A Aparência de Piedade Sem Poder

“Tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses” (2 Timóteo 3:5 – Tradução literal do inglês).

Paulo nos adverte sobre alguns personagens que aparecerão nos últimos tempos. É uma lista mui terrível. Semelhantes têm aparecido em outros momentos, mas somos guiados por sua advertência a apreender que eles aparecerão em maior número nos últimos dias do que em qualquer época anterior. “Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus” (2 Timóteo 3:2-4).

Estes abundarão como moscas na decadência do ano e tornarão os tempos excessivamente perigosos. Estamos nos aproximando desse período, neste exato momento. Que essas pessoas, algumas delas, estão dentro da Igreja é a parte mais dolorosa disso. Mas eles estarão assim, porque eles são compreendidos nesta última cláusula do catálogo sombrio, o qual temos considerado como o nosso texto: “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela”.

Paulo não pinta o futuro com óculos cor de rosa; ele não é um Profeta de língua suave de uma idade de ouro na qual esta terra maçante seja imaginada como sendo brilhante. Há irmãos e irmãs sanguíneos que estão ansiosos para que tudo progrida cada vez melhor e melhor, até que, finalmente, esta presente era amadureça em um milênio. Eles não serão capazes de sustentar as suas esperanças, pois a Escritura não lhes dá nenhuma base sólida de apoio. Nós, que acreditamos que não haverá reino milenar sem o Rei e que não esperamos nenhuma regra de justiça, exceto a partir do advento do Senhor justo, estamos mais perto do alvo.

À parte do segundo advento de nosso Senhor, o mundo é mais propenso a afundar em um pandemônio a elevar-se em um milênio. A interposição Divina parece-me a esperança estabelecida diante de nós na Escritura e, de fato, é a única esperança adequada para a ocasião. Nós observamos o escurecimento decadente das coisas. O estado da humanidade, embora melhore politicamente, ainda assim tornar cada vez pior espiritualmente. Certamente, somos assegurados no versículo 13 que “os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados”. Isso brotará na Igreja Cristã e ao redor dela, um grupo de homens sem fé que professam ter fé – homens ímpios, que se unirão com os santos – homens que têm a aparência de piedade, mas negam a eficácia dela.

Podemos chamar estes tempos de trabalhosos, se quisermos, mas nós malmente chegamos ao limiar daqueles verdadeiros tempos difíceis que serão trabalhosos para a Igreja, no qual ela precisará, ainda mais do que atualmente, clamar fortemente para que o Senhor a mantenha viva. Com esta nuvem sobre o nosso espírito, nós chegamos ao texto em si. Vamos considerá-lo cuidadosamente e que o Espírito Santo nos ajude! A verdadeira religião é uma coisa espiritual, mas necessariamente incorpora-se em uma forma. O homem é uma criatura espiritual, mas o espírito humano precisa de um corpo para consagrar-se. E assim, por essa necessidade, nós nos tornamos unidos ao materialismo. E se não “metade pó, metade divindade”, como alguém disse, somos certamente tanto matéria e alma. Em cada um de nós existe a forma ou corpo e a alma ou poder. É assim com a religião: é essencialmente uma coisa espiritual, mas requer uma forma na qual incorpora e manifesta-se.

O povo Cristão pende a um determinado método exterior de procedimento, um modo exterior peculiar de profissão de sua fé, que se torna para a verdadeira piedade o que o corpo é para a alma. A forma é útil, a forma é necessária, a aparência deve ser vitalizada; assim como o corpo é útil, é necessário e é vitalizado pela alma. Se vocês obtiverem tanto a forma, como modelada na Palavra de Deus e o poder, como concedido pelo Espírito de Deus, vocês fazem bem e são Cristãos vivificados. Se vocês obtêm o poder sozinho, sem a forma ordenada, vocês mutilam um pouco a si mesmos. Mas, se vocês obtêm a forma sem o poder, então, habitam em morte espiritual.

O corpo sem o espírito está morto. E o que se segue após a morte com a carne? Ora, corrupção; corrupção tão horrível que até mesmo o próprio amor tem que clamar: “sepulte a minha morta de diante de minha face”. De modo que, se houver em alguém o corpo de religião sem a vida da religião, isso conduz à decadência e assim, à corrupção; e isso tem a tendência de decompor o caráter. A matéria-prima de um diabo é um anjo desprovido de santidade. Vocês não podem fazer um Judas, exceto a partir de um Apóstolo. O eminentemente bom em forma exterior, quando, sem vida interior, decompõe-se na coisa mais suja debaixo do céu. Não se maravilhem que estes são chamados “tempos trabalhosos”, em que tais personagens abundam.

Um Judas é um peso terrível para que este pobre mundo suporte, mas uma tribo deles deve ser um perigo, de fato. No entanto, se não da pior forma, são suficientes para serem temidos os que têm a sombra da religião sem a sua substância. Dos tais eu tenho que falar neste momento, dos tais que Deus lhes dê a Graça Divina para que se convertam! Que nenhum dentre nós jamais seja manchas em nossas festas de amor, ou nuvens sem água levadas pelos ventos. Mas, isso seremos se tivermos a aparência de piedade sem o poder dela. Com grande solenidade de alma eu abordo este assunto, buscando do Senhor a ajuda de Seu Espírito, que faz com que a Palavra seja apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Primeiro, falarei sobre os homens, e em segundo lugar, de sua tolice. E quando eu terminar isso, terei algumas palavras de instrução para oferecer como forma de conclusão.

I. Em primeiro lugar, vamos falar um pouco sobre os HOMENS. Eles tinham a aparência de piedade, mas negavam a eficácia dela. Observem o que eles tinham e, em seguida, observem o que eles não tinham. Eles tinham uma aparência de piedade. O que é uma aparência de piedade? É, antes de tudo, a atenção para as ordenanças da religião. Estas, na medida em que são bíblicas, são poucas e simples. Há o batismo, no qual, figurativamente, o crente é sepultado com Cristo, para que ele possa elevar-se em novidade de vida. E há a Ceia do Senhor, na qual, em tipo e emblema, ele se alimenta de Cristo e sustenta a vida, que veio a ele pela comunhão com a morte de Cristo. Aqueles que têm obedecido ao Senhor nestes dois preceitos têm demonstrado em suas próprias pessoas a aparência de piedade. Essa forma é de toda maneira instrutiva para os outros e importante para o próprio homem.

Todo batizado e cada comungante à mesa do Senhor, deve ser piedoso e gracioso. Mas nem o batismo nem a Ceia do Senhor garantirão isso. Onde não há a vida de Deus na alma, nem a santidade ou piedade seguem as ordenanças. E, assim, nós podemos ter em torno de nós mundanos batizados e homens que vão da mesa do Senhor para beber o cálice dos demônios. É triste que seja assim. Tais pessoas são culpadas de presunção, falsidade, sacrilégio e blasfêmia. Ai de mim, nós nos sentamos ao lado dos tais a cada Sabath!

A aparência de piedade inclui a frequência nas assembleias do povo de Deus. Aqueles que professam a Cristo estão acostumados a reunirem-se em determinados momentos de adoração e, em suas assembleias, eles se juntam em oração e louvor comum. Eles ouvem o testemunho de Deus por Seus servos, a quem Ele chama para pregar a Sua Palavra com poder. Eles também se associam em comunhão da Igreja para fins de ajuda mútua e disciplina. Esta é uma forma muito apropriada – plena de bênção, tanto para a Igreja e para o mundo – quando isso não desfalece em mera forma. Um homem pode ir para o céu sozinho, mas ele fará melhor se ele viaja para lá com o Sr. Grande Coração e Pai Honesto e Cristã e as crianças. O povo de Cristo é chamado de ovelhas por uma razão – eles gostam de andar unidos. Os cães ficam muito bem separadamente, mas as ovelhas estão melhores em companhia. As ovelhas de Cristo gostam de estar juntas no mesmo pasto e prosseguir em um rebanho os passos do Bom Pastor. Aqueles que constantemente se associam em culto, unem-se em comunhão da Igreja e trabalham juntos para fins sagrados têm a aparência de piedade e isso é de uma forma muito útil e adequada. Mas ai, isso não tem valor sem o poder do Espírito Santo.

Alguns vão mais longe do que a adoração pública. Eles usam uma grande quantidade de falar religioso. Eles livremente falam das coisas de Deus, em companhia Cristã. Eles podem defender as Doutrinas da Escritura, eles podem pleitear seus preceitos e podem narrar a experiência de um Crente. Eles são mais afeiçoados a falar sobre o que está ocorrendo na Igreja, o bisbilhotar das ruas de Jerusalém é muito agradável para eles. Eles temperam seu discurso com frases piedosas, quando eles estão em companhia que aprovará isso. Eu não os censuro, pelo contrário, eu gostaria que houvesse mais de santa conversação entre os professos. Eu gostaria que pudéssemos reviver o velho hábito: “Os que temem ao Senhor falam frequentemente um com o outro” (Malaquias 3:16).

A santa conversação faz com que o coração brilhe e nos dá um antegozo da comunhão do glorificado. Mas pode haver um cheiro de religião na conversa de um homem e, no entanto, pode ser um sabor emprestado, como molhos quentes usados para disfarçar o ranço de carne antiga. Aquela religião que vem de lábios exteriores, mas não surgem das fontes profundas do coração não é aquela água viva que brotará para a vida eterna. A língua piedosa é uma abominação, se o coração está destituído da Graça Divina.

Mais do que isso, alguns têm uma aparência de piedade, mantida e anunciada pela atividade religiosa. É possível ser intensamente ativo no trabalho exterior da Igreja e ainda não saber nada sobre o poder espiritual. Alguém pode ser aparentemente um excelente professor de Escola Dominical e ainda ter a necessidade de ser ensinado o que é nascer de novo. Alguém pode ser um pregador eloquente, ou um diligente oficial na Igreja de Deus, e, no entanto, não saber nada sobre o misterioso poder do Espírito da Verdade no coração. É bom ser como Marta em serviço. Mas uma única coisa é necessária: sentar-se aos pés do Mestre e aprender, como fez Maria.

Quando tivermos feito todo o trabalho que nossa posição nos exige, podemos apenas ter exibido a aparência de piedade. A não ser que ouçamos ao nosso Senhor e de Sua Presença derivemos poder, seremos como o bronze que soa e como o sino que retine. Irmãos, falo para mim e para cada um de vocês em solene seriedade. Se muito falar, doação generosa e ocupação constante pudessem ganhar o Céu, poderíamos facilmente nos assegurar disso, porém, mais do que estes são necessários. Eu falo a cada um de vocês. E se eu destacasse qualquer um mais do que a outros, como sendo alvo de meu discurso, este seria o melhor dentre nós, alguém que está fazendo mais por seu Mestre e que, no interior da alma está pensando: “Essa advertência não se aplica a mim”.

Ó, meu irmão ativo e enérgico, lembre-se a palavra: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia” (1 Coríntios 10:12). Se algum de vocês não gosta deste sermão de examinação, seu desagrado prova o quanto você precisar dele. Aquele que não está disposto a investigar a si mesmo deve estar incriminando-se por essa falta de vontade de olhar para as suas questões. Se você está certo, não se oporá a ser pesado na balança. Se você é, de fato, de ouro puro, ainda pode sentir ansiedade com a visão da fornalha, mas você não será levado à ira com a perspectiva do fogo. Sua oração será sempre: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Salmos 139:23-24).

Não preciso ampliar além, pois vocês todos conhecem o que é uma aparência de piedade e a maioria de nós que está aqui presente agarra-se a esta forma, que nunca possamos desonrá-la! Confio que estamos ansiosos para fazer essa aparência conforme as Escrituras para que a nossa forma de piedade seja aquela que os primeiros santos tinham. Sejamos cristãos de um tipo elevado, formados no próprio molde de nosso Senhor. Mas não se tornem rigorosos pela forma e negligenciem a vida interior, isto nunca funcionará. Lutaremos com a roupa de um homem e permitiremos que o homem, ele mesmo, morra?

Mas agora, como essas pessoas não tinham o poder da piedade, como é que eles vieram a ter a aparência dela? Isso requer várias respostas. Alguns têm a aparência de piedade, pela via hereditária. Seus antepassados sempre foram pessoas piedosas e eles quase que naturalmente assumem a confissão de seus pais. Isso é comum e onde isso é honesto, é mui louvável. É uma grande misericórdia quando, no lugar dos pais, estarão os filhos. E espero que possamos antecipar que os nossos filhos nos seguirão nas coisas de Deus, se, pelo exemplo, instrução e oração, temos buscado isso diante do Senhor.

Somos infelizes se não vemos nossos filhos andando na verdade de Deus. Ainda assim, a ideia de membresia por direito de nascimento é um mal e é tão perigoso quanto antibíblico. Se as crianças são inseridas na Igreja simplesmente por causa de sua filiação terrena, com certeza isso não é consistente com a descrição dos filhos de Deus, que é encontrada na Escritura inspirada: “Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1:13). Não geração, mas REGENERAÇÃO faz o Cristão. Vocês não são Cristãos porque podem traçar uma linha de descendência carnal ao longo de vinte gerações de filhos de Deus.

Vocês devem, vós mesmos, nascer de novo. Pois, exceto que um homem nasce do alto, não pode ver o reino de Deus. Muitos, sem dúvida, tomam posse naturalmente da aparência de piedade por causa de laços familiares, isto é uma obra miserável. Ismael é filho pesaroso de Abraão, Esaú de Isaque e Absalão de Davi. A Graça não corre no sangue. Se vocês não têm base melhor para a sua religião do que a sua paternidade terrena, vocês estão em uma situação infeliz.

Outros aceitaram a aparência de piedade pela força da autoridade e influência. Eles eram, como rapazes, colocados como aprendizes de homens piedosos. Como moças, que estavam sob a orientação de mestres piedosos. E enquanto cresciam, ficaram sob a influência de pessoas de inteligência e caráter superior que estavam do lado do Senhor. Isso explica a sua aparência de piedade. Muitas pessoas são produtos dos seus ambientes, religião ou irreligião é para eles o resultado das circunstâncias. Essas pessoas foram levadas a fazer uma profissão de fé em Cristo, porque os outros o fizeram e amigos os encorajaram a fazê-lo.

O profundo exame do coração, que eles deveriam ter exibido, foi suprimido e eles foram encontrados entre o povo de Deus, sem ter que bater no postigo para a entrada. Eu não quero que ninguém condene a si mesmo, porque ele foi guiado ao Salvador por amigos piedosos, longe disso; mas, no entanto, há o perigo de que falhemos em ter arrependimento pessoal e fé pessoal e estejamos contentes em nos apoiar sobre as opiniões dos outros.

Eu tenho visto a aparência de piedade assumida por conta de relacionamentos. Muitas vezes uma corte e casamento conduziram a uma religiosidade formal, mas a um coração faltoso. O futuro marido é induzido a fazer uma profissão de fé por causa de alguém que era uma cristã sincera e não quebraria o mandamento do Senhor ao entrar em jugo desigual com um incrédulo. A piedade nunca deve ser fingida para que possamos colocar um anel de casamento no dedo, este é um triste abuso da confissão religiosa.

Outros tipos de amizade, também têm levado homens e mulheres a professarem uma fé que nunca tiveram e para unirem-se visivelmente à Igreja, enquanto que em espírito e em verdade eles nunca foram realmente uma parte dela. Eu expus essas coisas para vocês para que possa haver um grande exame de coração entre todos nós e para que possamos candidamente considerar como obtivemos a nossa aparência de piedade. Certas pessoas assumem a forma de piedade, a partir de uma disposição religiosa natural. Não suponham que todas as pessoas não-convertidas não tenham religião. Muita religiosidade é encontrada nos pagãos e há povos que têm, naturalmente, mais reverência do que outros.

O Alemão, com sua profunda filosofia, muitas vezes é livre, não apenas da superstição, mas da reverência. O Russo é de raça naturalmente religiosa, para não dizer supersticiosa. Estou falando à maneira dos homens – o Russo sempre tira o chapéu para santos lugares, fotos e pessoas e ele é pouco inclinado a descrer ou a zombar. Percebemos tais diferenças entre os nossos próprios conhecidos: um homem é facilmente enganado pelos céticos, enquanto outro está disposto, com a boca aberta, a acreditar em cada palavra. Alguém é naturalmente um infiel, outro é tão naturalmente crédulo.

Eu quero dizer, então, que, para alguns, a aparência de piedade recomenda a si mesma, porque eles têm uma inclinação natural à esta forma. Eles não poderiam ser felizes a menos que estejam frequentando um local onde Deus é cultuado, ou sem que sejam contados entre os crentes em Cristo. Eles lidam com a religião, como eles fazem em sua vida de negócios. Permitam-me lembrá-los do valor questionável daquilo que brota da natureza humana caída. Seguramente isso não traz ninguém para o reino espiritual, pois “o que é nascido da carne é carne”. Apenas “o que é nascido do Espírito é espírito”. “Vocês precisam nascer de novo”. Cuidado com tudo o que surge no campo sem a semeadura do lavrador, pois passará a ser uma erva daninha. Ó, senhores, chegará o dia em que Deus nos provará com fogo e o que veio da natureza não regenerada não resistirá ao teste, mas será totalmente consumido!

Não duvido que, nestes dias lustrosos, muitos têm uma aparência de piedade por causa do respeito que isso lhes traz. Houve um tempo em que ser Cristão era ser insultado, se não fosse preso e, talvez, queimado na fogueira. Os hipócritas eram em menor número naqueles dias, pois uma confissão custava muito. No entanto, por estranho que pareça, houve alguns que eram como Judas mesmo naqueles tempos. Hoje, a religião segue seu caminho em chinelos de veludo; e em certas classes e níveis, se os homens não fizessem alguma confissão religiosa, seriam vistos com suspeita e, portanto, os homens tomarão o nome de Cristão sobre si e usarão a religião como uma parte da vestimenta.

Atualmente a cruz é usada como um colar. A cruz como o instrumento de vergonha e morte de nosso Salvador é esquecida, e em seu lugar, é feita o distintivo de honra, uma joia com que homens ímpios podem adornar-se. É este o indicativo da falsidade dos tempos? Acautelem-se da busca por respeito através de uma piedade hipócrita. A honra obtida por uma profissão sem coração é, aos olhos de Deus, a maior desgraça. O ator pode pavonear-se em sua imitação de realeza, mas ele deve tirar a coroa e as vestes quando a cena findar. E o que ele, então, será?

Desde os dias de Iscariotes até agora, alguns assumiram a forma de piedade para lucrar com isso. Obter lucro da piedade é imitar o filho da perdição. Esta é uma estrada perigosa e ainda assim, muitos arriscam suas almas pelo lucro que encontram nela. Aparente zelo por Deus pode realmente ser zelo pelo ouro. O imperador Maximiliano mostrou grande zelo contra a idolatria e publicou um decreto para que as imagens de ouro e prata fossem derretidas. Ele era extremamente zeloso sobre isso. As imagens deviam todas ser derretidas e o metal confiscado para o imperador.

Foi astutamente suspeitado que este grande iconoclasta não foi totalmente estimulado por motivos altruístas. Quando um empreendimento traz a água ao moinho, não é difícil mantê-lo. Alguns amam a Cristo porque eles carregam a Sua bolsa de dinheiro para Ele. Acautelem-se desse tipo de piedade que faz um homem hesitante até que ele veja se um dever recompensará ou não e, em seguida, faz ele fica ansioso porque espera que isso atenderá ao seu propósito.

Mais uma vez, eu não duvido que uma forma de piedade venha a muitos porque traz a leveza de consciência e eles são capazes, como o Fariseu, de agradecer a Deus que eles não são como os demais homens. Eles não foram à Igreja? Será que eles não pagaram por seus bancos? Eles agora podem ir para o seu negócio diário sem essas fisgadas de consciência que viriam por negligenciar as exigências da religião. Essas pessoas professam que foram convertidas e elas são contadas com os crentes. Mas, infelizmente, eles não pertencem a eles.

De todas as pessoas estas são mais difíceis de alcançar e menos susceptíveis de serem salvas. Elas se escondem por trás da fortificação de uma religião nominal. Elas estão fora do alcance do tiro e projétil da repreensão do Evangelho. Eles pairam entre os pecadores e assumem seus alojamentos entre os santos. Triste é que situação do homem que usa o nome da vida, mas nunca foi vivificado pelo Espírito Santo. Assim, tenho mui debilmente buscado mostrar o que estes homens tinham e por que eles tinham.

Vamos agora lembrar o que eles não tinham. Eles tinham “aparência” de piedade. Mas eles negaram “o poder”. O que é esse poder? O próprio Deus é o poder da piedade; O Espírito Santo é a vida e a força dela. A piedade é o poder que traz um homem a Deus e vincula-o a Ele. A piedade é o que cria o arrependimento em direção a Deus e a fé n’Ele. A Piedade é o resultado de uma grande mudança do coração com referência a Deus e Seu caráter. A piedade olha para Deus e lamenta sua distância d’Ele. A piedade apressase a aproximar-se e não descansa até que ela esteja em casa com Deus. A piedade faz um homem semelhante a Deus. A piedade conduz um homem a amar a Deus e servi-Lo. Ela traz o temor de Deus diante de seus olhos e o amor de Deus em seu coração. A piedade conduz à consagração, à santificação, à concentração. O homem piedoso procura primeiro o reino de Deus e a Sua justiça e espera que as outras coisas sejam acrescentadas a ele. A piedade faz com que um homem tenha comunhão com Deus e dá-lhe uma participação com Deus em Seus desígnios gloriosos. E por isso o prepara para morar com Deus para sempre.

Muitos que têm a aparência de piedade são estranhos a este poder e por isso estão em religião mundana, em oração mecânica; em público uma coisa e em privado outra. A verdadeira piedade repousa em poder espiritual e os que estão fora disso estão mortos enquanto vivem.

Qual é a história comum daqueles que não têm esse poder? Bem, queridos amigos, o seu curso geralmente transcorre assim, eles não começam negando o poder, mas eles começam a tentar agir sem ele. Eles gostariam de tornarem-se membros da Igreja e como eles temem que eles não estejam aptos para isso, eles olham sobre algo que se pareça com a conversão e novo nascimento. Eles tentam convencer a si mesmos de que eles foram transformados, eles aceitam emoção como a regeneração, e a crença na doutrina pela crença em Cristo.

É mais difícil no começo contar bronze como o ouro, mas ele progride mais fácil, enquanto se persiste nisso. Remendando uma conversão e fabricando uma regeneração, eles se aventuram adiante. No início, eles têm uma boa quantidade de suspeita de si mesmos, mas eles diligentemente matam cada questionamento, tratando-o como uma dúvida desnecessária. Assim, aos poucos, eles acreditam em uma mentira.

O próximo passo é fácil, eles enganam a si mesmos e passam a acreditar que eles são certamente salvos. Tudo agora é certo para a eternidade, assim eles imaginam. E eles cruzam os braços em calma segurança, reunindo-se com o povo de Deus, eles erguem uma ousada fachada e falam tão bravamente como se fossem os verdadeiros soldados do Rei Jesus. As boas pessoas ficam encantadas ao reunirem-se com os irmãos revigorados e ao mesmo tempo conduzem-nos em sua confiança. Assim, eles enganam os outros e ajudam a fortalecerem-se em sua falsa esperança.

Eles usam as frases preciosas dos Cristãos sinceros. Misturando-se com eles, tomam as suas expressões particulares e pronunciam Xibolete da forma mais aprovada. Por fim, eles dão o passo ousado de negar o poder. Eles mesmos estando sem ele, concebem que os outros estão sem ele, também. A julgar pelo seu próprio caso, eles concluem que é tudo uma questão de palavras. Eles prosseguem muito bem, sem qualquer poder sobrenatural e outros, sem dúvida, fazem o mesmo, eles apenas adicionam um pouco de hipocrisia a isso para agradar o próprio povo piedoso.

Eles praticamente negam o poder em suas vidas, para que aqueles que os veem os consideram Cristãos e digam: “Não há realmente nada nisso; pois, essas pessoas são como nós somos. Eles têm um toque de pintura aqui e um pouco de verniz ali, mas é tudo a mesma madeira”. Praticamente, suas ações asseguram ao mundo que não há poder no Cristianismo. É só um nome. Muito em breve, privadamente, em seus corações, eles pensam que é assim e eles inventam doutrinas que correspondam a isso. Olhando para eles, veem Cristãos inconsistentes e Crentes em falta e eles dizem para si mesmos: “Não há muito na fé, afinal. Eu sou tão bom quanto qualquer um desses crentes e talvez melhor, embora eu tenha certeza que não há nenhuma obra do Espírito em mim”.

Assim, dentro de seus próprios corações eles creem, o que, a princípio, eles não ousam falar: eles consideram a piedade uma coisa vazia. Aos poucos, em alguns casos, essas pessoas profanamente negam o poder Divino da nossa santa Fé e, em seguida, eles se tornam os maiores inimigos da cruz de Cristo. Estes traidores, nutridos na própria Casa de Deus, são os piores inimigos da verdade de Deus e da justiça. Eles ridicularizam o que uma vez eles professavam reverenciar. Eles mediram o milho de Cristo com o seu próprio alqueire. E porque nunca sentiram os poderes do mundo vindouro, eles imaginam que ninguém mais o tem sentido também.

Olhem para a Igreja dos dias atuais. A escola moderna, eu digo. Em seu meio, vemos pregadores que têm uma aparência de piedade, mas negam a eficácia dela. Eles falam do Senhor Jesus, mas negam sua Divindade, que é o Seu poder. Eles falam do Espírito Santo, mas negam sua Personalidade, onde reside Sua própria existência. Eles retiram a substância e o poder de todas as Doutrinas da Revelação, embora eles ainda finjam acreditar nelas. Eles falam de Redenção, mas eles negam a Substituição, que é a essência dela.

Eles exaltam as Escrituras, mas negam sua infalibilidade, onde reside o seu valor. Eles usam as frases da ortodoxia e não acreditam em nada em comum com os ortodoxos. Eu não sei qual abominar mais: seus ensinamentos ou o seu espírito, certamente estes são dignos um do outro. Eles queimam o núcleo e preservam a casca. Eles matam a verdade e depois fingem reverenciar o seu sepulcro, “se dizem judeus, e não o são” (Apocalipse 2:9).

Isso é horrível, mas o mal está amplamente difundido e na presença dele os filhos de Deus estão concebendo compromissos, vendendo o seu Senhor e tornando-se participantes com os desprezadores de Sua Verdade. “Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela”. É o pecado da época, o pecado que está arruinando as Igrejas de nossa terra.

II. Em segundo lugar, devemos observar a TOLICE ÍMPIA desta conduta hipócrita. Aqueles que descansam na mera demonstração de piedade estão agindo de uma forma impudente e vou tentar expô-la.

Primeiro, eles degradam o próprio nome de Cristo. Irmãos, se não há poder espiritual na piedade, ela não vale nada. Queremos ausência de nuvens sem chuva. De fingidos e meros pretensos temos mais do que suficiente. Aqueles que não têm o poder da piedade mostram-nos uma imagem muito prejudicial da religião. Eles fazem a religião de nosso Senhor ser comparável a um espetáculo em uma feira, com figuras refinadas e alta percussão do lado de fora e interiormente nada digno de consideração por um momento. O melhor do espetáculo está do lado de fora.

Ou se há algo dentro, é um baile de máscaras, onde todos atuam com peças emprestadas, mas ninguém é o que parece ser. Gracioso Senhor, nunca permita que nós possamos agir de modo a fazer com que o mundo pense que o nosso Redentor não é nada mais do que um hábil diretor de teatro, onde nada é real, mas tudo é pantomima [1]. Irmãos e irmãs, se vocês oram em absoluto, orem a Deus para torná-los completamente verdadeiros. Que vocês sejam feitos de metal verdadeiro! Seria melhor para vocês que nunca tivessem nascido do que vocês desonrarem a Cristo entre os filhos dos homens, levando-os a concluírem que a religião é toda uma peça de atuação.

[1] Pantomima: é um teatro gestual que faz o menor uso possível de palavras e o maior uso de gestos através da mímica (Wikipédia – A Enciclopédia Livre).

A tolice disto é ilustrada pelo fato de que não existe um valor de tal forma morta. A aparência de piedade sem o poder não é digna da dificuldade que esta toma apresenta para ser elaborada e mantida. Joias de imitação são bonitas e brilhantes. Mas se você as leva ao joalheiro, ele não dará nada por elas. Há uma religião que é toda colar de joias , uma piedade que brilha, mas não é ouro. E no dia em que vocês desejarem realizar algo a partir dela, serão miseravelmente desapontados.

Uma aparência de piedade unida a um coração profano não tem valor para Deus. Eu li que o cisne não era autorizado a ser oferecido sobre o altar de Deus, porque, apesar de suas penas serem brancas como a neve, mas sua pele é escura. Deus não aceitará aquela moralidade externa que esconde impureza interior. Deve haver um coração puro, bem como uma vida limpa. O poder da piedade deve trabalhar interiormente, ou então Deus não aceitará a nossa oferta. Não há nenhum valor para o homem ou para Deus em uma religião que é uma aparência morta.

Consequentemente, não há utilidade em mera formalidade. Se a sua religião não tem vida espiritual, qual é o uso dela? Você poderia ir para casa em um cavalo morto? Será que você caça com cachorros mortos? Alguém gostaria de ir para a batalha com um capacete de papelão? Quando a espada cair sobre ele, qual seria o uso de um capacete assim? Que clamor foi levantado por espadas ruins! A falsa religião é em algo melhor? No profundo inverno, vocês podem se aquecer diante de um fogo pintado? Poderiam jantar a imagem de uma festa quando vocês estão com fome? Deve haver vitalidade e substancialidade ou então a aparência é totalmente inútil. E pior do que inútil, pois ela pode lisonjeá-los em mortal presunção. Além disso, não há nenhum conforto nela. A aparência sem o poder não tem nada nela para aquecer o coração, para elevar os espíritos, ou para fortalecer a mente no dia da doença, ou na hora da morte. Ó Deus, se a minha religião tem sido uma mera aparência, o que farei na enchente do Jordão? Minha confissão refinada desparecerá em absoluto e nada virá dela com o que eu possa enfrentar o último inimigo. Pedro chamou os hipócritas “fontes sem água” (2 Pedro 2:17). Vocês estão com sede e alegremente espionam um poço, ele é bem cercado com um meio-fio e equipado com um guincho e um balde. Vocês se apressam para retirar água. O que foi? Será que o balde veio vazio? Vocês tentam de novo. Como é amargo o vosso desapontamento! Um poço sem água é um escárnio. É um mero poço de destruição, uma ilusão mortal. São alguns de vocês possuidores de uma religião que nunca lhes rende uma gota de consolo? Ela é uma escravidão para vocês? Vocês seguem a Cristo como um escravo segue o seu mestre? Fora com essa religião!

A piedade que é digna de se ter é uma alegria para um homem, é a sua escolha, o seu tesouro, seu tudo. Quando ela não lhe rende regozijo deliberado, ainda assim ele a valoriza como a única fonte de onde a alegria dele é esperada. Ele segue a Cristo com amor, a partir do desejo de seu coração por Ele e não a partir da força do hábito, ou pelo poder do medo.

Ter a aparência de piedade sem o poder dela é falta de constância em sua religião. Vocês nunca viram uma miragem, talvez. Mas aqueles que têm viajado no Oriente, quando voltam para casa, certamente falam sobre elas. É um dia muito quente e sedento e vocês estão andando em um camelo. De repente, levantam-se diante de uma cena bonita. Bem perto de vocês estão ribeiros de águas, fluindo entre camas de vimes e bancos de canas e juncos. Acolá estão palmeiras e laranjeiras. Sim, e uma cidade ergue-se em uma colina, coroada com minaretes e torres. Vocês estão alegres e pedem ao seu guia para levá-los mais perto da água, que brilha no sol. Ele severamente responde: “Não faça caso, é uma miragem. Não há nada ali, senão areia ardente”. Vocês mal podem acreditar nele. Parece tão real! Mas eis que tudo se foi, como um sonho noturno. E assim é a esperança que é construída sobre a aparência de piedade sem o poder. As formigas brancas comerão toda a substância de uma caixa e ainda a deixam de pé até que um toque faz com que toda a estrutura caia em pó, cuidado com uma confissão da qual a substância tenha sido devorada. Não acreditem em nada que não tenha o selo da eternidade sobre ele.

Tenha cuidado, pobre Criança, você pode soprar a sua bolha e a luz do sol pode pintá-la com o arco-íris. Mas em um instante ela se vai, e nem um traço dela permanece. Seu mundo transitório de beleza é para você e suas crianças companheiros e não para os homens. Na realidade, este tipo de religião está em oposição a Cristo. É Janes e Jambres mais uma vez, o mago da hipocrisia está tentando fazer milagres que pertencem apenas a Deus. Na aparência, ele produziria as mesmas maravilhas como o dedo de Deus. Mas ele falha. Queira Deus que nós nunca sejamos culpados de resistir à Verdade de Deus por meio de uma profissão (de fé) mentirosa. Os homens falsos produzem graves prejuízos à verdadeira piedade. Pois, como Eúde, eles vêm com uma pretensa mensagem de Deus e com sua espada afiada em ambos os lados, eles atacam a piedade vital em seu próprio coração. Ninguém pode fazer tanto dano à Igreja de Deus, quanto o homem que está dentro de seus muros, mas não dentro de sua vida.

Esta piedade nominal, que é desprovida de poder, é uma coisa vergonhosa. Eu concluo com isso. É uma coisa vergonhosa para esta vida, pois o Senhor Jesus a abomina. Quando passou pela figueira, que era tão precoce com suas folhas, mas tão vazia de frutos, Ele ali viu a semelhança do professo vanglorioso que não tem santidade real e Ele disse: “Nunca mais nasça fruto de ti!” (Mateus 21:19). Sua Palavra a murchou de uma vez, isso permaneceu como um terrível emblema do fim de uma falsa confissão. Quanta vergonha estará sobre um infrutífero professo sem vida na eternidade, quando os segredos de todos os corações serão revelados! Que vergonha e desprezo eterno o aguardarão quando sua falsidade for detectada e sua baixeza deverá preencher todas as santas mentes com horror! Ó, acautelai-vos do Inferno do falso professo!

Eu terei acabado quando eu adicionar algumas palavras de instrução. A aparência de piedade é mui preciosa. Que aqueles que sentem o poder da piedade o honrem e o usem. Não desprezem isso, porque os outros o têm danificado. Venham adiante e façam uma confissão aberta da religião. Mas assegurem que vocês têm o poder dela. Clamem a Deus para que vocês nunca usem uma luva que seja maior do que o seu braço, quero dizer, que nunca possam ir além do que é real e verdadeiramente seu próprio. Será melhor para vocês irem a Deus como uma alma perdida e clamarem por misericórdia, do que professarem a si mesmos salvos quando vocês não o são.

No entanto, confessem a Cristo, sem falta ou medo. Não tenham vergonha de Jesus por causa dos maus modos dos Seus discípulos. Consideram o mau cheiro dos falsos professos como parte da cruz que vocês devem suportar por seu Senhor. Pois, estar associado a alguns que não são verdadeiros parece inevitável nesta vida, no entanto, escolhamos cuidadosamente nossa companhia.

Agora, uma palavra de discriminação. Aqueles a quem o meu texto não tem nada a dizer serão os primeiros a levá-lo para casa para si. Quando eu anuncio com meu coração um sermão fiel, certas almas trêmulas, a quem eu de bom grado consolo, estão seguras em pensar que eu quero me destinar a elas. A pobre mulher, em profunda aflição, vem a mim, clamando: “Senhor, eu não tenho nenhum sentimento”. Caro coração, ela tem dez vezes mais sentimento. Outro suspira: “Eu tenho certeza que eu sou um hipócrita”. Eu nunca encontrei com um hipócrita que se achava assim. E eu nunca encontrarei.

“Ó”, disse outro, “Eu me sinto condenado”. Aquele que se sente condenado pode esperar por perdão. Se vocês têm medo de si mesmos eu não tenho receio de vocês. Se vocês tremem diante da Palavra de Deus, vocês têm uma das mais seguras marcas de eleitos de Deus. Aqueles que temem estar enganados raramente estão enganados. Se vocês se examinarem e permitirem que a Palavra de Deus vos examine, está tudo bem convosco. O comerciante falido teme ter seus livros examinados. O homem sensato ainda paga um contador para revisar seus negócios. Use a discriminação e nem se absolvam e nem se condenem sem razão.

Se o Espírito de Deus o leva a chorar em segredo pelo pecado e a orar em segredo por Graça Divina; se Ele o leva a buscar santidade; se Ele o leva a confiar somente em Jesus, então você conhece o poder da piedade e nunca a negou. Você que clama: “Ó, que eu sentisse mais do poder do Espírito Santo, pois sei que Ele pode me consolar, santificar e fazer-me viver a vida do Céu na terra!” Você não é atingido pelo texto ou sermão. Pois, você não tem negado o poder. Não, não, este texto não pertence a você, mas para outra classe completamente diferente de pessoas.

Deixe-me dar-lhes uma palavra de admoestação. Aprendam com o texto que há algo na piedade que vale a pena aspirar. A “aparência” da piedade não é tudo, há um “poder” bendito. O Espírito Santo é o poder e Ele pode operar em vocês para que queiram e efetuem a boa vontade de Deus. Venham a Jesus Cristo, queridas almas. Não venham ao ministro, nem à Igreja, em primeiro lugar. Mas venham a Jesus. Venham e prostrem-se aos Seus pés e digam: “Senhor, eu não serei consolado, se que Tu me consoles”. Venham e levem tudo em primeira mão de Seu Senhor crucificado. Em seguida, vocês conhecerão o poder da piedade. Acautelai-vos da religião de segunda mão, ela nunca é digna de ser carregada para casa. Obtenham a vossa piedade direto do Céu, pelo lidar pessoal de sua própria alma com o seu Salvador. Professem apenas o que vocês possuem e descansem apenas no que vos foi dado do alto. Sua vida celeste, ainda pode ser muito débil, mas o grão de mostarda crescerá. Você pode ser o menor em Israel, mas é melhor do que ser o maior na Babilônia.

Charles Haddon Spurgeon, adaptado de “The C. H. Spurgeon Collection”, Version 1.0, “Ages Software”. Veja todos os 63 volumes de sermões C. H. Spurgeon em Inglês Moderno, e mais de 525 traduções em Espanhol acessando “Spurgeon Gems“. Título Original: “The Form Of Godliness Without The Power”. Pregado na manhã do Dia do Senhor, 2 de junho de 1889, no Tabernáculo Metropolitano, Newington.