A Surpreendente Arca

Quando eu era criança, contaram-me a história do dilúvio Bíblico. Era fascinante tentar imaginar Noé e sua arca e todos aqueles animais. Ao mesmo tempo era assustador pensar nas pessoas que ficaram do lado de fora quando Deus fechou a porta da arca e as águas do dilúvio começaram. Enquanto eu era criança eu acreditava nesta história. Mas ao ficar mais velho, na escola e posteriormente na universidade, a maioria dos estudantes, professores e mestres riam desta história e acusavam-me de ser não científico com respeito a este assunto. Isto levou-me a uma longa viagem de pesquisa.

Eu queria a verdade. O que diz a verdadeira ciência? Quem é que está enganado? Um dilúvio mundial poderia realmente ter acontecido e a arca é fato ou ficção? Os anos de pesquisa neste assunto me levaram a uma conclusão clara: as evidências apontam a favor do relato do dilúvio como ele aparece no livro de Gênesis.

Quando eu estava fazendo um curso de engenharia hidráulica, na universidade, pediram-nos que investigássemos e descobríssemos as melhores dimensões para um corpo na água resistir à condições extremas no mar. Nós inventamos uma variedade de estilos. Mas, para a surpresa de todos, o professor (que não era cristão) disse: “Eu não deveria dizer-lhes isto, mas as melhores dimensões encontram-se na Bíblia. São as dimensões da arca de Noé. Aquele navio não podia afundar”. Fiquei muito impressionado com o comentário do professor e fiz a pergunta que ninguém ousou responder: “Quem ensinou Noé a projetar um navio que não podia afundar?”. Deus disse a Noé que fizesse uma arca:

“Faze para ti uma arca de madeira de gofer: farás compartimentos na arca, e a betumarás por dentro e por fora com betume. E desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinquenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura. Farás na arca uma janela, e de um côvado a acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares baixos, segundos e terceiros” (Gn 6:14-16).

As dimensões da arca foram analisadas por especialistas em engenharia hidráulica. O Dr. Henry Morris, que foi presidente de departamentos de engenharia civil nas melhores universidades americanas, depois de analisar cuidadosamente estas dimensões, concluiu que era quase impossível que a arca emborcasse [1].

Análises de estabilidade foram feitas usando uma seção transversal da arca e as forças e momentos agindo sobre ela enquanto ela era agitada por tempestades violentas. Elas mostram que o empuxo tendendo a endireitá-la age sempre no lado de fora da força peso que tende a emborcá-la. O resultado é que ela sempre retorna à sua posição normal de flutuação [2].

Além disso, a razão entre o comprimento e a largura da arca, 6 para 1 (300 côvados por 50 côvados), tende a não permitir que forças de ondas da mesma magnitude atinjam-na em todo o seu comprimento, visto que as ondas tendem a ocorrer de maneira quebrada e variada, e não em sequência crista-vale longas e uniformes. Qualquer ação de vértice a que a arca poderia ser sujeita ocasionalmente também tenderia a ser resistida e anulada pela razão de 6 para 1 (comprimento-largura).

Portanto, as razões que Deus deu a Noé para a arca são as melhores para estabilidade, arfagem e balanço. A arca não foi projetada para velocidade. Noé não estava com a menor pressa para ir a lugar nenhum! De fato, ele queria ficar o mais perto possível da terra que ele conhecia.

É interessante saber que Brunel, o grande inventor britânico, projetou o seu famoso navio em 1844, quase 4.000 anos depois de Noé, e batizou-o de The Great Britain (A Grã-Bretanha) [3].

Este navio tinha quase as mesmas razões de comprimento: largura: altura que a arca de Noé: 322 pés x 51 pés x 32,5 pés (98 m x 15,5 m x 10 m). Brunel tinha a seu dispor toda a experiência acumulada de gerações de construtores de navios. A arca foi a primeira do seu tipo.

Lugar de Sobra na Arca

A arca tinha capacidade para acomodar todos os “passageiros” que Deus pediu que Noé levasse a bordo, com amplo espaço livre. Alguns cálculos simples provarão isto: [4].

Dimensões da arca:

300 côvados x 50 côvados x 30 côvados.

Usando um côvado pequeno, equivalente a 17,5 polegadas (44,5 cm) a arca tinha aproximadamente:

133 m x 22 m x 13,5 m

Volume = 39.500 metros cúbicos

Equivale a 522 vagões de trem de tamanho padrão (americano) com capacidade de 2.670 pés cúbicos cada, que podem levar cerca de 200 ovelhas em dois andares. Volume suficiente para levar mais de 125.000 animais do tamanho de uma ovelha.

Há cerca de 18.000 espécies de animais terrestres vivos hoje. Se levarmos em conta as espécies extintas e outras que talvez esquecemos de contar, e tomarmos dois de cada espécie e sete de algumas, como Deus ordenou a Noé, o total não chegaria a 50.000; deixando assim bastante espaço para alimentos, e talvez todo o terceiro andar para Noé e sua família viver com espaço de sobra!

A Bíblia não nos diz quanto tempo Noé levou para construir a arca. Entretanto, não há nenhuma razão para rejeitar os 100 anos obtidos pela diferença entre a idade de Noé, registrada em Gênesis 5:32 quando ele tinha 500 anos, e a sua idade de 600 anos quando começou o dilúvio, como relatada em Gênesis 7:11.

Este é um espaço de tempo lógico para a construção de um navio grande, considerando-se a tecnologia e equipamentos limitados que possuíam naqueles tempos.

Também ajuda a explicar I Pe 3:20, sobre a longanimidade de Deus, esperando nos dias de Noé “enquanto se preparava a arca”! O fato de Lameque, pai de Noé, morrer 5 anos antes do dilúvio não deve ser usado para limitar o tempo de construção da arca a cinco anos. Isto seria impossível até mesmo com os equipamentos de hoje. A intervenção de Deus em vários aspectos do dilúvio é vista claramente no relato. Ele projetou a arca, mas deixou a construção da mesma com Noé e seus companheiros! A Bíblia não registra tudo o que Deus disse a Noé, e Ele bem poderia ter dito a Noé que seu pai não viveria até o tempo do dilúvio.

Nota: Texto extraído do livro “E Disse Deus…”, de autoria do dr. Farid Abou-Rahme, e publicado pela Editora Sã Doutrina.

Bibliografia:

[1] Morris, H.M. The Biblical Basis for Modern Science, Baker Book House, Michigan, 1993. pág. 295[2] ibid. págs. 293-295. [3] Whitcomb, J.C. The World that Perished, Baker Book House, Michigan, pág. 22. [4] Morris (Ref. 1) págs. 291-292.

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