A Encarnação e o Nascimento de Cristo

“E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miquéias 5:2) – Essa é a época do ano quando, querendo ou não, estamos obrigados a pensar no nascimento de Cristo. Considero que é uma das coisas mais absurdas debaixo do céu pensar que existe religião quando se guarda o dia de Natal. Não há nenhuma probabilidade que nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia, e sua observância é puramente de origem papal – sem dúvida os que são católicos tem o direito de reivindicá-lo, mas não posso entender como os protestantes consistentes podem ter ele de alguma forma como sagrado. No entanto, eu desejaria que houvesse dez ou doze dias de Natal por ano – porque há suficiente trabalho no mundo e um pouco mais de descanso não faria mal ao povo trabalhador.O dia de Natal é realmente uma benção para nós, particularmente, porque nos congrega ao redor da lareira de nossas casas e nos reunimos uma vez mais com nossos amigos. No entanto, ainda que não seguimos os passos das outras pessoas, não vejo dano algum em pensarmos na encarnação e no nascimento do Senhor Jesus. Não queremos ser classificados entre aqueles que:

“Colocam mais cuidado em guardar o dia de festa

De maneira incorreta

Que o cuidado que outros têm

Para guardá-lo de maneira correta”.

Os antigos puritanos faziam ostentação do trabalho no dia de Natal, só para mostrar que protestavam contra a observação desse dia. Mas nós cremos que protestavam tão radicalmente, que desejamos, como seus descendentes, aproveitar o bem acidental conferido há essa data, e deixar que os supersticiosos sigam com suas superstições.

Vou de imediato ao ponto que tenho que comentar-lhes. Vemos, em primeiro lugar, quem foi que enviou Cristo. Deus o Pai fala aqui, e diz: “de ti me sairá o que governará em Israel”. Em segundo lugar, de onde veio no momento de Sua encarnação? Em terceiro lugar, para que veio? “Para governar em Israel”. Em quarto lugar, Jesus já tinha vindo antes? Sim, já: “cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.

I. Então, em primeiro lugar, QUEM ENVIOU CRISTO? A resposta nos é dada pelas próprias palavras do texto: “De ti”, diz o Senhor, falando pela boca de Miquéias, “de ti me sairá”. É um doce pensamento que Jesus Cristo não veio sem a permissão, autoridade, consentimento e ajuda de seu Pai. Foi enviado pelo Pai para ser o Salvador dos homens. Ai! Estamos inclinados a esquecer que, se é certo que existe distinções quanto às Pessoas da Trindade, não existe distinção no tocante a honra – e frequentemente atribuímos a honra de nossa salvação, ou pelo menos as profundezas de Sua misericórdia e o extremo de Sua benevolência, muito mais a Jesus Cristo do que ao Deus Pai. Esse é um grande erro. Jesus veio? Por acaso o Pai não foi quem o enviou? E, se foi convertido em um bebê, acaso não foi o Espírito Santo que o gerou? Se falou maravilhosamente, não teria sido o Pai que derramou graça em Seus lábios, para que fosse um ministro capacitado do novo pacto?

Se seu Pai o abandonou quando tomou a amarga copa de fel, acaso não o amava? E depois de três dias, não O levantou dos mortos e O recebeu no alto, levando cativo o cativeiro? Ah, amados irmãos, quem conhece ao Pai, o Filho, e o Espírito Santo como deveria, nunca coloca Um em detrimento do Outro – não está mais agradecido a Um do que ao Outro – vê todos Eles em Belém, no Getsêmani e no Calvário, Todos igualmente envolvidos na obra de salvação. “De ti me sairá”. Ó cristãos, você têm posto sua segurança unicamente Nele? E, estão unidos a Ele? Então, devem crer que estão unidos ao Deus do céu – posto que vocês são irmãos do homem Cristo Jesus, e possuem uma íntima relação com Ele, então, por essa razão, estão também ligados ao Deus eterno, e “o Ancião de dias” é Pai e amigo de vocês. “De ti ME sairá”.

Por acaso você nunca viu a profundidade do amor que havia no coração do Senhor, quando Deus Pai preparou Seu Filho para a essa grandiosa empreitada de misericórdia? No céu, houve um triste dia quando Satanás caiu, e levou consigo um terço das estrelas do céu, quando o Filho de Deus, lançado de Sua grandiosa destra dos trovões onipotentes, lançou o grupo rebelde ao fosso de perdição – porém, se pudéssemos conceber uma pena no céu, deve ter sido num dia mais triste quando o Filho do Altíssimo deixou o seio de Seu Pai, onde havia descansado desde antes de todos os mundos. “Vem”, disse o Pai, “com a benção de teu Pai sobre Tua cabeça!” Logo vem o despojar de seus vestidos. Como os anjos se reúnem em volta, para ver ao Filho de Deus tirar suas vestes! Colocou de um lado Sua coroa – disse “Pai, eu sou Senhor de tudo, bendito para sempre – porém, vou deixar minha coroa de lado, e serei como os homens mortais”. Então, despoja-se de sua brilhante veste de glória – “Pai”, diz, “colocarei uma roupa de barro, da mesma que os homens usam”. Logo, se despe de todas Suas joias com as quais era glorificado – coloca de lado Seus mantos bordados de estrelas e suas túnicas de luz, para se vestir com a simples roupa do campesino da Galileia. Quão solene deve ter sido esse despojar!

Em seguida, podem imaginar a separação? Os anjos servem ao Salvador ao largo das ruas, até que se aproximam das portas, quando um anjo exclama: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó entradas eternas, e sairá o Rei da Glória”. Ó! Sou do parecer que os anjos devem ter chorado quando perderam a companhia de Jesus – quando o Sol do Céu lhes arrebatou toda Sua luz. Porém, o seguiram. Desceram com Ele – e quando Seu espírito entrou na carne, e se converteu em bebê, foi servido por esse poderoso exército angelical – esses que depois de terem estado com Ele no casebre de Belém, e depois de ver-lhe descansar no peito de Sua mãe, em seu caminho de volta ao alto, apareceram para os pastores e disseram para eles que tinha nascido o Rei dos judeus. O Pai o enviou! Contemplem esse tema. Suas almas devem se agarrar nesse ponto, e em cada período de Sua vida pensem que Ele sofreu o que o Pai assim quis – que cada passo de Sua vida foi marcado com a aprovação do grandioso EU SOU. Cada pensamento que tenham sobre Jesus deve estar conectado com o Deus eterno, sempre bendito; pois “Ele”, disse o Senhor, “ME sairá”. Então, quem o enviou? A reposta: o Pai.

II. Agora, em segundo lugar, DE ONDE VEIO? Uma palavra ou duas relativas à Belém. Foi considerado bom e adequado que nosso Salvador nascesse em Belém, e isso devido à história dessa cidade, ao nome de Belém, e a posição de Belém: pequena em Judá.

1) Em primeiro lugar, considerou-se que Cristo nascesse em Belém, devido à história de Belém. A pequena aldeia de Belém era muito querida para todo israelita. Jerusalém podia brilhar mais que ela em esplendor, pois ali estava o Templo, a glória de toda a terra, e “formosa província, o gozo de toda terra, é o Monte Sião” – no entanto, em torno de Belém aconteceu um número de incidentes que a converteram para sempre em um lugar agradável de descanso para mente de cada judeu. Até mesmo o cristão não pode deixar de amar Belém.

Creio que a primeira menção que temos de Belém é triste. Ali morreu Raquel. Se buscarem no capítulo 35 de Gênesis, encontrarão que o versículo 16 diz:

Partiram de Betel; e havia ainda um pequeno espaço de terra para chegar a Efrata, e deu à luz Raquel, e ela teve trabalho em seu parto. E aconteceu que, tendo ela trabalho em seu parto, lhe disse a parteira: Não temas, porque também este filho terás. E aconteceu que, saindo-se lhe a alma (porque morreu), chamou-lhe Benoni; mas seu pai chamou-lhe Benjamim. Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de Efrata; que é Belém. E Jacó pôs uma coluna sobre a sua sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de hoje (Genesis 35:16-20).

Esse é um incidente singular: quase profético. Não teria podido Maria ter chamado seu próprio filho Jesus de seu Benoni? Pois ele iria ser “o filho de minha dor”. Simão lhe disse: E uma espada traspassará também a tua própria alma; para que se manifestem os pensamentos de muitos corações (Lucas 2:35). Mas, ainda que ela podia ter-lhe chamado Benoni, como Deus seu Pai o chamou? Benjamim, o filho de minha mão direita – Benjamim enquanto a Sua divindade. Esse pequeno incidente parece ser quase uma profecia que Benoni: Benjamim, o Senhor Jesus, devia nascer em Belém.

Porém, outra mulher faz esse lugar célebre. O nome dessa mulher era Noemi. Ali em Belém, em dias posteriores ao dos patriarcas, viveu essa mulher, de nome Noemi, quando talvez a pedra que o amor de Jacó por Raquel tinha levantado já estivesse coberta pelo musgo e sua inscrição talvez já borrada pelo tempo. Ela também foi uma filha da alegria, mas também foi uma filha da amargura. Noemi foi uma mulher que o Senhor tinha amado e abençoado, mas ela teve que marchar para uma terra estranha; e ela disse: “Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso” (Rute 1:20). No entanto, ela não estava sozinha em meio de todas suas perdas, pois Rute, a moabita. agarrou-se a ela, Rute que, cujo sangue gentil devia se unir com a torrente pura e sem mancha do judeu, que devia gerar ao Senhor nosso Salvador, o grandioso Rei tanto dos judeus como dos gentios.O belíssimo livro de Rute tem todo seu cenário em Belém. Foi em Belém que Rute saiu a recolher espigas nos campos de Boaz; foi ali que Boaz a olhou, e lá que ela se prostrou em terra diante de seu senhor; foi ali que foi celebrado seu matrimonio, e nas ruas de Belém, Boaz e Rute receberam uma bênção que os fez frutíferos, de tal forma que Boaz converteu-se no pai de Obede, e Obede pai de Jessé, e Jessé gerou a Davi. Esse último feito adorna Belém com glória: o fato de Davi ter nascido ali – o poderoso herói que matou ao gigante filisteu, que livrou aos descontentes de sua terra da tirania de seu monarca, e que depois, com pleno consentimento de um povo que assim o queria, foi coroado rei de Israel e de Judá.Belém era uma cidade real, porque reis foram gerados ali. Ainda que Belém fosse pequena, tinha muito para ser estimada – porque era como certos principados que temos na Europa, que não são celebrados por nada além do fato de terem gerado consortes das famílias reais da Inglaterra. Era um direito, então, pela história, que Belém devia ser o lugar do nascimento de Cristo.

2) Mais adiante, existe algo no nome do lugar. “Belém Efrata”. A palavra “Belém” tem um duplo significado: quer dizer “casa de pão”, e “casa da guerra”. Cristo não devia nascer na “casa do pão”? Ele é o pão de seu povo, de quem recebe seu alimento. Como nossos pais comeram o maná no deserto, assim nós vivemos de Cristo aqui embaixo. Famintos frente ao mundo, não podemos alimentar-nos de suas sombras, pois eles são porcos; já nós precisamos de algo mais substancial, e nesse pão do céu, feito do corpo ferido de nosso Senhor Jesus, e cozido no forno de Suas agonias, encontramos um bendito alimento. Não existe alimento como Jesus para a alma desesperada ou o mais forte dos santos. O mais humilde da família de Deus, vá a Belém por seu pão – e o homem mais forte, que come sólidos alimentos, vá a Belém por eles.

Casa do Pão! De onde poderia vir nosso alimento fora de Ti? Temos provado ao Sinai, porém, em seus afiados picos não crescem frutos, e seus espinhos as alturas não produzem o trigo que possa alimentar-nos. Fomos ao próprio Tabor, onde Cristo foi transfigurado, no entanto, ali não fomos capazes de comer Sua carne e beber Seu sangue.

Porém, você, Belém, Casa de Pão, corretamente foi nomeada – pois ali foi dado ao homem pela primeira vez o pão da vida. E também é chamada “a casa da guerra”; porque Cristo é para os homens “casa do pão”, ou do contrário, “casa da guerra”. Enquanto Ele é alimento para o justo, faz guerra ao ímpio, segundo Sua própria palavra: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares” ( Mateus10:34-36).

Pecador! Se não conhece a Belém como “a casa do pão”, então ela será para ti uma “casa de guerra”. Se nunca bebe o doce mel dos lábios de Jesus – se você não é como a abelha que sorve do delicioso e doce licor da Rosa de Saron, então, dessa mesma boca sairá uma espada de dois gumes contra ti – e essa mesma boca da que os justos sacam seu pão, será para você a boca da destruição e a causa de seu mal.Jesus de Belém, a ‘casa de pão’ e ‘casa de guerra’, nós confiamos em que lhe conhecemos como nosso pão. Ó, que alguns que não estão em guerra Contigo possam ouvir em seus corações, assim como em seus ouvidos, o hino:

“Paz na terra, e indulgente misericórdia;

Deus e os pecadores reconciliados”.

Agora, vamos nos referir a essa palavra: “Efrata”. Esse era o antigo nome do lugar, que os judeus conservavam e amavam. Seu significado é “Fecundidade” ou “abundância” Ah! Que adequado foi que Jesus nascera na casa da fecundidade – pois, de onde vem minha fertilidade e sua fertilidade, meu irmão, senão de Belém? Nossos pobres corações infrutíferos nunca produziram nenhum fruto, nenhuma flor, até que foram regados com o sangue do Salvador.

É a sua encarnação que enriquece o solo de nossos corações. Por toda terra havia espinhos salientes, e venenos mortais, antes que Ele viesse – porém nossa fertilidade vem Dele. “Sou como a faia verde; de mim é achado o teu fruto” (Oséias 14:8); “todas as minhas fontes estão em ti” (Salmo 87:7). Se nós somos como árvores plantadas junto à correntes das águas, dando fruto na estação própria, não é porque tenhamos sido naturalmente frutíferos, mas antes, por causa das correntes de águas juntos as quais fomos plantados.

Jesus é quem nos faz fecundos. “Quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (João 15:5). Gloriosa Belém-Efrata! Bem nomeada! Fértil casa de pão – a casa de abundante provisão para o povo de Deus!3) Continuando, notemos a posição de Belém. É dito que é “pequena para estar entre as famílias de Judá”. Por que é dito isso? Porque Jesus Cristo sempre anda em meio dos pequenos. Ele nasceu na pequena aldeia “para estar entre as famílias de Judá”. Não na alta colina de Basã, nem no monte real de Hebron, nem nos palácios de Jerusalém, mas sim na humilde, porém ilustre, aldeia de Belém.

Há uma passagem em Zacarias que nos ensina uma lição: diz que um varão que cavalgava sobre um cavalo vermelho, estava entre as murtas que estavam na baixada (Zacarias 1:8-10). Agora, as murtas crescem nas baixadas – e o homem cavalga seu cavalo que sempre trota ali. Ele não vai por cima da montanha – Ele cavalga entre os humildes de coração. “Olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra” (Isaías 66:2).

Há alguns pequenos entre nós hoje: “pequena para se achar entre os milhares de Judá”. Ninguém jamais escutou o nome de vocês, não é verdade? Se os enterram e escrevem seus nomes em suas tumbas, passariam despercebidos. Os que passassem ali diriam: “esse não significa nada para mim: nunca o conheci”.

Você mesmo não sabe muito de si próprio, nem possui uma grande opinião sobre si mesmo – talvez a duras penas possa ler. Ou, se têm algumas habilidades e talentos, é desprezado pelos homens – ou, se não é depreciado por eles, você mesmo se despreza. É um dos pequenos. Bem, Cristo sempre nasce em Belém entre os pequeninos. Cristo nunca entra nos grandes corações – Cristo não habita nos grandes corações, mas nos pequeninos. Os espíritos poderosos e orgulhosos nunca possuem Jesus Cristo, pois Ele entra por portas baixas, e jamais entrará por portas altas e elevadas.

Quem possui um coração quebrantado, e um espírito humilhado, terá ao Salvador, e ninguém mais alem desse. Ele não cura nem ao príncipe nem ao rei, antes “ele sara aos quebrantados de coração e ata-lhes suas feridas” (Salmo 147:3). Que doce pensamento! Ele é o Cristo dos pequeninos. “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel”.

Não podemos abandonar esse ponto sem outro pensamento aqui, quão maravilhosamente misteriosa foi essa providência que trouxe a mãe de Jesus Cristo para Belém, no mesmo momento que ia dar a luz! Seus pais moravam em Nazaré – e com que motivo teriam desejado viajar nessa hora? Naturalmente, teriam ficado em casa – não é nada provável que sua mãe teria feito uma viagem a Belém encontrando-se nessa condição especial. Porém, Augusto César promulga um edito que todo o mundo deve ser recenseado. Muito bem, então que sejam recenseados em Nazaré. Não – agradou a Ele que todos deveriam ir para Sua cidade. Mas, por que Augusto pensou nisso precisamente nesse momento em especial? Simplesmente porque enquanto o homem pensa seu caminho, o coração do rei está nas mãos do SENHOR (Provérbios 21:1).

Mil variáveis se relacionaram entre si, como diz o mundo, para produzir esse evento! Antes de tudo, César tem uma disputa com Herodes – um certo alguém da família de Herodes foi deposto. César então diz: “Vou impor impostos à Judéia, e vou convertê-la em uma província, em vez de mantê-la um reino separado”. Pois bem, assim tinha que ser feito. Mas, quando isso deve ser feito? Essa lei impositiva, se diz, começou quando Cirino era governador da Síria. Porém, por que deve ser levada a efeito justo nesse exato momento, suponhamos, que em Dezembro? Por que não foi feito no mês de Outubro? E, por que o povo não poderia ser recenseado no local onde morava? Não era seu dinheiro tão bom ai onde se vivia como em qualquer outro lugar? Era um capricho de César – porém, era o decreto de Deus.

Ó, nós amamos a sublime doutrina da absoluta predestinação eterna. Alguns têm duvidado que seja consistente com o livre-arbítrio do homem. Bem sabemos que é assim e nunca vimos nenhuma dificuldade no assunto – cremos que os filósofos metafísicos são os que têm criado as dificuldades – nós não enxergamos nenhum problema. Corresponde-nos crer que o homem faz o que lhe bem parece, mas, no entanto, “para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra” (Romanos 9:17). O homem faz o que quer – mas Deus também faz com que o homem faça o que Ele quer. E mais, não só a vontade do homem está debaixo da absoluta predestinação do SENHOR, antes, todas as coisas, grandes ou pequenas, são Dele. Bem disse o bom poeta: “sem dúvida, o navegar de uma nuvem tem a Providência como seu piloto; sem dúvida a raiz de um carvalho é encaroçada devido a um especial propósito, Deus rodeia todas as coisas, cobrindo o globo terrestre como o ar”. Não existe nada grande ou pequeno, que não seja Dele.

O pó do verão move-se em sua rota, guiado pela mesma mão que dispersa às estrelas pela extensão do céu – as gotas de orvalho têm seu Pai, e cobrem a pétala da rosa conforme Deus o ordena; sim, as folhas secas do bosque, quando são esparramadas pela tormenta, têm uma posição assinalada de onde devem cair, e não a podem modificar. No grande e no pequeno, Deus está ali : Deus em tudo, fazendo todas as coisas de acordo ao conselho de Sua própria vontade; e ainda que o homem busque ir contra seu Criador, ele não pode tal coisa.

Deus tem colocado um limite ao mar com uma barreira de areia; e se o mar levanta uma onda trás outra, no entanto, não excederá seu limite assinalado. Tudo é de Deus; e a Ele, que guia as estrelas e dá asas aos pardais, que governa os planetas e também move os átomos, que fala trovões e sussurra brisas, a Ele seja a glória, pois Deus está em cada coisa.

III. Isso nos leva ao terceiro ponto: PARA QUE VEIO JESUS? Ele veio para ser “governador em Israel”. É algo muito singular que se dissesse de Jesus Cristo que era “nascido o rei dos judeus”. Poucos alguma vez “nasceram reis”. Alguns homens nascem como príncipes, mas é coisa rara nascerem como reis. Não creio que se encontre algum caso na história onde um menino tenha nascido rei. Nasceu como Príncipe de Gales, talvez, e teve que esperar anos, até que seu pai morresse, e então fizessem do herdeiro rei, colocando uma coroa em sua cabeça, e uma crisma sagrada, e outras estranhas coisas desse tipo – porém, não nasceu rei. Não recordo de ninguém que tenha nascido rei, exceto Jesus – e existe um significado enfático nesse verso que cantamos:

“Nascido para libertar Teu povo;

Nascido menino, mas, no entanto, rei”.

No instante que veio à terra, Ele era um rei. Não teve que esperar sua maioridade para poder assumir Seu império – tão pronto como Seu olho saudou a luz do sol, era rei – desde o instante que Sua pequeninas mãos tomaram alguma coisa, tomaram um cetro; logo que seu pulso pulsou, e Seu sangue começou a fluir, seu coração bradou com batidas reais, e seu pulso pulsou com uma medida imperial, e seu sangue fluiu em uma corrente de realeza. Ele nasceu rei. Veio para “governar em Israel”. “Á!” dirá alguém, “então veio em vão, pois exerceu muito pouco seu governo, pois ‘Veio para o que era seu, e os seus não o receberam’ (João 1:11), veio a Israel mas não foi seu Rei, antes foi mais bem ‘desprezado, e o mais rejeitado entre os homens’ ( Isaias 53:3) rejeitado por todos eles, e abandonado por Israel, por quem veio”.

Ora, mas “nem todos os que são de Israel são israelitas” (Romanos 9:6), nem tampouco porque sejam da semente de Abraão são todos também chamados. Á, não! Ele não é Senhor de Israel segundo a carne, antes, é Senhor de Israel segundo o espírito. Muitos lhe obedeceram em seu caráter de Senhor. Por acaso os apóstolos não se inclinaram diante Ele, e não lhe reconheceram como rei? E agora, Israel não o saúda como seu Senhor? Acaso toda a semente de Abraão segundo o espírito, todos os crentes, pois ele é o “pai dos crentes”, não reconhecem que a Cristo pertencem os escudos dos poderosos, pois Ele é o Rei de toda a terra? Não governa em Israel? Ai sim, Ele verdadeiramente reina; e aqueles que não são governados por Cristo não são de Israel. Ele veio para ser Senhor de Israel.

Meu irmão, você já se submeteu ao governo de Jesus? É Senhor de seu coração, ou não? Podemos conhecer a Israel por isso: Cristo veio a seus corações, para ser Senhor deles. “Oh” dirá alguém, “faço o que me dá na telha, nunca estive debaixo da servidão de ninguém”. Á! Então você odeia ao senhorio de Cristo. “Ó”, dirá outro, “me submeto a meu ministro, a meu clérigo, a meu sacerdote, e penso que o que ele me diz é suficiente, pois ele é meu senhor”. É assim? Á, pobre escravo, não conhece sua dignidade; pois ninguém é seu senhor legal senão o Senhor Jesus Cristo. “Ai”, diz outro, “professei Sua religião, e sou Seu seguidor”. Mas, Ele governa em seu coração? Tem Ele o comando de seu coração? Ele guia seu juízo? Você busca em Sua mão o conselho quando prova dificuldades? Está desejoso de honra-Lhe, e colocar coroas sobre Sua cabeça? Ele é seu Senhor? Se for assim, então você é um dos de Israel; pois está escrito: “governará em Israel”.

Bendito Senhor Jesus! Tu és Senhor nos corações dos que são Teu povo, e sempre o serás; não queremos outro senhor, salvo a Ti, e não nos submetemos a ninguém mais, além de Ti. Somos livres, posto que somos servos de Cristo; estamos em liberdade, já que Ele é nosso Senhor, e não conhecemos nenhuma servidão, nem alguma escravidão, porque somente Jesus Cristo é o monarca de nossos corações. Ele veio para ser “Senhor em Israel”; e atente bem, essa Sua missão não está, todavia, terminada, e não o estará até as glórias futuras. Dentre pouco verão Cristo vir de novo, para ser Senhor sobre Seu povo Israel, e governar sobre eles, não somente como o Israel espiritual, mas também como o Israel natural, pois os judeus serão restaurados a sua terra, e as tribos de Jacó cantarão nas naves de seu templo; a Deus serão oferecidos novamente hinos hebreus de louvor, e o coração do judeu incrédulo será derretido aos pés do verdadeiro Messias. Em breve, Aquele que em Seu nascimento foi saudado como rei dos judeus por certos orientais, e de Quem em Sua morte um ocidental escreveu “Rei dos Judeus”, será chamado rei dos judeus em todas as partes; sim, Rei dos judeus e também dos gentios; nessa monarquia universal, cujo domínio se estenderá por todo o globo da Terra, e cuja duração será sem fim. Ele veio para ser Senhor em Israel, e com toda certeza será Senhor, quando reine gloriosamente em Seu povo, com todos seus antepassados.

IV. E agora, o ultimo ponto é, JESUS CRISTO JÁ VEIO ALGUMA VEZ ANTES? Respondemos que sim, pois nosso texto diz: “… e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Miquéias 5:2).

Primeiro ponto, Cristo teve Suas saídas em Sua divindade. “Desde os dias da eternidade”. Ele não tinha sido uma pessoa secreta e silenciosa até esse momento. Esse menino recém-nascido fez maravilhas desde muito tempo antes; esse bebê dormindo nos braços de Sua mãe, hoje é bebê, mas é o Ancião da Eternidade; esse menino que está ali não fez Sua primeira aparição no cenário desse mundo; Seu nome, todavia, não tinha sido escrito no registro dos circuncidados; porém, ainda que não o saiba, as “saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.

1) Desde tempos antigos, Ele saiu como nossa cabeça do pacto na eleição, “nos elegeu nele antes da fundação do mundo” (Efésio 1:4).

“Cristo seja Meu primeiro eleito, disse,

E logo elegeu nossas almas em Cristo

Nossa Cabeça”.

2) Ele saiu por Seu povo, como seu representante diante do trono, ainda antes que esse povo fosse gerado no mundo. Foi desde a eternidade que Seus poderosos dedos tomaram a pluma, e a caneta das eras, e escreveram Seu próprio nome, o nome do eterno Filho de Deus – foi desde a eternidade que firmou o pacto com seu Pai, no qual pagaria sangue por sangue, ferida por ferida, sofrimento por sofrimento, agonia por agonia, e morte por morte, em favor de Seu povo – foi desde a eternidade que Ele se entregou a Si mesmo, sem murmurar uma palavra, que desde Sua cabeça até a planta dos Seus pés suaria sangue, que seria cuspido, transpassado, burlado, partido em dois, sofreria a dor da morte, e as agonias da cruz. Suas saídas como nossa garantia foram desde a eternidade.

Faça uma pausa, alma, e assombre-se! Você teve saídas na pessoa de Jesus desde a eternidade. Não somente quando nasceu nesse mundo que Cristo lhe amou, porém, Seus deleites estavam com os filhos dos homens desde antes que houvesse filhos dos homens. Frequentemente pensava neles – de eternidade a eternidade Ele tinha posto Seu afeto neles. Como então, crente, Ele esteve envolvido em sua salvação desde muito tempo atrás, e não vai alcançá-la? Desde a eternidade Ele saiu para salvar-me, e vai me perder agora? Como? Tem-me em Sua mão, como Sua joia preciosa, e deixará que resvale em meio de Seus preciosos dedos? Elegeu-me antes que as montanhas fossem colocadas, ou que os canais das profundezas fossem esculpidos, e agora me perderá? Impossível!

“Meu nome das palmas de Suas mãos

A eternidade não pode apagar;

Gravado em Seu coração permanece

Com marcas de graça inapagáveis”.

Estou seguro que não me amaria durante tanto tempo, para logo depois deixar de fazê-lo. Se Ele tivesse a intenção de se cansar de mim, já o teria feito há muito. Se não tivesse me amado com um amor tão profundo como o inferno e tão inexpressável como a tumba, se não tivesse dado todo Seu coração, estou seguro que já teria me abandonado há muito! Ele sabia o que eu seria, e Ele teve muito tempo para considerar isso; mas eu sou Seu eleito, e isso é definitivo. E, apesar de indigno como sou, não me é dado resmungar, se Ele está contente comigo. Porém, Ele está contente comigo: deve estar satisfeito comigo – pois Ele me conheceu o suficiente para conhecer minhas falhas. Ele me conheceu antes que eu me conhecesse – sim, Ele me conheceu antes que eu existisse. Antes que meus membros fossem formados, foram escritos em Seu livro: “Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia” (Salmos 139:16). Seus olhos de afeto focaram nesses membros. Ele sabia que mal eu ia me portar com Ele, e no entanto tem seguido amando-me:

“Seu amor de tempos passados

Me impede de pensar,

Que me deixará ao fim

Em problemas que me afoguem”.

“Depois apareceu-lhe o SENHOR nos carvalhais de Manre, estando ele assentado à porta da tenda, no calor do dia. E levantou os seus olhos, e olhou, e eis três homens em pé junto a ele. E vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro e inclinou-se à terra, E disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo” ( Genesis 18: 1-3).

Porém, ante quem se inclinou? Abraão disse “Senhor” só a um deles. Havia um homem no meio deles mais eminente devido Sua glória, pois se tratava do Deus- homem Cristo – os outros dois eram anjos criados, que tinha assumido a aparência de homens temporariamente. Mas esse era o homem Jesus: “E disse: Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo. Que se traga já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta árvore” (Genesis 18:3-4). Notaram que esse homem majestoso, essa pessoa gloriosa, se deteve para falar com Abraão? No versículo 22, é dito: “Então viraram aqueles homens os rostos dali, e foram-se para Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé diante da face do SENHOR”. Observaram que esse homem, o Senhor, manteve uma doce comunhão com Abraão, e permitiu-lhe interceder pela cidade que estava a ponto de destruir. Estava positivamente como um homem. De tal forma que quando caminhou nas ruas da Judéia, não era primeira vez que Ele era um homem – já o tinha sido antes, “nos carvalhais de Manre… no calor do dia”.

Há outro exemplo – sua aparição a Jacó, que temos registrada no capítulo 32 de Genesis, no versículo 24. Toda sua família tinha partido: “Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste” ( Genesis 32:24-28). Esse era um homem, e, no entanto, era Deus. “pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste”. E Jacó sabia que esse homem era Deus, pois disse no versículo 30: “Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva”.

Encontrarão outro exemplo no livro de Josué. Quando Josué atravessou a baixa corrente do Jordão, e entrou na terra prometida, e estava a ponto de tirar fora os cananeus, veja só, esse poderoso homem-Deus apareceu a ele! No capítulo 5, no versículo 13, lemos: “E sucedeu que, estando Josué perto de Jericó, levantou os seus olhos e olhou; e eis que se pôs em pé diante dele um homem que tinha na mão uma espada nua; e chegou-se Josué a ele, e disse-lhe: És tu dos nossos, ou dos nossos inimigos? E disse ele: Não, mas venho agora como príncipe do exército do SENHOR”. E Josué viu imediatamente que havia divindade Nele, pois “se prostrou com o seu rosto em terra e o adorou, e disse-lhe: Que diz meu senhor ao seu servo?”. Agora, se esse tal tivesse sido um anjo criado, teria repreendido Josué, dizendo: “sou um servo como tu”. Mas não – “disse o príncipe do exército do SENHOR a Josué: Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo. E fez Josué assim” (Gênesis 5:15).

Outro exemplo notável é o que está registrado no terceiro capítulo do Livro de Daniel, onde lemos a história quando Sadraque, Mesaque e Abednego são lançados no meio de um forno de fogo ardente, e como o tinham aquecido mais ainda, e como a chama do fogo matou os que a tinham acalentado. Subitamente, o rei perguntou aos de seus conselheiros: “Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei. Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus” (Daniel 3:24-25). Como Nabucodonossor poderia saber isso? Só porque tinha algo de tão nobre e majestoso na forma em que esse maravilhoso Homem se comportava, e uma terrível influência o circundava que maravilhosamente quebrou os dentes consumidores dessa chama devoradora e destruidora, de tal forma que nem mesmo podia chamuscar os filhos de Deus. Nabucodonosor reconheceu Sua humanidade. Não disse: “vejo a três homens e a um anjo”, mas sim disse: “vejo realmente quatro homens, e a forma do quarto é como ao Filho de Deus”. Vem, então, o que significa que Suas saídas são “desde os dias da eternidade”.

Observem aqui por um momento, que cada uma dessas quatro ocorrências sucederam aos santos quando eles estavam envolvidos em deveres muito eminentes, ou quando estavam a ponto de se envolver neles. Jesus Cristo não aparece a Seus santos cada dia. Ele não veio ver Jacó até que não esteve em aflição – Ele não visitou Josué antes que estivesse a ponto de se meter em uma guerra santa. Somente em condições extraordinárias que Cristo assim se manifesta a Seu povo.

Quando Abraão intercedeu por Sodoma, Jesus estava com ele, pois um dos empregos mais elevados e mais nobres de um cristão é esse da intercessão, e é quando ele está ocupado dessa maneira que terá a probabilidade de obter uma visão de Cristo. Jacó estava envolvido em lutar, e essa é uma parte do dever de um cristão, que alguns de vocês nunca experimentaram – consequentemente, vocês não tem muitas visitas de Jesus. Foi quando Josué estava exercitando a valentia que o Senhor se encontrou com ele. O mesmo foi com Sadraque, Mesaque e Abednego – eles encontravam-se nos lugares altos da perseguição devido o apego ao dever, quando Ele veio a eles, e lhes disse: “estarei com vocês, passando através do fogo”.

Há certos lugares especiais nos quais devemos entrar, para encontrarmos com o Senhor. Devemos estar em grandes problemas, como Jacó; devemos estar em meio de grandes trabalhos, como Josué; devemos ter uma grande fé de intercessão como Abraão; devemos estar firmes no desempenho de um dever, como Sadraque, Mesaque e Abednego – do contrário, não O conheceremos, “cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”. Ou, se O conhecemos, não seremos capazes de “compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade” (Efésios 3:18).

Doce Senhor Jesus! Tu, cujas saídas foram desde o inicio, desde os dias da eternidade, Tu que, todavia, não abandonou Tuas saídas. Oh, que saísses hoje para animar ao desmaiado, para ajudar o cansado, para sarar nossas feridas, para consolar nossas aflições! Saia, lhe suplicamos, para conquistar os pecadores, para subjugar corações endurecidos, para romper as portas de ferro de seus pecados e fazer delas pedaços! Oh, Jesus! Saia; e quando saias, vem a mim! Sou um pecador endurecido? Vem a mim; eu necessito de Ti:

“Oh, que Tua graça subjugue meu coração;

Quer ser levado triunfante também;

Um cativo voluntário de meu Senhor,

Para cantar as honras de Tua palavra!”.

Pobre pecador! Cristo não tem deixado de sair. E quando sai, lembre, Ele vai a Belém. Você tem uma Belém em seu coração? É pequeno? Então Ele sairá para você. Vá para casa e busque-lhe por meio de uma oração sincera. Se tiver sido levado a chorar por causa do pecado, e se sente muito pequenino para que te vejam, vá para casa, pequeno! Jesus vem aos pequenos; suas saídas são desde o princípio, e Ele está saindo agora. Ele virá a sua velha e pobre casa – Ele virá a teu pobre coração infeliz – Ele virá, ainda que estejas na pobreza, e coberto de farrapos; ainda que estejas desamparado, atormentado e aflito – Ele virá, pois Suas saídas tem sido desde o principio, desde os dias da eternidade. Confia Nele, confia Nele, confia Nele; e ele sairá e habitará em teu coração por toda a eternidade.

Charles Haddon Spurgeon – Sermão nº 57, “La Encarnación y el Nacimiento de Cristo”, pregado na manhã de domingo, 23 de Dezembro, 1855 em “New Park Street Chapel”, Southark, Londres – “The New Park Street Pulpit” | Traduzido do espanhol, de “La Vieja Historia” por Allan Román, com autorização deste para português pelo Projeto Spurgeon – Proclamando a Cristo Crucificado | Todo direito de tradução protegido por Lei Internacional de Domínio Público.