Imagino que na maioria dos lugares se faz reunião de oração numa noite da semana. Se querem que, como vocês, os membros da vossa igreja sejam conquistadores de almas para Cristo, façam tudo que puderem para manter as reuniões de oração. Não sejam como certos ministros dos subúrbios londrinos que alegam que não conseguem fazer os crentes assistirem a reunião de oração, e numa outra noite, a reunião de estudo da Bíblia; e assim fazem uma só reunião para oração, na qual incluem uma breve pregação.
Outro dia, um obreiro preguiçoso disse que o estudo bíblico dá quase tanto trabalho quanto um sermão. Assim, ele faz uma reunião de oração e inclui nela uma palestra. Daí resulta que a reunião não é nem uma coisa nem outra; nem carne nem peixe. Logo a, suprimirá de uma vez, porque está convencido que não é boa – e eu estou certo de que os crentes têm também esta opinião. Depois disso, por que não há de suprimir também um dos cultos dominicais? O mesmo raciocínio sobre o trabalho do meio da semana pode ser aplicado ao do domingo.
Hoje mesmo li num jornal americano o seguinte: “Comenta-se de novo o bem conhecido fato de que na igreja de Spurgeon, em Londres, um domingo de noite em cada três meses, os ouvintes habituais se ausentam para ceder o local aos estranhos. “É excluída a jactância” inglesa neste ponto. Nosso cristianismo americano é de tão nobre classe que numerosos grupos de crentes de nossas igrejas cedem os seus lugares todos os domingos à noite, o ano inteiro, aos estranhos”! Oxalá não suceda isso com os membros das vossas igrejas, quer nos cultos de domingo, quer nas reuniões de oração.
“Em vosso lugar, eu faria da reunião de oração uma característica distintiva do meu ministério. Façam o possível para que ela seja tal que não haja outra igual num raio de sete mil quilômetros”.
Em vosso lugar, eu faria da reunião de oração uma característica distintiva do meu ministério. Façam o possível para que ela seja tal que não haja outra igual num raio de sete mil quilômetros. Não sejam como muitos que vão à reunião de oração para dizer qualquer coisa que lhes ocorra no momento. Façam o melhor que puderem para tornar a reunião interessante a quantos compareçam. E não hesitem em dizer ao caro senhor Linguaraz que, Deus vos ajudando, ele não irá fazer oração de vinte e cinco minutos. Peçam-lhe encarecidamente que a abrevie, e se não atender, interrompam-no. Se um homem entrasse em minha casa querendo cortar a garganta da minha esposa, procuraria dissuadi-lo do seu erro e depois o impediria de fato de fazer qualquer mal a ela.
Amo a igreja quase tanto como a minha querida esposa. Deste modo, se alguém fizer oração comprida, que vá orar em qualquer outro lugar, não porém numa reunião que eu esteja dirigindo. Se alguém não puder orar em público sem ultrapassar um espaço de tempo razoável, digam-lhe que termine em casa sua oração. E se os participantes parecem estar entorpecidos e desanimados, façam-nos cantar hinos populares. Depois, quando já os estejam cantando de cor, façam-nos retornar ao hinário da igreja.
Mantenham a reunião de oração, ainda que tudo mais fraqueje. Este é o grande empreendimento da semana, a melhor atividade realizada entre os domingos. Assegurem-se de que seja mesmo. Se virem que os crentes não podem frequentar a reunião à noite, procurem fazê-la num horário em que possam vir. Numa região rural, poderiam ter uma boa reunião às quatro e meia ou cinco da manhã. Por que não? Conseguirão mais gente às cinco da manhã do que às cinco da tarde. Creio que uma reunião de oração às seis da manhã para agricultores atrairia muitos. Entrariam por um pouco, teriam algumas palavras de oração, e ficariam contentes com a oportunidade. Também poderiam ter uma reunião à meia noite. Encontrariam gente que não estaria lá em nenhuma outra hora.
“Mantenham a reunião de oração, ainda que tudo mais fraqueje. Este é o grande empreendimento da semana, a melhor atividade realizada entre os domingos”.
Façam-na à uma hora, às duas, às três, a qualquer hora do dia ou da noite, de sorte que, de uma forma ou de outra, façam as pessoas irem orar. E se não puderem induzí-Ias a frequentarem as reuniões, vão às suas casas e digam-Ihes: “Vou fazer uma reunião de oração em tua sala de visitas”. “Meu caro, minha mulher ficará daquele jeito!” “Não, não. Diga-lhe que não se apoquente, pois, podemos usar a cocheira; ou o jardim, ou qualquer outro canto mas temos que fazer uma reunião de oração aqui. Se não vêm à reunião, temos que ir a eles. Imaginem como seria se cinquenta de nós fôssemos à rua para fazer uma reunião de oração ao ar livre!
Bem, há muitas coisas piores do que isso. Recordem como as mulheres da América lutaram contra os traficantes de bebidas alcoólicas, quando se empenharam em oração até que eles deixassem de praticar o contrabando. Se não podemos despertar as pessoas sem fazer coisas incomuns, pois bem, em nome de tudo que é bom e nobre façamos coisas incomuns. Mas, de algum modo temos que manter vivas as reuniões de oração, pois elas estão ligadas à verdadeira fonte de poder com Deus e com os homens.
Charles Haddon Spurgeon – “O Conquistador de Almas”, pág. 93, Plenitude Distribuidora