A Única Coisa Necessária

“Operai a vossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2:12).

Se há alguma coisa excelente, está é a salvação, se há qualquer coisa necessária, que deve ser trabalhada é a salvação, se há qualquer ferramenta para se trabalhar isto, é o santo temor. “Operai a vossa salvação com temor”.

As palavras são uma grave e séria exortação, indispensável, não só para aqueles cristãos que viviam no tempo dos apóstolos, mas pode apropriadamente ser intencionada para o meridiano desta era na qual vivemos.

Devo proceder agora à exortação, “operai a vossa salvação com temor e tremor”, cujas palavras ramificam-se nestes três elementos:

  • Em primeiro lugar, o ato, operar;
  • Em segundo lugar, o objeto, a sua própria salvação;
  • Em terceiro lugar, a maneira pela qual devemos operá-la, com temor e tremor.

Vou falar principalmente dos dois primeiros, e expor a outra numa breve aplicação.

A proposta é a seguinte: Deveria ser grande o trabalho de um cristão o estar operando a sua salvação. O grande Deus nos colocou no mundo como em uma vinha, e aqui é a obra que Ele nos tem colocado sobre: o trabalho da salvação. Há uma Escritura paralela a isto: “fazei firmes a vossa vocação e eleição” (2 Pedro 1:10). Quando o estado, os amigos, a vida podem não ser feitos seguros, deixe esta ser a sua certeza: O original Grego significa estudar, ou bater o cérebro sobre uma coisa. Esta palavra no texto, “operar”, implica em duas coisas.

Em primeiro lugar, um sacudir da preguiça espiritual. A preguiça é um travesseiro sobre o qual muitos têm dormido o sono da morte.

Em segundo lugar, implica uma unificação e mobilização reunindo todos os poderes de nossa alma para que possamos participar do negócio da salvação. Deus tem promulgado uma lei no Paraíso, que nenhum homem deve comer da árvore da vida, senão apenas com o suor de seu rosto.

I. Devo proceder agora às razões impondo este suor sagrado e a operação a respeito da salvação, e elas são três. Temos que trabalhar a nossa salvação por causa:

  1. Da dificuldade deste trabalho.
  2. Da raridade do mesmo.
  3. Da possibilidade disto.

1. A Dificuldade Deste Trabalho – É um trabalho que poderá nos fazer laborar até o pôr-do-sol da nossa vida (Daniel 6:14). Ora, essa dificuldade sobre a obra da salvação aparecerá de quatro tipos de formas diferentes.

Em primeiro lugar, a partir da natureza do trabalho. O coração deve ser mudado. O coração é o próprio berçário do pecado. É o depósito onde estão todas as armas da injustiça. É um inferno menor. O coração está cheio de antipatia contra Deus, ele está irritado com a conversão por graça. Ora, a inclinação do coração deve ser mudada, que trabalho é esse! Como deveríamos implorar de Cristo, que Aquele que transformou a água em vinho transforme a água, ou melhor, o veneno da natureza, no vinho da graça!

O coração estará pronto para nos enganar nessa obra de salvação, e fazer-nos tomar uma mostra de graça sobre graça. Muitos pensam que se arrependem quando não é o crime, senão a penalidade que lhes incomoda, não a traição, mas o machado ensanguentado. Eles acham que se arrependem quando derramam algumas lágrimas, mas, embora esse gelo comece a derreter um pouco, ele congela novamente; eles continuam ainda no pecado. Muitos choram por suas relações indelicadas com Deus, como Saul fez por sua crueldade para Davi. “Ele disse a Davi: Tu és mais justo do que eu, porque tu me recompensado bem, e eu te recompensei com mal” (1 Samuel 24:17). “E Saul levantou a voz e chorou” (1 Samuel 24:16). Mas por tudo isso ele segue Davi novamente, e o persegue depois (1 Samuel 26).

Em segundo lugar, pois que os homens podem levantar suas vozes e chorar por causa do pecado, e ainda seguir em seus pecados novamente.

Em terceiro lugar, outros abandonam o pecado, mas ainda retêm o amor por ele em seus corações. Como a serpente que lança de si a casca, mas mantém a picada, não há tanta diferença entre lágrimas falsas e verdadeiras entre a água do canal e água da nascente.

O que torna o trabalho da salvação trabalho árduo, é que é um trabalho enganoso. “Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos feito” (2 João 8). Este trabalho cai quase tão rápido quanto nós construímos. Um artífice ordinário, quando tem estado no trabalho, encontra sua obra na manhã seguinte, assim como ele a deixou, mas não é assim conosco. Quando estamos trabalhando a salvação por meio da oração, jejum, meditação, e deixamos este trabalho por algum tempo, não devemos encontrar o nosso trabalho como deixamos; uma grande quantidade de nosso trabalho terá se perdido novamente. Tínhamos necessidade de ser muitas vezes chamados para “confirmar as coisas que permanecem, que estão prontas para morrer” (Apocalipse 3:2). Tão logo um cristão é tirado do fogo do santuário, ele está pronto para esfriar e congelar novamente em seguridade. Ele é como um relógio, quando ele tem sido lançado em direção ao céu, ele rapidamente rebaixa-se à terra e peca novamente. Quando o ouro foi purificado na fornalha, permanece puro, mas não é assim com o coração. Deixe-o ser aquecido em uma ordenança, deixe-o ser purgado na fornalha da aflição, ele não permanece puro, mas rapidamente reúne sujeira e corrupção. Nós raramente permanecemos em um bom quadro. Tudo isso mostra como é difícil a obra da salvação é, não devemos somente trabalhar, mas estabelecer uma vigilância também.

Pergunta: Mas por que fez Deus o caminho para o céu tão difícil? Por que deve haver este trabalho?

Resposta: Para fazer-nos estabelecer uma estimativa alta sobre as coisas celestiais. Se a salvação fosse facilmente obtida, não deveríamos apreciá-la por seu valor. Se os diamantes fossem comuns, seriam desprezados, mas porque eles são difíceis de encontrar, eles estão em grande estima.

2. A Raridade Deste Trabalho – A segunda razão por que devemos colocar adiante tanto suor sagrado e engenho a respeito da salvação é por causa da raridade desse trabalho. Poucos serão salvos, por isso nós precisamos trabalhar mais duro para que possamos estar no número destes poucos. O caminho para o inferno é um caminho largo, a estrada elevada dele é pavimentada com riquezas e prazer; ele tem uma estrada pavimentada de ouro, portanto, há diariamente muitos viajantes nele. Mas o caminho para o céu encontra-se fora da estrada, é um caminho invicto, e poucos conseguem encontrá-lo. Aqueles que defendem a graça universal dizem que Cristo morreu intencionalmente por todos, mas então por que não são todos salvos? Pode Cristo ser frustrado em Sua intenção? Alguns são tão grosseiros para comprovar que todos devem realmente ser salvo, mas não tem Cristo nosso Senhor nos dito: “Estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” (Mateus 7:14)? Como todos podem entrar nesta porta, e ainda poucos a encontrarem [?], isso me parece uma contradição.

3. A Possibilidade Deste Trabalho – A terceira razão pela qual devemos colocar tanto vigor sobre a obra da salvação é por causa da possibilidade deste trabalho. A impossibilidade mata todo o esforço. Quem se importará com aquilo que ele acha que não há nenhuma esperança de algum dia obter? Mas “há esperança em Israel a respeito disso”. A salvação é uma coisa viável, que pode ser obtida. Ó cristãos, embora o portão do paraíso seja estreito, a porta está aberta! Ela está fechada contra os demônios, mas ainda está aberta para você. Quem não gostaria de se contorcer arduamente para entrar? Que é isto senão cortar fora seus pecados; que é, senão desfazer-se um pouco de sua espessa argila; Que é, senão mitigar o inchaço do humor de seu orgulho, para que você possa entrar pela porta estreita. Esta possibilidade, mais que probabilidade, de salvação pode colocar vida em sua empreitada. Se ali há milho para ser comido, por que você deve sentar-se e morrer de fome em seus pecados por mais tempo?

II. E assim eu prossigo ao uso de exortação, para persuadi-los todos nas entranhas de Cristo para estabelecerem-se nesta grande obra “operar a sua salvação”. Amados, aqui está um gráfico para o céu, e eu gostaria de ter todos vocês neste terreno; mobilizem juntos todos os poderes de suas almas, nem Deus vos dê descanso até que tenhais “feito firme a sua eleição”. Cristãos, vão ao trabalho; façam isto mais cedo, sinceramente, incessantemente. Busquem a salvação como em uma perseguição santa; outras coisas não passam de questões de conveniência, mas a salvação é uma questão de necessidade. Vocês devem fazer o trabalho que os Cristãos estão fazendo, ou vocês farão o trabalho que os demônios estão fazendo. Ó, vocês que ainda nunca tiveram um ponto nessa obra de salvação, comecem agora. A religião é um bom empreendimento, se for bem seguido. Tenha a certeza de que não há salvação sem labor. Mas aqui eu tenho que estabelecer um cuidado para evitar erros.

Embora nós não sejamos salvos sem trabalhar, ainda não [seremos salvos] por nosso trabalho. Nós não trabalhamos a salvação por meio de mérito. Belarmino disse: “Nossos méritos merecem o céu de dignidade”. Não, apesar de sermos salvos no uso dos meios, no entanto também pela graça (Efésios 2:5). Devemos arar e semear o solo, mas nenhuma colheita pode ser esperada sem a influência do sol, por assim haveria trabalho, sem nenhuma colheita da salvação, se esperarmos [fazer isto] sem a luz do sol da graça: “É Agradou ao Pai dar-vos o Reino” (Lucas 12:32). Dar? Por que, talvez alguns dizem, temos trabalhado duro para isso? Ai, mas o céu é um dádiva, embora você trabalhe por ele, mas é o beneplácito de Deus que o concede. Ainda assim olhe para o mérito de Cristo, não é o seu suor, mas o Seu sangue que salva. Que o seu trabalho não pode merecer a salvação está claro: “É Deus que opera em vós tanto o querer como o realizar” (verso 13). Não é o seu trabalho, mas o co-trabalho de Deus. Porque, assim como o escrivão guia a mão da criança, pois ela não consegue escrever, assim o Espírito de Deus deve conceder Seu auxílio cooperador, ou o nosso trabalho fica estagnado. Como pode, então, qualquer mérito humano operar, quando é Deus que o ajuda a trabalhar?

Passarei agora, depois de ter estabelecido essa cautela, retomar a exortação, e persuadir você a operar sua salvação. Mas preciso primeiro remover duas objeções que se encontram no caminho.

Objeção 1. Você nos ordenou a operar a salvação, mas não temos o poder para o trabalho.

Resposta. É verdade, não temos poder, eu nego que temos a liberdade para operar. O homem antes da conversão está puramente passivo, pelo que a Escritura chama de um coração de pedra (Ezequiel 36:26). Um homem, por natureza, não pode se preparar mais para a sua própria conversão do que a pedra pode preparar-se para o seu próprio amolecimento. Mas ainda assim, quando Deus começa a atrair, podemos seguí-Lo. Aqueles ossos secos em Ezequiel não tinham vida em si mesmos, mas quando o espírito entrou neles, então “eles viveram, e se puseram em pé” (Ezequiel 37, 10).

Pergunta. Mas suponha que Deus não derramou um princípio de graça? Suponha que Ele não fez com que o fôlego entrasse?

Resposta. No entanto, use os meios. Embora você não possa trabalhar espiritualmente, contudo o pode fisicamente; faça o que você é capaz, e isso por duas razões.

1. Porque um homem por negligenciar os meios, pode destruir a si mesmo. É como um homem que não foi ao médico, pode-se dizer que ele foi a causa de sua própria morte.

2. Deus não está ausente conosco quando fazemos o que somos capazes. Urge a promessa: “Buscai e achareis” (Mateus 7:7). Coloque este vínculo no pedido por meio da oração; você diz que não tem poder, mas você não tem uma promessa? Aja tanto quanto puder. Embora eu não me atreva a dizer como o Arminiano, quando exercemos e impulsionamos a natureza, Deus é obrigado a dar Graça; mas digo isto, Deus não nega a Sua Graça aos que procuram. Não, eu vou dizer mais, Ele não nega Sua graça para ninguém, mas [somente] aos que voluntariamente a recusam (João 5:40).

Objeção 2. A segunda objeção é esta: Mas a que propósito devo trabalhar? Há um decreto passado, se Deus decretou serei salvo, serei salvo.

Resposta. Deus decreta a salvação em uma forma de trabalhar (2 Tessalonicenses 2:13).

Orígenes, em seu livro contra Celso, observa um argumento sutil de alguns que disputavam a respeito de Predestinação e Destino. Alguém deu um conselho ao seu amigo doente para não ir para o médico, porque, disse ele, é designado pelo destino se tu deverás te recuperar ou não. Se é o teu destino se recuperar, então não precisas do médico e, se isto não for o teu destino, então, o médico não irá fazer-te nenhum bem. A semelhante falácia usa Diabo aos homens, ele os convida a não trabalhar, se Deus decretou que eles serão salvos, eles serão salvos, e não há necessidade de trabalhar; se Ele não tem decretado a sua salvação, então o seu trabalho não lhes fará bem nenhum, este é um argumento tomado dos tópicos do Diabo. Mas nós dizemos, Deus decreta o fim no uso de meios. Deus decretou que Israel deveria entrar em Canaã, mas primeiro eles teriam que lutar com os filhos de Anaque. Deus decretou que Ezequias deveria se recuperar de sua doença, mas que ele colocasse uma pasta de figos como emplastro sobre a chaga (Isaías 38:21). Nós não argumentamos, assim, em outras coisas. Um homem não diz: “Se Deus decretou terei uma colheita este ano, vou ter uma colheita, para que eu preciso arar, ou semear, ou adubar a terra?” Não, ele usa os meios, e espera uma colheita. Embora “a bênção do Senhor é que enriquece” (Provérbios 10:22), contudo é tão verdadeiro como, “a mão do diligente enriquece” (Provérbios 10:4). O Decreto de Deus é realizado pelo nosso trabalho.

E, tendo, assim, removidas essas objeções, deixe-me agora persuadi-lo a colocar-se sobre esta bendita obra, o trabalhar na vossa salvação, e para que minhas palavras possam prevalecer melhor, vou propor vários argumentos por meio de motivação para excitá-lo a este trabalho.

Argumento 1 – O primeiro argumento ou motivo para o trabalho, é tomado a partir da preciosidade da alma; bem, que possamos tomar cuidado para que obtenhamos garantia contra esse perigo. A alma é uma centelha divina acesa pelo sopro de Deus. Ela supera a importância do mundo (Mateus 16:26). Se o mundo é o livro de Deus, como Orígenes chama, a alma é a imagem de Deus. Platão chama a alma de um espelho da Trindade. É um espelho brilhante em que alguns raios refratados de sabedoria e santidade de Deus resplandecem; a alma é uma flor da eternidade. Deus fez a alma capaz de comunhão com Ele. Seria a falência do mundo dar a metade do preço de uma alma. Quão altamente valiosa Cristo fez a alma quando ele Se vendeu para comprá-la? Ó, então, é digno de piedade que esta excelente alma (esta alma para a qual Deus convocou um conselho no céu, quando Ele a fez) deverá fracassar e ser desfeita por toda a eternidade? Quem não prefere trabalhar noite e dia do que perder uma alma? A joia é de valor inestimável, sua perda irreparável.

Argumento 2 – Atividade e engenho santos enobrecem um cristão. Quanto mais excelente qualquer coisa é, mais ativa. O sol é uma criatura gloriosa, ele nunca fica parado, mas percorre seu circuito ao redor do mundo. O fogo é o elemento mais puro e o mais ativo, que está sempre brilhando e flamejante. Os anjos são as criaturas mais nobres e mais ágeis, por isso eles são representados pelos querubins, com as asas ostentosas. O próprio Deus é (como os escolásticos falam) um ato mais puro: diz Homero de Agamenon, que ele tinha, por vezes, semelhança a Júpiter em aspecto, Pallas em sabedoria, Marte em valor; pela atividade santa que nos assemelhamos Deus, que é um ato mais puro. A Fênix voa com uma coroa em sua cabeça, o cristão diligente não quer uma coroa; seu suor o enobrece, seu trabalho é a sua insígnia de honra. Salomão nos diz que “a sonolência os faz vestir-se de trapos” (Provérbios 23:21). Infâmia é um dos trapos que pairam sobre ele, e Deus odeia um temperamento maçante. Lemos na lei, que o burro, não sendo de casco fendido, não deve ser oferecido em sacrifício. Atividade espiritual é uma medalha de honra.

Argumento 3 – Operar a salvação é o que fará com que a morte e o céu sejam doces para nós. Isto adoçará a morte. Aquele que tem estado a trabalhar arduamente durante todo o dia, quão tranquilamente ele dorme à noite? Vocês, que vêm trabalhando pela vossa salvação durante todas as suas vidas, quão confortavelmente vocês podem colocar sua cabeça durante a noite na sepultura, em cima de um travesseiro de poeira, na esperança de uma ressurreição gloriosa? Este será um leito de morte cordial. Isto adoçará o céu. Quanto maiores as dores que sofremos rumando para o céu, mais doce será quando chegarmos lá. É agradável para um homem olhar para seu trabalho e considerar seu fruto. Quando ele tem estado plantando árvores em seu pomar, ou a cultivar flores, é agradável de se ver e rever seus trabalhos. Assim no céu, quando veremos o fruto do nosso trabalho, “o fim da vossa fé, a salvação” (1 Pedro 1:9), isso fará com que o céu seja mais doce. Quanto maiores as dores que sofremos rumando para o céu, mais bem-vindas serão; quanto mais suor, mais doçura. Quando um homem pecou, o prazer se foi, e continua a ser ferroado, mas quando ele tem se arrependido, o labor se foi, e a alegria permanece.

Argumento 4 – Você ainda tem tempo para trabalhar. Este texto e o sermão seriam fora de época para pregar para os condenados no inferno. Se eu devesse lhes ordenar que trabalhassem, seria tarde demais, seu tempo é passado. É noite para os demônios, é ainda dia para você. Trabalhe enquanto é dia (João 9:4). Se vocês perderem o seu dia, vocês perdem as vossas almas. Este é o tempo para as vossas almas. Agora Deus ordena, agora o Espírito sopra, agora os ministros suplicam, e como os muitos sonidos de Arão, devem tocar em suas almas para Cristo. Ó, melhore seu tempo! Este é o seu tempo de semeadura, agora semeie as sementes da fé e do arrependimento. Se quando você tem estações do ano, você não tem coração, o tempo pode vir quando você tem coração, mas lhe faltará estações. Tome um tempo, enquanto você pode, o marinheiro iça as velas, enquanto o vento sopra. Nunca um povo teve um vendaval mais claro para o céu do que o desta cidade, e você não seguirá em frente na sua viagem? Que jornada há aqui neste prazo: eu vos garanto que o jurista não perderá o seu prazo. Ó meus irmãos, agora é o prazo para as vossas almas, agora suplique a Deus por misericórdia, ou pelo menos tenha a Cristo para interceder por você.

Pense seriamente nestas coisas.

[Razões para pensar seriamente nessas coisas]

Em primeiro lugar, a nossa vida desfaz-se rapidamente. Gregório compara nossa vida com o marinheiro em um navio que ia à plena vela, estamos todos os dias navegando em ritmo acelerado para a eternidade.

Em segundo lugar, as estações da Graça embora preciosas, não são permanentes. Misericórdias abusadas murcham, como a pomba de Noé, usam as suas asas e voam de nós. A hora dourada da Inglaterra acabará em breve, as bênçãos do Evangelho são muito doces, mas muito passageiras. “Agora isso está encoberto aos teus olhos” (Lucas 19:42). Não sabemos em quanto tempo o castiçal de ouro pode ser removido.

Em terceiro lugar, há um momento em que o Espírito tem feito esforços. Há certas marés da primavera do Espírito e estas sendo negligenciadas, possivelmente poderemos nunca ver outra maré vindo adentro. Quando a consciência fala, geralmente o Espírito tem feito força.

Em quarto lugar, a perda das oportunidades do Evangelho será o inferno do inferno. Quando um pecador deverá pensar no último dia consigo mesmo: “Ó, o que eu poderia ter sido! Eu poderia ter sido tão rico quanto os anjos, tão rico como o céu poderia me fazer. Tive uma estação para trabalhar, mas eu a perdi”. Isso, isso será como um abutre corroendo sobre ele, o que irá reforçar e acentuar a sua miséria. E que isto persuada você rapidamente para operar a vossa salvação.

Em quinto lugar, você pode fazer este trabalho e não impedir o seu outro trabalho, aperar a salvação em um chamado não é inconsistente. E isso eu insiro para prevenir uma objeção. Alguns podem dizer, mas se eu trabalhar tão duro para o céu, eu não terei tempo para o meu comércio. Não, certamente, o Deus sábio nunca faz qualquer coisa de suas ordens para interferir, como Ele deseja que você “busque primeiro o reino” (Mateus 6:33), assim, ele gostaria que provesse para a sua família (1 Timóteo 5:8), você pode conduzir duas operações em conjunto. Eu não gosto daqueles que fazem a igreja excluir a loja, que tragam todo o seu tempo em ouvir, mas negligenciam o seu trabalho em casa (2 Tessalonicenses 3:11). Eles são como os lírios do campo que não trabalham, nem fiam. Deus nunca selou um mandado de ociosidade. Ele ordena a ambos e elogia a diligência em uma vocação, o que pode encorajar-nos o bastante para cuidar da salvação, porque este trabalho não vai nos tirar o nosso outro trabalho. Um homem pode com Calebe, seguir a Deus completamente, (Números 14:24) e ainda com Davi estar “após as ovelhas e suas crias” (Salmo 78:71). Piedade e diligência podem habitar juntas.

Em sexto lugar, a indesculpabilidade daqueles que negligenciam operar a sua salvação. Parece-me que eu ouço Deus contendendo o caso com os homens no Último Dia, desta maneira: “Por que vocês não trabalham? Eu dei-lhe tempo para trabalhar, eu dei-lhe luz para trabalhar, eu te dei meu Evangelho, meus ministros. Eu concedi talentos a você para o empreendimento, eu coloquei o galardão diante de você. Por que vocês não trabalharam para sua salvação?” Quer isto deva ser indolência ou teimosia. Houve algum trabalho vosso, que vós fizerdes com maior preocupação? Você poderia trabalhar com tijolo, mas não com o ouro. O que podeis dizer de vós mesmos o porquê a sentença não mudaria? Ó, como o pecador será deixado sem palavras em tal tempo, e como isso vai cortar-lhe o coração, o pensar com ele mesmo que negligenciou a salvação; e poderia dar qualquer razão para isso?

Em sétimo lugar, a miséria inexprimível de tais que não operam a salvação. Aqueles que dormem na primavera, deverão mendigar na colheita. Após a morte, quando buscarem receber uma colheita cheia de glória, eles serão colocados para mendigar, como mergulhar, por uma gota de água. Pessoas vagabundas que não trabalham são enviadas para a casa de correção. Os tais como não vão trabalhar pela sua salvação, que eles saibam: o inferno é a casa de correção de Deus e elas devem ser enviadas para lá.

Em oitavo lugar, se tudo isso não prevalecer, considere, o que é que estamos a operar. Ninguém terá dores por uma ninharia, estamos trabalhando por uma coroa, por um trono, por um paraíso, e tudo isso é compreendido em que uma palavra: “Salvação”, aqui está uma pedra de afiar para a diligência. Todos os homens desejam a salvação. É a coroa da nossa esperança, não devemos pensar que qualquer trabalho seja demasiado por isso. Pois os homens sofrerão dores por coroas e cetros terrenos! E suponha que todos os reinos do mundo fossem mais ilustres do que são – suas fundações de ouro, suas paredes de pérola, as janelas de safira – que seria tudo isso em relação ao Reino pelo qual estamos trabalhando? Podemos também abranger o firmamento, conforme estabelecido em todo o seu esplendor e magnificência. A salvação é uma coisa bela, está bem acima de nossos pensamentos, uma vez que está além dos nossos desertos. Ó, como isso deve adicionar asas aos nossos esforços! O comerciante se apressará através das zonas de intemperança de calor e frio por um pequeno prêmio. O soldado, por um espólio vultuoso, enfrentará a bala e espada, ele terá prazer em passar por uma primavera sangrenta por uma colheita dourada. Ó, então, quanto mais devemos gastar nosso santo suor por este prêmio abençoado da salvação!

III. E assim, depois de ter estabelecido alguns argumentos por meio de motivação, para persuadir a este trabalho, vou agora propor alguns meios através de orientações para nos ajudar neste trabalho, e aqui eu vou mostrar o que são aquelas coisas a serem removidas, que irão dificultar nosso labor e quais são as coisas que julgamos servirem para ele.

1. Temos de eliminar as coisas que dificultarão a operação da nossa salvação. Há seis barreiras no caminho para a salvação que deverão ser removidas.

(i) Em primeiro lugar, os embaraços do mundo. Enquanto o pé está em uma armadilha, um homem não pode correr. O mundo é uma armadilha; enquanto os nossos pés estão nele, não podemos participar da corrida diante de nós (Hebreus 12:1). Se um homem subir uma rocha íngreme, e tendo pesos amarrados às pernas, eles dificultariam sua subida; muitos pesos dourados vão nos impedir de subir esta rocha íngreme que leva à salvação. Enquanto a fábrica de um comércio está funcionando, faz tanto barulho que mal podemos ouvir o ministro “levantando a sua voz como a trombeta”. O mundo sufoca nosso zelo e apetite pelas coisas celestiais, a terra apaga o fogo, a música dos encantos do mundo nos adormecem, e então não podemos trabalhar. Nas minas de ouro, existem sufocamentos mortais. Ó! quantas almas foram destruídas com um sufocamento proveniente da terra!

(ii) A segunda barreira no caminho para a salvação é a tristeza e o desânimo: quando o coração de um homem está triste, ele não está apto para ir para o seu trabalho, ele é como um instrumento desafinado. Sob medos e desânimos nós agimos fracamente na religião. Davi trabalha para repreender a si mesmo a sair dessa melancolia espiritual, “Por que estás abatida ó minha alma?” (Salmo 42:5). A alegria vivifica; os Lacedemônios usavam a música em suas batalhas para excitar seus espíritos e fazê-los lutar mais bravamente. A alegria é como música para a alma, que excita ao dever, ela é óleo para as rodas dos afetos. A alegria faz o serviço ser feito com prazer, e nós nunca os realizamos de forma rápida na religião como quando sobre as asas do prazer. A melancolia tira as rodas dos nossos carros, e então nós dirigimos pesadamente.

(iii) A terceira barreira no caminho para a salvação é a preguiça espiritual. Este é um grande impedimento para o nosso trabalho. Foi dito de Israel, “Também desprezaram a terra aprazível” (Salmo 106:24), qual seria a razão disto ser assim? Canaã era um paraíso de prazer, um tipo de céu, mas eles pensaram que para obtê-la iria custar-lhes uma grande quantidade de problemas e perigos, e eles prefeririam continuar sem ela, eles desprezaram a terra aprazível. Não existem milhões em nosso meio que prefeririam ir dormindo para o Inferno, do que suando para o céu? Eu li de certos espanhóis que vivem perto de onde há uma grande loja de peixes, no entanto, são tão preguiçosos que eles não ganham as dores para pegá-los, mas os compram de seus vizinhos. Tal estupidez pecaminosa e preguiça estão sobre a maioria, que, apesar de Cristo estar perto deles, embora a salvação seja oferecida no Evangelho, contudo eles não trabalharão pela sua salvação. “A preguiça faz cair em um sono profundo” (Provérbios 19:15). Adão perdeu sua costela quando ele estava dormindo, muitos homens perdem sua alma neste sono profundo.

(iv) A quarta barreira no caminho para a salvação é a opinião da facilidade da salvação.

Deus é misericordioso, e o pior vem para o pior, isto é apenas arrepender-se. Deus é misericordioso, é verdade, mas, além disto Ele é justo, Ele não deverá corromper Sua justiça ao demonstrar misericórdia, portanto, observe esta cláusula na proclamação, Ele “não inocenta o culpado” (Êxodo 34:7). Se um rei proclama que somente devem ser perdoados aqueles que vieram submetidos ao seu cetro, poderia alguém, ainda persistindo na rebelião, reivindicar o benefício daquele perdão? Ó pecador, tu gostarias de obter misericórdia, e não queres desfazer-se da arma da injustiça?

Isto, somente se houver arrependimento, você se arrepende? Este é tal, que não podemos atingir a menos que Deus direcione a nossa seta. Diga-me, Ó pecador, é fácil para um homem morto viver e andar? Tu és espiritualmente morto, e enrolado na tua mortalha (Efésios 2:2). A regeneração é fácil? Será que não existem dores no novo nascimento? É a abnegação fácil, tu sabes o que a religião deve custar-lhe, e o que isso pode custar? Deve custar-lhe a separação dos seus desejos, pode custar-lhe a separação de sua vida, guardem desta obstrução. A salvação não é conseguida com ânimo leve, milhares foram para o Inferno mediante este erro. Os grandes espetáculos da presunção fizeram a porta estreita parecer mais larga do que é.

(v) A quinta barreira no caminho para a salvação são amigos carnais. É perigoso ouvir a sua voz. A serpente falou a Eva. A esposa de Jó o teria retido de servir a Deus, “Ainda reténs a tua integridade?” (Jó 2:9) Quem, continua a orar e a clamar? Aqui, o Diabo lança mão sobre a tentação de Jó por sua esposa. Amigos carnais estarão chamando-nos para longe de nosso trabalho. Quem precisa de todo este alvoroço? De menos dores servirão. Nós lemos que alguns dos parentes de Cristo, quando viram Cristo, de modo sincero na pregação, tentaram impedi-Lo: “Seus amigos foram para prendê-lo” (Marcos 3:21). Nossos amigos e parentes, às vezes, ficam em nosso caminho para o céu e julgam o nosso zelo como loucura, gostariam de nos perseguir e nos embaraçar de nosso trabalho por salvação. Espira encontrou tais amigos; por aconselhamento com eles se ele revogaria suas antigas opiniões sobre a doutrina de Lutero, ou persistiria nelas até a morte, eles desejavam que ele se retratasse, e tão abertamente renunciasse sua antiga fé; ele tornou-se um homem vivo no inferno.

(vi) A sexta barreira no caminho para a salvação é a má companhia. Eles nos tirarão de nosso trabalho. As águas doces perdem seu frescor quando se deparam com o sal, os cristãos perdem a sua frescura e paladar entre os ímpios; as pombas de Cristo serão manchadas por deitarem entre esses vasos. Companhia pecaminosa é como a água na forja de um ferreiro que apaga o ferro, ele nunca será tão quente; tais bons afetos esfriam. Os ímpios têm a praga do coração (1 Reis 8:38), e sua respiração é infecciosa. Eles vão nos desencorajar de trabalhar pela nossa salvação; assim como aquele, que é um pretendente a uma mulher, e é muito sério em seu pedido, lá vem alguém e diz que ele sabe alguma coisa sobre de mau relatório sobre a mulher, algum impedimento; o homem ouvindo isso, logo se retira, e a solicitação cessa. Assim é com muitos homens que começam a ser pretendentes à religião. De bom grado ele teria realizado o casamento, e ele cresce muito quente e violento na solicitação, e começa a operar a sua salvação, mas depois lá vêm alguns de seus confederados, e lhe dizem que eles sabem algo de mau relatório sobre a religião. “Esta seita, em todos os lugares se fala contra”. Deve haver muito rigor e mortificação para que ele nunca mais deva esperar ver bons dias; posto isso, ele fica desanimado, e por isso o encontro foi interrompido. Acautelai-vos de tais pessoas, pois elas são demônios cobertos com carne, pois elas são, como alguém disse, como Herodes, que teria matado Cristo, logo que Ele nasceu. Assim, quando Cristo está, por assim dizer, começando a ser formado no coração, eles, em um sentido espiritual, O matariam.

E, assim, eu lhe mostrei as barreiras que se encontram no caminho para a salvação, que devem ser removidas.

2. Devo proceder agora no segundo lugar para estabelecer alguma ajuda conducente para a salvação.

(i) A primeira está no texto: temor e tremor. Este não é um temor de duvidar, mas o temor de diligência. Este temor é necessário no trabalho de salvação. Temamos até que entremos (Hebreus 4:1). O temor é um remédio contra a presunção. A esperança é como a cortiça para a rede, ela guarda a alma de afundar em desespero e o temor é como o prumo para a rede, ele mantém a alma flutuando acima da presunção. O temor é aquela espada flamejante que gira em todos os sentidos para impedir o pecado de entrar. O temor vivifica, é um antídoto contra a preguiça. “Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca” (Hebreus 11:7). O viajante, para que a noite não deva alcança-lo antes que ele chegue ao fim de sua jornada, usa mais frequentemente as esporas. O temor causa circunspecção, aquele que anda com temor pisa cautelosamente. O temor é um conservante contra a apostasia: “Porei o meu temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim” (Jeremias 32:40). O temor de cair nos impede de cair: O temor é a insígnia e farda de um Cristão. Os santos do passado eram homens tementes a Deus (Malaquias 3:16). É relatado sobre santo Anselmo, que ele gastava a maior parte de seus pensamentos sobre o Dia do Julgamento. “Feliz o homem que teme sempre” (Provérbios 28:14). O temor é guarnição de um cristão, a maneira de estar seguro é sempre temer. Esta é uma das melhores ferramentas com a qual um Cristão trabalha.

(ii) Em segundo lugar, outra grande ajuda na operação da salvação é o amor. O amor faz o trabalho prosseguir com alegria; sete anos de trabalho pareciam nada a Jacó por causa do amor que ele tinha por Raquel. O amor facilita tudo. É como asas para o pássaro, como rodas para o carro, como velas para o navio, que transporta a alma rápida e alegremente ao dever. O amor nunca se cansa. Esta é uma excelente frase de Gregório: “Deixe um homem ter o amor do mundo em seu coração, e ele rapidamente será rico”. Então nada faça, senão ter o amor à religião em seu coração, e você será rapidamente rico de Graça. O amor é uma Graça ativa, vigorosa. Ele despreza os perigos, ele espezinha as dificuldades, como uma poderosa torrente carrega tudo à sua frente. Esta é a Graça que “toma o céu por violência”. Tenham seus corações bem aquecidos com esta Graça, e vocês serão habilitados para este trabalho.

(iii) A terceira coisa conducente à salvação é trabalhar na força de Cristo. “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” (Filipenses 4:13). Nunca vá para o trabalho sozinho. A força de Sansão estava em seu cabelo. E a força do Cristão está em Cristo. Quando estiver para fazer qualquer dever, resistir a qualquer tentação, subjugar qualquer luxúria, passe sobre isso com a força de Cristo; alguns saem contra o pecado na força de suas resoluções e votos, e eles logo são frustrados. Faça como Sansão, ele clamou ao Céu primeiro por ajuda e depois de ter se apoderado dos pilares, ele derrubou a casa sobre os chefes dos filisteus. Quando nós envolvemos Cristo no trabalho, e assim nos apoderamos dos pilares de uma ordenança, em seguida, nós derrubamos a casa sobre a cabeça de nossas concupiscências.

(iv) Em quarto lugar, opere com humildade; seja humilde, não pense que o mérito vem pelo seu trabalho. Satanás quer nos impedir de trabalhar, ou então ele gostaria de fazer-nos orgulhosos do nosso trabalho. Deus deve perdoar nossas obras antes que Ele as coroe. Se pudéssemos orar como anjos, derramar rios de lágrimas, construir igrejas, erigir hospitais e tivéssemos um conceito que teríamos mérito por isso, seria como uma mosca morta no vaso de unguento, que iria manchar e eclipsar a glória deste trabalho. Os nossos deveres, como o bom vinho, apreciam um barril ruim: eles nada são, senão pecados brilhantes. Não deixe o orgulho envenenar nossas coisas santas; quando estamos trabalhando pelo Céu, devemos dizer como o bom Neemias, “Nisto também, Deus meu, lembra-te de mim e perdoa-me segundo a abundância da tua benignidade” (Neemias 13:22).

(v) Em quinto lugar, trabalhe sobre os seus joelhos; passe muito tempo em oração. Implore ao Espírito de Deus para ajudá-lo no trabalho, faça essa oração, “Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim” (Cânticos 4:16). Temos necessidade deste soprar do Espírito sobre nós; existem tantos ventos contrários soprando contra nós, e considerando o quão rapidamente santas afeições estão prontas a murchar. O jardim não tem mais necessidade de vento para fazer seu fruto fluir para fora do que nós do Espírito para fazer nossas Graças florescerem. Filipe chegou-se a carruagem do eunuco (Atos 8:29). O Espírito de Deus deve juntar-se à nossa carruagem; como o marinheiro que tem a mão no leme e tem seu olhar voltado para as estrelas. Enquanto nós estamos trabalhando, temos de olhar para o Espírito. O que é a nossa preparação sem a operação do Espírito? O que é todo o nosso remar sem um vento forte do céu? “O Espírito me levantou” (Ezequiel 3:14). O Espírito de Deus deve tanto infundir quanto exercitar a Graça. Lemos sobre uma “uma roda no meio de outra roda” (Ezequiel 1:16). O Espírito de Deus é essa roda interna que deve mover a roda de nossos esforços. Para concluir tudo, ore a Deus para abençoá-lo em seu trabalho. “Não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha” (Eclesiastes 9:11), nada prospera sem uma bênção, e qual a maneira de obtê-la senão pela oração? Esta é uma frase de um dos antigos: “Os santos levam as chaves do céu em seu cinto. A oração conquista a arma da mão do inimigo, e recebe a bênção das mãos de Deus”.

(vi) Por fim, trabalhe em esperança, diz o apóstolo, “aquele que lavra deve lavrar com esperança” (1 Coríntios 9:10). A esperança é a âncora da alma (Hebreus 6:19). Lance essa âncora na promessa e você nunca deverá afundar. Nada mais nos impede em nosso trabalho do que a incredulidade. Certamente, diz um Cristão, eu posso labutar todos os dias para a salvação e não obter nada. “Porventura não há bálsamos em Gileade?”.

(Jeremias 8: 22) Será que não há propiciatório? Ó, borrife fé em cada dever! Olhe para a Livre Graça; fixe o seu olhar no sangue de Cristo. Quer ser salvo? Faça o seu trabalho unindo-o a crença.

Amém!

Thomas Watson, “The One Thing Necessary” — As citações bíblicas desta tradução foram retiradas da versão “Almeida Corrigida Fiel”.

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