A Solução de Conflitos Entre Irmãos
Como resolver os conflitos que surgem no relacionamento entre os irmãos? Não há no Novo Testamento, tanto nos ensinos de Cristo como dos apóstolos uma única citação que garanta que no relacionamento entre os irmãos não surgiriam conflitos. O que vemos, no ensino de Jesus e dos apóstolos, é uma preocupação em deixar claro como resolver esses conflitos. A prova disso, é o número de textos que há nos Evangelhos e nas cartas apostólicas sobre o perdão, o amor, a humildade, como manter a paz e o bom relacionamento entre os irmãos e as advertências sobre os perigos e consequências de não se tratar a fundo os conflitos, quando esses surgissem.
1. SE EU PECO CONTRA MEU IRMÃO, O QUE DEVO FAZER?
a) Buscar reconciliação – Este texto nos mostra que a melhor oferta que temos para dar a Deus é uma relação de harmonia com nossos irmãos:
“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mateus 5:23-24).
b) Reconhecer nosso erro com mansidão e confessar com humildade – “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tiago 5:16) […] “… com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Efésios 4:2).
c) Não ser sábio aos próprios olhos – “Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos” (Romanos 12:16).
d) Restituir – Devemos devolver o que foi roubado, pagar o que retivemos, reparar o dano causado, devolver a honra que foi tirada de alguém por meio de calúnia, aclarar a mentira, etc […] “Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais” (Lucas 19:8) […] “Quando alguma pessoa pecar, e cometer ofensa contra o SENHOR, e negar ao seu próximo o que este lhe deu em depósito, ou penhor, ou roubar, ou tiver usado de extorsão para com o seu próximo; ou que, tendo achado o perdido, o negar com falso juramento, ou fizer alguma outra coisa de todas em que o homem costuma pecar, será, pois, que, tendo pecado e ficado culpada, restituirá aquilo que roubou, ou que extorquiu, ou o depósito que lhe foi dado, ou o perdido que achou, ou tudo aquilo sobre que jurou falsamente; e o restituirá por inteiro e ainda a isso acrescentará a quinta parte; àquele a quem pertence, lho dará no dia da sua oferta pela culpa” (Levítico 6:2-5).
2. SE MEU IRMÃO PECA CONTRA MIM, O QUE DEVO FAZER?
a) Buscar salvá-lo – “Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados” (Tiago 5:19-20).
b) Primeiramente devemos nos isentar de toda atitude de juízo ou de rigor carnal – “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão” (Mateus 7:3-5).
Uma atitude presunçosa e de superioridade, seria como uma trave no nosso olho. Devemos alcançar que o nosso coração esteja limpo, e que não queremos exigir que se faça justiça conosco, mas que a nossa intenção é o benefício do irmão. Evitar qualquer coisa que tenha aparência de orgulho: Gestos, olhar, palavra, o tom de voz demonstrando que estou por cima dele, que me sinto superior por estar corrigindo-o. Devo ter postura de humilhação, pois nós também fomos perdoados, e nós também caímos em pecado, e queremos que sejam misericordiosos conosco.
“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Coríntios 10:12).
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas” (Mateus 7:12).
c) A seguir devemos falar diretamente com ele e repreendê-lo com espírito de mansidão e brandura – “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gálatas 6:1) […] “Ora, é necessário que o servo do Senhor não viva a contender, e sim deve ser brando para com todos, apto para instruir, paciente, disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade” (2 Timóteo 2:24-25).
d) Se o irmão se arrepender, devemos perdoá-lo imediatamente – “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe” (Lucas 17:3-4).
“E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas. Mas, se não perdoardes, também vosso Pai celestial não vos perdoará as vossas ofensas” (Marcos 11:25-26).
“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou” (Efésios 4:32).
“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós” (Colossenses 3:13).
e) A parábola do credor incompassivo nos fala muito forte ao coração. Devemos examiná-la com muita atenção. Ela expõe como é ridículo e maldoso não perdoar. Nos mostra que aquele que não perdoa, certamente não conhece a imensidão de seus próprios pecados, nem a grandeza do perdão de Deus. Devemos ter esta parábola profundamente gravada em nossos corações.
“Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía e que a dívida fosse paga. Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo, e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão” (Mateus 18:23-35).
f) Se o irmão não se arrepender, devemos seguir os passos que Jesus ensinou – “Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano” (Mateus 18:15-17).
- Primeiramente tentamos resolver a situação em particular, somente com ele;
- Depois, tomamos uma ou duas testemunhas e vamos falar novamente. Estas testemunhas devem ser pessoas maduras e das relações de ambos, para que possam julgar toda a situação;
- E finalmente, se ele recusar-se a ouvir essas testemunhas, levamos o caso aos pastores da igreja para que eles decidam o que fazer.
3. SE MEU IRMÃO PECA CONTRA MIM, O QUE NÃO DEVO FAZER?
a) Calar e ignorar o assunto – “Também quando o justo se desviar da sua justiça e fizer maldade, e eu puser diante dele um tropeço, ele morrerá; visto que não o avisaste, no seu pecado morrerá, e suas justiças que praticara não serão lembradas, mas o seu sangue da tua mão o requererei. No entanto, se tu avisares o justo, para que não peque, e ele não pecar, certamente, viverá, porque foi avisado; e tu salvaste a tua alma” (Ezequiel 3:20-21).
b) Guardar rancor – “… atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados” (Hebreus 12:15).
“Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia” (Efésios 4:31).
c) Falar mal, usar de maledicência – O que é maledicência? É falar de alguém, mesmo que seja verdade, para outra pessoa sem que a pessoa de quem estamos falando esteja presente. Falar com motivação de diminuí-la, com o objetivo de exaltar seus defeitos, de esclarecer e trazer a luz seus problemas a fim de denegrir sua imagem, para que aquele a quem eu estou falando, fique preconceituoso quanto à pessoa de quem eu estou falando. Porque falamos mal uns dos outros? Por que a maledicência gratifica e acaricia o nosso orgulho.
Quando falamos dos problemas de nossos irmãos com a intenção de diminuí-los, nos sobrepomos a eles e nos consideramos melhores. Nossos piores sentimentos são acariciados.
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12:10).
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” (Filipenses 2:3-4).
A maledicência sempre vem com o disfarce de estarmos falando com uma nobre indignação contra aqueles que pecaram, pelo ódio ao pecado.
“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz” (Tiago 4:11).
“Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos” (1 João 2:9-11).
“Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão. Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros; Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si” (1 João 3:10-11, 14-15).
“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado. Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão” (1 João 4:7-8, 12, 20-21).
d) Abrir juízo condenatório. Fazemos isto quando antecipamos a nossa opinião antes de ouvir nosso irmão – “Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também” (Mateus 7:1-2).
“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados” (Lucas 6:37).
Lírio dos Vales – “Ele apascenta o Seu rebanho entre os lírios.” (Ct 2:16)