A Lição do Barril

É muito provável que os nossos leitores tenham olhado muitas vezes para um barril de madeira, um desses barris circulares, sem contudo terem tirado dele qualquer lição espiritual. Na qualidade de membros da Igreja de Cristo, temos porém, importantíssimas lições a aprender de um barril. Está escrito: “Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Ef 4:15-16).

Nem toda pessoa será capaz de construir um bom barril, porque um barril não é composto de uma só peça, mas de diversas, e se estas não forem feitas de maneira a poderem ajustar-se perfeitamente entre si, o barril não presta porque deixará verter água.

Há quatro coisas indispensáveis para um bom barril:

  1. Deve ter um bom fundo;
  2. Cada tábua deve poder ajustar-se a esse fundo;
  3. As tábuas precisam ajustar-se entre si;
  4. As tábuas tem de ser conservadas unidas umas às outras por meio de arcos de ferro ou de madeira.

Ora, é bem possível que uma tábua seja um pouco mais estreita que a tábua sua vizinha sem que isto traga inconveniente algum; mas se uma pedrinha ou um pausinho se introduzir entre duas das tábuas, já o barril não retém a água. E não basta que as várias peças se encostem umas às outras: é necessário que se ajustem. E se todas as tábuas acertarem muito bem em volta do fundo, menos uma, também não serve.

Consideremos ainda outro caso. Suponhamos que temos um bom fundo e que todas as tábuas se ajustem perfeitamente ao fundo e umas às outras. Será isto bastante para termos um bom barril? De maneira nenhuma. Faltam ainda os arcos exteriores. São eles que apertando fortemente as várias tábuas umas de encontro às outras, promovem a necessária vedação e evitam as fendas.

Diz o apóstolo Paulo em I Coríntios 3:11: “porque ninguém pode por outro fundamento além do que já está posto o qual é Jesus Cristo”. Aqui temos o bom fundo para o nosso barril. É um fundo perfeito e cada verdadeiro crente está, por assim dizer, descansando sobre esse perfeito fundo, ao qual se ajusta perfeitamente no poder do Espírito Santo. Lemos várias vezes nos Atos dos apóstolos, dos discípulos cheios do Espírito Santo, e uma vez quando se encontravam reunidos para orarem juntos, tal foi o poder do Espírito que a própria casa onde se achavam tremeu.

E é o mesmo Espírito que ainda hoje enche de paz e de gozo as almas daqueles que amam ao Senhor Jesus e a congregação que se reúne no Seu Nome. Mas infelizmente nem sempre os crentes estão cheios deste gozo e paz do Espírito Santo. Qual a razão? Por assim dizer, introduziu-se uma pedrinha ou um pedacinho de pau entre as tábuas.

O que será essa pequenina pedra ou esse pedacinho de pau que se introduziu entre as tábuas que compõe o barril? É a pequenina questão entre os irmãos, ou talvez uma simples palavra amarga e dura que num momento de mau gênio dirigimos a um dos membros do Corpo de Cristo, ou ainda talvez o dinheiro, que impede um irmão de se achar perfeitamente ligado em espírito a outro irmão.

Não vedes agora esta fenda entre duas tábuas? É já uma brecha espiritual entre dois membros do corpo; uma frieza que se não mostra, mas que se sente.

Duas irmãs cumprimentam-se à saída da reunião mas já não se falam como antigamente, porque uma outra com seus ditos e murmurações, já semeou entre elas a desconfiança. O mesmo acontece entre os irmãos.

E a tábua que em vez de se ajustar às outras sai fora do circulo? É o espírito orgulhoso e de reserva que não quer se humilhar e perdoar. Sente-se mesmo que o gozo e a paz, que tão consolador seria conservar entre todos, então pouco a pouco escoando por essa fenda e com manifesto prejuízo da comunidade.

Oh, amados em Cristo! Ajustemo-nos melhor uns aos outros! Nós não temos em nós mesmos o poder, mas podemos fazer a nossa parte. E o que nos pode guardar bem unidos são esses arcos do amor de Cristo que nos querem cercar em toda a volta. Lembremo-nos também de que se estivermos bem ajustados e ligados pelo auxílio de todas as juntas, segundo a operação de cada parte, faremos o aumento do corpo para sua edificação em amor. E sendo assim, o poder e os frutos do Espírito no nosso meio há de se fazer sentir de uma maneira especial e o nosso testemunho unido há de ser para glorificar o Senhor numa medida maior.

“A VÓS VOS É ENVIADA A PALAVRA DESTA SALVAÇÃO” (At 13:26).

Muitos recebem o Evangelho como uma história que lhes é contada, em vez de tomarem como uma mensagem de Deus para eles. É assim com o amigo?

“Edificando-vos orando, conservai-vos esperando” (Jd 20-21).

Fonte: “Palavras de Edificação”, julho de 1986.