A Obra Intercessória de Cristo

A obra sacerdotal de Cristo não se restringe à oferta sacrificial de Si mesmo na cruz. Às vezes se declara que, ao passo que Cristo foi Sacerdote na terra, é Rei no céu. Isto cria a impressão de que a Sua obra sacerdotal está terminada, o que de modo nenhum é correto. Cristo é um Sumo Sacerdote, não somente terreno, mas também, e especialmente, celestial. Ele é, mesmo quando assentado à destra de Deus, com majestade celeste, “ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (Hb 8.2). Ele só principiou a Sua obra sacerdotal na terra, e a está completando no céu. No sentido estrito da palavra, Ele não é contato entre os sacerdotes terrenos, que eram apenas sombras de uma realidade vindoura (Hb 8.4). Ele é o Sacerdote verdadeiro, o sacerdote de fato, a servir no verdadeiro santuário, do qual o tabernáculo de Israel era apenas uma sombra imperfeita. Ao mesmo tempo, Ele é agora o sacerdote que ocupa o trono, nosso Intercessor junto ao Pai.

Prova Bíblica da Obra Intercessória de Cristo

1. A OBRA INTERCESSÓRIA DE CRISTO SIMBOLIZADA

Enquanto que a obra sacrificial de Cristo foi simbolizada primordialmente pelas funções sacerdotais desempenhadas junto ao altar de bronze e pelos sacrifícios que nele eram apresentados, Sua obra intercessória foi prefigurada pela queima diária de incenso no altar de ouro, no Lugar Santo. A nuvem de incenso a evolar-se constantemente não era somente um símbolo das orações de Israel; era também um tipo de oração sacerdotal do nosso grande Sumo Sacerdote. Esta ação simbólica da queima de incenso não estava dissociada da apresentação dos sacrifícios no altar de bronze, mas, antes, estava sumamente relacionada com ela. Estava relacionada com a aplicação do sangue das mais importantes ofertas pelo pecado, sangue que era aplicado aos chifres do altar de ouro, também chamado altar do incenso, era borrifado em direção ao véu, e, no grande Dia da Expiação, era até levado ao Santo dos Santos e espargido no assento da misericórdia, isto e, no propiciatório. Esta manipulação do sangue simbolizava a apresentação do sacrifício a Deus, que habitava entre os querubins. O Santo dos Santos era claramente um símbolo e tipo da cidade quadrangular, a Jerusalém celeste. Ainda há outra conexão entre a obra sacrificial realizada junto ao altar de bronze e a intercessão simbólica feita junto ao altar das ofertas queimadas era uma indicação de que a intercessão se baseava no sacrifício e de que, doutro modo, não seria eficaz. Isto indica claramente que a obra intercessória de Cristo no céu está baseada em Sua obra sacrificial consumada, e que só é aceitável sobre esta base.

2. INDICAÇÕES NEOTESTAMENTÁRIAS DA OBRA INTERCESSÓRIA DE CRISTO

O termo “parakletos” é aplicado a Cristo. Acha-se esta palavra somente em João 14.16, 26; 15.26; 16.7; 1 João 2.1. É traduzida por “Consolador” sempre que aparece no Evangelho Segundo João, mas por “Advogado” na única passagem em que ela se encontra na primeira Epistola de João. A forma é passiva e, portanto, como diz Westcott, só pode “significar propriamente ‘alguém chamado para o lado de outrem’, e isto incluindo a noção secundária de aconselhá-lo ou ajudá-lo”. Assinala ele que a palavra tem este sentido no grego clássico, em Filo e também nos escritos dos rabis. Muitos dos chamados “pais gregos”, porém deram à palavra um sentido ativo, traduziram-na por “Consolador”, e, assim, deram indevida proeminência àquilo que é apenas uma aplicação secundária do termo, embora percebendo que este sentido não poderia adequar-se a 1 João 2.1. A palavra, então, denota alguém que é convocado como auxilio, como advogado, como alguém que pleiteia a causa de outrem e também lhe dá conselho. Naturalmente, a obra realizada por tal advogado pode trazer consolo e fortalecimento, e, portanto, ele também pode ser chamado consolador, num sentido secundário. Cristo é explicitamente chamado nosso Advogado unicamente em 1 João 2.1, mas implicitamente também o é em João 14.16. A promessa, “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco”, implica claramente que Cristo também era um “parakletos”. O Evangelho Segundo João aplica normalmente o termo ao Espírito Santo. Portanto, há dois Advogados, Cristo e o Espírito Santo. A obra de ambos é em parte idêntica e em parte diferente. Quando Cristo estava na terra, Ele era o Advogado dos discípulos, defendendo sua causa contra o mundo e ajudando-os com sábio aconselhamento, e o Espírito Santo está continuando agora essa obra na igreja. Até aqui, a obra de ambos é idêntica, mas também há diferença. Cristo, como nosso Advogado, defende a causa dos crentes junto ao Pai e contra Satanás, o acusador (Zc 3.1; Hb 7.25; 1 Jo 2.1; Ap 12.10), ao passo que o Espírito Santo não somente defende a causa dos crentes contra o mundo (Jo 16.8), mas também defende a causa de Cristo junto aos crentes e lhes ministra sábio aconselhamento (Jo 14.26; 15.26; 16.14). resumidamente podemos dizer também que Cristo defende a nossa causa junto a Deus, enquanto que o Espírito Santo defende a causa de Deus junto a nós. Outros textos neotestamentários que falam da obra intercessória de Cristo acham-se em Romanos 8.24; Hebreus 7.25; 9.24.

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O Espírito Santo como Consolador

João 14.16-18; Atos 19.1-7; Romanos 8.26, 27; Gálatas 4.6

Em seu ensino no Cenáculo, pouco antes de sua morte, Jesus falou longamente sobre Espírito Santo. Ele disse: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador” (Jo 14.16). A palavra Consolador às vezes é traduzida como “Ajudador” ou “Conselheiro”; ela se deriva do termo grego paracleto.

A primeira coisa que notamos nesta passagem é que Jesus promete ou­tro “Parácleto” ou “Ajudador”. Para Jesus dizer que o Espírito Santo seria outro Ajudador, teria de haver um primeiro Ajudador antes do Espírito. O Novo Testamento identifica claramente este primeiro Ajudador, ou Parácleto, como o próprio Jesus. João escreve: “Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Je­sus Cristo, o Justo” (1 Jo 2.1).

O título Advogado, dado a Jesus neste texto é outra tradução da palavra grega parácleto. Vemos então que Jesus é o primeiro Parácleto e em sua partida deste mundo ele ora para que o Pai providencie outro Parác1eto em sua ausência; o Espírito é enviado para ser o substituto de Cristo; ele é o supremo vigário de Cristo na terra.

No mundo antigo, um parác1eto era alguém convocado para dar assis­tência legal num tribunal. O Espírito Santo, ao cumprir este papel, desempenha mais de uma tarefa. Uma delas é o auxílio que ele presta ao crente quando este se dirige ao Pai. Paulo escreve à igreja de Roma:

“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraque­za; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm 8.26-27).

O Espírito Santo também ajuda o crente a enfrentar o mundo. Ele fala em nosso favor quando enfrentamos os conflitos, conforme Jesus promete em Marcos 13.11. O Espírito nos defende contra o mundo, convencendo-o do pecado. Ele opera em defesa do justo contra os ataques dos ímpios.

O conceito de Parácleto inclui também o papel de Consolador, o qual tem dois aspectos: o Espírito é a terna fonte de conforto para o crente ferido, abatido e aquele que tem sido abalado pela tristeza. O segundo aspecto é igual­mente importante. A palavra Consolador em sua derivação latina significa “com energia”. O Espírito vem a nós quando estamos precisando de poder. Ele nos capacita com coragem e ousadia. Como Consolador, ele consola e dá ousadia, para que em Cristo sejamos mais que vencedores (Rm 8.37).

Robert Charles Sproul – Verdades Essenciais da Fé Cristã, Robert Charles Sproul, Ed. Cultura Cristã, 2 Caderno, cap. 6, pág.20, 21.

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Natureza da Obra Intercessória de Cristo

É evidente que a obra intercessória de Cristo não pode ser dissociada do Seu sacrifício expiatório, que compõe sua base necessária. É apenas a continuação da obra sacerdotal de Cristo, levada adiante até completar-se. Comparado com a obra sacrificial de Cristo, o Seu ministério de intercessão recebe diminuta atenção. Mesmo nos círculos fiéis ao Evangelho muitas vezes a impressão dada, embora talvez não intencionalmente, é a de que a obra realizada pelo Salvador na terra foi muito mais importante que os serviços que Ele agora presta no céu. Ao que parece, é para a compreensão de que, no Velho testamento, a ministração diária no templo culminava com a queima de incenso, o que se simbolizava o ministério da intercessão; e de que ritual anual do grande Dia da Expiação chegava ao seu ápice quando o sumo sacerdote passava além do véu com o sangue expiatório. Tampouco se pode dizer que o ministério da intercessão é compreendido suficientemente. Esta pode ser a causa, mas também pode ser o resultado, da falha geral dos cristãos em não fixar a atenção nele. A ideia predominante é que a intercessão de Cristo consiste exclusivamente das orações que Ele oferece em favor do Seu povo. Pois bem, não se pode negar que estas são uma parte importante da obra intercessória de Cristo, mas não são toda ela. O ponto fundamental que se deve lembrar é que o ministério da intercessão não deve ser dissociado da expiação, desde que ambos são apenas dois aspectos da mesma obra redentora de Cristo, e se pode dizer que os dois ministérios se fundem num só. Martin acha que ambos aparecem constantemente em justaposição e são tão estreitamente inter-relacionadas na Escritura, que se sente justificado ao fazer a seguinte afirmação: “A essência da Intercessão é Expiação; e a Expiação é essencialmente uma Intercessão. Ou, talvez, para colocar o paradoxo mais suavemente: A Expiação é real – um sacrifício e uma oferta reais, e não mero sofrimento passivo – porque, em sua própria natureza, é uma intercessão ativa e infalível; ao passo que, por outro lado, a Intercessão é uma Intercessão real – uma Intercessão judicial, representativa e sacerdotal, e não mero exercício de influencia – porque é essencialmente uma Expiação, ou seja, uma oblação substitutiva, feita uma vez por todas no Calvário, agora apresentada perpetuamente e usufruindo perpétua aceitação no céu”.

1. Exatamente como o sumo sacerdote, no grande Dia da expiação, entrava no lugar santíssimo, isto é, no Santo dos Santos, com o sacrifício consumado, para apresentá-lo a Deus, assim Cristo entrou no Santo Lugar celestial com o Seu sacrifício consumado, perfeito e todo-suficiente, e o ofereceu ao pai. E exatamente como o sumo sacerdote, ao entrar no santo Lugar, vinha à presença de Deus trazendo simbolicamente as tribos no seu peito, assim Cristo apareceu diante de Deus como representante do Seu povo, e assim restabeleceu a humanidade na presença de Deus. É a este fato que o escritor de hebreus se refere quando diz: “Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus” (Hb 9.24). Os teólogos reformados (calvinistas) frequentemente dirigem a atenção ao fato de que a presença perpétua do sacrifício consumado de Cristo perante Deus contém em si mesma um elemento de intercessão como uma constante lembrança da perfeita expiação de Jesus Cristo. É um tanto semelhante ao sangue da páscoa, do qual disse o Senhor: “O sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes: quando eu vir o sangue, passarei por vós” (Ex 12.13).

2. Há também um elemento judicial na intercessão, precisamente como na expiação. Mediante a expiação, Cristo satisfez as justas exigências da lei, de modo que nenhuma acusação legal pode, com justiça, ser feita contra aqueles pelos quais Ele pagou o preço. Contudo, Satanás, o acusador sempre está propenso a lançar acusações contra os eleitos; mas Cristo as refuta todas, mostrando a obra que Ele consumou. Ele é o Paráclito, o Advogado do Seu povo, dando resposta a todas as acusações lançadas contra os Seus. Fazem-nos lembrar isto, não somente o nome “Paraclito”, mas também as palavras de Paulo em Romanos 8.33-34: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós”. Aí o elemento judicial está claramente presente (Conforme, também, Zc 3.1-2).

3. A obra intercessória de Cristo não se restringe a responsabilizar-se Ele pelo nosso estado judicial; relaciona-se também com a nossa condição moral, com a nossa santificação gradativa. Quando nos dirigimos ao Pai em nome de Cristo, Ele santifica as nossas orações. Elas precisam disto porquanto muitas vezes são muito imperfeitas, triviais, superficiais, e até insinceras, ao passo que são dirigidas Àquele que é perfeito em santidade e em majestade. E, além disso, tornando aceitáveis as nossas orações, Ele também santifica os nossos serviços no reino de Deus. Isso também é necessário, porque muitas vezes tomamos consciência de que eles não provem dos motivos mais puros; e de que, mesmo quando provem, estão longe daquela perfeição que os tornaria, em si mesmo, aceitáveis a um Deus santo. A doença do pecado acha-se neles todos. Daí dizer Pedro: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1 Pe 2.4, 5). O ministério intercessório de Cristo é igualmente um ministério de amorosa atenção ao Seu povo. “Porque não temos um sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas em pecado. Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 4.15; 2.18).

4. E em meio e por meio disso tudo, também há, finalmente, o elemento de oração pelo povo de Deus. Se a intercessão é parte integrante da obra expiatória de Cristo, segue-se que a oração intercessória se relaciona necessariamente com as coisas concernentes a Deus (Hb 5.1), para a consumação da obra da redenção. A Oração intercessória de João 17 evidencia que este elemento está incluído; ali Jesus diz explicitamente que ora pelos apóstolos e por todos aqueles que, pela palavra deles, viriam a crer nele. É um pensamento consolador este, que Cristo está orando por nós, mesmo quando somos negligentes em nossa vida de oração; que Ele está apresentando ao pai aquelas necessidades espirituais que não estavam presentes em nossas mentes e que frequentemente omitimos, negligentes, em nossas orações; e que Ele ora para nossa proteção contra perigos dos quais nem sempre estamos cônscios , e contra os inimigos que nos ameaçam, embora não o percebemos. Ele está orando para que a nossa fé não feneça, e para que saiamos vitoriosos no fim.

As Pessoas Por Quem e as Coisas Pelas Quais Ele Intercede

1. AS PESSOAS POR QUEM ELE INTERCEDE

Como já foi dito, a obra intercessória é simples complemento da Sua obra sacerdotal e redentora, e, portanto a extensão de ambas é igual. Cristo intercede por todos aqueles por quem Ele fez expiação, e somente por estes. Pode-se inferir isto do caráter limitado da expiação, e também de passagens como Romanos 8.34; Hebreus 7.25, 26; 9.24. Em cada uma destas passagens, a palavra nós (ou nos) se refere aos crentes. Além disso, na oração sacerdotal registrada em João 17, Jesus diz ao Pai que ora por Seus discípulos que ali estão e “por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra” (Jo 17.9, 20). No versículo 9 Ele faz uma declaração sumamente explicita a respeito da limitação da Sua oração sacerdotal: “É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste”. E o versículo 20, nos ensina que Ele não intercede somente pelos discípulos presentes, mas por todos os eleitos, tanto os já crentes como os que virão a crer futuramente. O intercessor está pendente de cada um daqueles que Lhe são dados (Lc 21.32; Ap 3.5). Os luteranos distinguem entre uma intercessão geral por todos os homens e uma intercessão especial, unicamente pelos eleitos. Para prová-lo, recorrem a Lucas 23.34, que contem a oração de Cristo por Seus inimigos, mas essa oração não precisa ser considerada como parte da obra intercessória oficial de Cristo. Dabney acredita que era, e que os objetos dessa oração se converteram mais tarde. Mas também é possível que essa oração seja como a oração que Cristo ensinou os Seus discípulos a fazerem por seus inimigos, oração pelo livramento de um imediato e terrível castigo pelo enorme crime cometido (Conforme Mt 5.44).

2. AS COISAS PELAS QUAIS CRISTO INTERCEDE

Cristo tem muito pelo que orar em Sua prece intercessória. Só podemos dar uma breve indicação de algumas das coisas pelas quais Ele ora. Cristo ora rogando que os eleitos que ainda não se acham no estado de graça sejam nele introduzidos; que os que já se acham recebam perdão por seus pecados diários, isto é, experimentem a continuada aplicação a eles dos frutos da justificação; que os crentes sejam protegidos das acusações e tentações de Satanás; que os santos sejam santificados progressivamente (Jo 17.17); que a sua comunicação com o céu seja mantida (Hb 4.14, 16; 10.21, 22); que os serviços do povo de Deus sejam aceitos (1 Pe 2.5); e que por fim entrem no gozo da sua herança perfeita no céu (Jo 17.24).

Características da Sua Intercessão

Há especialmente três características da obra intercessória para as quais se deve dirigir a atenção:

1. A CONSTÂNCIA DA SUA INTERCESSÃO

Precisamos não somente de um Salvador que tenha completado uma obra objetiva por nós no passado, mas também que diariamente se empenhe em garantir para os Seus a aplicação subjetiva dos frutos do sacrifício realizado. Miríades de pessoas requerem Sua atenção ao mesmo tempo, e um momento de interrupção se revelaria fatal para os interesses delas. Portanto, Ele está sempre alerta e vivamente atento a todas as suas necessidades, e nenhuma das usas orações Lhe escapa.

2. A AUTORIDADE DA SUA INTERCESSÃO

Não é inteiramente correto descrevê-lo como súplice ante o trono de Deus, pedindo ao Seu povo, Sua oração não é a petição da criatura ao Criador, mas a solicitação do Filho ao pai. “A consciência da Sua igual dignidade, da Sua intercessão poderosa e eficaz, manifesta-se nisto, que, por muitas que sejam as vezes que Ele pede, ou declara que pedirá alguma coisa ao Pai, sempre é “eroto”, “eroteso”, uma solicitação ou requerimento, isto é, como um pedido baseado em termos iguais (Jo 14.16; 16.26; 17.9, 15, 20), nunca “aiteo” ou “aiteso”. Cristo permanece diante do pai como um intercessor autorizado e como alguém que pode apresentar reivindicações legais. Ele pode dizer: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste” (Jo 17.24).

3. A EFICÁCIA DA SUA INTERCESSÃO

A oração intercessória de Cristo é uma oração que nunca falha. Junto ao túmulo de Lázaro o Senhor expressou a certeza de que o pai sempre O ouve (Jo 11.42). Suas orações intercessória em favor do Seu povo estão baseadas em Sua obra expiatória; Ele fez por merecer tudo quanto pedir, e nisso está a segurança de que essas orações são eficientes. Elas realizarão tudo que Ele desejar. O povo de Deus pode auferir consolo e fortaleza do fato de contar com um intercessor tão eficaz junto ao Pai.

Louis Berkhof