Independente da origem do universo, se o Big-Bang explica-o ou não, outra dificuldade avassaladora na mente dos estudiosos não cristãos, refere-se à origem da vida na terra. Como aconteceu? E quando isto se deu? Como ocorreu a perpetuação e grande variabilidade que observamos ao nosso derredor?
De acordo com os evolucionistas, a terra tem de 4,5 a 5 bilhões de anos, mesmo sabendo que as datações dependem de uma série de pressuposições. Por exemplo, nós não temos como afirmar se o nível de Carbono 14 manteve-se constante e, caso contrário, isto afeta drasticamente tais estimativas.
Sem preocuparmo-nos com as datas, é válido ressaltar que diversos cientistas têm proposto suas ideias. Arrenhius sugeriu que a vida chegou até o nosso planeta juntamente com meteoritos que aqui caíram. Esta sugestão foi descartada pela maioria, devido à impossibilidade de um ser vivo atravessar o espaço: ele sofreria um bombardeio de radiações e estaria sujeito às oscilações térmicas extremas. Seria praticamente impossível esse patriarca aqui chegar bem-humorado e disposto a fincar sua bandeira para estabelecer território. Além disso, a ideia não responde à questão como a vida surgiu e somente transfere o problema para outro local diferente da Terra.
Outra teoria que tem sido sugerida e ensinada com afinco nas escolas é a do cientista russo Aleksandr Oparin (1894-1980; o escocês Haldane (1892-1964) também chegou à mesma conclusão em trabalho independente). A ideia da Sopa Orgânica Primordial proposta é a seguinte:
- A crosta terrestre teria aparecido há mais ou menos 2,5 bilhões de anos, pela solidificação das rochas.
- A atmosfera primitiva era composta de gases: H2 (hidrogênio), CH4 (metano), NH3 (amônia) e vapor d’água. Não havia O2 (oxigênio) nem N2 (nitrogênio);
- Constantes descargas elétricas, associadas às radiações, quebravam essas moléculas, que caíam nos oceanos primitivos, formando algumas moléculas orgânicas simples;
- Por muitos anos houve choques ao acaso entre átomos, originando os primeiros aminoácidos;
- Tais aminoácidos em contato com as rochas quentes, agruparam-se em proteínas; tais proteínas ficaram isoladas do meio por partículas de água, sendo tal agrupamento denominado coacervados;
- Estes coacervados realizavam trocas com o meio, de onde originaram as primeiras células, que deveriam ter substâncias com atividade de catálise (enzimas?).
Diversos cientistas têm especulado a respeito da nutrição dessas primeiras células, que seriam os primeiros seres vivos. A suposição é que eles seriam heterótrofos fermentadores, isto é, ingeriam matéria (alimento) do próprio meio e obtinham energia através da fermentação, que é um processo mais simples que a respiração. Com o passar do tempo, de um modo desconhecido, tais organismos tornaram-se autótrofos, isto é, passaram a realizar a fotossíntese, transformando a energia luminosa em energia de alimento. Liberando oxigênio por este processo, pode-se então criar condições para o aparecimento dos primeiros aeróbicos.
Anos mais tarde após a apresentação dessa ideia, na década de 50, Stanley Müller realizou um experimento tentando comprovar a hipótese de Oparin. Em tubos fechados e interligados, ele imitou as condições da suposta atmosfera primitiva, colocando os gases sugeridos e submeteu-os às descargas elétricas, obtendo certa quantidade de moléculas orgânicas, como os aminoácidos, precursores das proteínas. Ele concluiu que havia confirmado a origem espontânea da vida a partir da matéria inorgânica.
Algumas Considerações Contrárias à Teoria:
Muitas são as objeções feitas por especialistas. Poderíamos enumerar rapidamente algumas delas:
- Hoje a maior parte dos estudiosos afirma que a atmosfera primitiva tinha uma composição diferente da proposta por Oparin. Existindo ações vulcânicas, certamente haveria grandes quantidades de CO2 e vapor de água, assim como monóxido de carbono (CO), hidrogênio (H2) e também o nitrogênio (N2); o metano e a amônia não estariam presentes;
- Para a aceitação dessa ideia, devemos aceitar a Teoria da ABIOGÊNESE, que diz que a vida pode ser originada de matéria não viva. Tal teoria foi derrubada no século XIX com as experiências de Louis Pasteur e seria um retrocesso a aceitação de algo que já foi comprovado ser um engano. Os evolucionistas, entretanto, argumentam dizendo que isto difere da abiogênese pelo fato de ter ocorrido num tempo muito prolongado, em milhões de anos. Porém, seja em pouco ou muito tempo, o princípio permanece: admite-se que vida originou-se de matéria inorgânica e isto é abiogênese!;
- Mesmo que formassem as proteínas, como elas replicar-se-iam? Seriam necessárias enzimas (que também são proteínas específicas) ou então alguma outra substância catalítica, como o RNA, substância muitíssimo complexa. Será que nessa casualidade seria possível originar tais substâncias que interagissem e trabalhassem num sistema de cooperação?;
- O poder de dissociação é muitíssimo maior que o poder de síntese: um aglomerado de substâncias orgânicas facilmente dissolver-se-ia sob as condições dos oceanos primitivos e não se agruparia em substâncias mais complexas;
- Outro argumento fundamental é que não conseguimos reproduzir em laboratório uma célula, por mais simples que ela pareça, juntando matéria inorgânica. Vida é mais que um agrupamento de átomos ou moléculas: é algo que só pode vir de DEUS!
O relato de Gênesis é significativo. No quinto dia da criação Deus cria a vida sobre a terra: “Seres viventes ou criaturas vivas” (1:20-21, 24) é a mesma expressão traduzida por “alma vivente” (2:7) e mostra que somente Ele pode dar vida, pela Sua Palavra, desde os mais simples microrganismos até os grandes animais. O homem, assim como o acaso, não tem poder nem controle sobre a vida, pois esta é uma dádiva de Deus.
Podemos fazer uma breve comparação nesta altura, entre a Evolução e a Criação.
Veja quadro comparativo:
ACONTECIMENTO | EVOLUÇÃO | CRIAÇÃO |
---|---|---|
No princípio… | ? | Deus |
Aparecimento do espaço, matéria e tempo | Big-Bang (a mais aceita) | Ato criador de Deus |
Aparecimento do Universo | Expansão do Big-Bang | 6 dias literais em sequência organizada |
Aparecimento da vida | Universo estéril produziu vida espontaneamente | Deus criou cada ser segundo a sua espécie |
Método de aparecimento | Probabilidade e chance | Planejamento e execução |
Tempo de existência | Bilhões de anos | Milhares de anos |
É importante ressaltar que o experimento de Müller citado acima não formou vida, apenas aminoácidos, que são base para a formação das proteínas. O fato de ele ter planejado o experimento, adquirido tubos de vidros, colocado descargas elétricas provou que, para criar algo, faz-se necessário uma mente inteligente por detrás do processo. Pode-se concluir que Müller mostrou, inconscientemente, muito mais a lógica do Criacionismo à casualidade do Evolucionismo! Diz Paulo aos Coríntios: “Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?”. E é isso que a Bíblia ensina: Deus é necessário para a existência da vida!
Derek Kidner comenta de forma magnífica Gênesis 2:7, sobre a criação do homem: “Formou expressa a relação entre o Artífice e o material empregado, com implicações tanto de habilidade (Sl 94:9; 139) quanto de uma soberania que o homem esquece a seu risco – “Que perversidade a vossa! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e a obra dissesse do seu artífice: Ele não me fez; e a cousa feita dissesse do seu oleiro: Ele nada sabe” (Is 29:16; Jr 18:4); ao passo que soprou calorosamente pessoal, com a intimidade do contato face a face de um beijo, e com o significado que este era um ato de dar, bem como de formar, e de dar-se a si mesmo inclusive, conforme Jó 32:8, e também João 20:22, em que Jesus comunica o Espírito Santo como o sopro vivificante da nova criação, a Igreja. Mesmo quando nos formou, então, o esquema: ‘Deus amou ao mundo de tal maneira que deu…’ já é visível”.
Ao Único Autor e Sustentador da vida seja toda a glória!
Dirceu Packer