A Oração

O Novo Testamento não nos fornece muitos por menores sobre as reuniões das Igrejas locais, contudo sabemos que os crentes se reuniam para oração ministério da Palavra e o partir do pão (At 2:42) mas, além disso, pouco mais nos e revelado. Quanto à propagação do Evangelho, parece que era feita pelos crentes individualmente, muitas vezes fora do recinto da Igreja, onde quer que os descrentes possam ser evangelizados, mas sempre com o fim de trazer os que se iam salvando à comunhão da Igreja local.

Nas igrejas primitivas, não havia reunião mais importante que a de oração De fato, a Igreja nasceu no despertar duma reunião de oração (At 1:14) e daí em diante os crentes perseveravam em oração (At 22:4). Na verdade, toda a história da Igreja presta homenagem à fidelidade de Deus em atender a oração.

Não esqueçamos que a oração coletiva não somente tem a aprovação de Deus, mas a promessa especial de que o próprio Senhor estará presente no meio dos crentes (Mt 18:19-20), onde lemos:

“Também vos digo que, se dois de vós concordardes na terra, acerca de qualquer coisa que pedirem isso lhes será feito por meu Pai, que está nos Céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu Nome, aí estou Eu no meio deles”.

Isto é linguagem clara, nela não se admite qualquer sombra de dúvida. Em primeiro lugar vemos que onde dois crentes se reúnem para apresentar as suas súplicas a Deus, as suas petições são atendidas. Segundo: onde os crentes se reúnem em nome do Senhor Jesus, Ele aí está no meio deles.

A dificuldade é que nós não cremos que Ele está no nosso meio. Se crêssemos, as reuniões de oração seriam bem assistidas, e as Igrejas seriam despertadas para servir a Deus.

Ao tratarmos do assunto da oração coletiva, gostaríamos de apresentar algumas ideias elementares acerca da maneira como deve ser dirigida:

  • Em primeiro lugar, só uma pessoa deve orar de cada vez. Aquele que ora de forma audível representa os outros presentes. Os outros o acompanham na oração, como se estivessem eles próprios a orar. Às vezes exprimem isso, dizendo: “Amém”;
  • Em segundo lugar, desejamos salientar que há uma grande diferença entre recitar orações e orar. Não há nada mais prejudicial a reunião de oração do que uma série de orações oferecidas seguindo uma “receita de bolo”, sem que o coração esteja posto nelas. Muitas vezes ouve-se uma série de petições vazias, mas estas orações não passam do teto. As orações dos novos convertidos são, em geral, fervorosas e espontâneas. Crentes de mais idade, as vezes, seguem um certo método que nem honra a Deus nem serve de bênção aos homens. As reuniões de oração, onde as orações só se fazem por obrigação, deviam acabar;
  • O perigo de longas orações deve ser evitado. É certo que as Escrituras nos exortam a “orar sem cessar”, mas isso não dá direito a qualquer crente de tomar quase todo o tempo na reunião de oração. Se as orações forem curtas, mais irmãos poderão tomar parte e assim o interesse aumenta;
  • Além disso, as orações devem ser definidas. Não devemos orar assim: “Ó Deus salva as almas de todo o mundo” – Melhor seria: “Senhor salva o meu irmão David”. E quando David se converter terás a certeza de que a tua oração foi ouvida. Somos animados a orar pela conversão de outros, individualmente.

Não há razão para que as reuniões de oração sejam enfadonhas. Há muitas coisas que podemos levar perante o Trono da Graça definitivamente. Eis algumas:

  • Orai pelas autoridades, para que sejam salvas, e nós vivamos uma vida sossegada e piedosa, em toda a piedade e honestidade (I Tm 2:2);
  • Orai pelos doentes na Igreja. O Senhor sabe quem eles são, deveis mencionar os seus nomes;
  • Orai por pessoas de família e amigos descrentes. Nunca nos devemos envergonhar de orar pelos nossos entes queridos nas reuniões de oração. Se realmente desejamos a sua salvação, apreciamos as orações da Igreja;
  • Orai pelos anciãos da Igreja. Eles têm responsabilidades importantes que requerem sabedoria e paciência. Eles merecem o nosso interesse e orações;
  • Orai pelos missionários que oram recomendados pelas nossas igrejas, e mantiveres correspondência com eles. Sereis informados de vez em quando dos seus problemas e necessidades;
  • Orai pelo trabalho da Escola Dominical, pelos professores e pelos rapazes e raparigas que estudam a Palavra de Deus;
  • Orai pelos pobres. Para não envergonhar nenhum que esteia presente seria melhor não mencionar nomes;
  • Orai pelos membros da Igreja que estejam a prestar serviço militar. Eles passam por tentações e provações, e enfrentam muitos perigos. Precisam das nossas orações;
  • Orai pelos que dedicam todo o seu tempo à obra do Senhor, tanto evangelistas, como os que ensinam.

Não nos esqueçamos de incluir nas nossas orações “ação de graças”. Encontramos este pensamento enfaticamente revelado em Filipenses 4:6:

“Não estejais inquietos por coisa alguma, antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas. diante de Deus pela oração e súplicas, com ação de graças”.

O Senhor espera a devida gratidão do Seu povo. Ser ingrato e esquecer as suas mercês é pecado! Mas não haverá certas condições a preencher para que as nossas orações sejam ouvidas? Certamente que há:

  • Em primeiro lugar temos de permanecer em Cristo. Ele diz: “Se vós estiverdes em Mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15:7). Permanecer em Cristo é guardar os Seus mandamentos, fazer a Sua vontade e obedecer à Sua Palavra;
  • Em segundo lugar, as nossas orações devem ser de harmonia com a Sua vontade; “E esta é a confiança que temos n’Ele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve” (I Jo 5:14). Desde que o plano da vontade de Deus se encontre na Bíblia. Os nossos pedidos devem ser feitos segundo as Escrituras, e na linguagem da Bíblia;
  • Em terceiro lugar, “os nossos pedidos devem ser feitos no Nome de Cristo”; “Tudo quanto pedirdes em meu Nome, Eu o farei” (Jo 14:13); “Tudo o que pedirdes ao Pai, em meu nome, Ele vo-lo há de dar” (Jo 16:23). Quando nós verdadeiramente pedimos em Seu Nome, é como se fosse Ele mesmo a fazer o pedido a Deus;
  • Finalmente, os motivos devem ser puros. Tiago diz-nos que pedidos e não recebemos porque pedimos mal, para o gastarmos em nossos deleites (Tg 4:3). Se os nossos pedidos forem egoístas e pecaminosos, não podemos esperar ser ouvidos.

Antes de terminar, desejo chamar a atenção dos nossos leitores para o que se deve fazer e o que não convém fazer, a fim de que as nossas reuniões de oração se tornem poderosas na Igreja. Por exemplo:

  • Não oreis para serdes vistos. Os hipócritas sentem grande prazer em orar as esquinas das para serem vistos dos homens (Mt 6:5);
  • Não peçais a Deus para fazer o que vós mesmos podeis fazer. Pedimos a Deus para trazer os incrédulos às nossas reuniões de evangelização; mas, não espera Ele que nós usemos os nossos lábios para convidá-los e trazê-los sempre que seja possível?;
  • Tenhamos cuidado em não pedir nada que sabemos que não devíamos pedir. Muitas vezes Deus concede-nos os nossos pedidos, mas envia-nos magreza de alma (Sl 106:15);
  • Não desanimeis se a resposta tardar. As respostas de Deus nunca chegam cedo demais, a fim de não perdermos a bem-aventurada experiência de esperar n’Ele; nunca chegam tarde demais para não sermos dominados pelo receio de havermos esperado n’Ele em vão;
  • Finalmente convém lembrar que a resposta de Deus nem sempre corresponde exatamente às nossas petições. O Senhor reserva-se o direito de nos dar alguma coisa melhor do que aquilo que Lhe pedimos. Nós não sabemos o que é melhor para nós, mas Ele sabe, e assim atende à nossa oração acima do que pedimos ou pensamos.

Ao terminar, desejamos salientar que não pode haver progresso na Igreja sem oração. Podemos orar por simples hábito a ponto de vermos resultados aparentes, mas nada conseguiremos para glória de Deus sem verdadeira intercessão. Se do estudo das Escrituras não tirarmos esta conclusão seremos mais tarde levados a compreendê-lo por imperiosa necessidade.

William McDonald – “Cristo Amou a Igreja”.

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