandamentos de Jesus (João 14:15) e a unidade real é baseada na concordância com suas palavras (1 Coríntios 1:10). Quando somos fiéis a Cristo, estamos seguros da comunhão com ele e com seus verdadeiros seguidores (1 João 1:5:7). Deveremos incentivar a paz, porém não ao preço da verdade. Se formos forçados a escolher entre a pureza da doutrina de Cristo e a paz com nossos irmãos, precisamos por Deus em primeiro lugar. É melhor estar próximo de Deus e longe dos homens do que estar perto dos homens e longe de Deus. A unidade que Deus quer está entre Deus e seus servos obedientes (João 14:23) e, em consequência, entre os irmãos que servem o esmo Deus (1 Coríntios 1:10).
O Desafio na Aplicação
A unidade artificial é fácil. Os homens são muito capazes de esconder diferenças reais e criar alianças ímpias, como o faziam os fariseus e os herodianos quando se uniam contra seu adversário comum, Jesus. Mas a unidade real requer trabalho duro. Exige estudo diligente, humildade genuína, amor pelos irmãos e, acima de tudo, um amor intransigente por Deus e sua palavra. Que Deus nos ajude a desenvolver a mente de Cristo para servi-lo juntos!
por Dennis Allan | Estudos da Bíblia